Olá a todos, meu nome é André Sambiase.

Tenho o pesar de lhes falar que hoje será meu último artigo. Após mais de um ano escrevendo mensalmente aqui na liga, e após mais de 15 anos de magic chegou a hora de me despedir. O motivo: O tempo para se dedicar como redator e jogador não estão mais disponíveis. Mas como todos dizem - Sempre acabamos retornando ao Magic - Pena que o momento não é propício mesmo.

Gostaria de agradecer a todos os leitores, especialmente os que sempre elogiavam, criticavam, enviavam inbox com ideias, etc

Gostaria também de agradecer ao staff da Ligamagic, especialmente o Pato e o Rudá, pela confiança. No Magic é raro conquistar algumas coisas, e quando alguém conquista, são pessoas da ligamagic que ajudam a comunidade a crescer e dar incentivo para aquele jogador. Obrigado!

Acredito que seja um até breve, e não um Adeus.

Enfim, boa sorte aos que continuarão na caminhada do Magic e vamos, afinal, ao artigo de hoje.

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Você deve estar se perguntando como o Magic pode ser uma ferramenta educacional ou como isso seria possível.

A proposta do artigo aqui é levantar questões que nos façam ver o Magic, mesmo que por alguns segundos, de forma diferente. Dessa vez, não olharemos mais como aquele joguinho divertido e caro, ou competitivo e cheio de teorias e decks mirabolantes, mas sim, de uma forma totalmente experimental.

Permita-se pensar no Magic, por apenas um momento, como algo didático e alternativo ara ensinar.

Por incrível que pareça, existem muitos relatos na internet sobre experiências do Magic na educação. Na maioria das vezes, estes experimentos foram feitos com crianças e adolescentes de até o nono ano do ensino fudamental.

Em um dos casos que me chamou a atenção, foi de um professor de artes que conseguia ter atividades extracurriculares com os jovens em um dia da semana, então ele utilizava duas horas desse tempo apenas para o jogo.

Os benefícios que ele notou foram os seguintes, in verbis:

"Math, vocab, and creativity are the benefits that come to mind," Clark told Gathering Magic. "Basic math skills like addition and subtraction. You can't do upper level math without knowing the basics. Things like fractions and probability when it comes to your deck and chance of drawing cards. Keywords/Mechanics are great for definitions and expanding their word base. Flavor text and strategy along with problem solving skills offer outlets for creativity."

"Matemática, vocabulário e criatividade são os benefícios que vêm a mente. Clark disse ao site Gathering Magic. "Matemática simples como adição e subtração. Você não consegue resolver matemática avançada sem saber a básica. Coisas como frações e probabilidade quando são pertinentes ao seu deck e chances de compra de cards. Palavras-chave/Mecânica são ótimas para definir e expandir o vocábulo deles. O texto (flavor) e a estratégia junto com habilidades de resolver problemas oferecem base para a criatividade." Disse o professor.

Entretanto, não temos experimentos suficientes para sequer fazer um estudo teórico.

Portanto, o que podemos levantar (de forma relativa) sobre Magic?

O jogo realmente:

1) Utiliza conceitos básicos de matemática.

2) Desenvolve vocabulário (No nosso caso, em mais de uma língua)

3) Incentiva a criatividade.

4) As imagens podem impressionar crianças, e, até alguns adultos, levando-as a desenvolver outros tipos de habilidades, como desenhos e criação de histórias.

5) O "flavor" das cartas pode ensinar metáforas de uma forma única.

6) Possui conceitos próprios, abstratos e concretos.

7) Aprende-se na prática, o que é importante.

8) Ensina você a perder, pois isso irá acontecer, diferente de outros jogos.

9) Entre outros.

Agora, devemos nos perguntar, como colocar o jogo como uma ferramenta educacional efetiva?

Primeiramente, muitos jogadores da comunidade devem ter algumas crianças no seu círculo social. Seja como professor, educador, até mesmo aqueles com a família gigante, etc.

Não é o meu caso, mas os professores e educadores com tempo disponível junto a essas crianças, devem, naturalmente, pensar sempre em novas formas de educar e ensiná-los. Acredito que na maioria das escolas devam ter horários programados para as crianças se divertirem enquanto aprendem.

Neste sentido, apesar de o Magic estar numa fase "cara", e este ser inclusive um dos motivos da minha retirada, lixões e bulks não faltam.

Aliás, lendo os relatos, a maioria dos educadores que tentaram, preferiram começar com as criaturas "vanilla" com interações mais simples. Um grande exemplo seria o famoso Urso Cinzento e Crescimento Desenfreado no mesmo baralho. Quem nunca?

Outra boa ideia, seria utilizar decks temáticos baratos. Ou até com artes impressionantes, que simbolizem a união de uma tribo.

Ademais, isso nos dá uma ideia de tentar contar um pouco sobre a história mitológica dos elfos, goblins, dragões, anjos, etc. Que indo mais afundo, poderiam incentivar a leitura de clássicos literários, como Senhor dos Aneis e O Hobbit, por exemplo.

Mais adiante, as crianças sentiram dificuldades com certas coisas no jogo, segundo outra experiência relatada na internet. Neste artigo da Mtg Salvation, o professor conta até como foi apresentar a proposta e os cards ao diretor da escola, bem como as impressões dele ao ver os cards da cor preta. Os erros mais comuns relatados cometidas pelas crianças foram:

1) Não virar. Seja para atacar ou para gerar mana.

2) Não desvirar.

3) Atacar criaturas ou até encantamentos ao invés do jogador.

4) Não ler os cards. Eles ficavam impressionados com os nomes e artes, e ficavam ainda mais impressionados quando o professor sabia o que a carta fazia sem precisar lê-la.

As crianças menores foram as mais fáceis de ser ensinadas. Entretanto, eram as que mais precisavam de orientação. Os jogos não se desenvolviam numa velocidade normal.

Entretanto, como experiência própria, posso dizer que as crianças, caso se interessem, podem aprender qualquer coisa de forma mais rápida que um adulto. Foi o caso do meu irmão, que com apenas 9 anos, em pouco tempo já estava baixando um Jace, Arquitect of Thought e sacrificando o outro existente na mesa com o intuito de utilizar a habilidade duas vezes num UW Control.

O jogo ensina inúmeras questões estratégicas. O problema é que no Brasil a nova geração não está sendo cultivada (pelo menos na minha cidade) no Magic, aliás, os jogos online são mais atrativos para eles. E falando sobre o aspecto do jogo em si, novas gerações são sempre necessárias.

Isso chega a uma questão, como é possível usar o Magic como ferramenta educacional, se a geração anterior (os diretores de escola por exemplo e as pessoas no Poder) e a nova geração (as crianças e alunos), não conhecem o jogo?

Isso nos dá a impressão de que a geração no meio (dos professores, com sorte), seja a responsável por qualquer tipo de implantação e testes.

Em outro relato, em um artigo na SCG de 2015, que infelizmente não consegui mais encontrar, numa breve passagem, o autor falava que ao implementar o Magic numa determinada escola de seu bairro, as crianças passaram a ser mais prestativas nas outras matérias, inclusive isso concorreu para um aumento na média geral de matemática e inglês.

Entretanto, como um mero observador dessas mudanças, que nos enchem de esperança. Só podemos constatar fazendo.

Logo, só cabe aos munidos de um círculo social privilegiado com crianças e adolescentes, para tentar fazer.

Existem inúmeros relatos na internet sobre o caso, e todos que li foram positivos. É claro que não podemos incentivá-los a serem competitivos, mas sim usar o magic como uma ferramenta para aprender com diversão. De forma ponderada. Igual o xadrez.

Caso algum dos leitores tenha relatos sobre os casos, peço encarecidamente que poste aqui nos comentários ou mande um inbox.

Por enquanto é só pessoal.

Obrigado a todos, até um futuro próximo, assim espero.