Olá galera, hoje quero falar do outro lado do jogo. Rudá Reis me falou outro dia que o “legal do Magic é o Gathering”. Em cima dessa frase que quero falar hoje. Quero ir mais além, hoje (tirando esse momento de exceção que é a pandemia do covid-19 onde tudo mudou) quem é que nos trás Gathering do Magic?

Ou melhor, onde pelo menos encontramos esse outro lado? Nas lojas nerds, onde muitas oferecem quadrinhos, “bonequinhos” (ou action figures em inglês), boosters, camisas nerds, mangás, Magic e outros complementos que nos ajudam a sermos mais nerds do que somos. Sem eles, e seu desbravamento de anos de luta não estaríamos aqui. Não devemos deixar de ir nelas, ou manter contato com elas. Elas são também, sem contar outras coisas, um dos nossos “Gathering” do Magic. 

Antes de ser um jogador de Magic, o qual amo esse jogo e tudo que está ao seu redor, sou nerd assumido. Poucos sabem, mas um dos meus sonhos sempre foi trabalhar na Wizards, já que sou especialista em testes de software (opa!!!), ou até escrever um livro (ou conto oficial) para a Wizards (opa!!!). Fazer o que gosta e ama é a melhor coisa. Muitos tomam atitudes que vão além em busca de seus sonhos. 

Não o conheci, mas DOUGLAS QUINTAS REIS, fundador da DEVIR, falecido em 2017, acredito que foi um deles. Ele incentivou a cultura Nerd através da trazer quadrinhos importados e jogos nerds, como o Magic, pela Devir. Sonho ou não, ele fez isso. Sem contar o apoio ou suporte as lojas em quadrinhos/nerds, ele de certa forma “plantou” um pouco do “Gathering” por aí.

TASSIUS POPPE DE CARVALHO, que faleceu em 2019, que conheci e acabei me tornando amigo dele, era dono da POINTHQ (de Ipanema). Era outro desbravador. Largou a empresa onde trabalhava para abrir uma loja de quadrinhos. No início a loja não dava lucro. Depois de forma divina a loja saiu do vermelho. Ele seguiu seu sonho com a esposa carinhosamente chamada de ZIZI. O que eu mais gostava de fazer era ir lá, e não era apenas para jogar pois era um jogador fraco. Amava conversar com ele e ficávamos trocando histórias. Aproveitava e via revistas, camisetas e sim, eu aproveitava para comprar alguns boosters de Magic. Era impossível sair de lá sem comprar algo, nem que fosse um boton. Comecei jogando lá. Em 2017 fiz uma rara entrevista com ele que pode ser vista clicando AQUI, para meu canal DUALIDADE TECNERD (meu canal é irregular e louco, mas é bem legal) 

O carinho que ele tratava os jogadores novos era algo que deveria ser imitado por muitos lojistas. Ele acreditava que os jogadores novos precisam ser bem recebidos, e ele falou isso para mim. A loja, como qualquer coisa na vida, podia ter suas eventuais limitações, mas era referência aqui no Rio de Janeiro alguns anos atrás. Com a pandemia restou somente a loja da Tijuca, que recebia para jogar Pokémon as crianças antes da pandemia. Muitas mães não entendem que tem um filho nerd. Afinal, “filho não vem com manual de instruções” como dizem. Essas crianças iam às lojas e ali já se iniciava sua jornada pelo mundo nerd. Ele falava muito do papel da mãe nesse processo. Posso concluir que Tassius era outro desbravador que procurava trazer um pouco do “Gathering” ao magic. 

TALES irmão do Tassius, que comanda a METROPOLIS do Méier, que infelizmente por fortes limitações de espaço não é possível realizar torneios. Mas a loja é um mini templo dos quadrinhos no Méier. Sempre que posso (isso era antes da pandemia) passava na loja e comprava algo. A loja possui uma boa lista de quadrinhos, camisas nerds, boosters e material de apoio e muito mais. Hoje vejo no site e ligo para loja, aí me trazem em casa quando peço, pois moro no Méier, mas a loja envia pelo correio. Mas a entrega depende de cada caso. Quando ia à loja o que mais via era o pessoal conversando sobre quadrinhos. Eu mesmo perguntava várias coisas e comprava algo. Eu mesmo cheguei a comprar até um cordão/relógio do Dragon Ball Z lá. Recentemente quando comprei algumas revistas, dei de presente para o Tales um exemplar de meu livro, COMPORTAMENTO ALEATÓRIO. Curiosamente depois ele me contou que deu (ou emprestou) o exemplar que dei a ele para o CASSIANO do canal MUNDO GONZO para ler e responder com uma análise. Eu não teria dado ou emprestado (sou ciumento com meus livros como diz a minha mãe), pois considero que presente é presente, mas achei a ideia interessante e criativa. O Cassiano vai muito lá, e é algo que mostra que “paraísos nerds não morrem”. Acho difícil o Cassiano conseguir tempo para ler (mas vai que estou errado), pois o foco dele é quadrinhos. O canal dele é bem legal (recomendo!), mas o que ele respira, fala ou comenta no canal são quadrinhos e não literatura nerd. Podemos ver que um paraíso nerd (por menor que seja) alimenta outros paraísos nerds. Se uma “ilha nerd” morre, perdemos com ela. Muitas vezes as outras lojas ficam longe demais e o tempo de deslocamento (ou de viagem) acaba sendo grande demais.

O meu primeiro paraíso nerd, foi justamente uma pequena loja que ficava no famoso Edifício Avenida Central no centro do Rio de Janeiro, era a BARBARA MAGIA (não sei se o nome está correto). Lá vendia quadrinhos, boosters de Magic, RPG, acessórios e mais. Por questão de espaço não tinha torneio, mas lá eu tive meu primeiro contato com magic. Comprei ARENA, o livro. Comprei o jogo para PC Shandalar (tenho até hoje que consegui fazer rodar sob o Windows 10). Apaixonei-me por magic lá. Ou melhor, me apaixonei pelo Gathering do Magic. Anos depois a loja mudou e foi para um edifício na Rua Treze de Maio no Centro. Acompanhei a mudança. Teve um dia que tanto “encher o saco” do gerente da loja  perguntando (foram anos) “quando vai ter um torneio de magic aqui” (isso mesmo!!!). Até que um dia ele me respondeu que “se você arrumar uma galera que faça o torneio e organize eu libero”. Pronto!!! Oba. Nascia ali um berço de outra loja. Falei com um amigo da POINTHQ (o LEANDRO FLORESTA) que hoje vejo de forma rara (pouco falo com ele hoje mas continuamos conectados por redes sociais). A partir daquele momento a loja passou a organizar torneios no Centro. Chegou a ser um uma novidade local (“uma loja no centro do Rio, oba!”, muitos falaram).  DUDA, hoje dono da RED JOGOS organizava sua “banca” de venda de singles de Magic lá (a Red nem existia naquela época). Comprei muita carta com ele. Nunca me esqueço que em um aniversário meu ele me presenteou com uma land full art de presente assinada por ele. Obrigado! Fiquei emocionado. A loja Barbara Magia fechou algum tempo depois por questões administrativas (estava cheia de dívidas muitos dizem). 

Mas a galera não deixou morrer o espaço. DUDA e outras pessoas organizaram torneios no mesmo local, mesmo com a loja fechada, com a permissão do condomínio. Pouco tempo depois DUDA conseguiu abrir RED BOX (que anos depois mudou para RED JOGOS) no mesmo andar onde era a Barbara Magia. Muitos ainda chamam pelo primeiro nome da loja. Traduzindo: talvez (e somente talvez) se não fosse aquele cara chato (eu!!! Ah ah ah ah)  perturbando para ter um torneio ali hoje sequer existiria Magic naquela área do Rio de Janeiro. Um evento simples desencadeou uma série de outros eventos. De certa forma, eu também fui um “desbravador” do Magic, mesmo sem levar credito oficial, ou um aperto de mão, por isso, fiquei feliz. Plantei minha sementinha de “Gathering” na vida. Hoje lojas como a RED JOGOS, que são ótima referência ofertam livros, magic, RPG e outras coisas. Joguei bastante na antiga RED BOX. Anos depois ela mudou de local, mas permaneceu no Centro e na Treze de Maio. Quantas pessoas ficaram felizes por jogar magic e descobrir mais um espaço nerd? Muitas. Obrigado DUDA por não desistir. Ele também foi um desbravador nerd. 

Existem milhares de histórias por aí. Eu agradeço a cada pessoa e a cada lojista (de lojas de quadrinhos/nerd/magic), como tantos que existem por ai. Vocês não desistiram de seu sonho. Isso vale para milhares de lojas espalhadas pelo Brasil. Isso inclui as pequenas lojas. Indiretamente vocês não desistiram de nós. Fico triste porque muitas lojas fecharam ao redor do Brasil por conta da pandemia. Então, peço, humildemente, não vamos desistir deles, porque eles não desistiram de nós. Se desistirmos deles, estaremos desistindo de nós mesmos de forma indireta. OK, você compra pela Amazon, ou por outra loja online, tudo bem a crise está aí. Podemos, com um pouco de boa vontade, achar sempre um plano B ou C, como eu fiz pedindo na METROPOLIS se poderiam me entregar, pois muitas estão entregando em casa, seja por correio ou não. Se eu podia comprar algo, pelo menos eu ligava e/ou seguia a loja nas redes sociais como fiz com a POINTHQ da Tijuca. Eles nos trouxeram um pouco do Gathering e não podemos nos esquecer disso.

Alguém poderia perguntar: “mas afinal Molinari, o que é o Gathering do Magic?”. Eu responderia que “é pouco disso tudo que falei”. Nem tudo é jogo e ganhar. Existe todo um mundo nerd ao redor do jogo (ou jogos) que pode nos trazer um bom lazer e felicidade, como revistas, RPG, camisas nerds, action figures e muito mais. Pense.

Conto algumas outras histórias no meu romance, “Comportamento Aleatório”.  Quem leu gostou e tem na Amazon e na Altabooks (aqui tem 3 capítulos free para ler em pdf). Até breve. 

Obrigado galera e “vamo” que “vamo”.