E aí, galera, tudo bem? Aqui quem vos escreve é o Heli e hoje venho fazer uma análise de um campeonato semanal Pauper que eu participei. Seguindo a minha rotina de procurar diversidade, voltei ao tão querido Boros. O fato de não estar jogando com o Sentinelas do Palacio me trouxe preocupação, já que a mecânica de Monarca, mais a geração de vantagem de cartas, sempre foi o diferencial. Entretanto, Kamigawa: Dinastia Neon nos trouxe o Sintetizador Experimental que, claramente, seria uma carta muito boa no formato, mas ainda não havia mostrado força. Conversando durante a semana pelo WhatsApp para a criação da lista, meu amigo Gabriel Bizzo (outro adorador do Boros) me disse uma frase que resume o poder desse artefato: “Ele faz o dobro pela metade”. É claro que revelar uma carta do topo não é a mesma coisa que comprar uma carta, mas, em alguns cenários, pode até ser melhor. Sua grande vantagem é que seu efeito desencadeia quando ele entra ou sai de campo, então você ter acesso a duas cartas do topo do seu deck com apenas um bounce, custando apenas uma mana vermelha. Além disso, você consegue utilizar esse efeito ao sacrificá-lo criando uma ficha de Samurai, o que também é bem útil em cenários sem tantas criaturas. A lista exige algumas adaptações, visando não perder cartas para o Sintetizador, então o valor de mana de quase todo o deck é 2. Para facilitar, vamos dar uma olhada na lista que eu utilizei:

 

 

Eu estava muito otimista com o deck, principalmente por ser um estilo de jogo que eu conheço, além de saber que daria para ter um bom resultado no metagame local. O retorno de Renascimento de Kuldotha me trouxe uma nostalgia muito grande, já que foi a carta que alavancou a build Boros dentro do metagame. Inspirado por essa ideia de plano de jogo, resolvi colocar os Buscador do Caminho, que além de ter o valor de mana adequado, possui uma grande sinergia com a quantidade de mágicas de não-criatura do deck. Os slots vieram da saída da quarta cópia de Kuldotha e de duas cópias de Ovo de Ouro. Considerei que assim estaria aumentando a agressividade do deck em partidas mais lentas e ganhando tempo suficiente nas partidas mais rápidas. Nesse cenário, ainda sentia que faltava algo e priorizei uma remoção, tirando a segunda cópia de Reunir os Camponeses e adicionando uma cópia de Jornada a Lugar Nenhum. Não quero perder o Reunir os Camponeses e normalmente uma remoção seria mais útil caso fosse revelada pelo Sintetizador. A lista foi fechada assim e fui para o evento, que contou com 18 jogadores. Abaixo estão como foram as minhas rodadas:

 

 

 

 

1ª rodada - Stompy

 

 

A primeira criatura a entrar em campo foi um Sentinela da Urtica e imaginei ser um Stompy. Porém, a surpresa foi no pedido do oponente para ter paciência e ajudá-lo, pois fazia muitos anos que ele não jogava MTG e não lembrava de muita coisa. Procurei não me importar tanto com o jogo e mais com dicas e explicações para ele. Voltar ao MTG não é algo fácil, exige um pouco de disciplina e paciência, além de uma boa dose de persistência. É bem possível que algumas derrotas apareçam, mas como ele mesmo disse: “Eu poderia continuar vendo vídeos até me sentir mais seguro, mas preferi vir jogar para aprender mais”. É claro que cada um tem seu ritmo, mas vejo que ir e enfrentar todas essas dificuldades te faz queimar algumas etapas e reaprender mais rápido. Contar com uma comunidade receptiva faz muita diferença e eu procurei fazer minha parte, explicando o melhor uso das cartas e tirando dúvidas sobre regras, que ele nem sabia que existiam. Venci a partida, mas a maior vitória para mim foi ter ajudado um novo membro da comunidade! Amigo, se você ler esse artigo, peço desculpas por esquecer seu nome e espero ter feito você gostar do formato. Considerando a partida, minha lista já enfrenta bem o Stompy, principalmente pelo Buscador do Caminho, por isso pouca coisa melhoraria a partida no pós-side.

 

 

● Side in / side out: +2 Missionario Solitario, -1 Reunir os Camponeses, -1 Inspetor de Thraben.

 

 

2ª rodada – UR Blitz

 

 

O jogador que enfrentei sempre aparece nos eventos e imaginei que ele poderia estar com esse deck. Em algumas partidas isso ajuda a manter algumas mãos. Dessa vez abri com uma mão relativamente equilibrada e acredito que a manteria em boa parte dos cenários. Logo que eu fiz o Buscador do Caminho meu oponente sabia que precisaria lidar com esse ameaça, já que seu deck procurar ganhar com poucos ataques. Consegui fazer boas trocas e minhas remoções vieram e lidaram muito bem com o campo. Municoes Improvisadas fez seu trabalho num campo cheio de artefatos e fichas, finalizando a partida. No pós-side, as anulações e destruição de artefatos podem e fizeram a diferença. Ele conseguiu atrasar meu jogo e não comprei remoções em quantidade suficiente e em dois ataques o game foi resolvido. No terceiro, as coisas foram bem equilibradas, com muita trocas em campo, além de remoções e anulações de ambos os lados, mas então a estrela do Sintetizador brilhou num campo vazio, me fazendo comprar várias cartas em sequência contra compras mortas do meu oponente. 

 

 

● Side in / side out: +3 Explosao de Chamas, +1 Cordoes Prismaticos, -1 Renascimento de Kuldotha, -1 Reunir os Camponeses, -2 Inspetor de Thraben

 

 

3ª rodada – Jeskai Ephemerate

 

 

Sendo o Boros um deck que usei algumas vezes, isso facilita as tomadas de decisão, principalmente por esperar o que pode aparecer do outro lado. A primeira partida foi relativamente tranquila, pois meu oponente acabou comprando muitos terrenos e ficou sem respostas para minhas criaturas. No pós-side o Jeskai tende a lidar melhor com as minhas remoções usando anulações, porém meu hate de cemitério pode atrapalhar muito a recorrência do Efemerar. Também sofri com excesso de terrenos – acho que cheguei a comprar 5 em sequência, o que me fez perder o gás; Fui inundado pela vantagem de cartas do adversário. Acabei concedendo antes do fim efetivo da partida, já que tínhamos menos de 10 minutos no relógio e sabia que meu deck poderia demorar para definir uma partida. Na terceira partida o deck funcionou muito bem e consegui desviar das respostas do oponente, enchendo o campo de fichas de Goblin e criaturas voadoras. O Buscador do Caminho que fiz no começo foi prontamente removido. Reunir os Camponeses cumpriu seu papel e em dois ataques eu consegui definir a partida e jogo.

 

 

● Side in / side out: +4 Explosao de Chamas, +1 Reliquia de Progenitus -1 Renascimento de Kuldotha, -1 Municoes Improvisadas, -2 Inspetor de Thraben

 

 

4ª rodada – Rakdos Storm

 

 

Quando meu oponente baixou o Pantano de Alcatrao, acreditei estar enfrentando um Cycling, mas era bem pior que isso. Durante a semana e na montagem do deck, comentei que não gostaria de enfrentar o Storm, pois sabia que tinha uma janela muito pequena para lidar com o deck. O problema é que boa parte do metagame tem poucas respostas para lidar com o deck, principalmente no primeiro game, te forçando muito para manter boas mãos e comprar bem no início do jogo. Para facilitar, os dois games foram muito parecidos. Criei um board, ataquei com várias criaturas reduzindo muito os pontos de vida do meu oponente, mas não comprei nenhum Raio ou Explosao Galvanica para finalizar a partida ou ao menos lidar com o Sopra-fogo de Kessig. Esse deck me preocupava profundamente dentro do metagame, pois vejo que existem poucas respostas para o seu plano de jogo. É claro que anulações sempre conseguem responder, entretanto apenas o MonoU tem um número significativo de respostas para travar a efetividade do Storm. Ainda bem que ontem a Wizards resolveu intervir, falarei mais sobre isso no final do texto.

 

 

● Side in / side out: +1 Reliquia de Progenitus, +1 Cripta de Tormod, -2 Inspetor de Thraben

 

 

5ª rodada – Monoblack Devotion

 

 

Na última rodada enfrentei meu amigo Helder e fiquei feliz em ver que ele estava 4-0. Ele retornou ao MTG há pouco mais de um mês, está se esforçando para evoluir como jogador e acabou sendo premiado. Olhando os standings, optamos pelo id para garantir sua primeira colocação no evento já que, mesmo com a vitória, eu não conseguiria uma colocação muito melhor do que a atual. De qualquer forma fomos aos jogos. Conheço bem o deck que estava enfrentando e sabia que, se o jogo se arrastasse e eu não lidasse com as criaturas dele, o Mercador Cinzento de Asfodelos resolveria a partida. E foi exatamente como ocorreu, já que dois Mercadores vieram em turnos subsequentes e, mesmo sabendo dessa possibilidade, me coloquei numa posição em que eu poderia ganhar no turno seguinte, já que eu não tinha resposta para diminuir a devoção em campo. Entendo que meu plano de jogo já consegue lidar bem com a partida, até porque tenho quase nenhuma opção viável no sideboard. O segundo jogo acabou sendo no detalhe, já que tomei duas Pestilencia que limparam meu campo, mas consegui colocar minhas fichas de Goblin e definir o jogo com a Municoes Improvisadas. Já o terceiro game foi bem mais tranquilo, onde lidei com as ameaças iniciais e controlei bem as ações do Helder, que comprou muito mal e ficou sem respostas.

 

 

● Side in / side out: +1 Reliquia de Progenitus, -1 Inspetor de Thraben

 

 

 

 

- Impressões: O deck funcionou muito, mesmo com mãos arriscadas, foi possível encontrar saídas, graças a quantidade de compras extras que o deck permite. Sintetizador Experimental é uma carta fortíssima. Senti muito pelo Boros ter perdido o Prisma Profetico, mas agora nem vou sentir falta dele. Várias vezes conjurei duas cartas do topo, tendo apenas ele e um Falcao Cintilante, o que coloca muita pressão em campo, além de te dar uma vantagem absurda de cartas. Tudo isso sendo possível por apenas uma mana vermelha, chega a ser injusto de tão forte. Essa lista com Buscador do Caminho, além de facilitar os jogos contra decks agressivos, força os oponentes a lidarem com ele cedo, abrindo espaço para as criaturas voadores causarem danos aos poucos e oferecerem muita vantagem de cartas.

    

 

Após finalizar esse artigo e enviá-lo para que fosse postado, a WotC nos surpreendeu com uma atualização na lista de banidas e restritas que afetou três formatos (aqui). No Pauper, tivemos três alterações: Rele Galvanico e Discipulo da Camara foram banidos, além do primeiro desbanimento do formato, com o retorno do Mapa da Expedicao. A questão do Discípulo da Câmara me parece um pouco mais complexa. Quando o Atogue foi banido eu avaliei as justificativas apresentadas pelo PFP e me pareceram sensatas, mesmo não concordando com as escolhas. O banimento do Díscipulo mostra que as escolhas fogem de afetar novas adições, além de focar nas cartas que definem as partidas. O Discípulo nos deixa hoje pelo excesso de consistência que um deck como esse não deveria ter. Uma comparação plausível (guardadas as devidas proporções) seria com a Pinca Craniana, que fornece enorme vantagem de cartas e ainda é muito sinérgica como deck.

 

E por último, Mapa da Expedicao volta ao formato. O Gavin Verhey já havia comentado sobre essa possibilidade e acho interessante, além de abrir um precedente para o retorno de outras cartas. Sem Prisma Profetico ou Ornamento dos Vinculadores, o Tron não consegue ter a mesma velocidade em dispor de manas de todas as cores, dificultando seu início nos jogos. O Mapa pode ajudar a fechar o kit de Tron, porém ainda será complicado a construção dos primeiros turnos. 

 

Meu próximo artigo irá abordar o impacto e desdobramentos dessas mudanças. Fico na torcida para que o metagame evolua de forma positiva, mas temo que possa haver um sombra de banimentos sem aviso, o que geralmente traz consequências negativas ao formato. E o que vocês acharam do Boros Sintetizador? E claro, o que acharam das alterações na lista de banidas e restritas? O que fariam diferente? Galera, vou ficando por aqui e espero que tenham gostado da análise. Um abraço a todos e até mais!