Os Caminhos Para o Exílio
As duas maiores vertentes que existem no Commander
Há 3 dias - 2.132 visualizações - 5 comentários

Saudações planinautas, hoje conversaremos um pouco sobre as duas maiores vertentes que existem no Commander, vertentes estas que tenho absoluta certeza que você já experimentou.


Será o Commander 500?


Será o Cedh? 


Bem, continuem a leitura que logo descobrirão.


Let 's rock!

_________________________________________

 

Se você pensou que em Commander 500 ou Cedh, você errou. Se você pensou em Oathbreaker, recomendo que busque ajuda profissional, pois está sofrendo de delírios. Não meus caros, a vertente da qual estou falando não se trata de um algum formato de Commander, mas sim, de duas maneiras peculiares de como jogar nosso amado joguinho: Jogar na lojinha e jogar com seu playgroup.


- Jogar na Lojinha VS Jogar com os Colegas

 

Por essa você não esperava, não é? Eu tenho certeza que no momento em que você leu a afirmação, deve ter pensado que era um tema totalmente irrelevante, porém, minha proposta de hoje é abordar alguns aspectos, tanto positivos quanto negativos dessas duas formas de interagir com o jogo. Começaremos pela vertente menos popular então que é jogar na lojinha.

 

 

● A Loja

 

 

É bem provável que, quando você conheceu Magic você tenha feito através da visita a uma loja, talvez seu colega o levou para conhecer o ambiente ou você simplesmente tinha curiosidade de entrar no estabelecimento e perguntou ao atendente como se jogava aquilo. Depois disso, começou a frequentar o local, conheceu pessoas novas e formou seu playgroup de Commander.

 

Se essa é sua história, parabéns, pois ela é meu primeiro ponto positivo pelo qual devemos frequentar uma loja de Magic: interação social.

 

Se você não gosta de interações sociais ou de pessoas e joga Commander, então está no jogo errado. Impossível ter um sem o outro. Jogar Commander te força a isso, quer queira ou não. E para jogar Commander, além de cartas, do que precisamos? Pessoas. Ora, qual o melhor local para encontrá-las? Uma loja de Magic. Frequentar uma loja de Magic te permite estender seus vínculos de amizades, conhecer pessoas novas e não somente isso, você aprende - e muito - sobre o jogo, seja em regras quanto em Lore. Você consegue se desenvolver como jogador e como pessoa, afinal, você precisa aprender a lidar com todo tipo de jogadas - das piores até as mais excelentes - e aprende a lidar com TODO tipo de player. Porque convenhamos, existem muitos perfis de jogadores de Commander… mas isso é assunto para outro artigo.

 

Quem aqui nunca criou algum tipo de amizade - mesmo que exclusivamente dentro do jogo - porque começou a frequentar uma loja de Magic? Quando você rompe o medo de ir a um ambiente totalmente novo e às vezes hostil, corre o risco de criar vínculos que perdurarão por toda a vida. Meu atual playgroup é composto 100% de pessoas que conheci na loja que frequento, e tem sido o melhor playgroup que tive em anos.

 

Às vezes você começa a frequentar a loja com colegas, uma círculo fechado entre vocês, e quando menos percebem, o grupo dobrou de tamanho. Fora que, frequentando a lojinha, você tem mais chances de encontrar alguém com aquela pastinha marota que tinha aquela carta… sabe, aquela carta que você não queria pagar frete porque custava dois contos.

 

Em alguns casos extremamente raros, pessoas conseguem até namorar após frequentar loja. Mas isso é bem raro mesmo rsrs

 

“Ah, mas você fala isso porque não conhece a loja que eu vou. Lá tem muito mané… tem cara que se acha… tem cara com deck de 10 mil… tem o fulano que…”

 

Gente, se há algo que eu aprendi ao longo dos anos jogando Magic é que ninguém, absolutamente ninguém é obrigado a jogar com ninguém. Vai jogar em uma mesa e o fulano que você detesta veio se sentar, levante-se. Procure outra mesa, se não houver, fique esperando alguém ceder o lugar , vá olhar pastas ou simplesmente vá embora. 

 

Nada vale a sua paz e afirmo isso com todas as letras.

 

Sentou em uma mesa com jogadores aleatórios e viu que fazem panelinha, que te focaram sem motivo ou que é uma mesa zoada, simplesmente espere o jogo acabar - porque abandonar o jogo no meio da partida é mau-caratismo - e saia. 

 

Não vale a pena persistir em uma mesa que você percebe que só vai te estressar, assim como não vale a pena tentar fazer o fulano que você detesta jogar contra, mudar sua forma de agir ou jogar. Você não é terapeuta, então cada um que aprenda a lidar com os problemas. Por isso prefiro deixar de jogar do que passar raiva. Também entende o quão frustrante esse tipo de experiência pode ser, às vezes até traumatizando ao ponto do indivíduo nunca mais voltar à loja. Já li diversos de relatos sobre isso, presenciei esse tipo de experiência - uma delas aconteceu comigo há muitos anos - e entendo perfeitamente os agravantes de se frequentar o ambiente de uma loja de Magic, ambiente que, como disse lá em cima, pode ser hostil. Todavia, também sei que frequentar uma loja pode potencializar sua experiência com o jogo e transformá-la em algo único; tudo vai depender de como você lidará com os conflitos. 

 

Para mim, um dos maiores perigos de quem somente frequenta loja é que esse indivíduo não consegue estreitar vínculos, não consegue formar seu bando, seu playgroup porque para ele, o que mais importa é o jogo em si, e não as pessoas. É o clássico lobo solitário: ele vem, joga, socializa naquele curto espaço de tempo e depois pega sua mochila e vai embora. Essa forma de socializar e interagir com o jogo é uma forma de autoexílio porque você não consegue expandir suas fronteiras e evita se relacionar com outras pessoas.

 


● Jogando com os Colegas

 

 


Chegamos ao  crème de la crème da vida do jogador de Magic. O tão famoso dia de jogatina, também conhecido como Game Night; dia de tomar umas brejas, pedir umas pizzas, focar quem joga de monoblue; bater no combeiro e reclamar da semana puxada de serviço. Realmente, olhando assim, não me parece existir agravantes nessa forma de interagir com o jogo, na verdade, me parece a melhor forma de se jogar Magic.

 

Cuidado, pois nenhuma ratoeira é criada sem atrativos.

 

De fato, jogar Commander com seus colegas é uma das melhores experiências que podemos experienciar dentro do formato. Quando criamos nosso playgroup a forma como interagimos é totalmente diferente da forma como interagimos jogando na loja. Um dos motivos é que jogar com colegas atiça a rivalidade e um jogador de Magic que não tem rivalidade é porque ele já desistiu de viver.

 

 

Sempre haverá um Sasuke e Naruto em seu grupo; sempre haverá um vilão ou Archenemy; sempre há aquele deck do colega que todos temem ou possuem respeito porque sabem que é um deck muito bom e querem derrotá-lo. Para mim, todo esse fervor que envolve a jogabilidade do Commander, essas rixas saudáveis são que nos impelem a melhorar as habilidades e aprimorar nossos decks.

 

Não há alegria maior em um dia de Game Night do que derrotar aquele colega que sempre ganha todas, que vem jogar de fractius, Markov ou Ur-dragon. Isso sim dá sensação de poder ao homem!

 

Mas se jogar com colegas é tão bom assim, por que você falou da ratoeira?

 

Jogar com os colegas é realmente muito bom, o problema começa quando você somente quer jogar com seus colegas. Talvez você pense que não há motivos para não jogar com eles, pois afinal, o estresse é menor e a diversão sempre é garantida.

 

De fato, você não está errado em pensar assim. E quando se analisa de forma crua, essa é a melhor maneira de se jogar Commander, mas farei dois apontamentos dos perigos que envolvem essa variante.

 

• Limitação: Quando ficamos apenas jogando com nosso playgroup nos limitamos em nossas habilidades e isso ocorre porque, com o tempo, as jogadas, as maneiras e os decks dos outros se tornam totalmente previsíveis. Um exemplo disso é que com meu finado playgroup eu conseguia prever quando um deles estava para jogar um global ou estava prestes a combar. Lembrem-se, ao jogar Magic, jogamos com os jogadores e não somente com as cartas e a leitura do jogador é uma estratégia infalível.

 

Essa limitação da qual estou falando acontece quando você não consegue jogar direito com jogadores aleatórios porque são decks e estratégias as quais você não está acostumado; você está tão acostumado com os decks de seus colegas que sabe qual criatura precisa remover, o que precisa anular e etc., jogando com pessoas diferentes, você precisa se forçar a pensar duas vezes antes de arriscar uma jogada e isso aumenta sua expertise no jogo.

 

• Exílio: Aqui é o epicentro do artigo, o motivo real pela qual surgiu a ideia de abordar o tema. Jogadores que se habituaram a apenas jogar com os colegas, estão fadados ao exílio. E quando digo exílio digo de forma literal. Quando se vicia em jogar com colegas, você perde totalmente o interesse de frequentar novos ares, não se motiva a ir jogar na loja - mesmo quando seus colegas combinam de ir - e quando consegue ir, limita-se a jogar apenas na mesa onde seus colegas estão. Se já não tinha muitas habilidades socioemocionais, com o tempo, no contexto de Magic, elas se reduzirão drasticamente. Você começa a perceber que seu vício pelo jogo tornou-se totalmente atrelado ao fato de você jogar com aquelas pessoas, tanto que, quando não conseguem marcar jogatina porque alguém não está disponível, você nem cogita em ir jogar em outro lugar.

 

Este exílio do qual falo é muito nocivo, ao ponto de você hostilizar alguém porque sentou na mesa de vocês para jogar, simplesmente porque você não o conhece e se irrita com aquele forasteiro maculando o ambiente sagrado do seu playgroup. Não somente isso, mas jogadores que se limitam a jogar sempre com as mesmas pessoas, são infinitamente mais propícios a parar de jogar do que os outros que frequentam lojas. Isso acontece porque o apego emocional dele com o jogo envolve os colegas; é como uma castelo de baralho; se mexer em uma cara todo  resto desmorona. Assim é o indivíduo que se exilou nessa forma de interagir com o jogo, no momento em que aquele colega - aquele cuja rivalidade sadia alimentava sua fúria interior - parar de jogar, ele também para.

 

Já presenciei - e até comprei as cartas - de várias pessoas que passaram por isso. Embora seja uma experiência muito prazerosa, existe esse pequeno agravante para aqueles que se fecham em um círculo interno de jogadores e não conseguem perceber que existe sim diversão jogando com pessoas diferentes.

 

Para encerrarmos esse artigo, deixo um conselho simples: Equilíbrio

 

Jogue com seus amigos, divirta-se, brinque, mas não se prenda a eles. Se você gosta do jogo, force-se a ir jogar sozinho na loja quando ninguém estiver a fim de jogar; aventure-se, explore novas jogadas, novas mesas; crie novos vínculos, novos playgroup e aprenda a filtrar o ambiente evitando assim a toxicidade dos outros. Garanto que você terá ótimas histórias para contar aos seus colegas no próximo Game Night.

 

Forte abraço!

Leandro Dantes ( Arconte)
Leandro conheceu o Magic em 1998 e, desde então, se apaixonou pelo Lore do jogo. Após retornar a jogar em 2008, se interessou por lendas, o que resultou por despertar a paixão pela escrita. Sempre foi mais colecionador do que jogador e sua graduação em Pedagogia pela Ufscar cooperou para que ele aprimorasse e desenvolvesse um estilo próprio. Autor de alguns contos, todos relacionados ao Magic, já traduziu o livro de Invasão e criou sua própria saga com seu personagem, conhecido como Arconte.
Redes Sociais: Facebook
Comentários
Ops! Você precisa estar logado para postar comentários.
(Quote)
- 30/11/2024 10:26:56

Um efeito colateral de quem só joga com playgroup. Você acaba descobrindo que não gosta de Magic, e sim de jogar Magic com os amigos.

(Quote)
- 30/11/2024 09:17:00
Me reconheci muito no que você disse sobre o exílio, preciso modificar esse hábito porque realmente tá começando a dar vontade de parar com o jogo.
(Quote)
- 29/11/2024 17:52:04
Ótimo texto. Parabéns!
(Quote)
- 29/11/2024 15:40:30

Obrigado pelos elogios e apontamentos. Não tenho acesso à formatação do artigo, verei se é possível editá-lo.

(Quote)
- 29/11/2024 14:55:05
Parabéns pelo artigo. Tanto o título condizente e atraente, quanto pela forma que que abordou o tema no texto.
Vou ficar de olho em seus próximos artigos. Orelha é outro que manda bem tbm.

(3 parágrafos acima do fim do artigo tem uma série de erros de concordância e gramática, depois se puder revisar, tá ai a dica)
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