Desde o lançamento do Universes Beyond de Warhammer eu nunca estive tão animado com outra coleção.
Confesso que pra muita gente assim como eu, foi meio difícil no início digerir a idéia desses crossovers, mas com o tempo passei a ver os decks de Universes Beyond como uma alternativa muito mais interessante para os jogadores do que os Secret Lair, por exemplo.
Digo isso pois presenciei mais de uma pessoa conhecida que só ingressou no Magic (consequentemente no Commander) depois de ver um deck com cartas de sua franquia favorita.
Devo admitir também que o que me anima nos decks de Universes Beyond é como tudo é construído,desde os terrenos básicos até os reprints com artes novas que referenciam de forma incrível a franquia que ela traz, ao contrário de muitos secret lair que ainda me incomodam por criar situações onde temos um mago poderoso da terra média lutando ao lado de um caminhão robô e o Rick de The Walking Dead.
Mas depois de encher tanta linguiça, finalmente chegou a época do ano que eu esperei ansiosamente, o lançamento de Universes Beyond: Fallout, simplesmente a franquia que eu mais amo agora impressa em cartinhas de papel que valem mais que dinheiro.
Para aproveitar todo esse Hype resolvi analisar os decks em vídeo e dar a minha opinião como fã e jogador de Commander lá no meu canal do Youtube, onde vocês podem ver de maneira mais detalhada o que achei de cada uma das listas, mas para quem também gosta do conteúdo escrito, vou trazer aqui minha opinião a respeito desses decks.
● SCRAPPY SURVIVORS (verde, vermelho e branco)
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Nossa primeira lista é a Scrappy Survivors, um deck Naya que tem como tema Auras e Equipamentos e um sub-tema que envolve umas das novas mecânicas que vieram com a coleção, os tokens de Sucata (junk tokens).
Em resumo, esses tokens são artefatos que te permitem virar e sacrificar para exilar o topo do deck e jogar aquela carta até o final de seu turno.
Ele traz como Comandante o Dogmeat, Ever Loyal, um cachorro que se tornou muito característico das séries Fallout por ser um excelente Companion.
Ele fez sua primeira aparição no primeiro jogo da Série em 1997, onde era um Companion opcional, aparecendo novamente em Fallout 2, 3 e 4.
Uma curiosidade é que Dogmeat é uma referência direta ao cachorro de Max que aparece no filme Mad Max 2 de 1981.
Na minha opinião Dogmeat é um dos grandes símbolos de Fallout e definitivamente merecia estar presente em um dos decks, porém admito que gostaria de ver um pouco mais de coerência na escolha de comandantes desses decks, como vou falar daqui a pouco sobre César, que veio como comandante e de fato é um grande líder na história de seu universo, ao contrário de Dogmeat que apesar de famoso, é apenas um companion como vários outros que temos nas listas.
Em relação ao seu efeito, de todos ele é o que mais me agradou e mais vejo potencial fora do deck, em listas independentes.
Apesar de não ser tão comum uma estratégia baseada em Mill nas cores que ele faz parte, seu potencial de recursão é um diferencial e tanto, e que pode ser muito abusado com cartas que blink e/ou possíveis reanimates.
Sua segunda habilidade, apesar de ser mais pontual, pode gerar um card advantage muito poderoso te garantindo algumas cartas a mais todo turno.
Um detalhe interessante sobre as fichas de Junk é que por serem artefatos com habilidade ativada, você não precisa usar seu efeito logo que elas forem criadas, permitindo um controle muito maior sobre a habilidade e ponderando seu uso em turnos onde você tenha mais mana disponível e menos opções na mão e campo.
Sobre o deck acredito que dos 4, esse seja o melhor em questões de power level, já que ele traz uma estratégia consistente e que entrega exatamente o que propõe, aproveitando uma curva não tão alta e qualidade ao invés de quantidade, o que significa que as criaturas terão um impacto progressivo e significante na mesa por conta dos artefatos e auras.
Devo lembrar que estamos falando de um deck pré-construído, então não podemos esperar grandes interações e combos, mas essa lista traz combinações muito boas para a estratégia proposta.
Como um fã de Fallout que aprecia fã services e referências, este é o deck onde acredito que fomos mais escanteados, e apesar de termos aparições de personagens grandes e icônicos como a Moira Brown, Guide Author, Cass, Hand of Vengeance, Three Dog, Galaxy News DJ e Codsworth, Handy Helper ainda acho que poderíamos ter algumas outras figuras que se encaixam muito bem com esse alinhamento de cores, como os Kings, que ao meu ver estariam muito bem representados pelas cores vermelho e branco.
Se a sua intenção é manter a lista do jeito que ela vem, eu fortemente recomendo Scrappy Survivors para a sua coleção, mas também recomendaria fortemente Dogmeat para decks com a temática de auras e equipamentos com um power level casual otimizado.
● HAIL, CAESAR (preto, branco e vermelho)
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Nossa segunda lista é a Hail Caesar, com as cores Mardu e com a temática de Humanos (?) e um subtema de Sacrifícios (?), e que eu acredito estar errado, pois como já falei antes em vídeo, infelizmente aqui temos um grande apanhado de coisas aleatórias com muito flavor.
Sinto que esse deck pra mim é comparável a quando somos crianças e pegamos aquele pacote de bolacha com recheio, tiramos o recheio de 10 bolachas e fazemos uma só. O resultado disso é uma expectativa enorme por uma bolacha com muito recheio, mas que no paladar não é tão saborosa por que tudo ficou desequilibrado e com muito gosto de açúcar.
Como comandante temos Caesar, Legion's Emperor, um dos maiores antagonistas da série Fallout, e co-fundador da Legião de César que aparece em Fallout New Vegas como uma das grandes facções, mas que também aparece em outros jogos através de referências graças a sua grande influência nesse universo.
Essa facção remonta à antiga grande Roma, trazendo a estrutura hierárquica bem como cores e cultura militarista. Eles também são fortes defensores do uso de mão de obra escrava e constroem seus pilares num sistema ditatorial que usa o terror como arma principal.
César, que tem como verdadeiro nome “Edward Sallow”, já foi um membro dos seguidores do apocalipse onde estudou e fortaleceu suas ideias até posteriormente abandoná-los para levar adiante seus ideais violentos e megalomaníacos.
Na minha opinião, ao contrário de Dogmeat, trazer César como um dos comandantes dos 4 decks foi uma jogada sensacional que casa exatamente com a proposta do Commander, de ter um deck e um líder.
Sobre o comandante como carta podemos dizer que ele é interessante, e para um nível de deck pré-construído temos uma criatura bem versátil que te permite ter uma progressão consistente te dando opções de swarm, card advantage ou dano direto, mas que infelizmente só pode utilizar desses efeitos quando ataca.
Essa limitação é justa, mas acaba ficando fraca quando olhamos o restante do deck que não tem tanta “liga” e acaba perdendo pontos quando o assunto é ser eficiente.
Ainda assim podemos dizer que na lista certa podemos atingir um nível interessante em decks casuais mais otimizados onde ele passa a ser uma fonte constante de recursos, dando suporte ao restante do deck que nesse caso, vai ser melhor montado para suprir essa estratégia.
Sobre a lista, apesar de termos reprints muito interessantes, as novas cartas parecem não se encaixar tão bem assim.
Não me entendam mal, pois eu vejo muito potencial em várias cartas lançadas aqui, mas aquele ditado se encaixa perfeitamente no que estou tentando dizer: “Uma andorinha só não faz verão”, muito menos ganha jogos.
Apesar disso acho que esse é um deck muito bom para receber upgrades, com vários caminhos possíveis de serem seguidos e que facilmente podem se tornar estratégias consistentes.
Numa partida de precon, ele tem seu lugar, mas com certeza vai ficar um pouquinho atrás dos outros 3.
E antes de finalizar as considerações sobre esse deck, sei que você que gosta de Fallout assim como eu ficou igualmente decepcionado por ter aberto a lista e não ter encontrado nem Ulysses e nem Joshua Graham. Dois grandes “vilões” com forte relação ao césar e os conflitos que ocorrem em Mojave mas que tem como marca registrada sua complexidade e aparências marcantes.
Se um dia a Wizards cometeu um erro em Universes Beyond (Além de não trazer um deck de Orks em Warhammer 40k), foi em ter esquecido de Ulysses e Joshua!
● MUTANT MENACE (azul, verde e preto)
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Nosso terceiro deck é o Sultai “Mutant Menace”, que pelo nome me deixou com a expectativa lá em cima quando os primeiros spoilers saíram, afinal os super mutantes são a minha facção favorita dentro do Universo de Fallout, e é claro que imaginei que ganharia um deck baseado nos gigantes de pele verde.
Como sabemos agora, o Jeff do futuro acabou não tendo suas expectativas superadas, mas também não teve uma grande decepção.
Essa lista trouxe uma nova mecânica muito interessante baseada em marcadores de Radiação, os Rad Counters, que são marcadores que jogadores recebem e que fazem com que no início da Main Phase 1 você seja obrigado a millar cartas do topo do seu deck igual à quantidade de Rad Counters que você possui e ainda sofrer 1 ponto de dano para cada não terreno enviado dessa maneira.
Como subtema o deck também trouxe os mutantes, representando os Super Mutants e Nightkins com o subtipo “mutant”, e os Ghouls com o subtipo “zombie mutant”, o que me agradou demais com a quantidade absurda de referências presentes nas cartas.
Na Zona de Comando temos The Wise Mothman, uma criatura que faz parte do imaginário popular dos habitantes do Oeste da Virgínia nos Estados Unidos, que teve seu primeiro avistamento registrado em 1966 e que posteriormente foi relacionado à previsões de acontecimentos trágicos onde era avistado.
O caso mais famoso atribuído ao Homem Mariposa foi o da Silver Bridge em Point Pleasant, onde durante meses foram relatadas várias aparições da criatura nos arredores do local até que um acidente aconteceu quando a ponte veio a ceder matando 46 pessoas.
Também é dito que após isso os casos de avistamento do Mothman diminuíram.
Até hoje na Virgínia Ocidental existem festas, um museu e até uma famosa estátua dedicada à criatura, que acabou virando parte importante do turismo e do folclore local.
No jogo ele foi introduzido a partir do Fallout 76, que se passa nos arredores da Virgínia Ocidental e rapidamente se tornou popular por ser uma criatura enigmática e assustadora.
Ele é o ponto central de uma das maiores facções presentes por lá, o culto do Mothman, um grupo religioso que acredita que a pouco antes das bombas caírem ele apareceu para um homem chamado Charles, e lhe mostrou abrigo, fazendo com que ele sobrevivesse e desse assim início ao que posteriormente se tornou o culto.
Acredito que essa criatura seja um grande personagem no jogo, e que teve um destaque à altura sendo lançado como Comandante. Mas apesar disso não posso esconder o meu descontentamento com o fato de que nessa lista temos The Master, Transcendent, o responsável pela criação dos Super Mutants no universo de Fallout, e que pra mim merecia facilmente o posto de líder desse deck.
Sobre os efeitos do comandante, achei muito interessante a forma com que a mecânica foi aproveitada em relação ao restante do deck, já que ele distribui Rad Counters nos jogadores quando entra em jogo ou ataca, permitindo tanto uma estratégia baseada em acabar com os decks dos seus oponentes e causar dano com a habilidade, quanto ir para uma linha onde valha a pena millar suas próprias cartas pensando num possível reanimate e estratégia mais baseada no uso do cemitério.
Além disso, ele também é capaz de crescer suas criaturas com marcadores +1/+1 quando nonlands vão do deck para o cemitério, podendo virar rapidamente uma ameaça que voa ou criando criaturas enormes que vão dar muito trabalho aos seus oponentes.
Dos quatro decks esse é o que mais gostei, e acho que ele proporciona jogos muito divertidos levando em consideração o deck pré construído.
Caso você seja um jogador casual que busca fazer alguns upgrades, acho que ele pode ser uma boa pedida mas com o contraponto de que os marcadores de radiação são exclusivos dessa coleção, então talvez seja um pouco mais difícil fugir das “staples” genéricas apenas para dar mais consistência à estratégia que já é sugerida.
Para manter a tradição dos comentários anteriores, é impossível olhar para esse deck e não lamentar a falta do Fawkes, um mutante que é peça chave para o desenvolvimento da história do terceiro jogo e que foi esquecido por aqui.
Além dele também podemos citar a Tabitha, uma Nightkin que é muito querida na comunidade pelo seu visual e pela side quest que são muito característicos.
● SCIENCE! (vermelho, branco e azul)
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Por fim, nosso último deck é o “Science!”, o Jeskai da vez que trouxe de volta a mecânica de marcadores de energia num deck que tem como subtema artefatos.
Você também vai perceber que há uma pequena presença de cartas que interagem com humanos, o que é um detalhe bacana visto que as duas facções presentes na caixa são o Instituto, e a Brotherhood of Steel;
No caso do Instituto, onde trabalha como diretora da divisão de sistemas avançados a Dr. Madison Li, nossa comandante, são os responsáveis pela criação de sintéticos: Ciborgues com características humanas, inteligência independente, capacidade de tomar decisões, além de características físicas tão avançadas que podem passar despercebidos até por cães farejadores. E é aí onde humanos e artefatos são uma boa idéia de temática.
Ela aparece pela primeira vez junto durante o Fallout 3 como uma velha amiga do pai do protagonista (James, Wandering Dad // Follow Him), já que trabalharam juntos durante o projeto pureza que é o núcleo do desenvolvimento da história principal.
Posteriormente, como já dito acima, ela passa a fazer parte do instituto em Fallout 4, ganhando mais destaque e participando novamente do desenrolar da história.
Quebrando um pouco do padrão, vou falar um pouco do deck antes de entrar em detalhes sobre o efeito da Comandante.
Acho que em questão de construção, essa lista também veio com uma estratégia muito bem definida, já que apesar de trazer a possibilidade de trabalhar com tipos de criatura, você tem uma linha macro que são os marcadores de energia, dando a liberdade de fazer mais mudanças com mais amplitude de power level.
Como um deck pré construído seria injusto não dizer que ele é exemplar, com custos de mana variados, efeitos diversos e que servem para vários momentos do jogo, assim como cartas de valor e de impacto bem distribuídas.
Apesar de eu não gostar muito da mecânica de energia que veio em Kaladesh e nunca foi muito popular no commander (eu sei que devem ter jogadores que tem decks baseados nisso, mas é inegável que é uma mecânica meio escanteada), acredito que a Dra Li trouxe uma luz no fim do túnel.
Já adianto que por conta da mecânica de energia não ser presente dentro do power level mais alto, vou falar da comandante com uma visão casual mais otimizada.
Ela possui 3 habilidades diferentes mas que requerem como custo virar e pagar uma quantidade em energia, e devo dizer que todas as 3 são ótimas.
Na primeira instância temos a possibilidade de dar +1/+0, atropelar e ímpeto a uma criatura, por 1 energia, o que é muito vantajoso visto que o deck possui diversas criaturas com habilidades desencadeadas quando atacam, e também habilidades ativadas que poderão ser utilizadas no turno que foram conjuradas.
Na segunda temos a possibilidade de por 3 energias comprar uma carta, o que dispensa comentários, afinal card advantage é essencial!
E por fim, podemos por 5 energias devolver do cemitério um card de artefato para o campo de batalha virado, o que proporciona ao deck uma rejogabilidade enorme, primeiramente por não possuir uma restrição no custo de mana do artefato devolvido, e também por permitir que isso seja feito em instant speed.
Quem lê os meus artigos sabe o quanto eu defendo criaturas versáteis que abrem múltiplas possibilidades para sua estratégia, e a nossa Dra Li faz com que seja possível criar decks baseados em energia que sejam realmente fortes.
Acredito que quando eu for escrever o artigo sobre as melhores cartas da coleção ela acabe ficando de fora por conta do foco competitivo dos meus textos, então vou deixar aqui registrado que considero essa não uma das melhores, mas uma das mais importantes por trazer à tona uma mecânica que até então não possuía um comandante realmente bom e com acesso a tantas cores.
De modo geral considero a Dra Madison Li como um personagem que tem muito potencial que deve ser explorado pela comunidade do commander.
E por fim, como foi feito nos 3 decks anteriores, é impossível encerrar esse tópico sem dizer o quanto perderam a oportunidade de colocar num deck chamado “Science!” os personagens que mais tem a ver com isso na história toda de Fallout: A equipe de cientistas de Big MT, que tinha como objetivo antes da guerra garantir o futuro da humanidade mesmo que isso passasse por cima da moral e da ética.O grupo era formado por 6 cientistas que posteriormente se tornaram cérebros flutuantes dentro de tanques de preservação (descrição rasa para evitar spoilers) e se denominaram “Think Tank”, sendo eles 0, 8, Dala, Borous, Mobius e Klein.
Juro que não entendi até agora como a Wizards não colocou esses personagens como cartas, mas fica a dica caso você queira explorar um pouco mais dessa história que é uma das minhas favoritas, eles estão presentes na DLC “Old World Blues” de Fallout New Vegas.
Enfim galera, esse foi o nosso artigo de hoje, e espero que tenham gostado.
Tentei trazer uma visão equilibrada de alguém que joga Commander 500, mas que se aventura num commander casual com decks pré construídos, e que apesar de não estar tão familiarizado com o EDH tradicional, tenho tentado trazer conteúdo da melhor forma possível para que todo mundo consiga aproveitar. E claro que acima de tudo, escrevo esse texto como um grande fã de Fallout, a minha franquia favorita que marcou minha vida assim como Magic! (acho que fica bem claro que não consigo conter minha empolgação sobre esse assunto)
Se você gostou, deixe seu comentário aí e me conta o que vocês mais esperavam e o que acharam do resultado final desses decks!
Também fiz uma série de vídeos de Fallout para o meu canal do Youtube que você consegue ver clicando AQUI.
Muito obrigado a todos e um grande abraço!
pessoal de DLC ficou fora, faltou o Elijah tb, o DiMA, o Porter Gage e do principal achei q tinha espaço pra ter carta do Papa Khan e do Moto Runner