“Se você não gosta de interagir, vai jogar Pokemon!”

Frase clássica de um amigo meu que só joga de controle.

Muita gente odeia enfrentar combos e prisons, pois é bem difícil interagir com eles, tornando uma partida de magic unilateral: quando o oponente faz o jogo dele, nada pode ser feito mesmo que sua mão esteja “boa”.

Eu, por exemplo, prefiro perder para um Storm que para um Ponza, que pode ser considerado um deck interativo, aí vai de player pra player.

Gostamos de decks com interação, pois nos dão a segurança(ou falsa segurança) de poder lidar com tudo, ou quase tudo, que possa ser feito do outro lado da mesa. Sabemos que isso não é verdade. Decks como Jund, altamente interativo, sofrem por comprarem a interação correta na hora errada ou vice e versa, te deixando com a possibilidade de responder, mas sem a garantia.

Normalmente são os combos que não interagem, mas alguns decks são tão “retos”, tão pra frente, que sacrificam a interação com adversário pela consistência de fazer seu plano A bem feito. Melhor ganhar de X cartas e perder pra Y do que poder responder tudo com seu deck e viver perdendo, pois comprou a metade errada do deck.

“Perder” a opção de interagir te fazer jogar mais retinho, sempre pensando no seu plano principal, evitando desperdiçar recursos para deixar um counter ou removal de pé, ou desperdiçar seu turno 50 com um descarte quando o oponente revela apenas terrenos na mão.

 

Hoje vamos falar sobre alguns decks Modern que não interagem, forçando seu plano A e transformando seu plano B em plano A, já que, muitas vezes, só tem um plano principal.

 

 

Vamos começar com um deck não interativo que tem 14 interações de main. O ARTIGO É MEU! EU QUE FAÇO AS REGRAS POR AQUI!

Cancao da Criacao é a parte principal do deck. Com uma Canção da Criação em campo, você usa suas milhares de free spells para comprar cartas de 2 em 2 até encontrar a Metralha e finalizar o oponente.

Aqui, suas interações(8 counters, 2 removals, 2 anti counters e 2 grave hates) podem ser usados tanto como proteção para o combo como também usadas no meio do combo. No caso de Endurance e Gut Shot é só conjurá-los normalmente. No caso dos anulas, você precisa jogar uma mágica primeiro, segurar a prioridade, e conjurar o anula na própria mágica, gerando mais 2 draws no processo e, se for Oferta Irrecusavel, ainda ganha 2 tesouros no processo.

 

Um deck que usa interação apenas para garantir seu combo. Não é o uso convencional, mas serve para o propósito do deck!

Neobrand já é um clássico do Modern desde antes do VERDADEIRO macaco ser banido.

A idéia aqui é fazer um Ginete de Alossauro exilando outras duas cartas verdes da mão, e depois, ainda com prioridade, conjurar Neoformar ou Evolucao Arcana, buscando um Griselbrand. Com o Griselbrand em campo, é só pagar 7, comprar 7 e remover cartas caras com Cardume Nutritivo para ganhar vida e continuar comprando. 

A maneira de finalizar a partida é bem legal, você faz Mox de Ambar, gera mana, faz outra mox, manda ela para o cemitério, faz uma Resistencia em você mesmo, compra com o Griselbrand, e continua até ter 4 manas para Reservatorio do Fluxo de Eter, faz 1 ou 2 magiquinhas, vai à mais de 50 de vida e finaliza com o trigger do reservatorio! Difícil de explicar, simples de fazer!

 

As interações aqui são poucas uma vez que o objetivo do deck é ser tão rápido que o oponente não vai ter tempo de interagir com você. Combo bom é combo turno !

 

Rápido - Check
Consistente - Check
Pouca ou nenhuma interação - Super Check!

 

Amulet Titan vem sendo o “melhor deck secreto” do Modern há quase uma década. Um deck de difícil pilotagem, mas que consegue fazer miséria com um Amuleto de Vigor em campo de mil e uma tricks de terrenos extras e que voltam sozinhos para sua mão.

O deck tem diversos planos de jogo, de Tita Primordial batendo, Valakuts causando dano graças à Dryad até mesmo à tokens de Saga finalizando o super late game.

Aqui as interações vão de poucas à nulas na maioria das partidas, no entanto, a velocidade, consistência e raw power do baralho o faz ignorar essa necessidade. Anulas não são precisos se temos Caverna das Almas, seu anti-combo é matar antes. Na dúvida, parte para a ignorância e ganhe antes!

 

 

Primeiro passo: Encontre um primo.
Segundo passo: Coloque o primo para revelar cartas do topo do seu grimório até revelar uma Explosao Calibrada.
Terceiro passo: Encontre outro primo.

 

Um dos decks mais all in da história do moderninho, Calibrated Blast quer fazer sua carta homônima e causar de 4 de dano à 15. Se isso não for o suficiente para acabar a partida, você recapitula o Blast do grave dali alguns turnos e gira a roleta novamente!

 

As channellands de Kamigawa deram interação a um deck que antes não a tinha. Agora você pode jogar com Naturalizar, Bounces e até mesmo pequenas criaturas para atacar ou se defender.

Por mais incrível que pareça, Calibrated Blast não é um deck meme e é um deck com boa win rate contra 4c control e ótimo para pegar os jogadores desprevenidos. Só se certifique que não vai estar num dia de azar, pois o deck é roleta russa todos os games!

 

 

Nem só de combo vive o deck sem interação.

Affinity é um clássico deck streamlined que prefere jogar pra frete e perder em situações onde o oponente é mais rápido que você do que ficar interagindo todos os turnos. Seu deck tem 4 Ornitoptero e 4 Memnito, já tem draw ruim o suficiente aqui!

O advento da Saga de Urza te deu um golinho de interação, na forma das cartas tutoráveis, variando entre grave hate, bounces e até mesmo lifegain no maindeck.

O número mágico aqui é 4. Com affinidade por artefatos =4(contando suas manas geradas) você já faz Conjurado por Pensamento, que acaba comprando ainda mais velocity, que acha mais velocity, uma bola de neve de vantagem e desenvolvimento de board.

Como todo bom deck agressivo que usa pouca interação no main, o side é repleto de counters e removals para garantir que você não vai simplesmente perder uma partida por não ser rápido o suficiente.

 

 

E por último, vou summonar o deck preferido do Rudá: Hardened Scales!

Depois do banimento da Mox Opal, o deck tinha morrido, mas com o lançamento da bendita Saga de Urza, o deck voltou bem forte, inclusive ganhou torneios gigantescos na mão do Zanutto, mestre do arquétipo!

 

Você começa com um 1/1 ruim, faz uma criaturinha com 2 marcadores e, do nada, você morreu para um terreno infectoso 10/10 ou uma Walking Ballista com 30 marcadores. Como isso aconteceu?

É um deck que pode ser rápido, com kills no quarto turno, mas que depende de muitas peças móveis(entendeu? Móveis, ambulantes! O PAI É O NOVO CHICO ANYSIO), remover a peça principal da engine pode te deixar com um monte de criaturas overcosted que jamais ganharão sozinhas.

O que torna o deck interessante é a possibilidade de matar do nada, e punir arduamente aqueles que não sabem como o deck funciona, não entendendo qual o momento correto e o alvo a ser destruído/anulado.

 

Um deck “sem interação” é geralmente considerado all in, mas existe uma diferença entre um deck que é all in em sua estratégia e um deck glass cannon. O All in quer focar todos os slots possíveis do maindeck em seu plano principal, já o glass cannon também, mas esse não se importa em mulligar agressivamente através de uma mão “perfeita” e geralmente sucumbe ao menor disrupt.

Humans é um deck de pouca interação e que dominou o Modern por uns bons anos, provando que não é porque você decide dedicar sua estratégia a apenas uma coisa que você tem que ser Tier 3 ou pior.

 

Essa ilusão de que “deck bom é deck que responde tudo” é uma lorota. Mono Green Devotion é um deck de interações super limitadas e é um dos melhores decks do Pioneer. O importante é seu deck fazer o trabalho vem feito. Seja com um plano extremamente linear ou altamente interativo. Magic pode ser jogado de infinitas maneiras!

 

Vou ficando por aqui, colem no meu canal da Twitch, se puder, ajudem no Apoia-se e fiquem com Keranos!