Hora do Pauper - A liberdade é Azul
Analisando números do metagame após o banimento.
11/01/2024 10:05 - 7.002 visualizações - 13 comentários
E aí, galera, tudo bem? Aqui quem vos escreve é o Heli e trago uma análise sobre a evolução do metagame, após o banimento da Lanca Veloz do Monasterio.
 
Para me auxiliar nesse processo, estou utilizando alguns números da planilha comunitária do Pauper, onde os próprios jogadores coletam e acrescentam as informações durante os Challenges do MTGO. Já citei essa fonte de dados algumas vezes e ela sempre foi excelente em mostrar números pouco evdenciados pelas WOTC. Com as mudanças recentes feitas pela Daybreak Games, todos os participantes do Challenge são divulgados e não apenas o Top 32, o que favorece muito esse tipo de conteúdo. Dessa formapodemos ver os mesmo dados que justificam - ou não - um banimento, como aconteceu no mês passado.
 
Como essa planilha nem sempre é preenchida rapidamente, colhi alguns dados para criar uma planilha por minha conta. Nela, consigo ver melhor como o metagame se desenvolveu, comparando com os dados comunitários. Primeiramente vamos ver como estava o metagame antes do banimento:
 
 
TABELA 1
 
Esse é um retrato que condiz muito com os argumentos apresentados pelo PFP ao banir a Lanca Veloz. Considerando os quinze decks mais jogados desse período (de 19/09/22 até 08/12/23), vemos que sua presença é seu maior fator de desequilíbrio. Era o deck mais jogado, com quase 50% a mais de presença em relação ao segundo colocado, mas se considerarmos a taxa de vitórias, ele fica apenas em décimo lugar. Em outras porcentagens, vemos o mesmo padrão, o que reforça os argumentos apresentados na ocasião do banimento, já que esse padrão estaria sufocando estratégias, polarizando a formas de ver as opções para escolher seu deck ou cartas para o sideboard.
 
Se analisarmos a conversação de sua presença dentro dos Top X, ou seja, a quantidade de aparições do deck no Top X em relação ao total inicial, vemos que o deck não consegue manter a mesma força. Isso promovia padrões estranhos de jogos, com partidas onde vários decks não tinham opções de sideboard relevantes. Lembrando, que as porcentagens apresentadas nas colunas Top X representam as a conversão em relação ao total de aparições dos decks que vemos na coluna “Qtde”.
 
Imaginávamos que o metagame iria ser impactado, já que o Mono Red ficaria num nível similar as versões de Ux Glitters, Mono Blue Terror e Caw Gates. Temos apenas um mês após o banimento e vejo que ainda estamos em uma parte do caminho. Iniciei o levantamento de dados dos Challenge do MTGO e agora podemos ter uma visão precisa do metagame, já que todos os decks que entraram no evento aparecem no site. 
 
 
TABELA 2
 
Antes de analisar os dados, quero reforçar que a Tabela 2 mostra apenas os quinze decks com mais aparições no período de 09/12/23 até 08/01/24. Primeiramente quero comentar sobre a porcentagem de aparições dos decks, já que na Tabela 1 vemos que há diferenças significativas entre os cinco primeiros decks do metagame; já na Tabela 2 há apenas uma diferença de quatro pontos percentuais entre o primeiro e o nono colocado e isso já mostra uma diferença brutal no metagame, já que era o percentual no quarto colocado na Tabela 1. Ou seja, temos uma presença bem mais distribuída, simbolizando mais opções viáveis (ou mais testes). 

  
 
Sendo assim, o metagame passa por um período onde é possível trabalhar listas, inovando as opções, trazendo uma leveza maior para suas escolhas. É claro que a jogabilidade segura que o Mono Red apresentou nesse período fez com que ele ainda fosse o deck mais escolhido do período. Seu padrão de jogo ainda é muito seguro, conseguindo engatar muito dano nos primeiros turnos. Porém, sem a Lanca Veloz do Monasterio, esse plano de jogo ficou mais suscetível aos hates que o formato já possui. Antes, o deck possuía um plano horizontal e vertical, mas agora o horizontal é o mais letal. Goblin Saqueador de Tumulos e Goblin Corredor-bomba ainda são criaturas ameaçadoras, mas estão longe de fazer o mesmo estrago que a Lança Veloz. Possuem resistência dois e não melhoram esse status, sofrendo para um Bracos de Hadar ou Afogar em Magoas, ou até para mágicas pontuais de dano ou que forneçam -2/-2.
 
Indo além na Tabela 2 podemos ver os campos de % Meta Top X, que mostram o percentual daquele deck dentro do Top X em questão. Nesse quesito, vemos ainda mais o quanto a presença e força do Mono Red foram impactadas, dando espaço para outros decks crescerem no metagame. Ele está em terceiro no Top 32, segundo no Top 16 e empatado em primeiro lugar no Top 8 e entre os campeões. Não só os números do Mono Red diminuíram, mas também a diferença entre os decks diminuiu; entre o primeiro e o décimo a diferença é de apenas quatro pontos percentuais (ou metade a porcentagem de aparições)
 
Quero destacar alguns decks que evoluíram e mostraram que podem ser relevantes com a queda do Mono Red:
 
 
● BG Garden
 
  
 
Desde o Paupergeddon Autumm Edition 2023 que aconteceu em Nov/2023, vimos a crescente presença do BG Garden, inclusive fazendo a final desse evento. Contando com inúmeras remoções e boas formas de gerar vantagem de cartas, o deck consegue levar vantagem contra vários midrange e ainda controlar o ímpeto de decks mais agressivos. É claro que pode acabar sofrendo contra estratégias de controle, mas esse é um arquétipo que tem aparecido pouco no metagame, favorecendo o uso das mecânicas de Monarca e Dianteira. O deck já contava com boas opções nesses quesitos, porém Oferenda Fanatica apareceu como uma ótima fonte de recursos, pois pode “comprar” até três cartas; além disso, Lamina da Coleta se tornou um xodó, aparecendo em várias listas com a cor preta, sendo uma excelente opção por ser uma remoção num corpo de artefato.
 
 
Affinity
 
 
Commander Masters nos trouxe Tudo que Reluz, que acabou criando o UW Affinity. O mesmo Paupergeddon que alavancou o BG Garden trouxe também a ideia do Jeskai Affinity. O deck foi sendo lapidado e hoje incorpora Sintetizador Experimental, Falcao Cintilante e Pescador Celeste Kor que, somado à Explosao Galvanica cria aquele cenário horizontal e vertical que comentei, tendo várias criaturas com o alcance do Tudo que Reluz. O deck possui a mesma explosão vista no UW Affinity, somada a geração de recursos que o Boros Synth tem, deixando o deck muito bem posicionado, mesmo com tão pouco tempo de vida. O irmão mais velho desse grupo, o Grixis Affinity, continua assumindo a postura de deck de controle, sendo o mais lento dos três. A Lâmina da Coleta foi outra bela adição ao seu plano de jogo, não precisando utilizar o Édito de Chainer, além da sinergia com artefato e mais uma condição de vitória no late game.
 
 
● Mono Blue Terror
 
    
 
Sendo um dos decks que surgiram com o reinado do Mono Red, já que contava com no mínimo oito ótimas cartas de side, imaginava-se que outras versões de Terror poderiam aparecer mais do que essa. O deck é sólido e tem um plano de jogo linear, que consiste em fazer o Investigador de Segredos (transformado), Terror Tolariano ou Serpente Criptica o mais cedo possível, protegê-los e anular o que pode te atrapalhar desse plano. Já o Mistico dos Murmurios encontra seu espaço em mais um deck, sendo uma forma de deixar suas ameaças mais amplas no campo, mesmo que individualmente elas sejam mais frágeis. A cor azul ainda oferece boas opções para vantagem de cartas, bem como para o sideboard, lidando com quase tudo que o metagame pode trazer. A versão UB continua sendo uma opção sólida, variando entre ter mais e menos criaturas, porém possui as melhores remoções, como Liquidar. Já a versão UR se mostra boa por contar com a cor vermelha no side, além de um belo pacote de remoções no main deck, como: Arma de Sopro, Raio e Miniavalanche.
 
 
● Caw Gates
 
 
Continua se mostrando o deck mais sólido do formato, tendo recursos para lidar com o maior números de ameaças, principalmente pela facilidade de splashar qualquer cor. Consegue segurar muito bem o início das partidas e ainda sim definir partidas em um ou dois ataques, graças as suas criaturas com evasão ou um Guardiao do Pacto das Guildas. Foi minha escolha para jogar o Nacional Pauper 2023, me conferindo um 5-3, onde fiquei na 41ª colocação. Senti que o deck consegue lidar muito bem com as cartas disponíveis no formato, exigindo muito mais das escolhas do piloto em si.
 
 
● Fadas
 
  
 
A versão UB é a que mais fez resultados recentes e continuou se mostrando relevante no metagame. Seu plano base com Fadas e Ninjas não mudou, mas a adição do Mistico dos Murmurios e Lorien Revelada deixou o deck ainda mais sólido, evitando travar em terrenos no início do jogo e não depender apenas dos Ninjas para compra de cartas. Além disso, a horizontalidade do Místico cria uma outra camada de preocupação, necessitando de respostas pontuais para lidar com isso. E mais, o Místico cria o problema de os oponentes precisarem manter remoções para lidar com ele, sendo que essas opções tendem a ser fracas contra o plano das Fadas. A versão Mono Blue acabou caindo bastante e talvez também precise de mais olhos em sua lista, ou talvez também tentar adaptar o Místico. Já a versão Izzet voltou a aparecer, mantendo uma base azul e replicando na cor vermelha o que vemos na versão com preto. Talvez com o aumento do Azul no metagame, seja uma opção interessante novamente.
 
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Bom, espero que já tenha entendido o motivo do nome do artigo. Caso não, volte na Tabela e confira os decks – apenas quatro deles não utilizam a cor Azul. Diferente de outros momentos, isso não é necessariamente ruim, pois sabemos o quanto as cartas azuis do formato são fortes dentro do MTG. Além disso, podemos ver três das outras quatros cores bem espalhadas entres os decks, sendo o verde a cor menos significativa. Outro ponto a se pensar é com relação aos arquétipos: será que o Pauper não é mais um formato para deck como o antigo Stompy? Será que o FIRE e o progressivo aumento no nível de poder das cartas são os grandes responsáveis por isso?
 
Nesse âmbito vi uma mensagem de um grinder do MTGO dizendo que não fazia sentido grindar com outro deck que não fosse um Mono Red ou Ux Glitters. E sinto que isso afeta muito a percepção que temos do formato, dando espaço para decks mais rápidos, e não necessariamente os que fazem os melhores resultados.
 
 
E vocês, como avaliam esse primeiro momento pós banimento da Lanca Veloz do Monasterio? Estão satisfeitos com a evolução do metagame? Sentiram que esse equilíbrio tem sido benéfico ou acham que precisamos de três ou quatro ali com os pilares do formato? Galera, vou ficando por aqui e espero que tenham gostado da análise.
 
 
Um abraço a todos e até mais!
Heli Mateus ( helimateus)
Heli Mateus conheceu o Magic em 1998, mas começou a jogar em 2015 quando conheceu o
formato Pauper. Hoje é entusiasta do formato e produtor de conteúdo, principalmente como
podcaster sendo cohost do RakdosCast.
Redes Sociais: Facebook, Instagram, Twitter
Comentários
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- 14/01/2024 20:54:14

Banimentos vão continuar acontecendo no Pauper, infelizmente...atualmente é a única ferramenta de ajuste, já que não temos Desenvolvimento, mto menos alguém avaliando adições por necessidade...

(Quote)
- 14/01/2024 20:52:59

não vejo glint e kor saindo do formato, não vi nenhum número que colabore com isso.
sobre a MOnastery, o problema é banindo essa dupla, vc mataria qq deck vermelho, só banindo a Monastery, isso não aconteceu
Agora sobre Prisma eu concordo..não tinha nem q ter sido banido...

(Quote)
- 14/01/2024 20:50:28

vc acha mesmo? acho ela dentro do power level atual do formato...

(Quote)
- 14/01/2024 20:50:03

Antes do Goyf ser Pauper, ele precisa aparecer no Pioneer primeiro....pode acontecer? sempre poder, mas acho que ainda não...

(Quote)
- 14/01/2024 20:48:38

Mystic acho possível, acho q Lorien não vejo motivo até o momento.

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