Fala galera, tudo certo?
Todo mundo que acompanha nossa coluna, ou que pelo menos conhece o commander sabe o quanto prezamos pelo “Gathering” que acompanha o nome do nosso tão querido jogo, e que significa nada mais nada menos a interação entre os jogadores.
Calma que não to falando de interação real, então fica em casa pra respeitar a quarentena!
Mas já parou pra pensar que as vezes podemos melhorar nossa experiência de jogo e consequentemente melhorar também nossa experiência NO jogo?
Poisé.
Muitas vezes quando jogamos de “qualquer jeito” sem pensar que estamos falando de um jogo interativo, podemos estar prejudicando a jogatina de outra pessoa e até tornando aquela atividade algo massante.
Então para dar prosseguimento aos nossos artigos mais informativos, vamos bater um papo sobre formas de melhorar sua experiência como jogador.
Lembrando que o que falaremos não é uma verdade absoluta, e a singularidade na forma de jogar é o que mantém viva a essência do jogo, então é sempre bom tentar aprender, e não criticar caso não faça parte da sua realidade, e nem acatar como algo indiscutível.
Então sem mais delongas, vamos ao que interessa!
Pratique o Goldfish mas evite-o durante o jogo!
Muitas pessoas não conhecem esse termo, e outras se confundem ao utiliza-lo, e ele é referente à uma pratica muito boa na hora de construir o seu deck.
Ela consiste basicamente em testar mãos jogando sozinho, como se seu oponente não tivesse nenhuma interação, possibilitando estudar a quantidade de turnos em que seu deck começa a se mostrar relevante na mesa, ou até mesmo ganhar.
Isso ajuda muito na hora de aprender a jogar com seu comandante, pois muitas vezes vemos possibilidades que geralmente não pensamos na hora de construir a lista, e até mesmo ajuda na hora de aprender a mulligar uma mão indesejada com mais segurança.
Mas assim como tudo na vida, é importante saber ponderar essa pratica na hora de fazer alterações no deck, pois quando jogamos EDH/cEDH estamos lidando com outros quatro jogadores que não irão apenas olhar enquanto você desenvolve seu jogo. Então sempre se atente que você precisa de uma lista consistente que possa dar prosseguimento a sua estratégia principal, sem ficar com a guarda baixa, o que demanda a adição de interações e cartas de backup que muitas vezes esquecemos ao testar o deck sozinhos.
Muita gente associa esse termo com decks competitivos que combam de formas mirabolantes nos primeiros turnos, sem deixar os oponentes jogarem, muitas vezes por conta da “propaganda” feita em cima dessas listas sem nenhum teste, já que numa experiência real isso não funcionaria.
Essas listas são pensadas e estruturadas em cima de linhas muito especificas que são facilmente destruídas por um mísero counter ou remoção bem aplicada. Ainda mais considerando a existência de 3 oponentes que estarão dispostos a te impedir de ganhar.
Ou seja, cEDH não tem nada a ver com essa associação.
O reflexo da confusão sobre a utilização do Goldfish para aprender a jogar no casual são aqueles decks que montamos em casa, cheio de coisas pesadas e petcards, que funcionam muito bem, mas que diante da mesa com os amigos não tem um bom desempenho por demandar uma certa interação. Ou por que o deck foi construído sem pensar em lidar com possíveis remoções, por exemplo.
Isso na mesa gera aquele desconforto do player que fica excluído, ou que geralmente passa inúmeros turnos apenas baixando terreno esperando um milagre. Isso nos leva ao próximo ponto.
Pratique e incentive o Homebrew!
Pra quem não sabe, esse termo se refere a pratica de criar decks a partir do zero de forma orgânica.
Muita gente pensa que por jogarmos cEDH isso é inviável por conta da existência de um metagame, que “exige” um certo nível de compreensão na hora de buildar sua lista, porém o homebrew é um dos pilares do commander competitivo.
Em alguns artigos anteriores eu já mencionei que a competitividade está diretamente ligada ao quanto você consegue extrair de melhor do seu deck, do seu commandante e do seu potencial, e tudo isso dentro do circulo de poder onde seu playgroup se encontra.
Uma das bases para construir um deck competitivo com solidez é saber se adaptar ao seu ambiente de acordo com que seus companheiros também se adaptam, deixando os jogos sempre com um pé de igualdade onde as interações da mesa irão sempre forçar uma evolução constante.
Acho que é obvio que ninguém entra num formato que exige um certo desempenho já sabendo como jogar, principalmente se tratando de commander, que alem de singleton possui um deck de 99 cartas.
Essa evolução exponencial que acontece naturalmente no playgroup é o que faz com que voce aprenda a lidar com as mais diversas situações, exigindo que o jogador aprenda a filtrar melhor na hora de fazer mudanças em suas listas e saiba ser resiliente em frente às dificuldades que o deck enfrenta nesse processo.
Outro ponto importante a se considerar é que é a partir dessas iniciativas de criar decks a partir de cartas pouco usadas, ou interações meio fora da curva que surgem coisas relevantes no formato.
Muitas vezes uma carta perdida de “Saga de urza” que custa 15 centavos pode voltar a ver jogo por que alguém se dispôs a estudar sua utilidade e encontrou nela uma estratégia consistente para seu deck, como foi o caso recente de Congelamento Cerebral, que vem sendo usada com frequência.
Claro que também precisamos ser coerentes e analisar vários fatores quando fazemos isso, como falamos no nosso artigo anterior.
Então incentivem sempre a melhora do seu playgroup, e a pratica do homebrew para que os jogos sejam interativos e fomentem a evolução dos jogadores.
Saiba fazer um bom Mulligam
Uma das coisas que mais prejudica jogos de commander, seja qual for o nível de poder, é não saber como mulligar.
Não é difícil encontrar, principalmente no casual, aquele jogador que fica inativo nos primeiros turnos por que perdeu land drops, ou aquele outro que gastou recursos e agora não consegue voltar para o jogo por falta do que chamamos de “Backup”.
Tudo isso influencia na experiência da mesa num geral, pois ninguém gosta de assistir um jogo sem participar, assim como os outros jogadores também podem sair prejudicados por isso, como por exemplo:
- Uma situação onde uma Najeela, the Blade-Blossom entra turno dois, e 2 dos oponentes tem seus comandantes em jogo gerando blocks que podem mata-la, e o terceiro jogador brickou de lands/ramp, deixando o campo livre para que ela favoreça seu jogo.
Em ambos os casos isso pode ocasionar certo desconforto entre os jogadores, mesmo que seja algo que depende de sorte, mas para evitar podemos trabalhar nossa habilidade de filtrar os mulligans, estudando as melhores possibilidades para manter uma mão sempre favorável ao jogo.
É claro que não existe uma formula secreta para o mulligan perfeito, mas algumas dicas podem te ajudar a melhorar essa pratica.
1 – Conheça sua estratégia principal e o quanto ela exige do seu deck dentro do jogo. Supondo que você jogue com um comandante que tenha custo de mana elevado e necessite uma presença rápida no board, como por exemplo Godo, Bandido Senhor da Guerra, priorize ramps para que sua estratégia faça pressão no early game.
Caso o mulligan para um numero baixo seja necessário, reveja suas opções e dê prioridade para um jogo um pouco mais longo, keepando mãos com mais disrupts, respostas aos oponentes e formas de sempre comprar cartas, afim de manter o progresso enquanto “arrasta” o jogo.
2 – Todo mundo sabe que a base para o desenvolvimento do jogo é a mana, e esse recurso pode ser obtido através de terrenos, dorks, rituais ou rocks. Sempre procure keepar mãos que tenham condições de gerar mana suficiente para a curva do seu deck.
Caso ele possua mais de uma cor, priorize pelas cores com maior incidência, e que possam te dar acesso a novos recursos, como preto, verde e azul que possuem tutores, dorks, ramps e e card advantage.
3 – Sempre esteja preparado para os seus oponentes.
Apesar de sempre bater nessa tecla acho necessário falar o quanto é importante entender que num jogo multiplayer precisamos estar prontos para intervenções dos oponentes, assim como devemos estar prontos para intervir possíveis investidas.= Remoções, Disrupts, counters e pillows são sempre bem vindos quando se trata de keep, principalmente quando estamos em situação inferior.
Um Magistrado de Dranith por exemplo pode ser uma pedra no sapato de seus oponentes no inicio de um jogo, te garantindo tempo de preparação. Isso é chamado de tempo advantage.
Você pode conferir um artigo escrito pelo nosso amigo Eduardo Lages explicando melhor Card e tempo advantage Aqui.
4 – Cantrips e rodas são formas excelentes de lidar com keeps ruins e ainda servem algumas vezes como disrupt para seus oponentes.
Saiba usar esse tipo de habilidade para eliminar cards tutorados, e sempre refrescar suas cartas da mão, mas cuidado para não beneficiar os outros jogadores.
No geral, a pratica acaba levando você a conhecer melhor seus decks, então sempre teste diferentes keeps com sesatez para que você consiga descobrir a melhor forma de explorar sua estratégia.
Diga NÃO ao kingmaking
Talvez esse seja um dos maiores e mais presentes problemas existentes dentro do commander, principalmente quando se trata do clássico EDH mesão de cozinha, e que com toda certeza você já tenha presenciado pelo menos uma vez na sua vida de magiqueiro.
O termo Kingmaking, como o nome sugere, consiste em entregar a vitória à um oponente de diversas formas, sendo propositalmente ou involuntariamente por consequência de atitudes ou politicagem.
“Mas era só o que faltava, agora além de cEDHzeiro ainda é contra a política, que é uma das maiores características do commander!”
Não meu querido leitor, mas temos que considerar algumas situações onde se mal utilizada, a politicagem pode se tornar toxica e incômoda para seus colegas de
jogatina, e pra isso resolvi pontuar algumas vezes onde isso pode ocorrer involuntariamente.
- Nunca desista de um jogo antes que ele efetivamente acabe.
Por se tratar de um formato multiplayer temos que sempre ter em mente que a interferência dos jogadores influencia de forma drástica o andamento da partida para 4 pessoas, e como todos sabemos, reviravoltas são muito comuns!
Quando desistimos de uma partida com o consentimento dos demais jogadores sobre um vencedor, não há problema algum, já que isso pode poupar tempo para novos matches.
Por outro lado, quando sua insatisfação te faz abandonar o jogo você altera condições de board, tira um possível alvo de mágicas, altera a quantidade de permanentes e em muitos casos até favorece outros jogadores, o que pode gerar desconforto, uma vitoria injusta e em alguns casos frustração por parte do player afetado de forma ruim.
- Evite complôs sem motivo ou retaliações pessoais.
Não é novidade pra ninguém que em varias oportunidades onde algum oponente toma a frente da partida os alvos se direcionem à ele afim de reter investidas, porém depois de contido esse foco já não é necessário, pois assim como numa corrida, quando alguém perde uma colocação, outro estará liderando.
São inúmeras as vezes onde por conta de uma remoção sofrida, ou counter tomado, o jogador que perdeu seu recurso se revolte e acabe tentando jogar os outros contra seu “carrasco”, mas até que ponto isso contribui para um jogo saudável?
Aquele que conjurou a remoção na grande maioria dos casos só estava fazendo seu plano de jogo, mas até onde se sabe, isso não é um crime para gerar revolta. Seja sensato para que o ambiente não se torne um x1 tenso entre seus amigos. Uma menção honrosa para os justiceiros que carregam magoas de jogos passados
para todas as mesas e transformam um jogo de magic numa versão medíocre de archenemy.
- Não seja o jogador que entrega a vitória para o outro só pra não ver um dos amigos ganharem.
Obvio que magic é apenas um card game sem compromisso nenhum, mas quando alguém se dispõe a sair de casa para se reunir com seus colegas, seu intuito é se divertir, testar seu deck e possivelmente obter vitórias, afinal, o esforço feito para construí-lo é recompensado pela sensação de dever cumprido.
Se você não conseguiu vencer uma partida, tenha sensibilidade de que alterar a vitória para alguém à sua escolha pode ser extremamente frustrante para seu colega que construiu seu progresso naturalmente dentro dela.
- Jogue sempre com a intenção de dar o seu melhor.
Estamos falando de um jogo e um formato complexo, onde é possível se divertir e terótimas experiências quando ambos estão sentados na mesa com um objetivo em comum.
Tentar oferecer o maior do seu potencial e buscar a vitória não tem absolutamente NADA a ver com ter postura de campeonato, ou deixar a diversão de lado e se tornar um try hard.
Essa associação impede que seu amigo que se acha acolhido pelo mesão do amor melhore seu deck que nunca ganha por medo de ser julgado como o “cara que apela”. Então jogue por você e incentive que todos os seus colegas evoluam, melhorem e também explorem seu melhor.
E por fim e mais importante, saiba parabenizar e aprender com vitórias alheias. As conquistas do seu playgroup vão te ensinar muito mais do que um jogo manipulado por foco e hate gratuito.
Apertar a mão do oponente só depois de desinfetar com álcool 70%
Enfim pessoal, esse foi mais um dos artigos mais voltados à o entendimento da comunidade sobre o formato, com mais texto e menos imagens, mas que podem ser de grande ajuda para a compreensão desse monstro enorme que é o commander.
Agradeço novamente a leitura e a participação nos artigos anteriores, e peço que se voce discorda de algo, tenha alguma consideração a fazer ou tenha alguma sugestão, comenta aí pra podermos sempre manter um contato próximo com nosso publico!
Se você se interessa por cEDH, dá uma checada no nosso grupo da cEDH Brasil no Facebook, onde anunciamos nossas ligas mensais, streams e outros conteúdos, como nosso mais novo Podcast.
Fiquem em casa e não deixem que o gathering deixe de fazer sentido!
Um abraço e até o próximo.
Por Jefferson Barbosa
Tem uma entrevista com Richard Garfield que menciona que o Gathering veio por "When it first came out, we said ‘the gathering’ was a gathering of friends, a gathering of people, and a gathering of cards." Aqui tem um link para a entrevista
http://7meditation.blogspot.com/2014/02/magic-gathering-part-three-interview.html