Fala pessoal, tudo bem?
Bora falar do nosso formato favorito e das nossas velharias.
Eu queria começar esse artigo com uma reflexão que tenho feito nos últimos tempos e que tem tudo a ver com o tema que iremos abordar aqui hoje.
- Por que um formato que não tem entrada de cartas novas varia tanto?
Uma das grandes preocupações que vejo em alguns comentários, ou de algumas pessoas quando ouvem falar a primeira vez do formato é:
"Premodern é um formato sem variância, sempre terão os mesmos decks. Nenhuma coleção nova entra no formato."
É claro que teremos decks que não sairão do metagame ou que sempre veremos vencendo algum campeonato, ainda assim podemos ver adaptações variações de build que ocorrem de uma forma muito natural e orgânica. Sendo assim, quando vemos a predominância de um arquétipo ou deck, logo vemos adaptações ou mesmo a criação de novos entrantes, que corrigem o field, resumindo o formato é tão bem pensado desde sua criação até sua banlist, que ele se autorregula.
E por que isso acontece? Primeiramente existe um equilíbrio das cartas que pertencem ao formato.
- AHHH Renan Gaea's Cradle, Survival of the Fittest e Oath of Druids são super equilibradas né!!!
A resposta é SIM! No formato elas são.
Como exemplo vou usar Oath of Druids que tem um deck próprio e extremamente poderoso no Vintage. Quer saber quantas cartas válidas no Premodern o deck de Oath do Vintage possui?
São 6 cartas, sendo 4 Oath of Druids, 1 Tinker e 1 Null Rod (estou desconsiderando 3 fetch lands em média) ou seja, ao invés de colocar uma Atraxa, Grande Unificadora você botar um Phantom Nishoba em campo parece bem mais justo não é mesmo?
O ponto é que existia um equilíbrio extremamente bem pensado nas coleções antigas de Magic, assim como uma preocupação das sinergias destas cartas entre si. Antes que alguém comente eu sei que existiu Necropotence e Tolarian Academy,(entre outras cartas) que sim, dominaram o meta quando foram válidas, mas de forma geral a dupla Richard Garfield e Mark Rosewater enquanto estavam a frente do desenvolvimento do jogo, procuraram trazer um mix de flavour, lore e equilíbrio que chama atenção nos dias de hoje. Obviamente tinha-se mais tempo para pensar e desenvolver essas mecânicas tendo em vista que saíam somente 5 a 6 coleções em média por ano.
Talvez o mais próximo do que vivenciamos atualmente no Premodern tenha sido o Extended, que foi por muito tempo o formato favorito de muita gente, e que possuía uma rotação.
Ok Renan baita palestrinha aí, mas que espírito é esse aí do título?
Ahh!!! Toda essa contextualização foi para nós trazermos aqui onde estamos hoje com um field bastante diferente de um ano atrás onde vivemos quase uma rotação. E o espírito que estamos falando é ninguém menos que Nether Spirit.
Conforme falamos em nosso último artigo aqui, após o banimento de Land Tax, tivemos a ascensão e queda do Elfos com a chegada dos decks de Terravore, tanto o mono green quanto o GW tem estratégias parecidas de ataque, mas também se utilizam de um pack de lands que auxiliam nessa estratégia, mas e se você não conseguir desenvolver essa estratégia?
O novo deck do momento é o Contamination Control.
A combinação de Contamination e Nether Spirit trava o acesso a mana colorida do oponente, e obviamente passa por cima do drawback da Contamination, podendo sacrificar e retornar o Nether Spirit toda upkeep.
O Deck conta ainda com um pack de descartes e removals com Innocent Blood e Contagion, além de tutores que auxiliam buscar os recursos que faltarem.
O deck possui uma sinergia de Cabal Therapy e Diabolic Intent com o próprio espírito que pode ser sacrificado e voltar para o campo de batalha. E claro, depois do board controlado você pode fazer seu exército de zumbis com Zombie Infestation.
Temos outro deck que tem apresentado algumas variações de listas, mas basicamente o conceito é uma mistura do antigo The Solution com um White Weenie, podemos chamar de RW Midrange.
O deck utiliza de boas criaturas como Grim Lavamancer, Mother of Runes, Exalted Angel, combinado com os melhores removals, Lightning Bolt e Swords to Plowshares. Além de vários recursos para o late game, como Hammer of Bogardan, Cursed Scroll além de Worship com Silver Knight que é auto-win contra Red Decks por exemplo. A base de mana é gananciosa, assim como no Solution, esse pode ser o grande problema do deck.
Outro deck que vem crescendo e com bons resultados é um tribal, estamos falando de Mono Black Clerics.
O deck de clérigos inicialmente utilizado no Premodern foi o BW, porém uma carta que foi notada recentemente e colaborou para a acelerar esta estratégia foi Priest of Gix, combinado com Dark Ritual, é possível colocar 3 a 4 criaturas na mesa no turno 1 com a possibilidade de ter um Scion of Darkness já no turno 2. Claro que o plano Midrange também é viável com alguns removals e descartes é possível trocar recursos, além de um late game com Rotlung Reanimator e Unearth torna o deck ainda mais resiliente.
Como todo Mono Black o deck não lida bem contra decks de encantamentos como Replenish por exemplo.
Claro que não iria terminar esse artigo por aqui né, como é praxe, chegou àquela hora falar com o que eu tenho jogado. Os dois decks que tenho testado também tem aparecido com bons resultados em alguns campeonatos.
O primeiro é a minha versão do Brocolli Soup.
Esse deck se baseia principalmente em abusar de Phyrexian Negator ou Drinker of Sorrow, que são criaturas de custo baixo, porém com drawback alto. O deck utiliza cartas como Rancor, Elephant Guide, Priest of Gix ou mesmo Sarcomancy, como recurso para alimentar esse drawback.
Na minha versão eu acrescentei uma carta que(na minha humilde opinião), faz todo o sentido no late game deste deck, que é Delraich.
No momento em que os horrores ficam mais expostos na mesa você os troca por uma 6/6 Trample e sem drawback.
A lista padrão tem usado Call of the Herd, porém eu tenho gostado do efeito de Elephant Guide. Esse talvez seja o deck menos competitivo de todos os apresentados anteriormente, porém é muito divertido e com turnos extremamente explosivos.
E por último e não menos importante esse deck fez 5-0 no campeonato do MTG Online com 88 jogadores.
E eu acabei fazendo um bom resultado nos PODs do nosso Monthly no Discord com 3-0.
Estou falando do Aluren.
O deck já existia, porém com listas menos otimizadas, era usado Living Wish e Diabolic Intent, mas o Fpawlusz, que é o criador dessa lista, teve a brilhante (e até óbvia) ideia de inserir Survival of the Fittest reduzindo a redundância de criaturas mais fracas no vácuo, utilizando um pacote de barreiras como Wall of Roots e Wall of Blossoms que seguram o jogo no early game, até conseguir “setar” o combo. A grande sacada do deck é que ele é extremamente resiliente e com uma toolbox que consegue jogar bem com diversos tipos de decks, as criaturas como Meddling Mage e Uktabi Drake são excelente resposta para combos por exemplo, sendo que as barreiras que comentei anteriormente são excelentes contra Aggro.
OK, mas e aí como esse deck ganha?
Você precisa na verdade de uma combinação de 3 cartas, Aluren, Cavern Harpy e Man-o'-War.
Com essas 3 cartas na mesa você consegue fazer um looping de qualquer outra criatura, desde que você tenha vida, no caso a solução para esta perda de vida está no próprio deck, você pode utilizar o Spike Feeder para ganhar vida infinita, com Wall of Roots você terá mana verde infinita, com Wirewood Savage você pode comprar quantas cartas quiser, com Rishadan Cutpurse seu oponente irá sacrificar todas as permanentes, além destas combinações você pode usar o próprio Spike Feeder para colocar marcadores infinitos em outra criatura. Ou mesmo, por se tratar de um deck de criaturas é possível simplesmente fazer várias delas e ganhar batendo. Duas cartas que também são fundamentais para o deck são Sylvan Library e Raven Familiar que ajudam a buscar as cartas para o combo.
O Deck é bem complexo para pilotar, mas é extremamente divertido.
Voltando a nossa reflexão o formato continua mostrando extremamente equilibrado e auto regulador, proporcionando um field variado, e claro, com várias possibilidades de deck building.
Com esse ambiente vemos o formato crescendo cada vez mais, com mais pessoas interessadas e campeonatos cada vez maiores. Na República Tcheca tivemos 136 pessoas no presencial, já temos vários eventos na Starcity Games, além claro, dos nossos campeonatos Nacionais em várias cidades do país, assim como nosso Monthly Online com média de 16 a 18 pessoas.
Na verdade, esse é o verdadeiro espírito do Premodern, um formato de comunidade cada vez maior e mais sólido.
Mais uma vez deixo meus parabéns para todas as iniciativas locais e parabéns às lojas e aos organizadores dos eventos que seguem apoiando o formato.
Se quiserem entender mais do formato (e de seu field) navegando no site do TC decks, onde, toda semana, são postadas as listas de novos campeonatos ao redor do mundo e do Brasil também.
Entre no grupo e chame a gente no Whatsapp para saber como participar.
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Até a próxima!
Renan Guerra
Valorizamos a igualdade, a inclusão, a tolerância e, claro, o papelão velho.
Existe uma boa porção dos torneios, principalmente online, que permitem o uso de cartas borda dourada e Proxys, benefícios de não ser um formato sancionado.
A grande maioria dos torneios permitem sim as bordas douradas