Olá galera, hoje vou de um conto ao melhor estilo clássico, que gira ao redor de uma única frase: “magic pode salvar o planeta Terra?” Talvez você duvide, mas se não podemos mudar o mundo em um passe de mágica, talvez possamos salvá-lo um pouco a cada dia. Será?
A PARTIDA DO FIM DO MUNDO
● Ato 1: Opera de circo.
Estamos há 30 anos no futuro. Estamos em 2052...
Guerras ainda existem, pobreza ainda existe, desigualdade, corrupção, genocídios, promessas vazias de políticos. O clima ao redor do mundo piorou. O homem tapava os olhos com uma peneira. Nada mudou. Até o magic ainda existe para o alívio de muitos. Mas talvez o mundo tenha mudado um pouco... A tecnologia ficou mais ampla e poderosa. Já existem robôs entre nós, Serviçais-robôs. A tecnologia invadiu todas as ciências. Robôs, meio homem meio robô, máquinas pensantes e máquinas com humor. O mundo de 2052 é de tecnologia e pobreza, mas ainda existem as leis e também quem as burlasse.
Muitos políticos e milionários começaram a ver o clima como algo que precisavam consertar. Porém não havia conserto para uma sequência de erros de milhares de anos da humanidade. Mas sempre há uma solução paliativa quando buscamos. Algumas mais dolorosas do que as outras.
Ainda havia muitos campeonatos em vários esportes. A humanidade não podia perder seus vícios e prazeres. A ópera da vida se repetia de forma contínua. O que mudou eram os nomes das pessoas.
Estávamos em uma ópera circense, onde nós, o público, éramos os verdadeiros palhaços. Pagamos por um espetáculo onde nós éramos os protagonistas. Era tudo ao mesmo tempo. O amanhã é daqui a pouco.
● Ato 2: Os visitantes chegaram
No meio do caos da “normalidade” do mundo, o mundo recebeu uma visita. Era uma grande nave espacial que se postou ao redor da Terra. Essa estranha nave se comunicou diretamente com o Prédio das Nações Unidas. Ela fez um ultimato. Um ultimato final.
Os grandes líderes ao redor do mundo zombaram, debateram, se xingaram, se ajudaram...mas nada ajudou.
A estranha nave deu uma prova de seu ultimato: lançou dois raios no meio do Deserto do Saara. Um raio mudou a paisagem do local em uma enorme área. Plantas floresceram, era algo lindo de se ver. O outro raio criou uma cratera enorme em outra imensa área. Eles mostraram que podiam tanto dar vida como tirá-la. Eram nossos juízes.
Os grandes líderes debateram e decidiram: lançaram mísseis. O fato é que nada adiantou. As armas foram neutralizadas. As armas da Terra eram como moscas.
Eles resolveram atender o pedido da nave estranha. Desespero tomava conta dos homens...era a única saída.
● Ato 3: Os primeiros desafios
Líderes de 3 grandes nações tomaram a frente, e decidiram aceitar o desafio, que era jogar em jogo individual contra um representante da nave. Seriam 3 países, e apenas 3, que desafiariam um representante da nave, em um jogo que os 3 países escolheriam. Deveria ser um jogo mental. De raciocínio. Era a regra definida pela nave. Os líderes se resolveram entre si.
Bastava que a Terra vencesse apenas um dos 3 desafios, e não destruiriam a Terra.
No primeiro desafio, a Rússia jogaria 12 partidas de xadrez contra o representante da nave. Quem somasse 6,5 pontos primeiro venceria o desafio. Seria apenas uma partida por dia. As regras do xadrez seriam seguidas ao pé da letra. Ela optou por enviar o campeão mundial que na época era russo. Simplesmente o representante da nave fazia lembrar um robô de Isaac Asimov. Clássico.
O russo tomou uma surra. Perdeu as 7 primeiras partidas e desistiu, o russo jogou 4 partidas com as peças brancas e 3 com as pretas.
O primeiro desafio foi perdido.
No segundo desafio, a China optou por jogar o seu famoso jogo Go. O seu campeão era um misto de robô com o homem. Naquela época homens já usavam próteses robóticas, inclusive no cérebro, como o caso do campeão mundial que era chinês. Quem vencesse 5 partidas primeiro venceria o desafio. Era apenas uma partida por dia.
O campeão da China perdeu 5 partidas consecutivas e desistiu. Foi uma vergonha absoluta. Não deu nem pro gasto. É como se eles tivessem estudado nossos jogos antes mesmo de serem desafiados. Será?
O segundo desafio foi perdido. O mundo se tornou um caos. O medo tomava conta de todos.
No terceiro e último desafio, os EUA, optaram por ousar. Depois de muita discussão interna e análise, o jogo proposto foi o Magic: The Gathering. É um jogo de cartas que misturava muito raciocínio estilo xadrez com alguns truques sutis do pôquer (como blefar) e com um toque de sorte. Eles sabiam que isso poderia levar a humanidade à sua destruição...era um risco calculado.
Quem representou os EUA no último desafio foi o campeão mundial da categoria, que era um jovem prodígio de 17 anos e brasileiro. A família do campeão tinha uma situação financeira muito difícil, como muitos brasileiros. Será que conseguiriam ganhar? Eles acreditavam que a ousadia da juventude poderia surpreender. Sem contar, eles queriam provar que quem melhor poderia representar o jogo era o atual (e recente) campeão mundial daquele jogo, seja ele da nação do país que estava escolhendo o jogo ou não.
Muitos ao redor mundo protestaram.
“Um moleque vai salvar o mundo? Burrice”.
“Uma criança grande vai salvar a todos nós? Loucura”.
“Um moleque, ainda brasileiro, vai salvar a todos nós? Ideia estúpida”.
Até autoridades religiosas se pronunciaram: “Oh, Divino, tenha piedade de nós”.
Nem a imprensa americana, acreditava nele. “Quem sabe consegue”, era a manchete mais otimista nos jornais.
A única que acreditou nele foi sua mãe: “Meu filho, se você foi o escolhido, é o seu destino. Ninguém foge de seu destino. Se é para ser, será. Deus te abençoe”.
● Ato 4: O terreno
Estavam sentados, frente a frente, o campeão mundial de magic, um prodígio, e o representante da nave de outro mundo.
Os juízes seriam um da nave e um representante da Terra, um americano. Ambos conheciam muito bem as regras. Por sorteio, o juiz principal seria o americano.
Por sorteio, o representante da nave começaria. Iriam jogar no padrão standard em uma melhor de 5 partidas. Quem vencesse 3 games ganharia a partida. Todos os games seriam jogadas de forma consecutiva, apenas tendo pequenas pausas, para se alimentar e ir ao banheiro caso fosse necessário.
O jogo começou. O representante da nave de outro mundo estava de UB control. O campeão mundial da terra, se chamava Matheus e escolheu um deck que conhecia bem e vinha forte nos últimos tempos: o velho e tradicional Red Deck Wins. Era ganhar ou ganhar.
O representante, que se auto proclamou “Robbie”, estava na maior parte do tempo calado.
Antes da partida, os dois se cumprimentaram e nesse momento Robbie olhou de certa forma espantado. Afinal, ele lutaria contra um jovem campeão. Estaria ele entrando em um terreno desconhecido?
O mundo inteiro assistia a partida. O mundo estava tenso. O destino do mundo estava nas mãos de um jovem. Seria algo único. Quem não entendia do jogo, resolveu entender. Quem não gostava ou nunca jogou afirmava que “jogava desde criancinha”.
O jogo estava o tempo todo silencioso. Ninguém falava nada...
Na primeira partida, o campeão surpreendeu. Robbie, mal deu a saída e foi massacrado por ataques rápidos do campeão.
Estava 1 a 0.
O mundo inteiro celebrou. Vencemos o primeiro game. Vencemos algo! Robbie poderia ser batido?
Antes do segundo game Robbie que ainda não poderia usar as cartas do side apenas juntou e embaralhou suas cartas.
Nova derrota. O campeão mundial estava 2 a 0. O mundo celebrou. Robbie parecia estar muito irritado. Será que a Terra finalmente ganharia?
Agora ambos poderiam usar as cartas do sideboard. A coisa poderia mudar de figura?
● Ato 5: A armadilha
O campeão mundial resolveu puxar assunto no terceiro game:
- Porque vocês querem ganhar de nós? Não fizemos mal a vocês.
Finalmente em som um grutal que saia pela sua boca falou:
-Devemos provar que somos mais inteligentes. Nossa inteligência é superior.
-Legal! Mas vocês não deveriam nos respeitar? Poderíamos ser amigos.
-Não fazemos amigos. Conquistamos. Faz parte de nossa cultura e tradição vencermos vocês nos seus jogos. Os derrotados serão destruídos e escravizados.
-Não é justo!
-Cala boca e jogue!
-Isso foi falta de educação. Juiz! Queria ser amigo dele. Ele é apenas meu oponente aqui. Não o odeio.
Ambos os juízes se aproximaram e deram um “puxão de orelha” em Robbie.
Robbie venceu o terceiro game. Ele usou uma combinação de cartas que era uma verdadeira armadilha. O seu side tinha muitos truques. O sideboard dele parecia que era muito bom para aquela partida. Ele estava muito bem preparado.
O mundo inteiro ficou preocupado. Nervoso ao extremo.
(...)
Novamente no game 4 Robbie venceu. O campeão mundial tentou encaixar suas cartas do side, usou o seu dragão, mas ficou no “quase”. Mas foi por pouco, ele acreditou que poderia vencer, realmente foi apenas um detalhe. Agora a coisa ficou muito séria.
Muitos previam o apocalipse. O fim. A aniquilação. O mundo entrará em um novo desespero. A quinta e derradeira partida seria a partida do fim do mundo.
● Ato 6: Tem certeza?
O campeão na 5ª partida analisou as opções de side. Analisou seu sideboard. Pensou muito, muito mesmo. Ele fez apenas uma troca de cartas. Uma mísera carta apenas.
Matheus ao embaralhar o deck de seu oponente, embaralhou muito, muito, muito mesmo. De forma exagerada. O Juiz chegou até a chamar a sua atenção.
O campeão iniciou. Mão perfeita. Yes!!! Foi com tudo pra cima!!!
Em dois turnos Robbie estava com 11 de vida. Era pressão total.
O campeão falou:
-Eu somente queria ser seu amigo. Eu quase não tenho amigos, e nunca tive um amigo alienígena. A gente não precisa se destruir.
-Jogue. Não desejo ter amigos. Desejo apenas ganhar. Vitória.
Mais um turnode muita pressão e Robbie ficou com 5 de vida. Ele resolveu falar:
-Juiz, meu oponente está vendo minhas cartas.
O Juiz veio, analisou a situação, conversou com o outro juiz. Resolveu dar uma advertência para cada um. Leve.
O campeão fez uma jogada boa mas não conseguiu ganhar. Robbie ficou com 3 de vida.
Robbie só se defendia. No passe o campeão tentou dar dano direto... COUNTER!
Robbie havia ficado com pouca mana desvirada.
Matheus baixou uma criatura... COUNTER!
Matheus baixou outra criatura... NOVO COUNTER!
Robbie havia ficado sem mana, a tensão era tão grande nesse momento que o mundo inteiro estava em silêncio, a sensação é que era um "breaking point" na partida.
Matheus baixou uma criatura e atacou. Robbie bloqueou com o que podia e ficou somente com um ponto de vida. A última criatura que Matheus havia baixado poderia ser sacrificada e dar de 1 dano em qualquer alvo.
Quando ele ia sacrificar a criatura Robbie falou:
-Tem certeza que quer fazer isso? Você sabe que podemos atacar e destruir a Terra assim mesmo.
-Sim. Mas eu confio na palavra de vocês, como vocês devem confiar na nossa palavra. Ganhar e salvar a Terra não quer dizer que não possamos ser amigos.
Vitória.
O terceiro desafio foi vencido. O mundo estava salvo. Pelo menos por hoje. Uhull!!!
Todos celebraram. O mundo celebrou. Pessoas choraram e se abraçaram.
Uma mísera criatura, de pouco valor no magic, salvou o mundo. “Um moleque salvou o mundo”, mesmo Matheus tendo "salvo o mundo", muitos críticos ainda falavam mal de Matheus e não aceitavam que ele venceu.
O campeão foi declarado vencedor. Ele agradeceu ao Robbie, meio que ainda surpreso.
O campeão ainda falou:
-Se desejar ser meu amigo, estou por aqui. Não vou julgar você. Jogou bem.
Robbie deu-lhe um aperto de mão e não sabia o que dizer. Uma lágrima caiu de seu rosto.
Ato Final: Um novo amanhã.
A mãe de Matheus falou bem alto:
-Filho, você tem visita. Um amigo seu está na sala. Vem logo. Acelera! Não esqueça de arrumar seu quarto depois. Não quero bagunça!
A mãe de Matheus passou por ele, deu um beijo na sua testa e falou de um jeito carinhoso:
-Deus te abençoou meu filho.
Matheus não entendeu nada. Já havia uma semana que a partida havia terminado e as pessoas ainda falavam nela.
Quando Matheus chegou na sala, a sua “visita” falou:
-Bom dia! Quer jogar uma revanche? Não vale nada. É só para brincarmos. Aceito sua oferta de ser seu amigo!
Ele e Robbie se abraçaram. E os dois choraram.
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Oi. Também me inspirei nesse. Foi meu subconsciente. Sao tantas referencias.
Obrigaduuuu...