Salve galera, beleza?
Uma coisa muito recorrente nos comentários dos nossos artigos, sejam eles de Commander x1 ou o tradicional mesão, são as pessoas que reclamam do budget dos decks. Algo muito compreensível, principalmente levando em consideração que somos brasileiros jogando um jogo com inúmeras barreiras financeiras. E justamente por isso resolvi trazer pra vocês hoje um deck que acredito ser uma ótima porta de entrada para o Duel Commander sem restrições.
Mas antes de começar devo fazer algumas observações.
Primeiramente, quando falamos do tal budget, precisamos levar em consideração a média de preços do formato, afinal um deck de 2 mil reais ainda vai ser caro, mas em comparação às outras listas ele definitivamente é mais “barato”.
Uma outra coisa é que você não precisa jogar nenhum formato que não queira. Felizmente o Magic nos dias de hoje oferece inúmeras maneiras de montar seu deck, e inúmeras variantes de formatos normais que são limitados por budget, como a tendência dos Commander 500. Então se uma lista não está dentro da sua expectativa, talvez seja melhor usá-la como base de idéias para adaptá-la a outro formato que se adeque melhor ao seu bolso.
E por fim, como sempre aparece alguém comentando que “se for pra gastar tudo isso jogando Commander x1, é melhor jogar Legacy e etc”, já quero deixar aqui a minha sugestão de procurar textos dos formatos que você mais gosta. Aqui na LigaMagic temos desde o Commander casual, formatos construídos como Standard, Legacy, e até o famoso Pré Modern.
Se alguém escolheu jogar Duel Commander, ou qualquer outro formato que seja, e resolveu gastar nele com ou sem um limite definido, é por que essa pessoa gosta e se sente bem jogando. E além disso, apesar do Duel (e o Commander como um todo) ter sido por muito tempo marginalizado pelos jogadores dos formatos construídos, hoje em dia ele é reconhecido não só pela própria empresa com torneios regulares via MOL, como também por organizadores de eventos grades pelo mundo todo que premiam tanto quanto eventos de outros formatos.
De modo geral, é importante quebrar um pouco desse preconceito existente entre as comunidades, e absorver o que cada uma tem a oferecer de maneira sensata e respeitosa.
Feitas todas as observações, vamos falar de uma cor que abriga com muita maestria os decks budget mais legais do X1 (jogadores de Phelia, Exuberant Shepherd, não me matem): O Mono Red!
- O Vermelho nos formatos x1
Acho que uma boa maneira de entender um pouco sobre o que vamos falar, é conhecer um pouco da história do vermelho dentro do Magic como uma cor que dá nome a todo um “arquétipo”, o famoso Red Deck Wins. E eu resolvi usar aspas aqui pois o RDW não é exatamente um arquétipo, mas define um grupo muito grande de decks que utilizam da mesma estratégia e características, e isso os faz muito distinguíveis.
Basicamente esses são decks que irão priorizar criaturas de baixo custo e mágicas de remoção e dano direto, sejam elas com a intenção de remover bloqueadores para que o dano seja causado, como também como ferramentas adicionais de dano que irão acelerar o “clock” no seu oponente.
A situação perfeita do jogo é onde você consegue estabelecer as jogadas de vitória entre os turnos 5 e 6, já que em jogos longos esse é o tipo de deck que “perde o gás”.
Segundo algumas fontes que deixarei no final desse texto, o deck que deu origem aos RDW foi a famosa lista do Paul Sligh que garantiu o segundo lugar no Pro Tour de Atlanta em 1996, o que além de garantir o seu nome eternizado como um estilo de deck (Sligh Decks), também foi a base que mais tarde seria adaptada para os Red Deck Wins.
Uma curiosidade é que apesar de ter carregado o nome de Paul Sligh, o deck foi originalmente criado por um outro jogador da região de Atlanta chamado Jay Schneider.

Sideboard (15)
Sideboard (15)
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Nessa época, antes dos primeiros resultados, essa lista foi muito criticada por ser bem diferente das listas mais comuns que apareciam nos eventos mais famosos. Porém após os resultados começarem a aparecer os jogadores perceberam que esse deck era realmente algo para se considerar perigoso dentro do metagame da época, o que levou muitas versões posteriores a utilizarem Keeper of Kookus para mirror matches.
Após isso tivemos mais aparições dos Sligh até que em 1998 o famoso jogador Dave Price, que ficou posteriormente conhecido como King of Beatdown, venceu seu primeiro Pro Tour com o que era uma versão atualizada dos Sligh, mas que preferiu deixar de lado um pouco das cartas que faziam controle de board e focar em cartas que de beatdown. Em suas listas víamos uma alta densidade de criaturas de baixo custo focadas em tirar vida do oponente mesmo que tivessem downsides muito visíveis.
Nesse deck já tivemos a aparição de uma carta que viria a ser conhecida como uma das mais impactantes para o meta da época, que foi o Jackal Pup, e que ilustra muito bem a questão do downside como equilíbrio para criaturas fortes e de baixo custo.

Sideboard (15)
Sideboard (15)
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Depois dessa vitória esse deck passou a ser conhecido como Deadguy Red, nome que permanece até hoje e que é considerado o verdadeiro precursor dos que viriam a ser os RDW como atualmente os conhecemos.
Ele inclusive escreveu um dos artigos mais referenciados do meio do Magic competitivo da época, chamado “The art of beatdown”, que foi postado originalmente em 1998 pela revista “The Duelist” nas páginas 72 - 75.
- Confesso que é um trampo absurdo encontrar essas coisas na internet, mas como eu gosto muito de escrever e ter credibilidade nas pesquisas, encontrei as páginas dessa revista e vou disponibilizá-las pra vocês.
Comentem aí se vocês querem que em uma eventual oportunidade eu traga alguns artigos antigos traduzidos!
Apesar disso, até hoje Dan Paskins (jogador profissional nos meados de 2002 e atualmente escritor na SCG) é creditado em muitas fontes como o verdadeiro criador do RDW, incluindo a MTG Wiki.
Vou deixar aqui por via das dúvidas a sua versão mais famosa do Deck.

Sideboard (15)
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E por fim, como último exemplo para ilustrar a presença do Red Deck Wins como uma grande presença no Magic, vou deixar aqui um último exemplo.

Sideboard (15)
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Nessa versão, já bem mais recente, podemos notar as características trazidas ainda das versões mais antigas dos decks como a alta (e importante) presença de várias criaturas que vão preencher sua curva de mana, muitas cartas que servem tanto como remoção quanto como Burn, e um sideboard que visa muito mais a possibilidade de ter um jogo agressivo contra diversos outros decks, ao invés de alterar a postura inicial para um jogo mais retroativo.
E agora que já temos em mente o que é um RDW e como ele surgiu, podemos presumir que no Duel Commander que também é um formato x1, esses parâmetros de deckbuilding ainda serão aplicados.
E afinal, o que o Budget tem a ver com isso?
Primeiramente que a linearidade é um grande aliado da economia, já que como a estratégia precisa de um plano de jogo muito mais enxuto, muitas staples flexíveis são substituídas por slots que tem como objetivo entrar na mesa e castigar o oponente, ou remover algo que poderia bloquear essa ameaça.
Isso quer dizer que staples de beatdown são sempre baratas? Claro que não, mas o fato de estarmos lidando com um formato Singleton implica que você terá que ter uma de cada cópia dessas staples caras, e vários slots que precisarão ser preenchidos por cartas que farão a redundância do deck. Em poucas palavras, várias criaturinhas “mais ou menos” pra que você sempre tenha o drop certo em cada curva.
Isso fica mais evidente no Feldon, Escavador de Ronom, como veremos depois, já que ele é um drop 2 e você irá precisar de um drop 1 garantido, e que geralmente será uma dessas criaturas “mais ou menos”.
Um outro fator importante é que como estamos falando de uma variação de commander, temos que respeitar a identidade de cor de cada deck nos baseando nas cores do comandante, que como o nome já sugere será vermelho.
Isso faz com que não seja necessário ter lands de correção e consequentemente a base de mana é bem mais simples e barata.
Por fim, a não necessidade de um sideboard também contribui para que você não precise recorrer à cartas especificamente caras por serem cartas de side, o que também comumente acompanha a ideia de se Splashar uma cor nos formatos construídos, algo que não existe nas variações de Commander.
Mas depois de ver tudo isso, uma dúvida que deve ficar é sobre a efetividade desse tipo de deck em um ambiente onde você tem uma variedade gigante de decks que se baseiam em uma carta sempre disponível para entrar no jogo (comandante). E a resposta é simples, o RDW sempre será a opção mais rápida disponível na corrida pela vitória!
Claro que temos que levar em consideração decks como Yoshi Bruse que apesar de não ser uma lista mono, também é muito rápida e baseada em beatdown, porém exige um investimento maior para que as cores estejam sempre atendendo as demandas do jogo.
Mas em termos de comandantes, temos atualmente 3 grandes nomes que podemos destacar como os principais dentro do Duel Commander, que são eles o Feldon, Escavador de Ronom, Kellan, Desbravador Planar e Norin, Sobrevivencialista Veloz.
Uma curiosidade é que se quisermos somar esses 3 decks como um só, eles representam 61,2% de todo o contingente de decks do formato.
Desses 3, podemos afirmar que Feldon é o que tem sido a terceira escolha, enquanto Kellan é o comandante mais escolhido, seguido pelo Norin, e apesar de terem listas muito parecidas, ainda podemos dizer que existem situações onde você vai aproveitar da regra do Swap para trocar entre seus comandantes.

Nessa lista de Kellan do Rafael de São Paulo vemos na prática tudo que falamos até agora sobre a estrutura de um clássico RDW. Um deck que quer jogar na curva o tempo todo, com uma grande quantidade de removals que funciona de maneira agressiva, e o mais importante: Um comandante drop 1 que se adapta com o decorrer da partida.
Um ponto muito importante que sustenta a escolha do Kellan como o mais popular dentre os 3 é justamente o fato de que na curva 1 ele é um comandante batendo 2 por 1 de custo. Na curva 2 ele passa a gerar impulsive draws, que é uma característica importante para manter o gás dessa estratégia, e por fim na curva 3 ele pode passar a ser um beater muito perigoso, recebendo double strike e ganhando mais poder e resistência.
Apesar da fragilidade, muitos matches acabam perdendo a corrida inicial e tem dificuldade para se recuperar com as novas ameaças que vão sendo colocadas na mesa.
Num formato onde o Ramp é escasso, ter um deck capaz de curvar perfeitamente pode ser a diferença entre vitória e derrota de muitos jogos.

Nessa próxima lista temos Norin, que ao contrário do Kellan não muda durante o jogo, mas também é uma criatura drop 1 garantida que vai te garantir 2 de poder na mesa logo no primeiro turno.
Mas o verdadeiro ponto significativo do deck é sua habilidade que faz com que toda vez que uma criatura que você controla se torna bloqueada, você poderá exilá-la e depois poderá conjurar aquela carta do exílio nesse turno.
Além disso beneficiar algumas criaturas com ETB (o que é mais raro), essa habilidade funciona como uma maneira de evitar que haja ganho de vida caso uma de suas criaturas seja bloqueada por uma criatura do oponente com lifelink. E sim, em um metagame com Aragorn aparecendo com tanta frequência, isso ajuda muito a não perder o clock e manter o ritmo agressivo do jogo.

E por fim temos Feldon, que dos 3 foi o primeiro a escrever seu nome de maneira significativa no formato, e que hoje acaba aparecendo em situações mais específicas.
Ao contrário dos dois anteriores ele custa 1R, o que faz com que ele entre apenas no segundo turno do jogo.
Um ponto positivo é que ele possui ímpeto, e por isso ele vai fazer seu primeiro ataque já no turno que entra, o colocando no mesmo clock dos outros dois citados.
A grande diferença de fato é que a lista precisa conter mais criaturas drop 1 para que haja um melhor aproveitamento da curva, e seu draw é gerado com uma restrição maior do que o Kellan exige, o colocando um pouco pra trás na corrida.
Visto tudo isso, a pergunta que fica é: Você prefere abrir mão de um drop na curva dois pra ter um comandante com draw, ou prefere ter uma curva 2 garantida que pode possivelmente te gerar um draw? Ou talvez ter um comandante que vai te permitir ser mais agressivo reduzindo um pouco das consequências de um conflito no combate?
São essas as perguntas que farão você escolher quais dos 3 será a sua escolha em muitos dos casos.
Felizmente por conta da regra do Swap é possível alternar entre eles de acordo com a demanda da mesa, geralmente começando com o Kellan e partindo pro Norin, ou começando com o Feldon e partindo para um dos outros 2 caso o match exija um jogo diferente.
O fato é que todos eles são decks muito parecidos e que se baseiam nessa mesma proposta de serem decks rápidos, agressivos e acessíveis.
Acredito que nessa altura do texto não preciso nem falar o quanto essas 3 opções são baratas em relação à outros decks fortes do metagame do Duel, e por isso esses são decks que podem ser ótimas opções introdutórias para quem quer conhecer o tal do Commander x1.
Caso você ainda ache o valor muito absurdo, leia novamente o início desse texto e seja feliz em uma variante budget que te agrade mais.
De qualquer modo, agradeço a todo mundo que leu até aqui, espero que tenham gostado, e até o próximo!
Um grande abraço e valeu!
Fontes:
Red Deck Wins - MTG Wiki
Famous Red Decks in Magic History | MAGIC: THE GATHERING
Sligh - MTG Wiki
Jay Schneider - MTG Wiki
David Price - MTG Wiki
“The Duelist Magazine #29”
Dan Paskins, Author at Star City Games

Gostoso d+ de se jogar e se tu imprimir os terrenos, fica 20 conto pra montar tudo.
Nunca vou entender/aceitar competição em formato criado pra jogar na mesa de cozinha |
mas não se joga na mesa de cozinha, é Duel, não mesão. É completamente diferente. É 1v1. Recomendo dar uma chance


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