Eu não sabia como começar esse artigo, então vou começá-lo quebrando a quarta parede. Para aqueles que não sabem, quebrar a quarta parede é uma expressão muito utilizada entre os escritores para se referir ao processo catártico de colocar uma luva de boxe e esmurrar a parede do quarto até sair alguma ideia criativa na cabeça.

 

Sabia que queria escrever mais um artigo sobre Pioneer, tenho jogado o formato na loja local desde Agosto de 2021 (todo mundo vacinado já) e tenho me divertido bastante. É um formato dinâmico, competitivo e não é tão caro quanto é o Modern. E temos que falar em dinheiro sim, sei bem que a grande maioria dos leitores não estão fazendo chover (se você está lendo e consegue fazer chover dinheiro, me mande mensagem e eu te passo o pix <3), então pensei em escrever algo com o intuito de incentivar os jogadores a jogarem Magic, mesmo os que não quiserem (ou puderem) colocar um salário mínimo em uma pilha de papelão colorido.

 

Lembrei do anúncio da Wizards de um produto: os Pioneer Challenger Decks (aos interessados, link aqui do artigo do maravilhoso Juliano que fala mais sobre o produto). Esses decks estão saindo em torno de 270 reais pelo menor preço da LigaMagic, e algumas lojas os têm por menos de mil reais para levar os 4 juntos. Okay, tenho um bom ponto para começar o artigo, decks budget que são fáceis de se comprar, a pessoa não precisa fazer um pedido de 75 cartas de 4 lojas diferentes e a lista já vem prontinha.

 

Tudo bem, eu tenho um começo para o artigo, e como eu devo continuar? Honestamente, eu fiquei bastante em dúvida nessa parte, eu tinha a opção de falar sobre os decks já montados, testar eles em uma liga e escrever sobre minha experiência aqui. A outra alternativa seria incrementar as listas para elas ficarem com mais cara de tier 1, jogar umas ligas e escrever sobre as listas incrementadas. Decidi escolher a primeira opção: vou jogar as listas como elas são apresentadas na caixinha, sem alterações.

 

Para cada um dos decks, eu vou falar sobre a dificuldade de se jogar com ele, a força do deck, como ele está no meta atual, tentar dar guia de side e contar sobre minha experiência jogando com o deck. Também vou dar opções para o leitor com a carteira mais gorda poder incrementar o baralho e aumentar suas chances de vitória com cartinhas mais apelonas.

 

 

 

 

 

 

Joguei uma liga no Magic Online e fiquei muito triste com os resultados, senti que desperdicei meus play points. Fechei 2-3, perdendo para UG Song of Creation Combo (0-2), UB Control (1-2) e Big Red (1-2); e conseguindo "espremer" duas vitórias contra Sultai Soulflayer (2-1) e contra UR Phoenix (2-1).

 

O que eu mais senti falta nos jogos foi do meu cérebro funcionar. Definitivamente faltou jogar direitinho e isso pode ter custado um jogo ou outro. Muitos jogadores acreditam que estratégias agressivas são mais fáceis de jogar ou de masterizar. Isso não é verdade. Para você ter excelentes resultados, você precisa jogar muito bem, com qualquer deck. Saber quando atacar, quando queimar a criatura ou o oponente, como sequenciar os bichos e quais mãos você deve keepar ou mulligar. 

 

Ainda sobre estratégias aggro, o motivo pelo qual elas são ditas “brainless” é porque mesmo um jogador não habilidoso consegue fazer bom uso do deck; em linhas gerais, ataque, queime o seu oponente e ganhe o jogo.

 

Além de sentir falta de conseguir me concentrar no jogo, eu senti falta de cartas melhores. É difícil jogar de Mono Red e não querer Eidolon of the Great Revel no deck, senti falta do bichinho em todos os meus jogos. Além do mais, esse deck pré construído tenta misturar duas estratégias diferentes: o Big Red e o Red Aggro. E o deck acaba sendo um belo pato: tenta nadar e voar, mas não faz nenhuma dessas duas coisas bem.

 

Para dar um exemplo, olhe para a quantidade de criaturas e não criaturas do deck. Temos 24 criaturas com 16 não criaturas. Essa proporção diminui a eficiência do Prowess e do Ghitu Lavarunner. Na grande maioria dos jogos, o Lavarunner não ganhou o bônus. Se você quiser dar um upgrade rápido no deck, sem precisar gastar muito, corte os Lavarunner em troca de Skewer the Critics. 

 

Facilidade de se jogar com o deck: 3 de 5

Força do deck: 2 de 5

Gasto adicional com cartas avulsas para se montar uma lista Tier 1: 900 reais

 

Vale a pena comprar o deck pré construído? Eu acho que sim. Você consegue várias cartas que serão úteis se você quiser jogar com uma estratégia de vermelho e você compra tudo isso pagando um único frete. A partir daí, você pode seguir duas linhas: ou você vai para uma linha mais parecida com a do Burn Modern, adicionando branco para Boros Charm e churros (Lurrus da Toca Onirica) ou você pode se manter no monocor e fazer uma lista Big Red. Abaixo estão duas listas que fizeram top 8 no Pioneer Challenge do MOL, gostei de ambas listas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ambas as listas pedem o uso de Eidolon of the Great Revel, e eu concordo. A carta é excelente com muitas estratégias dominantes no formato. Por exemplo, contra UR Fenix, se seu oponente precisar cavar a remoção com opt ou consider, ele irá tomar uma bela fatiada na vida tentando lidar com o Eidolon. E se ele não lidar com o Eidolon? Bom, ele morre para o Eidolon, porque o UR Fenix tem muitas mágicas de custo baixo e é feito para conjurar várias mágicas por turno. Mas o UR Fenix é só um exemplo. Eidolon também quebra 4c Ascendancy e BR Arcanist; mas complica bastante o jogo na mirror match (recomendo tirar ele se você estiver na draw e/ou só jogar ele na mirror depois que você esvaziar sua mão).

 

Qual lista usar? Aí depende muito do seu gosto. O preço de ambas é parecido, mas as cartas caras são diferentes em cada uma. Se você escolher Burn, o que vai encarecer são os terrenos. Já se você escolher Big Red, bom… você vai pagar caro em terrenos também, mas em um terreno diferente, a nova creature land que é a sensação do momento: Den of the Bugbear.

 

Vamos falar de Plano de Sideboard então? Vou pegar a lista Burn como exemplo, mas alguns princípios se aplicam a ambas as listas.

 

 

● UR Phoenix

 

Eidolon of the Great Revel será disparado a melhor carta nesta partida. Pense sempre que as remoções do deck costumam matar 2 de resistência, então use seus non-creature spells com sabedoria para triggar prowess e inutilizar remoção do oponente (isso pode incluir até esperar um turno para baixar a criatura para poder segurar Burn na mão para proteger).

 

In: 2 Spirit of the Labyrinth, 3 Cemetery Gatekeeper

Out: 4 Skullcrack, 1 Searing Blood

 

● 4c Ascendancy

 

Novamente, Eidolon of the Great Revel é uma maravilha. Tente encerrar o jogo rápido e fique ligado nos Omnath, tenha Skullcrack preparado para o Dollynho. 

 

In: 2 Spirit of the Labyrinth, 2 Roiling Vortex

Out: 2 Searing Blood, 2 Play with Fire

 

● UB Control/UW Control

 

É para ser uma partida boa, mas, ao contrário das duas primeiras, Eidolon of the Great Revel não é uma maravilha nessa partida. Muitas das cartas de decks controle custam muita mana para castar e eles têm Shark Typhoon, então não é sempre que o Eidolon vai triggar. Tome cuidado com Kalitas, Traidor de Ghet e considere subir Chained to the Rocks.

 

In: 4 Roiling Vortex

Out: 2 Searing Blood, 2 Play with Fire

 

● Mirror

 

Tire o Eidolon of the Great Revel se você estiver na draw e caste ele como uma das suas últimas mágicas. Tome cuidado na corrida para você não perder muita vida por shockland e seu próprio Eidolon.

 

In: 2 Searing Blood, 3 Chained to the Rocks

Out: 4 Skullcrack, 1 Lightning Strike 

 

● BW Vampires

 

Essa match vai ser difícil, o deck do oponente tem boas remoções e excelentes formas (Kalitas, Traidor de Ghet, Sorin e Gifted Aetherborn) de lifegain no main deck. Torça para seu oponente comprar a parte ruim do deck dele contra você e tente dar 20 de dano o mais rápido possível.

 

In: 3 Chained to the Rocks

Out: 2 Boros Charm, 1 Play with Fire