Olá! A temporada de City Class Qualifiers (CCQs ou Regional Championship Qualifiers/RCQs) começou com tudo aqui no Modern, e no final de semana dos dias 16 e 17 tive a oportunidade de competir em uma "dobradinha" de eventos na Limiar Games em Sertãozinho, no interior de São Paulo: sábado de CCQ com domingo de Modern Competitivo, um circuito organizado pela própria Limiar com várias etapas individuais que se interligam num grandioso evento final que acumula premiação de todas as etapas.
No meu artigo de hoje aqui na LigaMagic, pretendo falar um pouco sobre minha preparação e participação nesses dois eventos.
Começando pela minha escolha de deck, o único baralho que possuo atualmente no Modern é o Amulet Titan, então ele já seria a minha escolha de qualquer forma. Mas alguns eventos alteraram um pouco o posicionamento do deck no formato, sendo eles seu Top 8 no Pro Tour Lord of the Rings, que consolidou O Um Anel como uma "staple" (pilar) do arquétipo, e o mais recente desbanimento de Preordenar, que fez ressurgir o Izzet Mukrtide como uma escolha forte para o metagame, o que não necessariamente é muito interessante para o Amulet Titan, forçando o deck a algumas novas escolhas.
Tomei como base a lista ganhadora do Modern Challenge do dia 09 de setembro, utilizada pelo Mistakenn, um dos especialistas de arquétipo quando falamos de Amulet Titan.
Fazenda de Podridao Golgari tomou o espaço como principal Bounce Land, ajudando especialmente a conjurar Desmembrar. O plano de criaturas alternativas vai firme com Dromoka, Soberana Dragoa, Krasis Hidroide e Maquina a Vorme Espiralado na reserva, pensando principalmente em partidas como Izzet Murktide e Rakdos Scam.
Rasgar em Dois é uma das melhores tecnologias recentes, servindo tanto para lidar com as já problemáticas Lua Sangrenta e Esfera Amortecedora, mas também com outras ameaças mais robustas como Elesh Norn, Mae das Maquinas e auxilia o baralho a transitar para um plano mais Midrange contra Izzet Murktide e Rakdos Scam lidando, bem, com as criaturas principais dos decks no 1x1 quando a Lua não está em jogo (o que é um problema para cartas como Sabio da Reivindicacao e Forca do Vigor).
Outra pequena mudança na reserva foi a adição de Reliquia de Progenitus ao invés da terceira Resistencia - melhorando ligeiramente em partidas de mais atrito e sendo buscável com Saga de Urza, ou ao menos, esse era o argumento que eu tinha pra não correr atrás da terceira cópia da caríssima encarnação! Da mesma forma, a quarta Boseiju também não estava presente na reserva, e acabou virando mais redundância em outras opções. Mas, apesar desses detalhes, a lista estava bem funcional e respeitando bem a quantidade de cada uma das cartas.
- A JORNADA
Bom, como alguns de vocês já devem saber, eu resido na Baixada Santista, e por uma combinação de fatores como custos financeiros, agenda e logística, tenho competido somente aqui na Bolovo Games, em Santos - pulando até mesmo os CCQs de São Paulo capital. Entretanto, recebi um convite pra conhecer a Limiar Games, em Sertãozinho, próximo à Ribeirão Preto, em um final de semana de dobradinha de torneios, e acabei embarcando em uma viagem de quase 6 horas de ônibus para ir (e mais seis para voltar).
Deck preparado, viagem onde praticamente não consegui dormir (e consegui maratonar a excelente série live-action de One Piece, recomendo!) Cheguei em Ribeirão pela manhã, o Eduardo, dono da Limiar, me busca na rodoviária e vamos tomar café na padaria para a preparação do primeiro dia de grind: o CCQ.
A galera parece não ter se animado tanto para esse primeiro dia, e tivemos exatamente oito jogadores para brigar pela vaga, o que resultou em um torneio de eliminatória simples. Minha partida foi contra Esper Evoke, com Solidao, Luto, Arconte da Crueldade e várias formas de reanimá-los/"blinká-los" (exilar e retornar ao campo de batalha). No primeiro jogo, consigo ir forçando Titãs e outras criaturas, deixo ele a 1 de vida, mas ele consegue estabilizar recursando Solidao através de Cabana da Bruxa até o ponto de virar o jogo com Arconte.
Nisso, foi-se mais de 40 minutos de rodada, e eu tinha pouco tempo para tentar empatar (ou até mesmo virar) a partida, e acabei indo por rotas bem agressivas no segundo jogo, onde eu poderia ganhar imediatamente caso ele não tivesse Solidao + carta branca nas últimas três da mão, mas se ele tivesse eu não teria mais chances e provavelmente acabaria perdendo tendo O Um Anel com vários marcadores e que pagar as manas do Pacto. Ele tinha a Solidao e a carta branca, e bastou alguns efeitos de "blink" no Arconte da Crueldade para acabar com o jogo na vida, fechando o 2x0.
Apesar de ser uma partida difícil, o fator tempo e as circunstâncias de como os jogos aconteceram me mantiveram firme nas minhas escolhas de lista do Amulet Titan - e com isso, decidi usar o restante do sábado para descansar e aproveitar a viagem, e no domingo iria com as mesmas 75, confiando na preparação prévia com a lista (algumas ligas no Magic Online durante as lives aqui da LigaMagic, que podem ser conferidas em youtube.com/@ligabolts).
Depois de uma noite de muita resenha no excelente espaço da Limiar Games, que conta também com área para board games, karaokê, bar e lanches incríveis (como o da foto acima, que foi a minha pedida para o sabadão à noite), era hora de dormir para um novo dia de grind.
O Dia 2 - Domingão de Circuito Modern Competitivo
Se o CCQ foi meio devagar em termos de número de pessoas, o mesmo não podemos dizer do domingo - a casa estava cheia, com uma galera extremamente disposta a competir no Modern, com muito alto astral do jeito que um bom e velho Gathering tem de ser.
Na primeira rodada, enfrento Jeskai Breach, e os dois primeiros jogos são decididos completamente na velocidade. Eu consigo "quebrar o saque", combando no turno três no G1 mesmo perdendo no dado, mas ele consegue combar antes de mim na segunda partida. Já no terceiro jogo meu sideboard trabalha bastante, e consigo atrapalhar bastante os planos dele com vários Boseiju, Desmembrar e reutilizando Pantano de Bojuka graças às Bouncelands.
A segunda partida foi talvez a mais "tranquila" do campeonato, se é que podemos chamar assim. Enfrento Jund Creativity, e levo o G1 numa decisão de Mulligan importante: posso devolver Pantano de Bojuka ou Tolaria Ocidental, e opto por manter o Pântano justamente pela quantidade de partidas onde exilar o cemitério é relevante no formato. Sou recompensado quando ele descarta Arconte da Crueldade, pensando em reanimá-lo no turno seguinte, e eu consigo exilá-lo de prontidão. Isso quebrou bastante o jogo dele, e consigo em uma questão de alguns turnos encaixar Tita Primordial e levar.
Já o segundo jogo foi mais favorável para mim, já que ele vem lento, e quando tenta uma Inquisicao de Kozilek se depara com uma Boseiju, que o impede de combar com Criatividade Indomita, atrasando mais ainda seu desenvolvimento. Isso me dá tempo para levar a partida sem tantas emoções.
Só que de agora em diante meu torneio seria muito mais como a primeira leva de três games do dia, um tira-gosto do que seria o meu Sideboard para esse torneio: completamente decisivo para virar jogos complicadíssimos.
Na terceira rodada vem o Mono Green Tron, com o talvez mais incrível G1 que disputei nesse torneio. Ele abre com O Um Anel no turno três, me impedindo de ir pro meu combo letal, mas consigo criar um cenário onde busco dois Tita Primordial que por sua vez pegam duas Boseiju e o impedem de fechar o Tron na volta. Só que ele consegue se segurar com mais O Um Anel, até o ponto onde ele faz Pedra do Oblivio e reseta o campo de batalha. Então começa a guerra de topos, com ele tentando reconstruir o jogo e tendo de repor O Um Anel por causa da vida, e eu tentando ataques desesperados envolvendo Azusa, Lost but Seeking, Herbivoro Arboreo e Fortaleza dos Matadores, até que quatro O Um Anel depois e muitos turnos em branco de minha parte, ele consegue conectar um ataque com Ulamog, a Fome Interminavel e finaliza meu grimório.
O cenário da primeira partida do sábado parecia se repetir: perco um G1 que parecia impossível de ser perdido com quase 40 minutos de tempo no relógio, mas dessa vez meu plano funciona bem rapidamente, no G2 na play fazendo Tita Primordial para Boseiju + Bounceland antes dele fechar o Tron, e no G3 matando ele na volta do Tron fechado.
Nesse momento, apenas eu e outro jogador estamos 3-0, fazendo com que o vencedor da quarta rodada fique bem próximo de levar o torneio todo considerando as cinco rodadas de suíço sem corte. Essa é a hora do verdadeiro teste do baralho, considerando que vou enfrentar Rakdos Scam, uma partida difícil cujo sideboard praticamente todo é voltado para vencer.
Mulligo a cinco no primeiro jogo, mantendo uma mão de quatro terrenos e um Amuleto de Vigor, perfeita para jogar em volta de Capturar Pensamento e do "scam" de Luto e reanimação. Ele abre de Furia e reanimação, dessa forma colocando uma pressão grande contra mim. Dauthi Voidwalker no segundo turno me deixa à virtuais 1 de vida, morto para um Raio, Ragavan, Afanador Agil ou Mestres Arqueiros Orcs, e mesmo com duplo Amuleto via Saga de Urza não acho nem o Pacto nem o Titã, sendo forçado a buscar com Tolaria Ocidental para só no próximo turno ir para o combo. Com isso, ele tem o Orc e fecha os 20 de dano no terceiro turno.
Na segunda partida, também mulligo a 5 começando, e já sinto a partida escapar das mãos. Mas, nem por isso deixei de tentar fazer a melhor jogada que desse para ser feita com as ferramentas que recebi. Consigo responder duas Lua Sangrenta com dois Rasgar em Dois seguidos, vou tentando estabilizar pelo chão com Resistencia até chegar o Tita Primordial que me ganha um pouco de tempo buscando Fonte Radiante + Bounceland, ele resolve o Titã com Findar, mas tenho mana suficiente para voltar com outro Titã Primordial + Pacto do Invocador para Driade do Bosque Ilisiano e dois Valakut, o Pinaculo Derretido da vitória.
O terceiro game acaba sendo mais lento de ambos os lados, ele tem uma Lua Sangrenta, que eu consigo contornar por alguns turnos tendo uma Floresta e a Dríade que entrou depois (dessa forma meus não-básicos também geram colorida), e um momento-chave da partida é quando guardo o Rasgar em Dois para responder a Lua Sangrenta e opto por um Pacto do Invocador para Dragonlord Dromoka ainda no final do turno dele, de forma que eu pago o Pacto na minha manutenção e graças ao Amuleto e à Dríade, consigo ter mana para colocar a Dragoa na mesa no mesmo turno.
Até seria possível fazer essa jogada um turno antes, ou então buscar no mesmo turno do Pacto, mas instantaneamente perderia a partida para uma segunda Lua Sangrenta do topo. Quando a Dromoka resolve, meu oponente compra a carta da vez, e concede sem ter como passar dano por cima do gigantesco dragão com vínculo com a vida.
Dessa forma, sou o único 4-0 após as quatro rodadas iniciais de suíço, tendo boas chances de chegar na última rodada podendo perder e ser favorecido nos desempates. Mas, claro, que conseguir uma vitória para garantir matematicamente era muito mais interessante.
Meu oponente final estava de Azorius "Five Colors" Control com Kaheera, a Guardia dos Orfaos, uma lista de Azorius Control com Teferi, Heroi de Dominaria, Tufao de Tubaroes, Veredito Supremo e Contramagica que aposta em Amarras da Linha de Forca e Fim Prismatico para ter mais versatilidade nas remoções. No primeiro game, venho com múltiplos Amuleto de Vigor / Saga de Urza / Os Jardins Micossinteticos, mas ele responde todos o que deixa meu jogo bastante lento, perdendo na corrida do dano para uma Solidao conjurada e a própria Kaheera.
O pós-side acaba sendo mais interessante para o meu lado: no G2 saio com uma das melhores mãos do campeonato, com Amuleto, Azusa, Lost but Seeking e duas Dríades, conseguindo buscar a Caverna das Almas com Tolaria Ocidental e preparando um Tita Primordial que não pode ser anulado. Ele lida com ele por dois turnos seguidos com Sutileza, mas falha em responder a pressão das criaturas aceleradoras de mana.
O G3 é aquele momento em que ele não tem Lua Sangrenta, o que fez as Saga de Urza trabalharem no valor dos constructos e buscando Amuleto ao final. O jogo vai se prolongando e vamos trocando recursos, até o momento em que consigo resolver O Um Anel que desandou completamente o jogo pro lado dele. Corta para alguns turnos depois e tenho nove cartas na mão, o triplo de permanentes que ele no campo de batalha, e múltiplos ângulos de ataque com os terrenos e criaturas, sacramentando três partidas seguidas onde tive de virar com o sideboard após perder o G1 e o 5-0 para ser campeão de forma isolada nos pontos!
Quanto ao deck, não mudaria nada no deck principal, a lista do Mistakenn segue bem sólida para esse momento de formato, e a reserva também entregou muito nesse final de semana. Mesmo as cartas que não foram jogadas, como Krasis Hidroide ou Maquina a Vorme Espiralado estavam lá para serem descartadas ou como opção na mão, dando segurança para algumas outras jogadas. Talvez o terceiro Resistencia realmente compense ao invés da primeira Reliquia de Progenitus, mas é um investimento de algumas centenas de reais a mais em relação à lista utilizada.
Por fim, gostaria de agradecer ao Edu da Limiar Games pelo convite de participar dessa dobradinha de eventos, pela excelente comida e atendimento do bar, e por toda a galera de Sertãozinho, Ribeirão Preto e região que marcou presença em massa para prestigiar o torneio, além de ter a oportunidade de conhecer pessoalmente dois amigos e apoiadores do Canal na Twitch, Jamal e Riul - em mais um evento onde o Gathering mostra que é realmente a parte que faz a diferença no Magic. Obrigado!
E quanto a vocês, leitores, gostaram da lista e escolhas que fiz para o baralho nesse fim de semana de torneios? O que mudariam na lista? E o que acham do posicionamento do Amulet Titan no Modern atualmente? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
(Foto bônus no Karaokê pós-torneio de domingo, mandando um Careless Whispers ou Não Quero Dinheiro)
sandoiche_13)
Quote: Lippi
