Salve galera, beleza?
Quero reservar essas primeiras linhas desse texto para reforçar o quanto essa frequência de lançamentos da Wizards tem sido uma faca de dois gumes, afinal temos sempre conteúdo novo pra trazer e conversar sobre, mas por outro lado isso tem deixado cada vez mais difícil acompanhar o jogo, seja qual for o formato que você está inserido.
Dito isso, acho que assim como muitas pessoas, eu acabei não conseguindo dar a devida atenção a mais nova coleção Wilds of Eldraine, que foi lançada a pouco, porém quando parei pra dar uma olhada nos decks de Commander e na coleção como um todo fui pego completamente de surpresa, e de uma forma boa. Então bora falar um pouquinho mais sobre o que mais tem dado hype nesses últimos dias: Fadas!
Podemos começar ressaltando aqui o quanto os decks de Commander dessa edição vieram bem montados, trazendo uma tribo que merecia desde Lorwyn ter sido revisitada como foi agora. E sim, eu sei que já tivemos algumas fadas legais de lá pra cá, inclusive na primeira aparição do plano de Eldraine, mas é inegável que somente agora deram a devida atenção.
Uma pequena observação antes de continuarmos é que aqui vamos falar apenas do deck “Fae Dominion”, mas felizmente seu companheiro de lançamento “Virtue and Valor” também é um excelente deck para os padrões de um deck pré construído.
Segue a lista do deck pra gente analisar.
Primeiramente vale ressaltar o quanto esse comandante é interessante para o contexto do Commander, e que além de ter trazido card advantage dentro de uma criatura de baixo custo com boas keywords e um corpo legal, ainda deu aquela instigada nos jogadores para se guiarem em direção a um Dimir control que se beneficia com sacrifício de criaturas em troca de recursos.
Tegwyll, Duque do Esplendor é o exemplo de como as vezes a simplicidade pode ser a chave para boas criaturas, e também foi uma excelente escolha para aqueles que gostam de manter o deck pré construído sem nenhuma mudança, já que ele realmente se mostra útil na maior parte do tempo e naturalmente sendo protagonista, algo que muitos decks deixam a desejar onde o comandante não tem toda essa presença.
Como comandante secundário tivemos a estreia da nova Alela, Conquistadora Ardilosa, outra boa criatura mas que infelizmente não acredito que tenha o mesmo destaque que o titular do deck.
Ela assim como sua versão anterior cria fichas de criatura, mas dessa vez se limitando a uma vez por turno de cada oponente, o que faz com que ela seja bem menos impactante no jogo a curto prazo.
Seu segundo efeito apesar de complementar também não é bom o suficiente para garantir a vaga na command zone, e isso reforça o quanto ela dificilmente será uma opção viável como substituta de Tegwyll, Duque do Esplendor.
Em contrapartida esse deck trouxe outras 4 criaturas lendárias formidáveis para um pré construído e que num Typal de Fadas seriam escolhas incontestáveis, começando por Rankle, Mestre das Pecas, o Fada Ladino mono-black originário de Trono de Eldraine que desde que deu as caras continua sendo uma carta popular dentro do Commander.
Além de extremamente versátil por possuir 3 efeitos opcionais, ele ainda é uma criatura 3/3 com voar e ímpeto que vai gerar impacto na mesa desde o momento que entrar em cena.
Depois dele podemos falar da Oona, Rainha das Fadinas, e que já é figura carimbada dentro da comunidade, sendo por muito tempo a mais popular (e talvez a única) comandante viável para o Typal em questão.
No cEDH ela também já bateu ponto e foi uma escolha popular por algum tempo quando os combos de IsoRev eram mais populares na década passada, e isso por que permitir que mana infinito seja “sinkado” em sua habilidade é realmente muito bom, se consagrando como um finisher da zona de comando de uma combinação de cores que já esteve em seu auge.
Além dela no deck também temos Nymris, Trapaceiro de Oona, um comandante que tem seu lugar no meu coração por ter me acompanhado no Commander 500 durante um certo tempo.
Seu estilo de jogo baseado no Control/Tempo é o que faz com que ela seja uma criatura excelente, e apesar de não ter sido tão bem sucedida no cEDH, até hoje acho que ela pode ser muito explorada pelos jogadores que gostam de se aventurar por decks mais complexos e menos lineares, gerando um card advantage baseado na postura retroativa, te recompensando por um jogo responsivo com counters e removals bem colocados fora do seu turno.
Por fim tivemos Obyra, Duelista Sonhadora, a nova fada que trouxe uma das minhas artes favoritas de toda essa coleção e que apesar de parecer mais inofensiva, é uma bomba que eu diria ser a opção certa de comandante substituto para o Tegwyll caso você pense em trocá-lo.
Por um custo baixíssimo ela vem com a habilidade de lampejo e um efeito que serve de finisher caso você combe com o deck. E nesse ponto você deve estar pensando que eu sou louco por falar de combo num deck pré-construído, mas apesar de nem todo mundo ter percebido, essa lista já veio com um combo embutido que piscou no radar dos bombeiros de plantão, que é:
Hullbreaker Horror + Cloud of Faeries + Sol Ring
- Senta aí que eu explico.
Se o Hullbreaker estiver na mesa, toda vez que você fizer uma mágica você pode voltar uma permanente de não terreno para a mão de seu dono.
A partir daí faça o seguinte:
● Vire o Sol Ring e duas ilhas para adicionar a pool 2UU;
● Gaste 1U da pool para conjurar a Nuvem de Fadas, desencadeando o efeito do Horror dando alvo no Sol Ring que irá voltar para sua mão;
● A Nuvem de fadas entrando em jogo irá desvirar duas ilhas;
● Gaste 1 para conjurar o Sol ring novamente desencadeando o efeito do Horror, devolvendo dessa vez a Nuvem de fadas para a sua mão;
● Nesse momento você terá na pool um mana azul sobrando, um Sol Ring e duas ilhas de pé;
● Repetindo o processo você fará mana azul infinita e também o ETB infinito de uma fada;
Se seu comandante for a Obyra, Duelista Sonhadora, pronto, seu finisher pode ser conjurado no meio do processo por conta do seu Lampejo, tornando ainda mais difícil que seus oponentes consigam interagir.
De modo geral, acho que esse deck é uma jóia dentro dos Commander pré construídos, e se as coisas continuarem assim as próximas listas tendem a vir cada vez melhores, tornando a entrada no commander cada vez mais justa e atrativa em níveis de deckbuilding.
E sim, ter uma lista de deck pré construída bem montada ajuda muito os novos jogadores a pensar em como continuar melhorando seus decks de maneira intuitiva.
E já prevendo os comentários acerca do preço dos decks, acho que infelizmente não teremos tão cedo os produtos nos preços que costumávamos consumir a alguns anos atrás, e essa mudança é natural já que existe mercado para esse tipo de produto e o mercado de Magic infla a cada dia que passa.
Dito isso, é importante entender que se você não quer gastar valores altos com decks como esse existem soluções para contornar isso que não incluem xingar na internet as pessoas que querem consumir o jogo da maneira que elas escolheram.
Particularmente eu achei que dessa vez a Wizards conseguiu se redimir pelo gosto amargo deixado pelos incontáveis lançamentos anteriores que deixavam a sensação de termos sido enganados, sendo que nesse deck que foi tema do artigo o valor gasto é justificado pelo produto entregue.
Por fim, antes de encerrarmos o artigo, se sua intenção é adquirir essa lista e dar um upgrade, vou deixar aqui algumas sugestões de cartas que eu acho interessante.
Obs¹: As cartas sugeridas não foram escolhidas pensando no Commander competitivo, porém eu sou um jogador dessa vertente, então instintivamente procurei opções de cartas com efeitos relevantes, baixo custo e alta maleabilidade. Ainda assim considero que sejam ótimas opções para você que ainda quer se manter dentro do jogo mais casual.
Obs²: Eu tentei não colocar cartas de preço muito alto, mas também não me limitei a um budget, então as sugestões escolhidas variam entre cartas baratas e algumas nem tanto, mas que servem para quem quer investir um pouco mais. Então se alguma carta é cara demais pra você, não precisa ir nos comentários falar abobrinha.
Obs³: E sim, eu sei que muita coisa óbvia não vai estar aqui, então comenta aí o que você acha legal para que outros jogadores também possam se guiar a partir dos comentários.
Não tem como não começar por Talion, o Lorde Gentil que também veio com Wilds of Eldraine.
Esse cara que merece um artigo só pra ele é o diamante da coleção e apesar de estar custando algumas dezenas de reais, acho que vai se consagrar como uma carta almejada por vários públicos diferentes.
No Commander competitivo ele já tem um certo espaço como um grande controle que gera card advantage somado a uma taxa que pode ser muito perigosa para os oponentes dentro desse contexto, já que um turno explosivo descuidado pode acabar com seu jogo.
No casual ele também brilha muito e acredito que seja a primeira opção de carta para seu deck Typal de fadas dar aquele Up.
Faerie Harbinger foi uma fada que teve um Spike de preço previsível, afinal é o tutor de fadas que não vem dentro do deck fechado.
Apesar do custo alto de mana o lampejo e o efeito de buscar a peça necessária pro topo do deck valem o slot, ainda mais se pensarmos o quanto esse deck usufrui de card advantage nas suas mais diversas maneiras.
Faerie Impostor é uma criatura que pode ser muito útil dentro desse deck, primeiramente por possuir custo 1, que por incrível que pareça nessa lista tivemos apenas uma criatura.
Além disso seu efeito de devolver para a sua mão uma criatura quando ela entra em jogo permite a reutilização de inúmeros efeitos de ETB além de conversar muito bem com as fadas que possuem lampejo.
Com certeza essa carta vale os 10 centavos que ela custa!
E junto dela já vou aproveitar para sugerir cartas como Esperanca Evanescente que fazem esse efeito de bounce e que servirão independente do momento do jogo.
Essa flexibilidade de poder ser usada tanto numa criatura de um oponente quanto na sua e ainda te recompensar de alguma forma é algo que pode fazer a diferença.
Ué, mas por que um humano?
Durante um certo tempo buscando e testando algumas cartas desse deck, essa foi uma das melhores opções de redutor de custo que pude encontrar, além também de servir como uma proteção para suas mágicas com lampejo, que não são poucas.
Se você já jogou Pauper já conhece essa belezinha.
Silfide Magioclasta é um excelente personagem dentro desse deck, reforçando sua proteção em forma de uma criatura da tribo que pode ser reaproveitada com um bounce ou outro.
Além disso, o lampejo permite que ela interaja bem com outras cartas do deck de forma passiva, sem precisar de esforço para liberar um slotzinho para ela.
Sim, eu sei que ele é caro e que já disseram que ele não é bom pra Commander, mas confia em mim, ter uma criatura que te dá card advantage de duas maneiras diferentes, serve de sink pra mana infinita e custa 2 mana com voar e lampejo pode fazer uma diferença danada no seu jogo.
Eu geralmente não recomendaria esse carinha fora do competitivo, mas acredito que esse Typal de fadas mesmo que num casual seja um ótimo lar pra ele.
Notorious Throng é um turno extra muito lembrado pela sua presença nos decks de Edric, mas que com os novos typais adventos de Eldraine ganhou um lar aconchegante onde vai ser bem aproveitado.
Se você tem espírito de combeiro vai conseguir tirar água de pedra, mas mesmo não sendo ainda vale muito a pena ter um turno extra para fazer seus shenanigans com umas fadinhas a mais no campo.
Garras Infernais e Afogar no Lago são duas remoções muito fortes e baratas que o podem ser facilmente encaixadas em decks que conseguem ter uma boa rotatividade de cartas na mão.
Elas resolvem problemas por um baixo custo de mana e também servem em qualquer estilo de jogo que você pretenda assumir com seu deck, então considero que elas são dicas que vão além de apenas esse deck, mas boas aquisições para sua pool de cartas.
E por fim temos os nossos transmutes, que são cartas que além de sua função principal ainda servem como tutores.
Aqui me limitei a recomendar esses que buscam cartas de custo 2 pois acho que é o ponto da curva de mana que o deck mais tem coisas legais, além de serem ótimas cartas quando usadas normalmente.
Se você pretende se aventurar de maneira mais competitiva elas podem ser atalhos para peças muito importantes de combos que cabem perfeitamente nesse deck como Cetro Isocrono e Reversao Dramatica e/ou Oraculo de Tassa ou Obyra, Duelista Sonhadora que são finishers muito bons.
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E finalmente chegamos ao fim desse artigo que pra mim foi muito divertido e nostálgico, então espero muito que tenham gostado.
Se você gosta de Commander considere me seguir nas redes sociais onde eu trago conteúdo esporadicamente.
Agradeço a Barão Geek que sempre me dá a maior força pra trazer conteúdo de qualidade pra vocês e fomenta muito o cenário de Commander, e também a todo mundo que leu até aqui!
Um grande abraço e até o próximo!
Propósito e responsabilidade "pra inglês ver", como dizem, de concreto não tem nada... tem coisas muito mais ofensivas que a palavra "tribal" no Magic, então os paladinos da virtude new left esperar a Wizards dizer isso ou aquilo agora é errado para ela, para passar a achar errado tbm?
Magic retrata violência, guerra, incontáveis temas sensíveis no contexto religioso, sexualização de personagens femininas e masculinas, estereotipa certas culturas...
Tudo hipocrisia...
Ô heroi da humanidade, Sim, uma empresa privada tem essa responsabilidade mesmo. É exatamente esse o propósito deles.
Por mim de boa, só espero que não seja orientação da Liga que os redatores de artigos devam adotar o posicionamento interno da Wizards porque sim...
A gente fica inventando solução de primeiro mundo (como acadêmicos que se ofendem com o vies supostamente colonialista da palavra "tribal") ao mesmo tempo que ignora os problemas concretos de terceiro mundo (miséria, guerra, ditaduras)...