“Você entende que sempre irá falhar, enquanto seu objetivo não for a verdade, mas a orientação?”
- Ugin para Sarkhan em “The Reforged Chain”
Minha gente, estou com grandes expectativas!
Sei que a maioria dos meus leitores frequentes sabe que não é tão difícil me ver nesse estado em relação a uma nova coleção. No entanto, desta vez é especial. Tarkir tem um lugar muito especial no meu coração, e assim que foi anunciado seu retorno, não pude deixar de surtar. Primeiramente, como todos sabem, sou apaixonado por planos que possuem um sistema de facções e divisões. Quem tiver curiosidade pode conferir em meu perfil que todos os meus decks são baseados, praticamente, em um único plano e em um grupo específico deste plano. Por esse motivo, sempre tive o desejo de montar um deck temático de um dos Khans de Tarkir, mas estava aguardando a oportunidade de ter uma opção mais interessante de comandante.
Outro fator que fez meu entusiasmo crescer por Tarkir: Dragonstorm (TDS) foi o fato de a primeira versão de Tarkir ter sido uma das melhores histórias de Magic: The Gathering na era dos contos digitais. Com um final um tanto inconclusivo e levemente amargo, fomos apresentados a um pouco mais do passado de Narset, Sarkhan e Ugin. O fato de agora estarmos recebendo uma continuação para essa lore tão icônica traz um potencial imenso: para a glória, mas também para o desastre. A pressão se torna ainda maior, pois estamos falando do encerramento do Segundo Ato da Saga do Multiverso. A expectativa é que essa edição supere não só as complexidades de Foras-da-Lei de Encruzilhada Trovão, que costurou maravilhosamente o primeiro ato, mas também deixe uma abertura épica para um começo explosivo do Terceiro e último ato da saga.
Dito isso, como vocês podem perceber, minhas expectativas estão mais altas do que nunca. E é exatamente por isso que estamos aqui hoje. Para quem ainda não conhece meus textos, Preordenando é o quadro onde eu reúno as informações já conhecidas sobre a próxima edição de Magic: The Gathering e teorizo o que pode estar por vir. Um disclaimer importante: embora este texto esteja sendo lançado no dia 7 de março, ele foi escrito no dia 3, primeiro dia da lore de Tarkir: Dragonstorm. Mesmo assim, optei por não ler o primeiro capítulo para que isso não influenciasse minhas opiniões e impressões. Portanto, caso algo que eu tenha dito aqui seja confirmado ou refutado, tenham em mente que esse artigo foi escrito com base apenas no conhecimento da história pré-Dragonstorm. Também é importante lembrar que não sou funcionário da Wizards of the Coast. Logo, o que temos aqui são apenas suposições, e nada do que está escrito deve ser considerado como algo que realmente vai acontecer.
Dito isso, vamos adentrar no olho da tempestade.
Ordenando os fatos
Para que minha teoria faça sentido, precisamos alinhar os eventos mais importantes. Decidi organizá-los de forma cronológica, para que tudo se encaixe de maneira mais clara. A primeira pista que temos começa com ele, o mago de azul: Jace Beleren.
Durante os eventos de Marcha das Máquinas, o prodígio telepata é brevemente libertado da corrupção mental que o afligia, o que permite que sua mente rejeite o controle do óleo, mesmo que de forma temporária. Isso cria uma oportunidade para ele e sua amada, Vraska, irem até Vryn, onde a mãe de Jace os "cura" da contaminação phyrexiana. (Explicarei em outro artigo o motivo das aspas em "curou"). Em Vryn, Jace e Vraska chegam à conclusão de que nada realmente morre, pois tudo está em constante transformação. Guardem esse detalhe, pois ele será importante.
Após esses eventos, Jace e Vraska iniciam uma série de maquinações e esquemas, com um plano ainda desconhecido, sobre o qual Jace se recusa a revelar qualquer coisa, alegando que levaria muito tempo para explicar. Para dar início a esse plano, a dupla retira Loot de seu estado de estase. Desde aquele momento, o grupo já estava com planos de viajar até Tarkir. Loot é um Fomori, antiga raça de conquistadores extraplanares que possuem a capacidade de sentir portais entre planos. Estranhamente, essa espécie aparentemente se extinguiu de maneira misteriosa.
Em seu caminho até Tarkir, Jace passa por Bloomburrow, sendo seguido por Ral Zarek. No plano bucólico, a profetisa Helga consegue prever: “Os Reis das Trevas retornarão. O Mago em Azul irá trazer o fim.” Essa profecia claramente se refere a Jace.
Enquanto isso, Tarkir passa por um intenso processo de transformação. Quando Ugin despertou de sua hibernação durante os eventos de Guerra das Centelhas, retirando-se de Tarkir, as tempestades dracônicas, influenciadas pela sua presença, cessaram. Isso fez com que o surgimento dos dragões diminuísse e que se intensificasse a criação dos grupos pró-Khans, que já existiam desde os eventos de Dragões de Tarkir.
Com o advento de Marcha das Máquinas, o equilíbrio de poder ficou ainda mais abalado, já que os Dragonlords se mostraram pouco eficientes no combate contra as forças invasoras. Esse clima de tensão levou a uma série de conflitos sangrentos entre os dois grupos. Narset, líder dos novos Jeskai, decidiu buscar uma solução e se reuniu com os outros Khans para realizar um ritual antigo conhecido como Ritual do Nexus Tempestuoso. Essa poderosa magia conjurou uma massiva tempestade dracônica no Crisol do Dragao Espirito, criando cinco novos dragões espirituais, que foram moldados por cada Khan e se tornaram a pura essência do ideal de sua facção.
Os Dragonspirits destronaram os Dragonlords, que foram absorvidos novamente pela tempestade dracônica. Como efeito colateral, o ritual intensificou tanto a quantidade quanto o tamanho das tempestades já existentes, criando novas hordas de dragões que acabaram escapando para outros planos do multiverso, como Bloomburrow e Amonkhet. Ainda não se sabe se Jace está de alguma forma relacionado a esse evento.
Essa explicação dada no Guia de Planinautas para Tarkir Dragonstorm serve para mostrar que, ao contrário do que se estava pensando, Jace não está por trás das tempestades dracônicas que têm assolado o multiverso. Ainda sim, seu plano pode despertar algo muito perigoso.
Os Reis nas trevas.
Como já é de costume neste segmento, vou apresentar três teorias sobre quem poderiam ser esses tais Reis das Trevas profetizados por Helga. Começando pelo que considero a menos provável, temos os próprios Dragões ou os Fomoris.
Ambas as raças são muito antigas e tiveram um impacto gigantesco no multiverso de Magic: The Gathering. Os primeiros planinautas registrados são os dragões anciões, Bolas e Ugin, que nasceram cerca de 20.000 anos antes de Urza e Mishra. E, para complicar ainda mais, esses dois nasceram de um ser ainda maior, o Ur-Dragon. É estranho pensar que o Ur, um ser tão colossal que, com o bater de suas asas, criava tempestades dracônicas das quais nasciam dragões anciões, simplesmente tenha desaparecido no multiverso. Esse avatar é muito maior, mais antigo e poderoso do que qualquer deus ou entidade conhecida em Magic até hoje, chegando provavelmente à categoria de um princípio primordial. Então, é realmente curioso que ele tenha simplesmente desaparecido sem deixar rastros. Talvez até mesmo essas tempestades sejam parte da essência de Ur, que foi dividida em todos os dragões, retornando para o princípio. Já tivemos a morte da maioria dos Dragões Anciões de Dominaria, agora tivemos a reabsorção em Tarkir e o último grupo de anciões se encontra em Strixhaven, cenário da última coleção do terceiro ato.
O mesmo questionamento pode ser feito em relação aos Fomori. Como é possível que um império tão vasto e opressor simplesmente tenha desaparecido? Eu, pessoalmente, tenho dificuldade em acreditar nessa ideia, especialmente quando lembramos que Loot estava preservado em êxtase dentro de um cofre em Thunder Junction. Se algo ameaçava os Fomori, muito provavelmente seria uma força de imenso poder. Mesmo assim, esse império possuía o conhecimento necessário para preservar suas futuras gerações em hibernação por milênios. Então, por que não o fizeram? Essa ausência de ação, diante de uma ameaça tão grande, deixa muitas questões em aberto. Será que essas duas espécies tirânicas estão apenas em um estado selado, aguardando apenas que alguém, como Jace, as desperte?
Outra possibilidade que se relaciona com essa ideia está em Edge of Eternities, uma coleção que promete explorar regiões até então desconhecidas no multiverso. Assim como em nosso universo, em que conhecemos apenas uma mínima fração de tudo o que existe ou existiu, o multiverso de Magic: The Gathering ainda é um grande mistério para nós. Mesmo as Eternidades Cegas, um tema que já existe há anos, continuam sendo um enigma.
Será que existem mais seres como os Titãs Eldrazi ou o Ur-Dragão? Criaturas tão antigas e colossais que, para elas, o próprio conceito de tempo e existência possui um significado completamente diferente, e as barreiras entre planos são vistas apenas como meras sugestões? E se houver seres ainda maiores e mais antigos? Criaturas que estão apenas esperando o momento certo para despertar.
Posso estar mergulhando demais na vibe lovecraftiana, mas, como alguém que trabalha com pesquisa e ama histórias, a ideia de que o que sabemos é apenas uma fração de todo o potencial do multiverso é, no mínimo, fascinante e extremamente apaixonante.
Por fim, os Eldrazis. Eu, pessoalmente, não sou daqueles fãs de carteirinha dos Eldrazis, os chamados "malucos" que acreditam que tudo gira em torno deles (dá até para dar boas risadas com os fanáticos que achavam que a Errante era, na verdade, Emrakul). No entanto, desta vez, acredito que a possibilidade de um retorno seja realmente muito grande. A volta dos Eldrazis sempre foi um tópico em aberto, especialmente após o final de Lua Arcana, que deixa bem claro que Emrakul escolheu ser aprisionada na lua de Innistrad. Mas, para mim, a maior evidência desse retorno está na fala de Jace e Vraska em Vryn.
No primeiro artigo que escrevi para a página do MTGLGBT (momento nostálgico), eu teorizava sobre qual seria a função dos Eldrazis no multiverso. Pela fala de Ugin, fica bem evidente que os Eldrazis não são apenas criaturas destrutivas, mas sim seres fundamentais dentro do ecossistema do multiverso. Neste artigo, minha teoria era de que os Eldrazis funcionam como fungos cósmicos, desempenhando o papel de decompositores da matéria e renovadores do ciclo natural. A razão pela qual os Eldrazis matam seres vivos, ao meu ver, está relacionada ao fato de que sua própria existência acontece em um plano de existência muito além da compreensão de qualquer ser consciente — como demonstrado pela fração da consciência de Emrakul que Jace enfrentou em Innistrad.
Essa dimensão em que os Eldrazis operam está além da nossa percepção, onde o conceito de vida e morte pode ser completamente diferente do que conhecemos, e a morte de criaturas no nosso plano seria apenas uma parte de um processo maior de renovação e transformação cósmica. Essa linha de raciocínio se alinha perfeitamente com a fala de Jace. Para possibilitar a renovação e o renascimento do multiverso, curando as feridas causadas pelas ações de Phyrexia (que, ao desestabilizar o ciclo natural, afetaram profundamente todo o multiverso), seria necessário o retorno de seres de proporções cósmicas. Tarkir: Dragonstorm é uma história que reúne dois dos principais agentes que interagem com os Eldrazis: Jace e Ugin. E mais do que isso, fica claro que o objetivo desse grande arco narrativo é destacar não as consequências das ações de Phyrexia nas sociedades, mas sim a própria macrologia do universo de Magic: The Gathering.
O Universo de Magic ainda tem muitos mistérios, e isso que faz meu coração palpitar.
Concluindo
Eu estou esperando que esse segundo ato termine de forma a me deixar de boca aberta. Mais do que isso, acho que essa grande trilogia vai definir eventos que mudaram como vemos a história de Magic: The Gathering. Se essa expectativa será cumprida ou não, só poderemos saber no meu próximo artigo.
Como sempre, agradeço imensamente o apoio de vocês. Se quiserem dar uma olhada nos meus outros artigos para estar por dentro dos últimos eventos da história, é só buscar aqui no arquivo da LigaMagic ou em meu perfil. Na LigaYuGiOh vocês também podem encontrar alguns artigos que escreve sobre a Lore do Abismo.
Resta a pergunta: Quem vocês acham que são os Reis nas Trevas?
Um beijo, abraço e até a próxima
