Saudações, caros planinautas. It 's been a long time!
No artigo de hoje eu gostaria de falar sobre um tipo de criatura bastante comum e que faz bastante sucesso em seu lançamento; aquele tipo de criatura que é versátil em qualquer deck tribal que você possa imaginar… bem, acredito que já saibam de que tipo estamos falando não é mesmo?
Então, let 's rocks!
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Desde os primórdios de Magic, sempre existiram os metamorfos - criaturas capazes de assumir outras formas - mas o tipo metamorfo somente saiu posteriormente, na coleção de Tempest, com a carta Metamorfo Instavel; este foi nosso primeiro metamorfo oficial. Em Alpha tivemos Clone e Vesuvan Doppelganger, sendo o primeiro lançado com o tipo clone e o segundo sendo lançado como doppelganger.
- Mas o que é um doppelganger?
Let 's Wikki Attack!
Um doppelgänger (alemão: [ˈdɔpl̩ˌɡɛŋɐ] (escutar)), às vezes escrito como doppelgaenger ou doppelganger é um sósia ou duplo não-biologicamente relacionado de uma pessoa viva, por vezes retratado como um fenômeno fantasmagórico ou paranormal e geralmente visto como um prenúncio de má sorte, ou ainda para se referir ao "irmão gêmeo maligno" ou ao fenômeno da bilocação. A forma mais antiga da palavra, cunhada pelo romancista Jean Paul em 1796, é doppeltgänger, "aquele que caminha ao lado".
Os doppelgängers aparecem em várias obras literárias de ficção científica e literatura fantástica, nas quais são um tipo de metamorfismo que imita uma pessoa ou espécie específica. A bilocação pode ser definida como o ato de estar em dois lugares ao mesmo tempo e segundo o ocultismo e espiritualismo, isso pode ser uma habilidade psíquica ou espiritual.
Mas eu gostaria de falar especificamente sobre um tipo de metamorfo: Morfolóides.
● Lorwyn
Em Lorwyn foi onde tudo começou. Aqui, nesta terra bucólica e paradisíaca, deparamo-nos pela primeira vez com este grupo inusitado de seres. A raça de morfolóides é uma raça pacata e pacífica, semi-inteligente, inofensiva e desapropriada de consciência, seja essa cultural ou política. Morfolóides involuntariamente alteram sua forma com seu ambiente ao redor, são copiadores natos o que faz com sejam incapazes de desenvolverem sua própria cultura, arte ou tecnologia.
Por serem criaturas com a cognição limitada, a fala deles se resume em frases e verbetes que já ouviram e apenas se repetem, semelhante a um papagaio quando fala; embora estejam sempre imitando e copiando, em Lorwyn, é fácil distinguir um morfolóide do ser original, pois seus traços originais permanecem o que torna impossível que realizem uma cópia perfeita.
Sua aparência original é de um humano atarracado, azul-esverdeado, pele levemente escamosa, olhos grandes, corpo translúcido e frequentemente uma cauda bifurcada. Mesmo sendo seres de alta magia, sua inteligência é limitada impedindo a criação de um Estado ou grupo; morfolóides imitam, porém não são seres malignos ou travessos, muito menos enganosos. Isto significa que não usam suas habilidades para o mal ou pregarem peças - isso está destino às fadas do plano.
A lenda diz que os morfolóides nascem na gruta cintilante conhecida como Velis Vel. As paredes da caverna são incrustadas com cristal de quartzo e marcadas com runas, cada uma comemorando uma forma inusitada assumida por um morfolóide. Uma vez por ano, o sol brilha através das rachaduras no teto, criando luzes inconstantes. Os morfolóides são biologicamente atraídos para a Gruta nesta época, onde se reúnem e voltam às suas formas naturais, e é nesta época do ano que a maioria dos morfolóides são criados. Assim que o sol passa e a caverna escurece, os morfolóides se dispersam.
Embora Lorwyn seja a “terra natal” dos morfolóides, existem mais dois planos do Multiverso que possuem morfolóides.
● Kaldheim
Os metamorfos de Kaldheim vivem no reino de Littjara. Eles usam máscaras de madeira esculpidas para esconder sua verdadeira forma. Eles podem assumir qualquer forma necessária para se misturar ao ambiente - incluindo uma forma de aurora mutável que lhes permite mover-se livremente pelo Cosmos - mas tendem a preferir formas animais.
Metamorfos de alinhamento verde, conhecidos como Passa-clareiras, preferem as formas de feras selvagens a qualquer identidade humanóide. Os ursos são uma forma favorita, mas qualquer veado, lince, pássaro ou esquilo avistado nas florestas pode ser um Passa-clareiras disfarçado. Covewalkers - sem tradução - os metamorfos de alinhamento azul, são fascinados pela água. Muitas vezes assumem a forma de animais marinhos, como focas ou golfinhos. Eles também adotam frequentemente as identidades de marinheiros, invasores marítimos, pescadores, faroleiros e outros humanóides que vivem nas águas ou perto delas.
Muitos acreditam que os metamorfos são formados a partir da mesma matéria que o próprio Cosmos – pura luz mutável e energia celestial. Seja essa a sua verdadeira natureza ou não, eles podem adotar uma forma semelhante às auroras do Cosmos para viajar entre os reinos. Curiosos e adaptáveis, eles muitas vezes passam apenas alguns anos de uma breve infância em Littjara antes de se aventurarem no Cosmos para ver e aprender sobre outros reinos. Muitos metamorfos passam quase toda a sua vida entre outras raças até que finalmente retornam a Littjara para os últimos anos de suas vidas e terminam sua existência submersos e subsumidos no Lago Pentafjord.
O outro plano onde existem morfolóides é o plano do Morophon, o qual ainda não foi revelado. Na coleção de Modern Horizons, além dele, tivemos o lançamento de outros morfolóides, todavia, se você prestar atenção nesses cards, perceberá que todos esses morfolóides possuem uma característica: uma essência gelatinosa roxa saindo deles. Acredito eu que esta seja a marca deles para se distinguir um morfolóide deste plano para a criatura original.
- Por que um morfolóide imita outro ser?
Dentro do contexto de Lorwyn, a natureza deles impede que permaneçam em sua forma original por muito tempo. É uma ação involuntária, ou seja, não controlam esta ação. O ambiente externo os molda a todo momento, a todo instante e se você parar para pensar, esse tipo de existência deve ser extremamente cansativa e exaustiva. Imagine não possuir personalidade própria ao ponto de sempre necessitar imitar e copiar os demais.
Bem, chegamos ao ponto onde eu queria chegar.
Já parou para pensar que, em sua vida ou carreira, você apenas se tornou um morfolóide? Ou pior, você se tornou um doppelganger, um gêmeo maligno de outra pessoa, onde as pessoas apenas te veem como uma cópia - mal feita - do seu colega ou companheiro? Será que sua vontade de ser aceito é tão forte que você imita todos os comportamentos que acha bom de forma involuntária?
Algumas pessoas imitam outras psicologias e os fatores que a levam a esta ação são diversos: insegurança, falta de iniciativa, medo, empatia ou desejo de aceitação. Todavia, não existe natureza sem ações miméticas. Seja no reino animal ou humano, copiamos e evitamos ações que acreditamos serem corretas. A teoria mimética proposta pelo antropólogo francês René Girard (1923-2015), acredita que inspirar-se no desejo do outro permite comunicar e sentir empatia pelo outro, e ao mesmo tempo disparar ciúmes e rivalidades (para ter um brinquedo). A teoria mimética envolve três elementos: o outro, o modelo, e a relação, e pode ser descrita através de uma forma, o triângulo.
O desejo mimético é um impulso, a lei básica do ser-humano que nos governa e pode ser aplicado ao indivíduo ou a multidões (efeito manada); sendo inerente a ação de imitar o outro, constantemente buscamos referências boas que sirvam de exemplos para que possamos construir nossa vida social e profissional. Em nosso mundo atual, o mimetismo se tornou uma das maiores fontes de renda não tradicional do século 21, afinal, com o advento dos influencers um novo nicho surgiu no mercado de trabalho, mas esse tipo de comportamento não é novo, uma vez que os pilares da moda sempre vieram do conceito de que as pessoas gostarão de algo e irão imitá-lo.
Em 1990 a equipe de Giacomo Rizzolatti, da faculdade de Parma, descobriu o neurônio espelho. Basicamente, este neurônio é responsável pelos nossos êxitos sociais (interações e empatias) e a formação de grupos. Somos sempre atraídos a interagir com grupos com os quais nos identificamos e dentro destes grupo é que as ações miméticas mais se acentuam, uma vez que o desejo de aceitação se torna mais latente, o impulso também será mais forte.
Entenda que a imitação não é em si algo pejorativo, todavia, pode acarretar em diversos problemas posteriores como a falta de personalidade e iniciativa; em outras situações, o medo pela desaprovação pode ser tão forte que o indivíduo se anula ao ponto de se tornar apenas uma cópia - mais um na multidão - do seu grupo; não seja uma morfolóide social que não consegue manter sua forma original e precisa incessantemente copiar o que vê. Aprenda, imite, erre, copie o que é bom e adapte tudo à sua realidade, porém não perca de vista que as ações mais importantes são oriundas da sua percepção do ambiente, isto é, nenhuma fórmula de sucesso é receita de bolo porque precisa ser adaptativa com sua realidade, e o mais importante, precisa ser adaptada a VOCÊ!
Dentro do Lore de Lorwyn, houve um evento canônico chamado de A Grande Aurora onde todos os seres do plano - com exceção das fadas - tiveram suas personalidades alteradas. Os morfolóides se transformaram em metamorfos chamados de Pucas e Mímicos, seres extremamente agressivos que refletiam as aparências de suas vítimas. Você não precisa de um evento canônico para perceber que se tornou um sósia de alguém, o que você precisa é apenas reavaliar seus objetivos, ações e seus grupos, afinal eles são responsáveis por inspirações e influências diretas e indiretas em nossas vidas.
Até a pŕoxima planinautas!
A gente pode comparar a ação dos morfoloides de Lorwyn a estratégia de vida mimética, ou seja, uma adaptação seletiva por imitação de outro animal que facilitou a sobrevivência de uma espécie, ao exemplo da borboleta monarca x a Vice-Rei.
Já para os de Kaldheim, há um desejo consciente, inclinado pela relação eu-mundo. Ou seja, a escolha da forma é voltada a experiência de vida e cognição social. "Eu QUERO ser um kraken" é diferente de um morfolóide que imita um pato.
Se formos comparar com a humanidade, seríamos um pouco dos dois. Agimos de forma mimética à outras pessoas de nosso entorno como figuras de linguagem, sotaques, seletividade alimentar, dores sociais,... Em que reproduzimos ações comportamentais de forma instintiva. Por exemplo, quem não fala gírias das amizades, ou pegou algum vício de linguagem de cônjuges?
Ao mesmo tempo em que por vezes, e muitas, damos uma de "copião" mesmo, e propositalmente imitamos o estilo de um personagem, influencer, político... Para termos um maior aceite da sociedade, ou até mesmo suprir a vontade de ser aquela pessoa idealizada ali.
Pra falar um pouquinho mais sobre comportamento mimético, a gente precisa dar uma voltinha no tempo:
No início do século passado tivemos um boom das pesquisas sobre os comportamentos. Dessas, a escola do Behaviorismo trazia dados psicométricos bem elaborados e replicáveis, tornando-se famosa e trazendo avanços nos estudos comportamentais.
Dando destaque ao cientista e escritor B. Skinner, a descoberta dele na qual o condicionamento de nossos comportamentos à previsibilidade de uma resposta ambiental foi crucial para a sobrevivência do indivíduo.
Ou seja, nossa favorabilidade de sobrevivência na natureza estaria correlacionada a nossa padronização e flexibilização de respostas comportamentais. Assim, imitar comportamentos socialmente aceitáveis nos favoreceria evolutivamente, enquanto não repreender comportamentos inaceitáveis, tende a uma não aceitação social, isolamento, e dificuldade para obter recursos.
Essa descoberta foi incrível para a época, mas hoje a gente sabe que não é só isso.
Outro pesquisador da época, Jerome Bruner, ao perguntar a crianças ricas e pobres qual o tamanho de 4 moedas ( 1, 5, 25 e 50 cents) evidenciou que o padrão de percepção de um objeto está correlacionado ao valor que damos ele. Nesse experimento, as crianças mais pobres viam as moedas de maior valor num tamanho físico maior, enquanto as mais ricas, viam as moedas de 5 e 10 como muito pequenas fisicamente.
E por fim, temos também Albert Bandura, que no meio do século passado, propôs um experimento interessante em cima da literatura existente: Uma criança via um vídeo em que uma moça batia num joão bobo de forma bem agressiva, pegando martelinhos e descendo a porrada até no chão. Daí a criança respondia umas perguntas sobre coisas que não eram o vídeo, e depois ia pra uma sala linda, cheia de brinquedos. Daí o avaliador falava: " Eita pô, não é aqui não, vamos para a sua sala mesmo. Houve um engano, me desculpe", e levava um menino pra uma sala com poucos brinquedos, bem mais ou menos. E um dos brinquedos era ninguém mais, ninguém menos que o João Bobo. Apois o menino não ia dar um sarrafo de raiva no João Bobo? Enquanto os meninos que ficavam na sala bonitona nem ligavam pro João Bobo. Bem... até eles serem levados pra sala pequena 5 minutos depois. Aí eles iam diretinho pro João Bobo, bater de forma similar ao que a mulher fazia. Bandura então, trouxe que o aprendizado está ligado a imitação do conteúdo que mais nos ipacta empaticamente. No experimento dele, por exemplo, tinha uma pistola de brinquedo e a mulher do vídeo NUNCA pegou, mas algumas crianças sim. Quando o avaliador perguntou a ela, a criança disse: Papai sai pra caçar, ou papai é policial, papai gosta de armas... Ou seja, a empatia dele com o pai, faz com que ele tenda a imitar comportamentos das figuras de amor em casa.
Se pegarmos os Andarilhos de Litjara, a gente vê os bichões se tornando algo que cause esse impacto empático, e dá a eles uma imersão naquele mundo, observando a realidade sob apercepção daquele ser, para depois, ao fim da vida, levar todo o conhecimento aprendido para seus semelhantes.
Mas voltando para pesquisas e ciências psicológicas, pq é mais legal, atualmente a gente tem uma visão mais concretizada e bem robusta sobre o mimetismo comportamental. Não só a descoberta dos neurônios espelho, que são sim importantes, PORÉM, o nosso aprendizado mimético não é dado somente por meia dúzia de células. Os principais articuladores do nosso aprendizado está na ativação de várias regiões cerebrais interconectadas por circuitos GABAérgicos e Dopaminérgicos. Algumas áreas responsáveis são: O núcleo Accumbems, que está relacionado a circuitos neurais ativos em atividades que requerem um embate do esforço x prazer ( será que usar uma global agora me faz ganhar o jogo), O córtex cingulado anterior, que está relacionado ao nosso freio ético ( Eu já sei que posso ganhar se usar uma raiva monstruosa no pássaro. Humilho ou não o cara com as swiftspear na minha mão?), o hipocampo, que é amplamente relacionado com nossas memórias e principalmente a junção temporo-parietal, que é uma área conhecida como o cérebro social.
E por fim, temos o que o uso clínico do aprendizado mimético técnicas, ferramentas e testes em diversas terapias baseadas em evidências, como ABA, a Terapia Cognitivo-Comportamental ( a melhor, por sinal. Faço Jabá sim! ), DBT, Neurofeedback ... Trazem benefícios em diversos transtornos de humor, personalidade e do desenvolvimento.
Ah e finalizando mesmo: Comprem meu deck do Edgar Markinhos - https://www.ligamagic.com.br/?view=colecao/colecao&id=267223 - tô fazendo por 1,6k xD
"Maria vai com as outras"
"Galinha que acompanha pato morre afogada"
"As aparências enganam" entre outros.
Massa demais o conteúdo!