Olá! Algum tempo atrás tivemos um domínio absoluto da combinação de cores Izzet em vários dos formatos de Magic, com variações de Izzet Dragons/Turns no Standard, Arclight Phoenix no Historic/Explorer/Pioneer e Murktide Regent no Modern/Legacy. Apesar de serem formatos diferentes com estratégias diferentes, existiam algumas características em comum: a capacidade absurda de seleção de cartas através de Considerar e Iteracao Expressiva.
Remoções eficientes e ameaças valorosas também eram parte do "pacote Izzet", que só chegou a diminuir sua presença após o banimento de Iteração Expressiva em vários dos formatos. Porém, com o passar dos lançamentos de novas coleções, hoje temos um "novo Izzet", uma outra combinação de cores que está dominando os formatos construídos de Magic pouco a pouco por motivos parecidos - o Rakdos, que iremos analisar hoje em nosso artigo na LigaMagic.
Acima temos versões competitivas de Rakdos em cinco dos principais formatos construídos: Alchemy, Standard, Historic, Pioneer e Modern. O Explorer acaba sendo bem parecido com o do Pioneer, então para fins de otimização de espaço acabou ficando de fora dessa vez.
Fabula do Quebrador de Espelhos vem dando o que falar nos formatos a um bom tempo. Foi um responsável indireto pelo banimento de Winota, Agregadora de Forcas no Pioneer/Explorer, provendo um nível de consistência que um baralho potencialmente explosivo como Winota não deveria ter.
E segue sendo uma jogada de valor no terceiro turno capaz de fazer "múltiplos por um", já que põe um 2/2 que acelera mana, gera material sacrificável/revolta, filtra a mão atrás de mais recursos gerando ainda mais valor ao descartar cartas como Croxa, Tita da Fome da Morte e Azarao Tenaz, e traz em seu último capítulo o Kiki-jiki que domina partidas junto de praticamente qualquer outra criatura (inclusive ele mesmo, fazendo vários dele no passe para um grande combate na volta).
Coletor do Dizimo de Sangue é uma das ameaças mais versáteis que já vimos em muito tempo, sendo perfeito para sinergizar com a Fábula para manter a mesa do oponente sob controle, mas também para pressionar nos turnos iniciais com três de poder, responder uma criatura importante do outro lado no turno três enquanto mantém a curva de Fábula ou alguma outra jogada, ou troca e combate deixando um resquício de valor para trás na forma das fichas de sangue.
E são essas fichas que tanto contribuem na consistência dos vários Rakdos, permitindo um alcance maior na quantidade de mãos "keepáveis" e mitigando os "não-jogos", onde alguém zica ou flooda terrenos absurdamente. Afinal, no começo ajudam a cavar pelos terrenos, e mais tarde transformam excessos de terrenos em potencial gás.
Por essa versatilidade que combina ameaça com interação e "filtro" de compras, a dupla Fábula + Coletor se vê junta nos Rakdos de todos os formatos (exceto Modern).
As ameaças utilizadas para finalizar o jogo de fato também nunca foram tão boas. Sheoldred, o Apocalipse simplesmente ganha o jogo sozinha se não for respondida. Enquanto que Invasora do Cemiterio e Azarao Tenaz cada um oferece resiliência de uma maneira diferente, além de valor adicional conforme vão atacando - e tornam muito difícil a vida daqueles que tentam interagir com remoções alvejadas.
Um dos segredos para essas ameaças serem tão capazes de dominar o campo de batalha é a alta quantidade de remoções eficientes presentes na combinação Rakdos. No Alchemy e Standard vemos Elidir e Surto Voltaico matando criaturas muito acima da curva delas, e Garras Infernais resolvendo qualquer problema.
Agora, quando vamos para os formatos mais antigos, temos Empurrao Fatal que joga perfeitamente com os Sangues e Tesouros para ativar revolta, e Perfuracao Letal que resolve qualquer problema, incluso Planeswalkers. Gigante Esmaga-ossos // Pisar dobra como remoção na curva e ameaça resiliente, sendo mais uma contribuição para a pilha de remoções e valor que são os Rakdos Midranges. Da mesma forma, Liliana do Veu' também atua como remoção + ameaça que precisa ser respondida, do contrário vai comer todos os recursos da mão do oponente e eventualmente remover novas criaturas (ou até ir para o ultimato).
E finalmente chegamos numa das cartas mais revoltantes de se tomar no turno 1, a que quebra qualquer curva e plano de jogo, e ainda dá de bandeja a informação perfeita: a famigerada Capturar Pensamento. A presença de Fabula do Quebrador de Espelhos e as fichas de sangue ainda trabalha para reduzir a desvantagem do descarte, que é quando se tem pouca vida para poder absorver os 2 de vida ou quando o oponente não possui mais cartas na mão. O Historic e o Modern ainda contam com Inquisicao de Kozilek para arredondar a curva dos descartes, além de Piromante Experiente para continuar cavando no deck e gerando vantagem de cartas real.
Outro ponto forte em favor dos Rakdos é o sideboard versátil. O Comando de Kolaghan é uma das principais, servindo para punir artefatos, gerar valor retornando criaturas importantes e mantendo a mesa sob controle. Planeswalkers como Chandra, Chama da Rebeldia e Sorin, o Infeliz ajudam o deck a atacar por ainda mais ângulos. Hidetsugu, o Grande Devorador pune os decks de Forno da Bruxa e fichas. Coagir e Dar Branco aumentam a redundância dos descartes, sendo que o segundo também dobra como "hate" (ódio) aos cemitérios. Remoções globais excelentes, capazes de lidar com problemas difíceis ao mesmo tempo em que jogam para favorecer o próprio Rakdos também são opções, com O Massacre do Gancho de Carne, Incendiar a Casa e Evento de Extinção aparecendo bastante.
Ameaças que dobram como respostas, geram 2x1 (ou mais) e recursam do cemitério. Remoções eficientes e versáteis que abrangem uma multitude de problemas. Várias formas de filtrar o deck, garantindo sempre encontrar a ameaça ou resposta correta para cada situação. Uma reserva que combina as melhores ferramentas para lidar com problemas específicos, mas que ao mesmo tempo conseguem alcançar um rol decente deles. Todos esses motivos tornam a combinação Rakdos o "novo Izzet" dos formatos competitivos construídos de Magic, e por ser um conjunto de fatores que torna isso possível, é difícil apontar um culpado específico ou algo que possa acontecer que mude esse status quo num futuro próximo.
E quanto a vocês, leitores, concordam com os pontos levantados em relação ao Rakdos ser o "novo" Izzet? Acreditam que a combinação de cores está tão à frente das demais nos formatos construídos? Qual seria a melhor forma de contra-atacar? E em relação à banimentos, acreditam que algum possa vir a acontecer? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
Eu jogo de Grixis no standard, ao inves de desespero, jogo com Sol Kanar. Bem diferente e legal
Acho que a wizards atua para cada cor ter seu momento no standard. Vou falar aqui dos mono color. Voltei a jogar no final de 2018 (após um hiato de 20 anos) e o mono red estava bem forte, ganhando torneios. Em seguida vi autumn burchett levar o mythic championship de mono blue. Quando entrou Eldraine, o verde começou a dominar por um longo período, que mesmo após a rotação, continou forte com cartas como Carruagem de Esika e Líder da matilha de lobisomens (deck do PVDDR no world championship ano passado). O branco também recebeu uma força a partir deste período, tanto que o PVDDR escolhou o mono white aggro num outro torneio grande. Eu só não tinha visto um deck preto se destacar desde 2018 (apesar de eu ver um 2º lugar de um mono black num dos mythic champ quando wilderness reclamation tava dominando o formato, mas só aquela vez) e agora acho que a wiz resolveu por em destaque de propósito.
Cartas como Tenacious Underdog historicamente não podiam dar block pra equilibrar o bom corpo e a recursividade de voltar do cemitério. Ele não só faz essas duas coisas como além disso dá draws recorrentes... É MUITO undercosted. Sheoldred também é uma aberração de carta... 4 manas, 4/5 Deathtouch, estabiliza a mesa, estabiliza sua vida e mata o oponente em poucos turnos. Qual o drawback dessa carta? Ser lendária? Sério? Rs
Tipo, a cor preta na história do Magic deveria representar mágicas muito poderosas (até mesmo fora da curva) mas que punem o seu conjurador de alguma forma, meio que simulando mexer com "magia negra". Mas a impressão que eu tenho é que cada vez mais as cartas fazem muito, de forma muito eficiente e sem equilibrar isso no custo de conjuração.
Vermelho também passou a ser uma cor que além de absurdamente efetiva em agressividade, agora ela dá quase tanto card draw quanto o verde.
Resultado: Desequilibrio nas cores. Todo mundo jogando com as melhores cores e deixando as demais em escanteio.
Assim que Nyktos for banida no pioneer, o formato vai ser composto quase que 100% de decks com preto, ou com vermelho, ou com ambas cores.
No atual standard vejo o verde ficando cada vez mais para escanteio.