Os Bans do Commander mudam o quê?
Uma banlist com 4 cartas muito incomuns nos ambientes casuais e tradicionais
Há 10 dias - 6.241 visualizações - 31 comentários

Fala galera, beleza? 

 

Para nós Commandeiros, o dia 23 de setembro foi um dia importante. Não só por ter sido um dia de banlist, mas também por ter sido uma banlist com 4 cartas muito incomuns nos ambientes casuais e tradicionais, além de ser o primeiro banimento pós Sheldon Menery.

 

É válido lembrar que desde sempre o Commander foi um formato muito conservador quando o assunto eram os banimentos, sempre mantendo uma postura mais rígida sobre cartas “anti-jogo” mas evitando ao máximo a remoção de cartas no formato. 


Apesar disso, de tempos em tempos tivemos algumas cartas banidas com o intuito de balancear o jogo num ponto onde o casual se encontrava com o High Power

 

 

Esse foi o caso do Motor do Paradoxo, por exemplo. Uma carta que jogava em diversos decks do cEDH da época, mas que vez ou outra fazia contato nas mesas casuais de maneira negativa, enquanto outras cartas que eram igualmente fortes mas que não flutuavam entre esses modos de jogo permaneciam liberadas, fazendo jus à liberdade de escolha das cartas para os seus deck no qual o Commander sempre foi baseado. 

 

Sem muita enrolação, vamos ao que interessa. 

 


Acho que podemos frisar que ambas as 4 cartas banidas faziam parte das pools de cEDH, e com exceção de Mana Crypt, eram cartas muito incomuns em mesas casuais, seja por serem cartas caras, ou por serem cartas que num ambiente menos competitivos acabavam sendo cobertas pelos acordos sociais de cada mesa. 

 

O banimento de Mana Crypt é de longe o que achei mais assertivo, afinal estamos falando de uma carta que o Commander possui à muitos anos e que permite uma aceleração de mana muito desproporcional ao seu drawback. 


Gerar 2 manas ao custo de 0 e possíveis 3 pontos de vida acaba sendo uma boa troca para todos os decks.


Isso ilustra muito bem o que falei sobre o Motor do Paradoxo, já que Mana Crypt é uma carta que eventualmente aparece em decks de Commander casual e acaba criando uma pequena desproporção nas mesas, enquanto nos grupos de cEDH ela sempre foi uma staple de acesso irrestrito, e que apesar de criar jogos muito rápidos, era apenas uma carta em todo o pacote de aceleração disponível. 


Jeweled Lotus por sua vez foi uma das cartas banidas e que traz uma justificativa parecida, de que alguns decks são capazes de acelerar sua mana de maneira explosiva logo nos primeiros turnos e colocar na mesa um Comandante de custo 5 sem muita dificuldade. 


Ao contrário da Crypt, Jeweled Lotus possui muitas limitações a mais que a fazem, dentro de diversos grupos, não valer o seu preço em dinheiro. 


Vamos ser sinceros que quando falamos de um formato tão abrangente, é difícil assumir que uma carta de 300 reais afete de fato um grupo de jogadores com a sua presença, afinal, essa auto regulagem acontece à anos dentro da comunidade para criar ambientes saudáveis entre os próprios jogadores. 


Apesar de ter gostado de todos esses bans, quero deixar claro que as justificativas usadas para as escolhas deixam muitas brechas sobre as próximas possíveis escolhas, e que para garantir a “liberdade e criatividade” dos jogadores, eles acabam suprimindo a liberdade e criatividade de um grupo que não afeta diretamente o grande público “comum” do commander. 

 

“A filosofia do Commander prioriza a criatividade, e uma das maneiras pelas quais historicamente refletimos isso nas regras e na lista de banimentos é encorajar um ritmo de jogo mais lento do que nos formatos tradicionais. Isso dá tempo e espaço para os decks se desenvolverem e fazerem coisas diferentes. Temos o objetivo de facilitar para os jogadores que gostam de jogos mais lentos e sociais a possibilidade de explorar esse ambiente.”

 

Essa preocupação com a velocidade não é recente, porém essa atitude tardia reforça o quanto em todos esses anos, os acordos sociais e regras 0 sempre mantiveram vivos os playgroups que se auto regulam de acordo com seus jogadores. 


É estranho pensar que a justificativa dada para o banimento de cartas de aceleração seja tão generalista, mesmo 80% de toda a comunidade de Commander (informação meramente ilustrativa) não tendo acesso a 3 das 4 cartas escolhidas pela banlist

 


“Também devemos falar sobre o "elefante na sala". Não estamos banindo Sol Ring e não temos desejo de fazê-lo. Sim, com base nos critérios discutidos aqui, ele seria banido. Sol Ring é a carta icônica do formato e está tão ligada à identidade do Commander que desafia as leis da física de uma maneira que nenhuma outra carta faz. Banir Sol Ring seria mudar fundamentalmente a identidade do formato. Não estamos tentando eliminar todos os inícios explosivos – isso acontecendo ocasionalmente é emocionante – e remover as outras três cartas reduz drasticamente o número de mãos capazes de gerar mana acima da curva nos primeiros turnos.”

 

Nesse trecho fica claro que esse alarde acerca das cartas de aceleração poderiam dar a entender que cartas como o Sol Ring poderiam vir a ser visadas como alvos de eventuais banlists, e por isso eles já esclarecem que outras cartas que proporcionam inícios explosivos estariam fora de cogitação para serem banidas. Mas o meu questionamento é justamente o fato de que por questões de quantidade, o impacto causado pela aceleração de cartas mais comuns como Sol ring, Sinetes e até mesmo Dark Ritual são muito maiores dentro dessa grande massa de jogadores que formam o Commander.


Na prática então, considerando que o uso de proxies não é normalizado, banir Lotus e Crypt foi um recado direto à um grupo específico de jogadores, ou uma cutucada no vespeiro sabendo que isso não traria nenhuma consequência maior além do falatório que inevitavelmente vai surgir. 

 


Também tivemos o banimento de Dockside Extortionist, uma carta que dentro das comunidades de cEDH tinha um grande protagonismo, e inclusive um grande alvo nas costas por parte dos próprios jogadores que pediam por seu banimento. 


Como já disse antes, eu gostei demais das escolhas dessa lista, mas novamente levando o questionamento de que essa é uma carta muito pouco presente no Commander casual, principalmente considerando seu preço que por anos esteve acima de 200 reais.

 
A partir desse dia 23, muitos decks de cEDH precisarão trabalhar para obter mudanças com bons resultados para cobrir essa lacuna, o que é muito saudável para a criatividade e o exercício do Deckbuilding. Mas isso também me faz questionar novamente o quão generalista foram essas “pesquisas” para chegar na conclusão do ban, visto que o impacto desse ban na grande massa do Commander tradicional vai ser mínimo. 


Repetindo: Se você joga à alguns anos, é muito provável que o seu grupo já tenha se auto regulado e definido a boa convivência desse tipo de carta dentro dos decks de sua mesa. 


“Dockside Extortionist – O Dockside normalmente não é tão explosivo no início do jogo quanto as outras duas cartas, mas ainda pode gerar mana positiva no segundo turno e começar a criar Tesouros substanciais depois disso. Ele está na borda há anos, e evitamos agir no passado porque a carta se ajusta bem ao nível de poder da mesa, mas é uma contribuidora frequente para os inícios de jogo mais problemáticos.”

 

Será mesmo que em um jogo com a proposta mais lenta, um Dockside numa mesa casual vai fazer um valor grande o suficiente para desequilibrar o andamento do jogo? Principalmente no início do jogo, como foi citado? 

 


Cartas como Culling the Weak podem ser alvos desse formato menos conservador de banimentos? 

 

“Há outro banimento aqui, e é explosivo, mas de uma maneira diferente. Considerando que Nadu, Winged Wisdom foi banida de vários formatos neste ponto, não é surpresa que tenhamos dado uma olhada de perto nela para Commander. Às vezes, cartas extremamente problemáticas em outros formatos (como Oko, companheiros) são aceitáveis para Commander, mas nossas observações sobre Nadu sugerem que seu padrão de jogo inerente vai causar problemas.”

 

Por fim, tivemos o Ban de Nadu, Sabedoria Alada


Ele sim é uma carta que estava fazendo grande presença em diversos power levels, indiferente do nível da mesa essa criatura fazia um valor absurdo pela sua proposta. 


Seja em decks combo, ou nos decks de Landfall por exemplo, seu impacto era visto de ambos os lados da moeda, e é isso que faz com que esse tenha sido um ban visando a saúde do formato desde sua raiz, e não visando afetar apenas o topo da torre de power level que a maioria dos jogadores não têm acesso. 

 

Devo deixar claro aqui que apesar de ser um entusiasta do cEDH, eu gostei muito mesmo desses banimentos, e atualmente estou jogando o Commander 500 que, com exceção do Nadu que vinha em peso, continua não afetado por nenhum dos outros bans.


Isso quer dizer, que o power level continua o mesmo, tanto para os casuais, os jogadores de 500, e também irá se auto regular com o cEDH e com o trabalho da comunidade. 

 

O meu questionamento aqui é justamente a postura mais agressiva e menos conservadora desse comitê. (nota do editor: o comité foi revogado e a direção do formato agora é definida pela Wizards)


Será que em novembro teremos mais notícias como essa? 


Você está mais triste por que perdeu uma carta de 600 reais ou por que perdeu power level no seu deck?


E o que você achou dessas escolhas e dessa ótica que eu tentei trazer? 

 

Peço encarecidamente para que os comentários sejam feitos de maneira respeitosa e com argumentos. 


Assim como cada um de vocês, sou um jogador expressando uma opinião tentando ver todos os lados da moeda que serão afetados a partir daqui, sem puxar bola para o meu gosto pessoal. 

 

Agradeço a todos que leram até aqui, e obrigado! 


🚫BANIMENTOS NO #COMMANDER! E agora?

 

Jefferson C Faria Barbosa ( D3AD)
Jefferson Barbosa, mais conhecido como Jeff, conheceu Magic em Lorwyn e desde então vem aprofundando seu amor por card games. Desde sempre se considerando um amante do competitivo, participou da criação do grupo cEDH Brasil e vem criando conteúdo sobre formatos multiplayer em projetos conjuntos e independentes!
Redes Sociais: Twitch, Facebook, Instagram
Comentários
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(Quote)
- 04/10/2024 13:14:21

Corretíssimo

A Wizards já resolveu esse problema de disparidade de poder entre cartas há 30 anos atrás quando criou os formatos.

Mas a comunidade é orgulhosa, possui ZERO game designers, gostam de reinventar a roda, aí vem com um monte de coisa que nunca resolvem nada: escala de poder? Muito subjetiva. Limite de orçamento? Carta spika e vc perde o deck. Rule Zero? Vai lá, boa sorte!

Commander é um jogo a parte. Criem formatos e cada um se ajusta ao nível de cada um.

Ou então... Voltem ao conceito de casual (que já foi esquecido), joguem com tudo e engulam o choro ao perder.

(Quote)
- 04/10/2024 12:58:06
O choro do pessoal não é sobre o jogo de Commander, é sobre o impacto no preço de suas cartinhas. Eles não ligam para o jogo, apenas para o seu negócio de vender cartas caras nas lojas.
(Quote)
- 03/10/2024 04:57:34
Acho que precisam existir pelo menos 3 níveis:

- cEDH
- Otimizado
- Precon World

Com uma ferramenta digital dá até para dizer: "Seu deck só tem cartas impressas em produtos de Commander ou coleções Standard." Daí ficaria fácil estabelecer um nível de Precon Melhorado, só que sem cartas "Master Set" que seriam do tier Otimizado, e isso já ajudaria a distanciar mais ainda a pool de cEDH dos níveis mais baixos.

Eu quero muito um nível Otimizado sem as Staples de cEDH, para diversão, e tb queria que fosse tudo (menos Flash) desbanido, pq tb gosto mto de cEDH em forma de torneio, mas não para jogar casualmente.
(Quote)
- 02/10/2024 18:28:13
Separe o CEDH. Tem espaço para todos...o resto é mimimi.
(Quote)
- 02/10/2024 17:41:20

Eu falo isso pela minha experiência jogando majoritariamente com BR. A regra zero simplesmente não funciona em ambientes um pouco mais abrangentes de pessoas.

Conforme eu comentei ali, usem a regra zero pra ignorar a banlist e jogar com as cartas que quiserem, é simples.

Mas a esmagadora parte dessa revolta toda é por causa de dinheiro e não por perda de poder dos decks.

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