Fala galerinha do meu coração, como ceis tão?

 

Depois de muito se debater com banimentos e MUITO³ choro, o Modern aparenta estar em um bom momento, com decks diversos e velhas cartas voltando a aparecer.

Uma coisa que sempre advoguei era ser possível jogar com praticamente qualquer coisa e ter sucesso, tanto no Modern quanto no Legacy. Eu mesmo já tive algum sucesso com maluquices que não eram decks de 57 raras no maindeck, até mesmo no Legacy. Claro, nem sempre é possível ir para o extremo da groselha e jogar de tribal de Bode, mas vira e mexe dá pra jogar com algo um pouco diferente. E hoje vamos falar sobre decks um pouco diferentes do que vemos nas top tables(ou como campeões, no caso do Magic Online) mas que ainda assim conseguiram fazer algum impacto online, seja fazendo 5-0 em ligas ou top 32 em Challenges.

Jogar com um deck um pouco(ou até mesmo muito) diferente de um baralho convencional do field pode te trazer vantagens imensuráveis.

A primeira vantagem é que seu deck pode confundir o adversário, uma fetchland turno 1 do seu lado pode fazer com que o oponente jogue de maneira diferente que jogaria se soubesse do que você realmente está, além de não saber jogar corretamente em torno de cartas específicas que só jogam em seu deck(Assentar nos Destrocos ou algum combo que ele não tinha como saber porque você não havia revelado nenhuma peça). O outro ponto importante é que, além de poder sidear de maneira errônea por não saber o que tem no seu deck, o side do outro lado pode não ser muito efetivo contra você. Artefatos e Cemitérios são facilmente hateados post board, mas se sua estratégia é fazer um monte de encantamentos ou se tem um deck híbrido entre spells e criaturas, fica difícil ter cartas efetivas contra você, diminuindo a porcentagem ganha pelo side do oponente.

 

Nem todos os decks que vamos falar hoje são “série D”, mas também não são Mainstream o suficiente para serem considerados Tier decks como BR Midrange e Heliod Life.

 

 

Reclamation já fez um bom sucesso no Modern em 2019 e 2020, geralmente com vermelho para Wrenn e Seis ou preto para removals mais efetivos. Essa lista não precisa de nada disso, tudo o que ela quer é ficar viva e resolver uma Reconquista da Natureza. Com o encantamento em campo, o jogo muda muito pois você pode gastar sua fase principal para dar draws com spells ou scry com o castelo.

O deck é uma pilha de interação, e o que combina bem com trocas 1 pra 1? Ele mesmo, o Uro, Tita da Ira da Natureza, te garante uma vidinha, land extra para abusar com Reclamation e ainda finaliza o jogo custando “0” manas com o encantamento desvirando na end step.

Depois de umas boas trocas, é só você estabelecer uma mesa com Uro, Jace ou Typhoon e começar a conjurar Nexo do Destino como se não houvesse amanhã(para seu oponente não haverá), ganhando turnos extras de porrada ou para gerar mais valor. O deck compra tanta carta que é possível comprar um Nexus todos os turnos com ajuda de Jace e loopar de turnos infinitos. Uma maravilha pra você, más notícias para o seu adversário.

Ficando no top 16 do MTGO Modern Champ Qualifier, dá pra ver que “inventar moda” também pode ser um dos segredos para o sucesso.

 

 

Ele voa! Ele nada! Ele anda! Ele não faz nada muito bem, ele é o Pato!

Se você gosta de decks com milhares de opções, o Yorion Chord é a boa pra você, com combos infinitos com Kiki-Jiki, o Estilhacador de Espelhos, diversos tutores e MUITAS maneiras de gerar valor.

É o típico deck que tem problemas em finalizar rápido sem combo ou Stoneforge, mas ele sempre terá o que fazer e, geralmente, comprando cartas enquanto faz outros efeitos.

É o deck ideal para quem gosta de gerar valor através de pequenas interações e, apesar de não parecer, a sinergia do deck acaba sendo bem opressiva depois de algumas interações, fica difícil grindar em cima de um oponente com Eidolon da Retorica, Arquimaga de Glen Elendra e Omnath, Locus da Criacao na mesa.

Por ser um deck cheio de tutores e silver bullets, você acaba escapando de situações problemáticas com mais facilidade já que seu deck já tem a resposta para aquela situação no g1, só precisa encontrar o tutor. Com um pouco de sorte, também é possível comprar as bullets naturalmente na partida certa e se sentir um gênio de QI 500 quando achar aquele único Ooze no turno 2 contra o Dredge.

Esse deck fez 5-0 nas ligas do Mol, não é “óoo, que absurdo” mas prova que é possível fazer alguma coisa legal com uma lista diferente.

 

 

Desde o banimento de Cruzeiro do Tesouro em 2015 o Jeskai Ascendancy nunca passou de um meme no Modern. Bem, ele continua um meme, mas agora um meme super equipado e com maneiras mais legais de se combar.

A ideia do deck é resolver uma Ascendencia Jeskai com uma criatura desenjoada ou desenterrar o Cosedor de Destino. Com isso feito é só ir jogando magiquinhas, desvirando e pumpando seus bixos, sempre podendo gerar mana para, pelo menos, ficar no 0 a 0 da mana enquanto faz a sequência. Eventualmente você terá múltiplos Cosedores do Destino na mesa para gerar mais mana do que você gasta nas mágicas, dar um Desejo Fulgurante para Carne // Sangue e matar sem precisar bater.

O que é mais interessante dessa lista é que ela abusa de Ruptura do Submundo que, em conjunto com Bijuteria de Mishra, te garante “Storm infinito”, pois cada Bauble gera um untap, um +1/+1 e um Loot, cada Loot, além de esculpir sua mão, é ⅓ do escape para conjurar outra bauble, assim é só você ir procurando outras mágicas baratas para continuar a brincadeira que você finaliza a partida rapidinho(no máximo em 48 minutos combando no Mol hahaa). Também é possível fazer Talento Eliminador em qualquer criatura e ficar dando bounce e reconjurando o Explosivos Fabricados ou a Bauble, gerando quantos loots você quiser. Mesmo com apenas uma criatura na mesa, que você não geraria mana a mais nessa sequência, é só você dar loot até encontrar o Cosedor e Voilà, você está batendo infinito e comprando quantas cartas quiser, pois o Loot não é obrigatório!

Não é um deck muito simples de se jogar, mas é um dos mais divertidos que veremos hoje.

 

 

Erayo, Ascendente Soratami // Essencia de Erayo é uma carta que vem crescendo bastante em popularidade no Magic Online, alternando entre versões com Urza e com Mentor.

A ideia principal do baralho é fazer a Erayo e mais 3 mágicas no mesmo turno para flipar-lá(ela tem que estar em campo antes da quarta mágica ser conjurada), e para facilitar o processo, o deck é cheio de mágicas ultra baratinhas, não vai dar pra fazer Storm 4 se seu deck for cheio de drops 4 e 5, né?

A maneira mais simples de flipar a Moonfolk é conjurando-a, seguido de uma Mox de Ambar, que se torna ativa porque a Erayo é lendária, um Revogar na própria Mox, e refazer o artefato de custo 0 novamente. Pronto, você acabou de transformar o seu 1/1 voar em um super Contrabalancar.

Para aproveitar o tema de artefatos de custo baixo, temos Emry, Espreitadora do Lago, que recorre Mishra's Bauble para te dar um efeito de Mina Uivadora e facilita o Storm 4 para o flip. A Minamo, Escola a Beira d'Agua te permite desvirar a Emry, podendo fazer 2 artefatos de custo 0 no mesmo turno, tornando a tarefa de fazer 4 mágicas no mesmo turno bem trivial. Se seu plano de Flip não der certo é só socar tokens do Mentor do Monasterio na cara do oponente, criaturas 5/5 matam bem rápido, caso você não saiba.

 

 

Quem não gosta de um Fadas à lá Yuta Takahashi?

O deck é um Aggro Control com vários elementos de tempo, abusa do tema de fadas com Florescencia Amarga para gerar mesa, aumentar drasticamente o número de fadas até que a Silfide Magioclasta se torne um Hard Counter. Para a felicidade dos fadeiros o Caloteiro Descarado // Pequeno Furto não é apenas uma carta bem sólida para este tipo de deck como também é uma fada, encaixa perfeitamente!

O deck usa Comando Criptico da minha maneira preferida: agressivamente!

Qualquer turno que você ganhar dando um bouncezinho numa land ou tap+draw já é bem relevante para controlar com as Tokens voadoras ou com os Walkers.

Não subestime a capacidade do deck de finalizar partidas rapidamente, o deck tem um exército de 1/1 voadores, fadas 3/1 e Elementais 3/2 imbloqueáveis. Uma hora você está lá, vivão, toma um comandinho tap + draw e o jogo vira completamente.

 

 

Mais um deck tribal e com fadinhas, mas dessa vez elas estão com uma camisa enrolada na cara, é claro que é um deck de rebelião de presídio Ninjas!

A ideia aqui é fazer algum bixo com voar, atacar e usar o Ninjutsu da Infiltradora Engenhosa, Ninja das Horas Tardias e da Naga do Sindicato das Brumas, gerando algum efeito quando o dano conectar, enchendo sua mão ou a mesa.

O deck é feito de pequenas vantagens, raramente você estará muito na frente, mas sempre o suficiente para que o adversário não consiga recuperar o tempo perdido sem perder pelo menos um turno inteiro dando removals. Removals esses que você lida bem com os counters baratos e, principalmente, com os gratuitos(Forca da Negacao e Cardume Desintegrador).

É o tipo de deck que tem muitas dificuldades para voltar pro jogo se estiver na desvantagem mas que tem muita facilidade em começar gerando vantagens antes que os outros decks do formato. Não se esqueça que o  Ganso Dourado também pode atacar para gerar o Ninjutsu.

Por mais estranha que a lista pareça, ela fez Top 8 em um torneio entre Suíços feito pelo Discord.

 

 

O Boros Land Loss é o irmão mais novo do Ponza, só que invés de um híbrido entre Land Destructions(LDs) e pressão de criaturas, o RW prefere ir mais para o elemento prison, com menos maneiras de finalizar mas com mais maneiras de impedir o oponente de jogar.

O LD principal do deck é o Retumbar // Arrebentar, que dá um LD no começo do jogo e funciona como Armageddon mais pra frente. Para tirar proveito do LD em você mesmo, o deck usa 4 Cataratas Cascateantes, que por serem indestrutíveis não sofrem nada para o Retumbar, e 4 Lajes de Trokair, que, quando morrem, te buscam uma carta de planície, te deixando com a mesma quantidade de lands enquanto o oponente perde uma.

Dizimo de Mana e Ejetar são ótimas interações que lidam melhor com topdecks adversários que o Ponza convencional lidaria, poder anular um Planeswalker por apenas uma mana é bem melhor do que ter que atacá-lo com criaturinhas depois.

A cereja do bolo fica com o Campo de Opressao, travando Fetchlands, criaturas com habilidades ativadas e dando um Spell Pierce na ativação de Planeswalkers.

É um deck que entra na categoria do antigo BW Pox, chamado carinhosamente de “sem amigos”, por que será?

 

 

Há quase uma década diversos brewers tentam fazer um deck de Delver viável no Modern, e, acredito eu, que eles sempre sofriam em dois pontos importantes: falta de counters eficientes e de manipulação de topo. Esse Grixis consegue resolver esses problemas de uma maneira meio diferente, invés de jogar com muitos counters, ele tenta jogar de maneira mais agressiva com o tema de Ladinos e abusa de Burns para finalizar a partida mais rápido, diminuindo a necessidade de precisar de diversos counters no mesmo jogo.

A centerpiece do baralho é o Investigador de Segredos, com 27 mágicas é bem fácil de flipá-lo, e , na forma de 3/2, ele exerce um clock bem imponente. O deck também tem um subtema de Ladinos/Mill com Impositora da Guilda dos Ladroes e Ladrao de Pensamentos Planador, crescem bem rápido num formato com Fetchlands e mágicas baratas e podem millar cartas importantes do adversário sem precisar dedicar o deck inteiro ao tema de Mill. O mill incidente melhora muito o Afogar no Lago, carta que "antigamente" dependia quase que exclusivamente de Purgar Pensamento, com uma chance razoável de falhar contra mágicas pesadas. Agora com 8 criaturas que millam recursivamente, você pode contar que seu Drown vai anular ou matar até mesmo um Pescador Grumag.

Não é um deck ultra interativo com mágicas na pilha como é o caso dos Delver Legacy, mas ele é bem rápido e ataca de várias maneiras, dando um bom caldo.

 

O Modern é um formato que tem mais de 50 coleções na Pool. Hoje ele é maior que o Legacy era quando o Modern foi criado, dá pra ver que é carta pra caramba, as opções são praticamente infinitas. 

Quando for jogar com um deck fora do Meta, tenha em mente tudo aquilo que já discutimos aqui sobre construção de sideboard, como você fará para sidear, montagem de base de mana e contar se os enablers são o suficiente para os payoffs, independente de qual deck seja. Não adianta dizer que o deck é ruim se você mesmo o montou de maneira “errada” ou se cometeu missplays em momentos importantes. Não importa o quão bom(ou ruim) o seu deck seja, no fundo ele não joga completamente sozinho, e tenha em mente que ganhar de decks Tier com groselha pode ser um pouco mais difícil devido à qualidade e eficiência de cada carta individualmente. 

Não deixe isso te desanimar e abandonar as groselhas, não é isso que estou dizendo!

Eu amo groselhas, a galera que joga comigo sabe que estou sempre montando a próxima groselha para testar no FNM, mas tenha em mente que jogar com groselha deve ser para resolver um problema do field de maneira diferente ou te divertir. Se for jogar com decks podreiras, não espere ganhar o torneio sem esforço. Primeiro você pensa o que quer fazer e depois vai jogar, senão vai ficar choramingando que devia ter ido de Tier 1 absoluto e que os Deuses do Magic são injusto com seus draws(eu sei bem como é, esse cara sou eu).

Aproveita que você leu até aqui e me dá uma força lá no Youtube, tem sempre conteúdo teórico e gameplay. Um abraço do Orelinha e até a próxima!a