Olá! Surpreendendo a todos, a Wizards recentemente anunciou uma mudança drástica no Standard, cujos detalhes técnicos podem ser encontrados nesse artigo aqui na LigaMagic. Partindo do pressuposto que a partir desse momento todos já sabem do que estamos falando, vamos direto para a análise do que isso significa, na prática, para os jogadores, principalmente os mais competitivos e com foco no tabletop.
É sabido que, principalmente aqui no Brasil, o Standard já não era tão popular pré-pandemia. À época ele já possuía uma base de jogadores muito menor que o Modern, onde os jogadores viam mais valor em manter suas coleções a prova de rotação e seus decks relevantes por tempo indeterminado. Esses são alguns dos motivos que tornam o Pioneer hoje um dos formatos mais populares por aqui.
Com o custo cada vez mais crescente das principais cartas nos formatos, muitos jogadores sequer cogitam montar um baralho Standard (que rotaciona) quando podem pelo mesmo valor (ou pouca coisa mais) montar um Pioneer (que não rotaciona). Os produtos selados andam cada vez mais caros, o que somado ao nosso câmbio desfavorável em um produto importado torna tudo ainda mais difícil - mas, o custo financeiro não é o único problema.
Outros ainda justificam que a ausência de uma comunidade jogando o formato em suas regiões, somada a uma falta de incentivo "oficial" por parte da Wizards faz com que não seja interessante montar decks no formato. Faz muito sentido, já que se não tem motivos reais para se jogar o formato, ninguém acaba jogando. Em se falando de "comunidade", um jogador acaba incentivando o outro a jogar também, e assim por diante, e isso não ocorre com o Standard.
Pro jogador casual, o formato não importa porque ele não é jogado em sua loja local - pro jogador competitivo, ele não importa porque os Qualifiers/RCQs para o Showdown/RC são praticamente só Pioneer, com no máximo um Selado ou Modern perdido aqui e ali. Até mesmo pro ultracompetitivo, ele provavelmente só vai montar o deck para um torneio específico (como vi que foi o caso de alguns jogadores no último Showdown que foi Standard), e desprezá-lo na sequência para voltar ao grind do Pioneer. Uma andorinha só não faz verão.
Existe também uma parcela de jogadores que joga bastante Standard no Magic Arena justamente por ser acessível e dinâmico enquanto formato, podendo usufruir de decks do metagame de forma free-to-play, e deixando para investir financeiramente em outros formatos que "preservam o patrimônio" de maneira mais eficiente, como Pioneer/Commander.
No fim das contas, todos esses problemas acabam sendo em menor ou maior escala interligados e complementares, com os jogadores compartilhando de um ou mais deles simultaneamente. E praticamente nenhum deles é resolvido instantaneamente com uma rotação mais prolongada - que dá no máximo uma margem de respiro para a questão financeira/manter o baralho por mais tempo, mas que por si só não resolve o Standard Tabletop por si só.
Ainda assim, é extremamente válida a iniciativa por parte da Wizards em perceber um problema com o Standard, e tentar torná-lo mais atraente para os jogadores. Conforme o anúncio, a ideia deles é que essa seja a primeira de várias soluções que atacam por vários ângulos um problema que é de fato multifacetado. No fim das contas, o Standard é aquele que deveria ser o principal formato do jogo competitivo, que mantém o jogo sempre fresco, dinâmico e mais acessível para novos jogadores interessados em fazer parte desse circuito, e o futuro do próprio competitivo/profissional do Magic: the Gathering tem no formato um sustentáculo importante.
Em termos de jogabilidade, metagame e "power creep" (aumento de nível de poder), os formatos Standard recentes acabaram sendo um tanto quanto enfadonhos para agradar os vários estilos de jogo.
Praticamente todos os principais decks acabaram virando "sopa de midrange", com decks que contam com base de mana boa, remoções eficientes, inúmeras ameaças que custam pouca mana e escalonam o jogo rapidamente se não forem respondidas (sendo Fabula do Quebrador de Espelhos a mais ultrajante delas, mas não se limitando somente à ela), além de inúmeras remoções globais para punir Aggros menores e ferramentas de disrupção/recursão para punir controles.
Logo, é importante dar uma freada no design de cartas nesse estilo. É aceitável um drop 7 como Atraxa, Grand Unifier ou Etali, Primal Conqueror fazer um efeito absurdo que ganha o jogo e gera valor mesmo se for respondido; é inaceitável um drop 3 ou 4 ter um efeito similar. Com uma rotação maior, talvez seja possível também banir cartas problemáticas de maneira mais ágil, cortando o mal pela raiz de uma vez.
Com mais coleções, é natural que baralhos voltados em torno de sinergias ao invés de somente "good stuff" (com as melhores e mais eficientes cartas e remoções) apareçam, já que vão ter mais edições para trabalharem juntas, o que acaba sendo outro ponto onde baralhos não-Midrange tenham chances de brilhar.
Agora falando de ações práticas e diretas - existem pontos onde a Wizards vai ter de REALMENTE investir para que o formato volte a ser jogado. Novos Challenger Decks a um preço justo, com "staples" relevantes embutidas (e não somente "refugo" pré-rotação ou decks que não entregam sequer uma base dos presentes no metagame); formatos que joguem mais em volta de incomuns/raras ao invés de somente Míticas absurdas; injeção de promos relevantes dos formatos com bastante frequência em eventos estilo os antigos Game Days, Showdowns, Friday Night Magics e afins; algum tipo de integração mais sólida entre comprar produtos físicos e códigos no Magic Arena (diminuindo a sensação ruim de ter que montar o deck duas vezes no físico e no digital); e, o que talvez seja o motivo principal pelo qual as pessoas jogavam Standard no passado: fazer o formato IMPORTAR para os jogadores novamente, desde os casuais que podiam ir com decks mais simples e acessíveis nas lojas locais, passando pelos casuais-competitivos que podiam ter a chance de participar de eventos bacanas com premiação, destaque, cobertura e chegando até os competitivos/profissionais que buscavam no jogo muito mais do que um hobby, e que ao mesmo tempo inspiravam todos os jogadores nessa cadeia ao trazer estratégias e decks diferenciados com as novas coleções em eventos de grande projeção internacional, onde ao final você via a comunidade querendo "montar o novo combo do time CFB" ou "aquele Jundão tunado do Reid Duke".
E quanto a vocês, leitores, quais suas opiniões a respeito da nova rotação do Standard? Mudariam alguma coisa? Acreditam que será benéfica, podendo reavivar o formato no tabletop? Ou não vai mudar muita coisa, com o problema sendo muito mais embaixo? E em relação aos pontos citados, acreditam que eles podem ser aplicados? Possuem alguma outra sugestão? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
O Standard ainda tem o complicador da rotação, então é natural que os jogadores busquem formatos sem rotação e/ou eternos para protegerem a validade de suas cartas caríssimas. Tudo o que foi falado no artigo faz bastante sentido, mas se nada for feito com relação ao preço das cartas, qualquer mudança feita pela Wizards contribuirá muito pouco (ou nada) para recuperar o interesse dos jogadores.
Teve um video recente de um player de vanguard que ele comparou um monte de TCG pelo preço do top 5. E pasmei quando vi que o tier 1 mais barato de pokemon custa 55 dólares.
Assim,, essa tua teoria de que carta é cara porque deck é meta n rende mt. A carta é cara porque a empresa não visa em jogabilidade. Man... A box de pokemon é um preço universal de ""100- 200 dinheiros". Tu chega nos usa,100 dollares, no Brasil, 150 mangos, na europa, 100 euros.... Isso tudo claro,com os devidos valores de raridade. Mas aí é que tá, pokemon tem umas raridades de outro mundo. O foil de pokemon vem todo o set, na boc regular vem uma carta rainbow, uma full art texturizada,e várias foils regulares. Já no magic... 100 dólares lá fora, 800 conto no Brasil. Isso sem falar que o magic n sabe fazer os produtos porta de entrada como o Pokemon faz, que diminui ainda mais os custos do player.
Com 60 reais vc tem um deck com 4x de tudo que precisa, só juntando 2 starter decks. Altos tops com decks babies nos torneios e a maioria vindo de starter. Já os challenger decks... Todo ano uma decepção diferente. Até porque o "starter do magic" é pro commander, o formato mais ridiculamente caro que o magic possui.
Isso até seria bom para o jogo, mas não faz sentido nenhum para o modelo de negócio... reduziria muito a procura dos produtos atuais, que é o que dá dinheiro pra WotC...