Fala galera, tudo certo? 

 

Quem já conhece nossa coluna sabe o quanto gostamos de formatos de jogo que são considerados por muitos como não sendo Magic. Afinal, não existe um commandeiro nesse mundo que nunca ouviu aquela tão famosa frase –“Commander não é magic!”. Assim como todo jogador de cEDH já se deparou com a indagação: -“Mas cEDH é ou não é Commander?” 

Mas mesmo apesar disso, estamos sempre buscando sanar essas dúvidas, mas acima de tudo também buscando pela premissa desse formato, que no geral é apenas uma: A diversão. 

Dito isso, é natural que jogadores com o passar do tempo criem parâmetros próprios para seus playgroups, sempre a fim de aproveitar ao máximo sua experiência de jogo, colaborando sempre para o surgimento de variantes de um formato, ou até mesmo um novo formato definido através de um acordo geral. E é daí que surgiu o formato que será protagonista no assunto de hoje!

 

Mas antes de qualquer coisa, se você se interessa pelo commander de um ponto de vista competitivo, não se esqueça de procurar pela cEDH Brasil no Facebook e também nas nossas demais redes sociais. E para quem não conhece, temos uma extensão dessa nossa coluna na Twitch.tv/papo_cedh, onde trazemos em forma de bate papo assuntos importantes do meio do commander, assim como entrevistas e mais. 

 

Então agora que o recado foi dado, vamos ao que realmente interessa!

 

- Você conhece o Conquest?

 

Esse formato de nome ainda desconhecido para muitos nasceu da coluna vertebral do commander, seu formato base, e foi criado em meados de Abril de 2020 por jogadores conhecidos dentro da comunidade competitiva, como SickRobot, Shaper e Braden. 

Ele nasceu com o intuito de trazer de forma mais acessível o conceito da competitividade no multiplayer, aplicando inúmeras demandas feitas por jogadores que experienciam diariamente o formato. 

 

Talvez para os menos habituados do cEDH fique difícil de compreender sobre esse ambiente, mas como já falamos em diversos artigos aqui na ligamagic, o commander quando jogado em Power leveis mais altos acaba criando restrições naturais, como por exemplo: 

 - A inviabilidade de arquétipos como Aggro e Voltron; 
 - Um meta game muito restrito;
 - O valor dos decks, já que muitas das staples são parte da reserved list;
 - E por fim a banlist, que por ser pensada exclusivamente para o jogador casual acaba gerando conseqüências diretas no metagame. 

 

Pensando nisso, através de um consenso entre a comunidade acabou surgindo o Conquest, com uma proposta baseada na tentativa de solucionar esses “problemas”. 

Então vamos dar uma olhada nas regras e mudanças mais significantes, e depois aprender um pouco sobre a Filosofia do formato. 

 

- O Conquest

 

Essa variante do formato commander (EDH) tem como foco a diversidade estratégica voltada ao jogo multiplayer com aspectos competitivos. 

 

● Regras

 

O formato herda do commander toda a sua base de regras e mecânicas, com exceção das seguintes mudanças:
(Sugerido para jogos com 4 jogadores)

 

1 – O comandante pode ser uma criatura lendária ou um Planeswalker;
2 – Cada jogador tem um total de 30 pontos de vida. No caso de jogos 1x1, recomendamos 25 pontos de vida;
3 – O dano de comandante foi definido para 12;
4 – Cada deck deve possuir no mínimo 80 cartas como singleton (não pode haver múltiplas cópias de uma mesma carta, exceto terrenos básicos)

 

● Banlist

 

- Todas as cartas na Reserved List; (Você pode checar a RL completa Aqui (Reserved List - MTG Wiki (fandom.com)).);
- Todas as cartas de tipo “Conspiracy” ou com referências a “Apostas” (Playing For Ante);
- Cartas de borda prateada (unsets) são ilegais no formato;
- Todas as cartas definidas como racialmente/culturalmente ofensivas pela wizards não são permitidas. (você pode conferir essa lista clicando Aqui (Depictions of Racism in Magic | MAGIC: THE GATHERING (wizards.com)).);
- Todas as 10 Fetchlands de Investida + Zendikar são banidas no formato;

Além disso, as cartas da lista a seguir também são banidas do formato, sendo o sideboard os cards da secçao banidos como comandantes.
 

- A Filosofia do formato

O conquest tem como objetivo manter através de uma curadoria um espaço mais amigável para que haja uma maior variedade de arquétipos e estratégias, fomentando uma maior criatividade dentro do deckbuilding, mesmo dentro de um ambiente mais competitivo. 

Uma das grandes mudanças e que colabora para esse quesito é justamente a legalidade de Planeswalkers como comandantes, ampliando de maneira significante a Pool disponível para a construção de decks.

Outro ponto importante a ser citado é o banimento de toda a Reserved List, o que colabora para um formato monetariamente mais acessível até para decks mais otimizados, já que atualmente a RL representa 25% de todo o custos para decks de cEDH.

 

Os arquétipos também são outro aspecto importantíssimo dentro do formato, já que a diminuição de pontos de vida e também do Dano de comandante possibilita mais espaço para decks Aggro e Voltron, que atualmente são inviáveis no cEDH. 

Além disso com o banimento de vários dos tutores diretos e aceleradores de mana massivos, temos um jogo mais equilibrado em relação à colorpie, onde a progressão é menos afetada pela escolha de uma cor específica.
 

E por último, mas não menos importante, podemos citar a diminuição de cartas do deck, o que facilita na construção sem perder o foco principal, já que tutores são relativamente mais escassos. 

Decks de 80 cartas permitem listas mais enxutas, mas também aumenta consideravelmente a importância de cartas específicas.
 

- Algumas dicas para o formato!
 

● Deckbuilding:
 

Já que dessa vez lidamos com decks de 80 cartas e sem acesso a fetch lands, o mais recomendado é que o deck utilize uma média de 25 a 30 terrenos, sendo 27 um número seguro para jogadores que querem testar. 

É bom considerar que decks com até 3 cores terão bases de mana mais consistentes do que outros com mais cores, o que exige um maior estudo e dificuldade na hora de definir sua lista. 

Correções através de ramps podem ser opções muito viáveis. 

E não se esqueçam de que remoções pontuais para criaturas e boardwipes são sempre muito bem vindos!

 

● Arquétipos:

 

Decks com planos de jogo aggro e que visam a vitória através de um plano de combate são muito efetivos, mas é importante que sejam resilientes a boardwipes, pois reestruturar seu campo pode ser uma grande janela para uma vitória inimiga.

 

Já decks Voltron necessitam de um cuidado especial para com o comandante, então se certifique de que ele tenha formas de evasão eficientes, assim como proteções pontuais e ou globais. 

 

Decks combo não são novidade, já que ganhar de 3 oponentes ao mesmo tempo parece a melhor opção, mas não se esqueçam de que com um número limitado de tutores e o banimento de acelerações e combos compactos (tassa’s Oracle  & Dockside) pode levar o jogo para um ritmo mais lento. Então sempre opte por pacotes eficientes e resilientes, substituindo velocidade por qualidade. 

 

Controls por sua vez terão que se acostumar com respostas e ferramentas para lidar com planos aggro ou voltron, voltando a dar atenção para o combate e aproveitando a vantagem trazida pela ausência de aceleradores massivos de mana, como Cripta. 

● Algumas sugestões de decks: 

 

Aqui trarei para vocês algumas sugestões de decks feitos pelos criadores do formato para demonstrar estratégias únicas e cartas que estão a disposição. 
 

Aqui temos uma lista da nossa querida Capita Sisay que utiliza o Motor do Paradoxo como base de sustentação, trazendo novamente o gosto de um deck que não via a luz desde 2019. 

Neste outro exemplo temos um deck de planeswalker baseado em storm através da pinça craniana, permitindo turnos explosivos. E tudo isso numa lista inteiramente Boros!
 

E por fim, um exemplo de voltron baseado em marcadores, onde o deck se baseia na criação e sacrifício de tokens para fortalecer o comandante. Novamente num deck de duas cores, sendo dessa vez um Golgari.
 

- Considerações finais

Após muito estudar resolvi trazer para vocês esse formato diferente e que me agradou muito, por isso agora irei pontuar algumas coisas das quais considero importantes, lembrando que são opiniões pessoais. 
 

À primeira vista a ideia de ter um formato separado do commander pode parecer inviável, principalmente se partirmos do argumento que mais ouvi nos últimos tempos: - “Não vale a pena montar um deck de um formato que ninguém joga!”. 

Pois é, e é justamente por isso que acho muito válido darmos uma chance para testá-lo. 

Um dos grandes pontos altos aqui é justamente ser algo novo, que ainda está sendo estudado, abrindo muitas portas para decks e estratégias diferentes do que estamos habituados. 

Um ambiente experimental é sempre muito acolhedor, já que qualquer deck pode se mostrar muito eficiente, assim como não tão interessante, ainda mais dentro dos parâmetros que o Conquest oferece. 

Aqui mesmo em nossos artigos não é difícil encontrar comentários que miram diretamente nos preços de decks cEDH, ou também de jogadores que flertam com ele mas não podem adquirir suas cartas por conta da avalanche que o mercado tem sofrido, e dentro do nosso ambiente esse problema acaba se dissolvendo!

Com o banimento de mana rocks caros e da reserved list os preços dos decks se tornam consideravelmente menores, assim como a variedade de estratégias que passa a ser uma realidade presente. 

A ausência de um metagame é também algo muito interessante, que mostra o quão maleável o formato ainda se encontra, com poucos decks se destacando de fato, como é o caso da nossa querida Yuriko.

 

Um mês antes da escrita deste artigo tivemos o primeiro campeonato de conquest relevante, chamado King of the Chrome, onde um brasileiro (Kaylani) acabou em segundo lugar garantindo sua premiação, e seu feedback mostra o quanto uma comunidade estreita é saudável. 

Ao mesmo tempo que o torneio se desenvolvia, tínhamos o amparo freqüente do comitê responsável pelo Conquest, analisando os movimentos dos jogadores e discutindo pessoalmente sobre potenciais mudanças futuras, o que garante que tenhamos atualizações para sempre tentar manter um ambiente saudável e equilibrado de acordo com o feedback de pessoas que estão jogando!

 

Então dito isso recomendo a vocês a darem uma chance de testar essa oportunidade interessante de ter uma comunidade trabalhando para a construção e crescimento de um formato onde a premissa segue sendo a diversão!

 

Se você gostou desse artigo e quer ver mais conteúdo sobre conquest, comenta aí pra discutirmos melhor sobre o assunto. 

Se você tem alguma duvida, sugestão ou critica, deixe seu feedback, e não se esqueça de sempre tratar o coleguinha dos comentários com respeito!

 

Agradeço a todos que leram até aqui, um grande abraço e até a próxima!

 

                                                                                             por Jefferson (Jeff) Barbosa