Olá! Em poucos dias teremos a rotação do Standard, um momento extremamente pertinente para pensarmos na maneira de abordar um novo formato no Magic: the Gathering competitivo - algo que acontece todos os anos em uma escala macro quando temos a rotação do Standard, em menor escala com lançamentos de coleções e banimentos, e eventualmente com criações sendo disseminadas e apoiadas pelo circuito oficial e/ou independente com torneios, eventos e premiações (Pioneer, Pauper Standard, Standard 2022, Brawl Historic de 100 cartas, etc.).
Quando um novo formato aparece com um incentivo mais competitivo, um dos primeiros passos que os jogadores fazem é procurar quais são as cartas mais poderosas válidas no mesmo, além de quais arquétipos "óbvios" existem. Serão esses os baralhos e estratégias base que passarão a compor o dito "nível 0", e os quais a maioria dos jogadores vão recorrer quando jogarem a ranqueada no primeiro dia ou aquele primeiro grande evento no novo formato.
Recentemente tivemos a entrada no Magic Arena do Standard 2022, formato que recebeu fila ranqueada e alguns eventos independentes com todas as coleções que vão ficar no Standard após a rotação deste ano (mas ainda sem a inclusão de Innistrad: Caçada à Meia-noite).
Naturalmente, os jogadores começaram investindo nas estratégias óbvias: Mono Green Aggro com as então recentes entradas de Classe: Guardiao e Lider de Matilha de Lobisomens em Forgotten Realms e o Izzet Dragons com o núcleo pré-existente do Standard convencional de Dragao da Ponte Dourada, Galazeth Prismari e Epifania de Alrund.
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Bastou um pouco de exploração e incentivo para se jogar o formato para que as estratégias de "nível 1", mais elaboradas nas ameaças, interações e base de mana, fossem feitas para tentar predar os baralhos mais simples do nível 0. Historicamente, se no nível 0 temos aggros monocoloridos e decks mais focados em executar a própria sinergia, no nível 1 encontramos muitos Midranges e Controles voltados para atacar estratégias de criaturas - afinal, sabendo quais são as ameaças mais populares dos outros decks, é possível ajustar um pacote de remoções adequado.
No Standard 2022, vimos isso acontecer com os baralhos pretos como Mono Black, Jund Midrange e Orzhov Snow. Criaturas como Virolho e Carnecal Tropego geram valor para as sinergias enquanto são um corpo para segurar os aggros, com remoções e globais para segurar o meio de curva dos adversários. Bombas como Predador de Immersturm, Lolth, Rainha Aranha e Professora Onix são capazes de "virar a chavinha" rapidamente depois de estabilizar, gerando seus 2x1 para afogar o oponente em valor.
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E aí entra o "nível 2", com os baralhos que ganham dos baralhos que começaram a ditar o ritmo do formato. Geralmente são controles super voltados para os estágios finais da partida, com muitas anulações, efeitos de compras e poucas condições de vitória, ou até mesmo Ramps e Combos que vão por cima de tudo que o adversário está fazendo, mas por vezes pecam na velocidade para competir com os aggros de curva baixa ou com muita disrupção advinda da reserva.
Novamente no exemplo do Standard 2022, tivemos algumas variações desses decks surgindo depois de bastante tempo de maturação do formato. Temur Ramp e Temur Landfall são seus representantes, apostando em acelerar Koma, Serpente Cosmica/Iymrith, Perdicao do Deserto e outras bombas, com direito até mesmo a um combo envolvendo Exploracao de Valakut, Jornada ao Oraculo e Kraken Rompe‑gelo (gerando uma infinidade de disparos do encantamento vermelho para dano direto no adversário).
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É claro que estratégias envolvendo um rol de cartas que custam mais de oito manas muitas vezes vão acabar sofrendo na mão dos baralhos mais rápidos e agressivos - então para fins de simplificarmos a compreensão dos níveis, vamos considerar que ao chegar no "nível 2", o metagame costumeiramente retorna ao "nível 0", e permanece ciclicamente nesses níveis de acordo com a percepção dos jogadores em um dado momento, para um determinado torneio ou final de semana, ou até mesmo por um período de semanas até chegar algum novo ator no grande cenário daquele metagame.
Outro exemplo de abordagem para um novo formato foi durante o Pauper Standard ao final do ano passado - um formato não exatamente oficial, mas que era possível de ser jogado no Magic Arena e que contou com um torneio de organização independente com boa premiação, gerando certa mobilização por parte da comunidade aqui no Brasil. Algumas das estratégias mais óbvias eram aggros como Gruul Landfall, Mono Red, White Weenie e afins, e com isso uma boa forma de estar no "nível 1" naquele formato era um Midrange como o Mono Black.
Ele possuía uma ótima base de mana para os padrões do formato (que contava só com as lifelands e Terras em Desenvolvimento para fixar duas cores), remoções para lidar com criaturas de variados tamanhos, além de formas de gerar valor como recursão de cemitério e criaturas com efeitos quando entram em jogo.
O baralho foi bastante promissor, chegando a faturar o caneco em torneios menores que antecederam o grande evento, mas quando chegou o dia de fato, houveram zero cópias dele no Top 8 - com muitos decks pesados, repletos de criaturas que puniam as remoções do Mono Black, como Megalodonte Espinhoso, Garca-de-cauda-onirica, Visionaria Joraga e Visionario de Llanowar, esses sim situados no "nível 2" do formato.
Agora entrando de forma mais prática além do que já temos de conhecimento no formato Standard 2022, com Innistrad existem algumas estratégias mais óbvias que devem surgir nessa primeira semana. Alguns tribais como Lobisomens ou Zumbis parecem fazer muito sentido, e outros arquétipos perpétuos ao Magic competitivo como Mono Red Aggro e Azorius Control também devem ser minimamente viáveis e compor o nível 0 de estratégias básicas esperadas.
Logo, a tendência é termos a aparição de baralhos que tentam predar decks agressivos e tribais, com um plano na reserva dedicado para partidas mais lentas com descartes e planeswalkers de valor. E quando esses decks estiverem sendo cada vez mais lapidados, a ponto de dominarem o topo do metagame, é esperado que decks mais pesados, capazes de ignorar as remoções menores e emplacarem um topo de curva absurdo tomem a vez.
É claro que existem mais ramificações do que somente "nível 0, 1 e 2" - nem sempre os baralhos mais básicos de um formato são os aggros, tampouco os que aparecem para combatê-los são obrigatoriamente Midranges/Controles e na sequência Ramp/Combo. Existem situações onde os baralhos óbvios acabam sendo os próprios Midranges/Controles, e daí acabam surgindo, por exemplo, aggros resilientes como alguns tipos de Selesnyas (com fichas para não sofrer na remoção 1x1 ou criaturas com proteções, que geram 2x1, etc.).
Por fim, um risco que está sempre presente na vida do jogador competitivo na hora de escolher seu baralho para um torneio é a questão se vai "acertar" o nível do metagame - vimos no decorrer desses anos alguns jogadores e equipes profissionais que pareciam sempre ter o deck certo para aquele torneio em particular (pense em Brad Nelson, Márcio Caravalho ou Autumn Burchett e suas respectivas equipes).
Há também os casos onde os jogadores avançaram demais nessa leitura, imaginando que a maioria da competição estaria trazendo decks de "nível 1" para ganhar do "nível 0" e portanto trouxeram decks de "nível 2", mas acabaram fracassando de forma retumbante quando a maioria do metagame era composta pelo "nível 0" que os puniriam.
E quanto a vocês, leitores, como enxergam que deve ser a abordagem para um novo formato competitivo? Concordam com a simplificação de "níveis" para operar? Acrescentariam alguma informação adicional? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
Embutir na Liga
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