Olá! 

 

Um dos aspectos mais importantes do Magic: the Gathering competitivo é o Sideboard – onde dizem que as partidas melhor de três que realmente 'separam o joio do trigo". De fato, embora dominar conceitos como combate, vantagem de cartas e alinhamento de interações seja importante, e que um jogador com conhecimento teórico equipado com um bom guia do que tirar e colocar em cada partida vai conseguir bons resultados imediatos, entender os fundamentos de como fazer o sideboard melhor vai contribuir para um aumento de vitórias no longo prazo muito maior.

Em quase vinte anos jogando torneios de Magic, aprendi várias das dicas que compartilho com vocês hoje, a maioria delas inclusive apanhando por conta própria (e ainda assim, mesmo nos dias de hoje, não é raro cair em alguma dessas armadilhas na hora de fazer o sideboard e voltar a “estaca zero” para repensar os planos).

 

 

● Manter estrutura do deck, respeitando seu plano de jogo e estilo de estratégia.

 

 

Essa é uma das maiores armadilhas que a maioria dos jogadores comete. Por exemplo, você está jogando com um deck agressivo, de criaturas pequenas ou dano direto no oponente. Nesse tipo de estratégia, cada carta importa para atingir a massa crítica necessária e levar os pontos de vida do oponente a zero – e um erro incrivelmente comum é sidear um monte de coisas situacionais, fazendo o tradicional “oversideboard” (sidear exageradamente, mudando muitas cartas) e dessa forma descaracterizando a sua estratégia, que é o principal motivo para ter escolhido a mesma.

Um ótimo exemplo é o Selesnya Angels Pioneer, um deck de estirpe com Companhia Agrupada e Reconstrucao de Kayla. Nesse tipo de estratégia, cada criatura conta – com 29 no deck principal, está “dentro” do mínimo aceitável para a Companhia (em torno de 25-26 criaturas), embora seis delas sejam Elfos de Llanowar e Mistico Elfico. Logo, na hora de fazer o plano de sideboard é importante manter a contagem de criaturas em mente, de modo que Arconte de Emeria, Reidane, Deusa dos Dignos e Cataro Brutal sejam opções mais interessantes que Ao Meio-dia ou Perder-se, considerando que elas ajudam a manter a contagem da Companhia em um número aceitável. Ainda assim, é importante atentar-se à quantidade de anjos e, em menor escala, artefatos e clérigos – dessa forma, outras opções como Buraco Portatil, Feretro de Vidro e Guardiao da Paz Ungido também aparecem.

 

 

● Encaixar cartas que joguem bem na sua estratégia.

 

 

Essa dica acaba de certa forma conectando-se com a primeira. Com mais de 30 anos de Magic: the Gathering, é bem possível encontrar uma carta que se encaixe no que você quer que sinergize com sua estratégia principal do baralho. Começando por um simples “hate” (carta de ódio) de cemitério: Reliquia de Progenitus é muito bom para decks que não dependem em absolutamente nada do cemitério, como o antigo Gruul Valakut Modern e o atual Gruul Ramp/Ponza Pauper; já baralhos com acesso à branco podem preferir uma versão mais agressiva: Descanse em Paz é o “ultimate hate de cemitério with lasers”, lidando bem tanto de forma proativa quanto quando o oponente já tem um cemitério para trabalhar. Já decks que também jogam com o cemitério preferem ir para “hates” que só atacam um lado, como Magibomba Niilista (uma das preferidas do Affinity Pauper e Shadow Modern) ou Rabecao Clandestino (bom para formatos mais lentos onde ganhar valor do seu “hate” importa, como Pioneer e alguns Midranges no Modern). 

 

Quando se precisa de velocidade sem acesso à cor preta, Lanterna Guia-almas ou até mesmo Cripta de Tormod podem ser a opção, essa última especialmente usada para ser buscada na reserva via Karn, o Grande Criador por seu custo 0. Linha de Forca do Vacuo, por outro lado, é perfeita para formatos ultra rápidos, onde ter a forma de atacar o cemitério já na mão inicial é crucial (Vintage ou Legacy), embora também possa ser utilizado em decks que tenham uma limitação (como decks de Cascade ou com Keruga, o Macrossábio como companheiro). Decks de Acorde do Chamado/Zenite do Sol Verde/Companhia Agrupada podem ir para Resistencia ou Lodo Necrofago, dependendo do quanto preferem velocidade ou valor de acordo com o metagame e mantendo sua contagem de criaturas verdes alta.

E tudo isso só considerando “hates” de cemitério! Se abrirmos para “hates” de artefatos/encantamentos, remoções anti-aggros, disrupção para combos, cartas pesadas para partidas de atrito, etc. a lista é praticamente infinita. O ponto é refletir sobre as cartas que estamos incluindo em nosso sideboard. Resistir a Tempestade é uma das melhores formas de ganhar vida e sair do alcance de decks vermelhos no Pauper, mas para um deck como o Gruul Ramp/Ponza, usar criaturas ou permanentes que podem ser buscadas via Estrondo Malevolo, Guiar o Estouro ou Voces se Encontram numa Taverna pode fazer mais sentido: pense em Discipulo de Nileia, Curandeiro da Clareira ou Golem Pedragalho.

Como uma dica geral, ou seja, que deve sempre ser confrontada com contexto, metagame, decisões embasadas e afins, mas que serve para muitos momentos e estratégias: decks mais proativos e/ou de “engine” (normalmente Aggros, Combos) ou seja, muito focados no próprio plano gostam de sideboard agressivos, que lidam muito bem com poucos decks do metagame que ele possui mais dificuldade; afinal, é ideal sidear poucas cartas em cada partida para manter sua estrutura intacta (conversa com a primeira dica).

Por outro lado, decks mais reativos, como Midranges ou Controles gostam de cartas mais generalistas, capazes de melhorar alguns pontos aqui e ali em uma gama maior de partidas (cartas como Disputa Mística, Dorso-Frisado Tranquilo), afinal já contam com uma boa quantidade de interações abrangentes ainda nas sessenta iniciais.

 

 

● Evite os famosos “nombos”, seja através do uso de sideboard em si ou já na montagem do deck.

 

  

 

Um dos pontos importantes do sideboard é que ele deve prejudicar muito mais o oponente do que você – tente sempre que possível evitar os “nombos”, ou seja, quando uma das suas cartas joga contra outra carta importante do seu baralho. Por exemplo, manter muitas permanentes de custo 2 ou menos junto de Confinamento Temporario – pode ser interessante sidear os Morcego da Caverna Profunda ou Subir no Pe-de-feijao contra os Aggros por conta disso, ou tirar sua sinergia de cemitério via Diluvio da Memoria/Revirar o Tempo quando Descanse em Paz vier atacar os Izzet Phoenix e Abzan Greasefang alheios.

 

● As partidas pós-side costumam ser mais lentas por conta da interação do oponente (e da sua), use isso em seu favor!

 

 

Cartas que estão no baralho apenas para velocidade/explosão na primeira partida, ou como redundância de efeitos mais importantes já presentes podem ser diminuídas. Sendo eu mesmo um jogador que frequentemente compete com decks estilo Ramp, é bem comum que algumas cópias extras das recompensas pesadas e até mesmo dos ramps de turnos iniciais mais fracos sejam cortadas para entrar com mais interação para as partidas específicas. Apesar disso, esse conceito se aplica para uma infinidade de outras estratégias, afinal, de nada adianta acelerar sua jogada mega poderosa se o oponente tiver muitas formas de interagir com ela após-side, e talvez compense muito mais ter uma outra interação para também atrasá-lo (que também funciona “compensando” sua carta de velocidade que não foi feita, já que ganhou um turno contra o plano do oponente).

● Lembre-se de respeitar o sideboard do seu oponente também, principalmente se você estiver jogando com um deck que é vulnerável às cartas específicas!

 

 

Alguns decks são simplesmente devastados por cartas de “hate” específicas – geralmente aqueles que fazem alguma coisa muita injusta envolvendo artefatos, cemitério, Voltron (colocar todas as auras e bônus em uma só criatura), combar, etc.

Não adianta pegar um Grixis Affinity no Pauper, nada mais nada menos que o deck mais jogado do metagame (do momento da escrita do artigo), e reclamar que todo jogo pós-side o oponente tem Po ao Po, Diglamirizar ou Xama dos Gorilas, assim como entrar em um evento de Izzet Phoenix e achar ruim que os oponentes tem Descanse em Paz, Rabecao Clandestino e afins. VOCÊ TEM QUE SABER LIDAR COM ISSO! Ou você acha mesmo que os jogadores que vencem os torneios de Affinity ou Phoenix só o fazem porque os oponentes nunca compram o “hate”?

Desde manter mãos com mais terrenos vindo mais lento em prol de não tomar a punição máximo de zicar mana e nem entrar no jogo, jogar com a lista que usa 20 terrenos ao invés da que joga com 19 pra aumentar as chances de ter a recomposição depois do Pó ao Pó, mulligar mãos arriscadas ou ir para “contra-hates” como Negar, Coagir ou Desviar Olhar, você enquanto jogador de Affinity PRECISA de um plano – que, inclusive, pode até ser não mudar tanto a estrutura do seu deck e aceitar a variância de tomar o “hate”, pensando que nos jogos que o oponente venha só com uma peça ou ela demore a vir, você ainda vai estar em plena vantagem por jogar com um deck forte.

E quanto a vocês, leitores, o que acharam das dicas apresentadas aqui no artigo de hoje? Quais outras dicas acrescentariam para melhorar seu sideboard? Compartilhem suas opiniões nos comentários!

Abraços e até a próxima!