Hoje vamos falar sobre um tema muito importante no Commander: A base de lands! Jogar partidas com decks de 99 cartas dificulta a base de terrenos. É uma questão estatística. Quanto maior o deck, menor a chance de encontrar cartas específicas. Todo jogador, quando joga tempo o suficiente, vai se habituando aos games zicados. Falta de mana ou flood. Pode acontecer com nosso deck, com o dos oponentes ou com os dois. No entanto, não é apenas má sorte, temos que usar o deckbuilding em nosso favor para reduzir o percentual de games  disfuncionais a um mínimo. Principalmente no Commander multiplayer... é importantíssimo você montar o deck corretamente para não ficar uma hora inteira (ou mais) sem jogar! 

 

Já vi pessoas que tem uma abordagem de tentativa e erro, dependendo do resultado do jogo anterior tira um terreno ou adiciona um terreno. *spoiler alert* Isso não funciona! A intenção é boa. Eu sei que alguns podem ficar tristes, mas a situação é que quando você considera a variabilidade possível dentro de 99 cartas, normalmente as suas partidas de uma semana não vão servir como representação válida. Por isso, recomendo a....matemática!

 

Assim, estruturei alguns conhecimentos que aprendi e desenvolvi ao longo dos anos para todo mundo ficar com o deck rodando PeRfEitaMenTe! Vamos lá explorar esses segredos do deckbuilding!

 

 

● O número ideal de Terrenos (distribuição hipergeométrica das cartas no deck)

 

 

 

Essa é uma tabela simplificada com quantias populares de terrenos. Ignorando Ramps e Card Draws. As colunas mostram qual é a chance de você conseguir comprar um total de 3 terrenos até o turno 3. Sucessivamente, mostrando as chances nos turnos 4 a 6. Essa tabela mostra uma situação interessante. No começo do jogo, todos progridem bem, mas vai sonhando que você vai conseguir 6 terrenos na partida se você usar somente 30! As chances de sucesso caem para 15% e ficam cada vez menores enquanto os turnos avançam. Aqui...Eu sei que pode ter uma galerinha esquentada que vai me dizer. Como que você vai ignorar o ramp!? Não faz sentido!!! Quase todo deck tem ramp e inclusive você escreveu um artigo sobre isso: O guia do ramp no CMD.

 

Essa é uma armadilha e eu vou explicar. Você deve considerar o sucesso dos terrenos separadamente do Ramp, pois imagine que você rampa 1 terreno, mas perde um land drop. Você fez progresso de verdade? Pois é. Cada deck tem um certo número de terrenos para funcionar bem. Naqueles que jogam com valores de mana 6,7,8 ou mais, é fundamental que você encontre ambos o ramp E o terreno do turno correspondente. Caso você faça somente um deles, perde velocidade.

 

    

 

A decisão de terrenos tem que levar em consideração o caso específico do comandante e os valores de mana contidos no deck. O número de terrenos não varia necessariamente de acordo com o arquétipo do deck. Existem decks agressivos como Yuriko, a Sombra do Tigre que contém cards de valor de mana elevado e podem rodar bem com 30 terrenos. Isso acontece graças ao card advantage e à habilidade da comandante. Outros decks agressivos, por exemplo Feather, the Redeemed na combinação Boros, jogariam melhor entre 36 e 38 terrenos. Pois as cores são fracas em ramp, é previsível que seu oponente vá removê-la de campo e você necessita baixar ela múltiplas vezes com custo aumentado. Proponho pensar sobre três questões decidindo o número de terrenos:

 

 

Desse modo, ambos Sauron, o Senhor Sombrio e Miirym, Dragao Sentinela tem valor de mana 6. Vão precisar de até umas 10 manas na partida. Eu recomendaria jogar entre 36 e 38 terrenos para Miirym pois ela tem acesso aos melhores ramps no verde. Sauron, por outro lado, deveria jogar acima de 40 lands adicionando alguns card draws de custo baixo para encontrar os land drops. Essas questões podem te orientar na hora de escolher a quantia ideal. Um erro muito comum é usar poucos terrenos em decks aggros. Eu suspeito que esse erro deriva dos decks de 60 cartas de outros formatos. Lá, faz sentido usar poucos terrenos em decks rápidos. Na lógica do Commander a situação muda. Você tem que pensar se precisa do seu comandante agressivo em campo, caso a resposta seja sim, aumente os lands no deck e se prepare para conjurar várias vezes. Isso, ou... você acha que seus oponentes vão ficar sem remover seu comandante? Talvez se você pedir por favor, quem sabe funcione! hehe.

 

  

 

Numa visão extrema, os decks podem variar entre 27 e 47 terrenos, com a média tradicional em 36. Os extremos são para casos excepcionais, 27 às vezes é utilizado em Yuriko e 47 para algum deck agressivo quase sem ramp (talvez o único ramp do deck seja Anel Solar). As pessoas não costumam jogar assim, mas já testei e funciona, dá para ganhar jogos. Vamos supor que você use um deck de vampiros com Edgar Markov, montado numa estratégia full aggro. Tem um trade-off, uma troca de ações, que não é todo mundo que entende. Vamos supor que no turno 3 você possa fazer uma Esfera do Comandante ou uma Drana, Libertadora de Malakir. Se você optar pela esfera, o dano que você causaria nos turnos 4 e 5 pode ser reduzido em mais de 10 pontos de dano, dando um turno extra de vida a um oponente. Nos casos de decks super agressivos, você gostaria de fazer uma nova ameaça naquela curva de mana a todo novo turno, vale a pena colocar mais terrenos e só aceitar ramps que não te atrasem. Esse é o conceito de curvar o deck agressivamente. Acima de 45 a 47 nunca vi, nem recomendo, seria muita rebeldia deckbuilder!

 

 

 

    

 

Agora vamos falar de outra faceta dos terrenos que compõem nossos decks, os tapped lands. Os terrenos virados são uma parte quase sempre presente nos decks. Por vezes, eles oferecem habilidades que você adora usar, como no caso de um Pantano de Bojuka. Outras vezes ele te ajuda com múltiplas cores ou ajuda você a economizar um dinheiro no deck. Algumas vezes eles podem até virar criaturas! Lembra da Colunata Celestial? Eles têm esse impacto óbvio no deck de entrarem virados e atrasam o seu jogo. Quando seu deck é uma corrida total de ações, é melhor não usar! No entanto, a grande maioria dos decks pode atrasar 1 turno sem grandes problemas. Muitas vezes é no turno 1 ou no turno 5 que essa folga de ações acontece. Assim, é preciso pensar em um número compatível com essa janela para utilizar. Usualmente esse número gira entre 10% e 20% dos terrenos do deck. Você multiplica um percentual dessa faixa pelo total de terrenos e vai chegar em algo como 6 terrenos virados no máximo para um deck de 36 terrenos no total. Percebe? Com isso, em média, você atrasaria apenas 1 a cada 5 turnos de jogo. Use com moderação. Outro detalhe interessante são os terrenos que geram mana dobrada, como Basilica Orzhov. Esse tipo de terreno é muito bom! Pois ele é como um terreno virtual na sua mão. Você tem “duas cartas” em uma. São poucos os terrenos nesse estilo, mas eles são valiosos para garantir que a sua reserva de mana cresça na curva correta, turno após turno.

 

 

 

    

 

Sejamos sinceros. A maior parte dos problemas de base de terrenos no deck é causada por alguém que quer ser muito esperto e usar menos terrenos do que precisa. No entanto, há um outro problema menos comum: a enchente de mana! Caso você comece a comprar terrenos sucessivos do topo do seu deck, pode acabar perdendo o jogo por falta de ações relevantes. É aqui que podemos utilizar alguns terrenos especiais para ajudar na nossa base! Não há um nome que possa se referir a todos eles em conjunto, mas são terrenos que nos turnos avançados podem ser transformados em recursos. Usualmente, são terrenos recicláveis, que permitem trocá-los por draw. Alguns deles ativam na sua mão, outros ativam em campo. São extremamente úteis. A Blasted Landscape aparece e você pode decidir se compra um card ou aumenta a sua contagem de terrenos baseado no momento do jogo! Esses cards são terrenos apenas enquanto você precisa de mais terrenos.

 

Aqui vamos completar a primeira parte do nosso guia de terrenos no Commander. Com referências percentuais para aqueles que gostam de fazer contas nos decks, com questões e lógicas para ajudar a definir o número ideal para cada caso. Deixei para nossa conclusão 3 truques finais da base de mana. O primeiro é o mulligan agressivo. Você pode jogar com uns 2 terrenos a menos, mas precisará pedir mulligans agressivos até sair com 3 ou mais terrenos na mão de abertura! Os outros 2 truques chamarei de truques de compensação. Baseado nas características que apresentamos mais cedo, quando você utilizar vários terrenos de “mana virtual dupla”, em teoria poderá usar um pouco menos de terrenos. Ao contrário, se você quiser usar um pouco a mais para garantir, você pode colocar os terrenos recicláveis para não ter enchentes no final. Sintetizando, o importante é tomar decisões para se aproximar do número ideal e ter bons jogos.