Salve galera, beleza? 

 

Nessas minhas aventuras pelo Duel Commander acabei conhecendo diversos decks e jogadores brasileiros que dominam vários desses decks. 

Esse meu contato com o formato me gerou interesse em procurar algum deck que estivesse em combinações de cores que eu gosto mais, afinal no nosso último artigo de Duel eu trouxe uma dupla de comandantes muito respeitada, mas que estão nas cores Boros, que sinceramente eu não tenho tanta afinidade. E se você quiser saber um pouco mais sobre Yoshimaru, Ever Faithful e Bruse Tarl, Boorish Herder, pode ler o artigo Aqui. 

 

Dito isso, recentemente conheci outra dupla de comandantes que me chamou bastante a atenção tanto pelo efeito, quanto pelas cores que apesar de ainda não serem as minhas preferidas, já me deixam mais próximo da minha zona de conforto.

Então apresento à vocês, Slimefoot and Squee. 

 

 

Para entender melhor esse deck e escrever esse texto pra vocês, contei com a ajuda do Marcelo (Manchats), campeão do Circuito LigaMagic da Epic Game jogando apenas com o Slimefoot. Um cara que conhece demais o deck e que foi super solícito quando o procurei, então antes de começar esse artigo gostaria de deixar meus agradecimentos à ele!

 

Slimefoot and Squee é um comandante dupla Jund de marcha das máquinas que tem dois efeitos. 

Começando pela sua habilidade ativada, que pelo custo de 4 manas ele pode se voltar juntamente com até uma outra criatura alvo do cemitério para o campo. 

Essa habilidade de recursão permite que ele contorne as taxas de invocação da Zona de Comando caso seja destruído, além de também devolver para o campo outra criatura do seu cemitério. 

Sua segunda habilidade é desencadeada tanto em sua entrada no campo de batalha quanto também quando ele ataca, gerando uma ficha de saprófita 1/1. 

Por mais simples que pareça, o fato dele conseguir criar esse segundo corpo na mesa é um de seus pontos de destaque, tanto em jogos mais ofensivos como um segundo beater, mas principalmente como um blocker extra para partidas onde é necessário correr mais do que seu oponente. 

 

Algo que vale dar destaque é que esse é um deck que tem 3 cores muito promissoras para o formato, além também de um custo de mana baixo. Isso permite que mesmo sendo um deck de 3 cores, sua progressão seja muito clara e você tenha a opção de fazê-lo entrar no jogo logo no turno 2. 

 

Antes de aprofundar no plano de jogo, vamos dar uma olhadinha na lista com mais calma.

Agora com a experiência mais visual, podemos falar um pouco melhor sobre como esse deck se apresenta na mesa. 

Seu plano de jogo é de um Aggro convencional, como disse acima, priorizando um jogo onde seu comandante pode entrar em jogo logo no segundo turno para que a pressão se inicie a partir do early game. 

Essa estratégia se reflete na quantidade de dorks e ramps de 1 mana que o deck possui (12 no total, e algumas listas optam por usar os Guias), garantindo uma enorme consistência na presença do comandante na mesa. 

Mas lembra que falei que é importante ter a opção de fazer? 

Isso porque ele traz traços muito fortes de um deck midrange! 

Ser adaptativo é uma evolução orgânica que faz com que ele consiga se destacar em um meta abarrotado de outras listas aggro que são tão rápidas quanto ele, e faz isso de maneira magistral. 

 

“ (...) dependendo da match você prefere desenvolver um outro drop 3 ou um drop 2 pra ir gerando valor na board e jogar um pouco mais safe. Essa é uma linha que vc masteriza jogando as partidas, as vezes vai ser bom soltar o Slimefoot o quanto antes, as vezes é melhor gerar pressão… “

 

Ter essa maleabilidade faz com que esse deck tenha matches muito interessantes contra outros decks mais rápidos, como o caso do Yoshimaru, Ever Faithful, que foi assunto do nosso último artigo sobre Duel. 

Enquanto o deck do nosso cachorro garante que o primeiro ataque do Comandante já aconteça logo no segundo turno, com Slimefoot você consegue abrir mão do plano inicial e partir para uma estratégia mais baseada no jogo a longo prazo. 

 

Outro fator importante para essas partidas contra decks aggro mais rápidos, é a capacidade defensiva que o comandante tem quando entra em jogo, gerando dois bloqueadores sem perder sua postura ofensiva. Afinal, como seu efeito é desencadeado com um "enters the battlefield" e depois quando você ataca, há um encorajamento para que você continue tentando colocar pressão sem o medo de ficar “aberto” para o oponente. Cada vez que o outro jogador ponderar se deve ou não bloquear o Slimefoot, ele também vai precisar pensar em como passar pela saprófita que ele deixou pra trás com esse ataque, que se também for subestimada vai gerar valor no campo progressivamente. 

Um outro fator importantíssimo que devemos citar é a capacidade que o Slimefoot tem de deixar seus oponentes na saia justa de que “se remover vai ser pior…”

Com a habilidade ativada do comandante o midgame do deck vai às alturas. Claro que devo ressaltar aqui que o plano principal é ser um Pure Aggro, mas jogo é jogo, e caso ele se arraste um pouco mais, ainda teremos a carta na manga do Reanimate para várias opções de criaturas que podem ser problemas gigantescos para o seu oponente. 

 

Vou deixar aqui um trecho da conversa com o Marcelo que ilustra bem o que estamos falando.

 

    

 

“O Midgame pode trazer ótimas peças que são capazes de voltar um jogo que estava pra trás, ou até mesmo finalizar. Barrowgoyf, Pyrogoyf, Chaos Defiler, Grist, the Hunger Tide, Broadside Bombardiers, e até Living Death que pode virar a mesa.

E pra explodir o deck de vez, é importante ter fontes de sacrifício, fazendo com que você abuse da recursão do deck e fique loopando vantagens absurdas, como fazer um Chaos Defiler  3 a 0 (entra, morre reanima), uma Fury ou Grief no modo Scam, e até mesmo um Pyrogoyf. Por isso cartas como Goblin Bombardment, Chthonian Nightmare, Phyrexian Tower, Lazotep Quarry, Wight of the Reliquary  são muito importantes.”

 

Além dessas cartas, não é difícil termos logo no início do jogo algumas cartas já alimentando nosso cemitério pelo próprio efeito, como Olifante e Trol de Khazad-dum, que se colocam no cemitério durante o processo natural do jogo e que vão fazer seus oponentes pensarem duas vezes antes de remover o Slimefoot da mesa enquanto eles estiverem lá. 

 

Partindo para a Shell do deck vemos que ele tira o máximo possível de valor do preto e do vermelho através das remoções, com uma curva baixíssima mas muito poderosa, mas que tem uma progressão muito boa que te permite escalar de um Fatal Push inicial, para um posterior Living Death se necessário. 

Ter essa capacidade responsiva disponível para diferentes situações de jogo além de muito importante, é uma característica que faz com que essa lista consiga enfrentar muitos matches diferentes e ir se adaptando ao longo do processo. 

 

  

 

“Commander Duel é entender que as partidas são dinâmicas, e como se trata de um formato Singleton, muita coisa depende de como a mão vier, e um jogo sempre é diferente de outro…”

 

São poucas as vezes, de maneira geral, que as partidas irão se arrastar para o late game, mas é importante saber como lidar com essa situação que talvez seja a mais desfavorável para o deck. Isso porque em certo momento onde o deck já não tem o mesmo gás e seus draws irão começar a encontrar os dorks e outras cartas não tão úteis, saber ponderar recursos é uma tarefa importantíssima. 

Como uma possível solução para essa situação, a lista conta com cartas como o Birthing Pod e Survival of the Fittest, que irão realocar algumas cartas do seu board para que o impacto do late game seja menor. 

Uma outra maneira de se adaptar ao tempo de jogo é abusando das cartas de sac outlet e da habilidade do Slimefoot and Squee de retornar criaturas para o campo, o que para jogadores menos habituados pode ser uma via de mão dupla, já que é uma janela de resposta que seu oponente ganha oportunidades de te parar com mais eficiência. 

 

Antes de continuar, vale citar que o deck passou por algumas reformulações após Duskmourn, que assim como várias listas do formato ganharam algumas cartas excelentes. 

 

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Slimefoot em especial consegue se aproveitar de uma criatura que vem sendo um destaque muito positivo do Duel, o Metamorphosis Fanatic, uma criatura de 6 manas com Miracle que permite um reanimate no seu efeito de "enters the battlefield" e ainda coloca um marcador de lifelink na criatura reanimada. 

Seu impacto também trouxe mudanças estruturais, como a adição de Worldly Tutor para habilitar sua entrada pela habilidade de Miracle fornecendo uma vantagem muito grande em tempo advantage. 

Além disso, combinado à recursão do comandante, temos maneiras de criar linhas de duplo reanimate que faz a mesa crescer de maneira significativa a partir de apenas uma carta, tornando esse cara um enorme aliado dessa lista. 

 

● Bad Matches

 

 

Acho muito importante para qualquer jogador conhecer também as fraquezas de seus decks, e por isso dei uma pesquisada e contei com a ajuda do Marcelo, que é um cara experiente com a lista, para entender alguns matches que podem ser um pouco mais difíceis para quem quer pilotar o Slimefoot. 

Antes de falar sobre os decks, devemos citar que um dos grandes problemas do Slimefoot é justamente a falta de cartas responsivas de prevenção, como counters e proteções pontuais. Isso faz com que na maioria das partidas você aceite de cabeça baixa a maioria das cartas jogadas pelo seu oponente. Parafraseando o Marcelo: “Nesse deck você só toma tudo…”

Agora sim, vamos falar de alguns comandantes que acabam de alguma forma se sobressaindo contra nosso pé de limo. 

 

    

 

Atraxa, Grand Unifier é uma comandante que entra como escolha quase unânime entre os jogadores de Slimefoot.

Com uma lista carregada de remoções e grave hates ela consegue controlar muito o jogo a partir das vantagens do nosso comandante, tirando possibilidades de jogo ao remover cartas do cemitério, ou até mesmo ao exilar criaturas do campo com as inúmeras mágicas de baixo custo como Swords to Plowshares. 

Isso somado ao fato de que ele é um deck que ganha força ao acumular recursos ao longo do jogo, faz com que a corrida fique um pouco mais difícil caso o jogador de Atraxa saiba como enfrentar o early game. 

Apesar de tudo isso, esse não é um match definitivo, mas tem uma chance de ser muito complicado.

 

Azusa, Lost but Seeking também é uma match complicadíssima, já que é uma lista baseada em eldrazis e que tem uma capacidade destrutiva muito alta. 

Contra esse deck que se baseia no mid/late game, é comum pressionar o início do jogo e acabar aceitando a entrada de um Emrakul sem ter muitas possibilidades de jogo após isso. 

Ugin, the Spirit Dragon também é uma enorme (mesmo) pedra no sapato, justamente por ser capaz de exilar suas permanentes e impedir a recursão que seria ponto forte do seu deck. Além de várias outras cartas que também compõem uma partida dificílima

Por fim, um que talvez seja o match mais difícil contra o nosso deck, é o Satya, Aetherflux Genius. 

Essa lista é inteiramente baseada em tempo play e consegue fazer um controle muito forte no early game que serve posteriormente como impulso para seu mid game. 

Por conta da sua alta capacidade de controle, alta densidade de counters e disablers, os jogos contra ele acabam sendo um verdadeiro pesadelo para o jogador de Slimefoot and Squee. 

A linha padrão é ter um removal contra o Satya, mas caso isso não aconteça, ou caso ele consiga evitar sua remoção, o acúmulo de recursos, somado ao comandante extremamente agressivo proporciona um jogo muito mais favorável ao Jeskai que se consagra sendo um dos grandes inimigos do nosso deck.

Dito tudo isso, nenhum desses decks citados tem 100% de vantagem, então não quer dizer que você sempre irá passar sufoco caso caia em um jogo contra algum deles. Mas é interessante saber onde você deve ter um pouco mais de cuidado quando quiser jogar um torneio, ou até mesmo casualmente. 

 

De modo geral, esse foi um deck que me surpreendeu bastante.

 
Se você assim como eu gosta de estratégias agressivas, mas ao mesmo tempo versáteis, recomendo muito a testar esse comandante. 

 

Queria muito agradecer ao Marcelo (Manchats) novamente por ter me ajudado a entender essa lista e suas nuances, e a toda comunidade do Duel que faz um trabalho incrível! 

Deixa aí nos comentários quais são as listas que vocês querem ver por aqui nos próximos textos, e espero que tenham curtido! 

 

Se você curte Commander, dá uma passadinha lá no meu canal do Youtube, onde eu (ainda) não falo de Singleton que pode te interessar. 

 

Agradeço a todo mundo que leu até, espero que estejam gostando dessa saga pelo Duel Commander, e até o próximo! 

Um grande abraço, e valeu!