Olá!
Uma discussão que tem tomado a comunidade Pauper recentemente é sobre a necessidade (ou não) de banir algo em uma próxima janela de lista de banidas – e é justamente esse o tema de discussão do nosso artigo de hoje aqui na LigaMagic.
Atualmente, existem dois principais candidatos que circulam com mais efusividade entre as escolhas dos jogadores: Disputa Mortifera e Prazer Sadico, e mais alguns nomes correndo por fora, como Crisalida Contorcida, os terrenos artefatos e talvez algo do Kuldotha Red.
Um combo de duas cartas que gera uma criatura infinito/infinito, além de mana infinita. Isso é o que a chegada de Modern Horizons 3 trouxe, especificamente com Escamoso Preguicoso permitindo essa linha de jogo junto de Prazer Sádico. Basta juntar as duas peças e adaptar o Escamoso para a vitória, que pode ser completada com Lamina Noturna de Nadier ou Municoes Improvisadas para finalizar sem precisar atacar ou com um Escamoso enjoado. Outras peças de MH3 como Estrondo Malevolo e Crisalida Contorcida ajudam a cavar pelas peças do combo ou a ganhar tempo/ter um plano alternativo de agressão enquanto servem também como peça para “começar” o combo, sacrificando a Prole para ativar a habilidade do Escamoso sem ter as manas para adaptar ou em resposta a alguma interação.
Sendo um combo de apenas duas cartas, a grande força do Glee Combo reside em poder economizar espaços no deck com o combo, abrindo margem para muita proteção, disrupção e planos alternativos. Atualmente, o deck joga em uma linha Golgari pura, com Coagir e Custodia de Tamiyo para ir totalmente combo, em uma versão Golgari com um sutil splash vermelho para Crisálida Contorcida e Munições Improvisadas, e uma versão totalmente Jund mais puxada para o Midrange, contando com Incendio Purificador para fazer a sinergia da aceleração com valor junto das Pontes artefatos.
Prazer Sádico é o primeiro nome da lista porque fazer tudo o que foi citado nos parágrafos anteriores por tão poucas manas tão rapidamente pode ser bastante prejudicial para o formato como um todo. Baralhos mais lentos e/ou com poucas peças de interação simplesmente sucumbem para as variações de Glee, e talvez já estejamos chegando ao ponto onde não usar uma dessas variações pode ser simplesmente um erro. E se for isso mesmo, é hora de intervenção.
Um nome que mexe drasticamente no formato sem matar nenhum deck, mas enfraquece-los ao nível de provavelmente torná-los justo é Disputa Mortífera. A carta simplesmente faz coisa demais pelo seu módico custo, servindo tanto como acelerador e fixador de mana quanto como vantagem de cartas pura e direta, de forma que ela contorna uma das principais fraquezas de ambos os tipos de cartas: acelerar mana significa comprometer recursos para tal, de modo a ficar com menos opções de jogadas, e parar para comprar cartas costuma ter um custo de tempo atrelado, que é mitigado pelo tesouro.
Outras opções mais “justas” para esse mesmo efeito foram lançadas recentemente, com Percepcao do Eviscerador e Oferenda Fanatica sendo as principais. Uma permite ser jogada novamente com o recapitular, uma opção sólida para quem preferir um jogo super longo, enquanto que a outra retorna uma ficha de Mapa, perfeita para ativar sinergias de artefatos e manter um material sacrificável no campo de batalha, mas uma ficha que na média vale muito menos que um tesouro.
De todos os nomes nessa lista, esse é o que mais me agrada caso algo venha a ser banido. Imagino que nenhum deck que a utiliza deixe de existir, mas vão receber um enfraquecimento necessário tendo de se adaptar em alguma das opções supracitadas (pense principalmente em Glee e Affinity).
Amada por muitos, odiada por tantos outras, a popular “Tia Cris” chegou sem fazer muito barulho, mas logo dominou o formato, tornando Gruul Ponza/Ramp em um dos principais nomes do Pauper, e sendo o núcleo de decks como Jund Glee, Jund Midrange e Temur Ramp.
Crisalida Contorcida é uma das melhores cartas tanto para se estabilizar um jogo onde se começa atrás, criando três bloqueadores simultâneos com um potencial 4/5 com alcance, se esquivando de muitas remoções e da tão incômoda Explosao Elemental do Azul. Ela joga absurdamente bem em múltiplos, com as proles umas das outras aumentando seus marcadores, e entre Rancor, Hidra Nyxnata e Mascara Sinistra Colossal não é difícil conferir atropelar para Crisálidas imensas.
Podemos inclusive dizer que a principal responsável pelo declínio das estratégias com azul ultimamente (ou, ao menos, uma “divisão de liderança do formato”) é causado pela Tia Cris. Devolvê-la para mão é um péssimo negócio, já que mais Proles virão; anulá-la não é perfeito, já que algumas proles ficam, ganhando bloqueadores pelo chão para os Terror Tolariano ou acelerando para ameaças maiores, como Altissauro Irritado, e facilitando dobrar jogadas para contornar as próprias anulações. O fato de ter alcance torna tudo ainda mais difícil, já que fadas e Investigador de Segredos não gostam de ver um voador parrudo do outro lado.
Porém, esse último fator não é exatamente algo negativo, e para mim é o principal motivo pelo qual a Crisálida Contorcida deve ficar. O azul sempre foi extremamente dominante no Pauper, e por um tempo não ser mais, é justo, faz parte de um formato cíclico onde melhores cores e decks se revezam no topo – e verde dificilmente teve seu momento de brilhar antes de MH3.
● Terrenos artefatos
Bom, de uma forma ou de outra, tudo acaba voltando para os terrenos artefatos. Habilitam Afinidade por Artefatos, Maestria por Metais, sacrifícios para Disputa Mortifera, Renascimento de Kuldotha, Municoes Improvisadas (e no passado, Atogue) e diversas outras sinergias (como Goblin Saqueador de Tumulos sendo basicamente um Guia Goblin sem desvantagem já no turno 1), que melhoram a cada coleção que passa e novos artefatos são introduzidos.
Existem argumentos para banir ou não qualquer um dos ciclos: tanto as Pontes indestrutíveis quanto os clássicos desvirados de cada cor da primeira Mirrodin. As Pontes são difíceis de serem interagidas, exigindo remoções de exílio ou embaralhar no deck como Deglamer, Revogar Existencia, Lancar ao Fogo e Po ao Po, fixam duas cores de uma só vez e ainda potencializam a sinergia com Incendio Purificador, mas entram viradas; já os terrenos artefatos clássicos entram desvirados, fornecendo muito mais velocidade para Afinidade por Artefatos, mas só geram de uma cor e são bem mais vulneráveis às interações, podendo ser destruídos por Xama dos Gorilas, Rancor Antigo e afins. Cidadela de Aco Negro mistura um pouco das vantagens e desvantagens de cada um, entrando desvirada e sendo indestrutível, mas não fixando nenhuma cor.
● Algo do Kuldotha Red
O Kuldotha Red é há algum tempo o principal baralho “polícia” do Pauper. Com seu plano explosivo e linear, ele consegue fechar partidas contra oponentes que mantêm mãos mais lentas ou falham em responder ou executar seu jogo rapidamente. Seu ponto fraco acaba sendo os planos de sideboard alheios, já que cartas como Resistir a Tempestade, Explosao Elemental do Azul, remoções globais e demais ganhos de vida acabam punindo demais seu jogo, mas ainda assim o deck consegue converter muitas dessas partidas considerando que vai ter pelo menos um jogo começando se tiver levado o primeiro – e mesmo todo o “hate” do mundo nem sempre vai conseguir segurar um Guerrilheiro Goblin motivadíssimo.
Agora, a questão é: se não for Grande Fornalha, qual é a carta? Guerrilheiro Goblin é o que permite as mãos impossíveis de serem seguradas, mas piora muito pós-side. Renascimento de Kuldotha idem. Por outro lado, Goblin Saqueador de Tumulos é uma das ameaças mais acima da curva, já que seu dois de resistência o protege de algumas globais, ao passo que um 2/2 ímpeto por uma mana é muito acima da curva para o que o formato costumava apresentar (pense em coisas como Coorte Goblin). Sintetizador Experimental é a carta que ajuda o gás do deck nunca acabar.
Possivelmente qualquer uma dessas cartas fora enfraqueceria o deck mas sem matá-lo completamente do ambiente – algo que pode até ser positivo no médio prazo, reduzindo a quantidade de “hate” alheio nas reservas. Se por serem parte importante da identidade do formato os terrenos artefatos forem preservados, pela mesma razão Guerrilheiro Goblin e Renascimento de Kuldotha permanecem, e talvez até o Sintetizador Experimental já esteja perto desse patamar. Restaria banir o Goblin Saqueador de Túmulos?
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E quanto a vocês, leitores, o que acham da saúde do formato Pauper no momento? Concordam que mudanças na lista de banidas são necessárias? O que acharam das opções cogitadas? Baniriam alguma coisa? Ou quem sabe, desbaniriam algo? Esperar por Aetherdrift para ver o que acontece? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
Exatamente!
O caminho não é enfraquecer o formato. O pauper tem como característica a interação com os artefatos, tirar eles é ser contra.
Enquanto não nivelar por cima, o core do formato será a affinidade.