O ano de 2019 foi muito marcante para mim por N aspectos pessoais e profissionais. Um dos momentos mais marcantes foi o Magic Fest São Paulo, em Novembro, quando joguei de Sultai Sacrifice aka o-deck-tem-tudo-que-vai-ser-banido-logo-deve-ser-bom.
Por mais que o deck tivesse Oko, Ladrao de Coroas, Era Uma Vez, entre outros, a grande sacada pra mim era Familiar do Caldeirao e Forno da Bruxa, uma interação simples, mas que gerava um motor absurdo dentro do baralho, principalmente com a ajuda de Trilha de Migalhas, e te garantia tanto as partidas versus aggro quanto as partidas versus controles.
O ponto é que essa dupla explora ao máximo a mecânica de Trono de Eldraine, basicamente enquanto essas duas cartas forem válidas, será possível fazer mais e mais decks em volta, e por mais que a mecânica possa parecer lenta, ela tem a velocidade necessária para ganhar os jogos no Standard, um formato que tem, acima de tudo, atrito.
Outro detalhe importante, é possível transferir tanto para um deck midrange, como foi o caso do Sultai e é o caso do Jund, como é possível em decks mais agressivos, caso do BR, que é um baralho que venho usando bastante também.
Pré - M21
Antes do lançamento de Core Set 2021 o mundo do sacrifice se resumia ao Jund, apesar de que algumas listas de Rakdos Sacrifice aparecerem e terem seu sucesso. O grande inimigo nesse cenário é o Temur Reclamation. A maioria das listas de Sacrifice são muito boas grindando jogos, ou seja, trocando recursos com o oponente, enquanto ambos estão jogando “igual” está tudo bem, o problema é que o Temur consegue jogar fugindo das interações de mesa, já que ele pouco coloca em número de criaturas e consegue, a partir de Reconquista da Natureza, consegue aumentar muito sua mana e nos ganhar em aspecto tempo, logo, o jogo longo que seria tão bom para nós, fica difícil e isso torna essa match mais complicada. O número de jogadores usando respostas contra encantamentos ou Regissauro Putrefato é basicamente para vencer essa match.
M21 e o Mundo Novo.
O novo Core Set trouxe algumas boas novidades para os decks agressivos, Mono Green virou um deck real, assim como o Mono Black, se juntando ao Mono Red como opções para quem prefere colocar criaturas na mesa e atacar, essa mudança de metagame muito ajudou as listas de Sacrifice porque decks agressivos, como vou falar mais à frente, tendem a ser boas partidas para quem gosta de fazer loops com gatos.
Ainda sobre M21, algumas cartas adicionaram opções, são elas:
Uma das melhores adições ao baralho, essa carta serve em ene aspectos. Claro que sair de uma remoção do oponente comprando duas cartas é muito bom, mas a grande sacada aqui é ter mais uma fonte de sacrifício no seu maindeck. Boa parte da estratégia gira em torno de sacrificar coisas, então ter efeitos desse tipo é de suma importância, mais do que isso, efeitos que nos permitam sacrificar coisas e ainda ter algum bônus, nesse sentido, Village Rites é uma das melhores cartas que podemos usar.
Todas são opções mais situacionais e não foram necessariamente adicionadas em todas as listas. Cripta de Tormod é uma opção a já usada Lanterna Guia-almas, podendo ajudar na mirror ou versus UGx decks. Gadrak, the Crown-Scourge é uma carta que eu realmente gostei versus decks agressivos, ter um corpo 5/4 no começo do jogo trava o jogo do oponente e ele é mais uma carta que abusa do loop do gato com o forno, deixando depois uma reserva que pode ser explosiva com a presença de um Mayhem Devil. Liliana's Standard Bearer é um belo side para cóleras, apesar de que em algumas mesas que foi possível fazer uma grande quantidade de sacrifícios ele ter valor mesmo jogado no seu próprio turno. Simulacro Solene é específico das listas de Jund, que veem nele uma ótima opção para deixar a mana pronta para Cidadela de Nicol Bolas no turno seguinte.
Jund vs Rakdos
Antes de falar do core de cartas do deck é importante entender qual versão é melhor e quando utilizá-la. Olhando no vazio, Jund seria melhor porque tem mais opções grind e ter mais cartas que são topdeck melhores. Porém, não escolhemos decks olhando no vazio e sim pensando em metagames específicos. Quanto mais grind e com mais midranges estiver o metagame, melhor para o Jund, o deck é mais lento, mas tem Trilha de Migalhas, Korvold, Fae-Cursed King e Cidadela de Nicol Bolas, todas essas cartas tornam difícil trocar recursos com esse deck. No entanto, em um metagame mais agressivo, a base de mana do Jund, repleta de shock lands, e ele ser um deck mais lento, já que precisa arrumar um set up para começar a criar card advantage, tornam o Rakdos mais interessante, com uma base de mana melhor e fazendo as funções necessárias para vencer decks agressivos, caso de Priest of Forgotten Gods, que é muito bem aproveitada nessa lista.
Nesse artigo focarei mais no Jund, mas muito do que vou falar também se aplica ao Rakdos e inclusive deixo uma lista de exemplo de como jogar com o deck agora.
Core de Cartas
Já comentei sobre essas cartas e como elas são um motor importante para que esse deck exista. Basicamente sempre que você tiver o Familiar do Caldeirao e o Forno você tem o combustível do deck em ação, seja para que Trilha de Migalhas possa funcionar, seja para o Mayhem Devil causar dano, seja para o Korvold, Fae-Cursed King comprar mais cartas.
Tricks:
- Se você sabe que vai precisar de mais dano no próximo turno, ao fazer o loop com o gato, não volte ele, deixa a ficha de Comida na mesa e só quando fizer o Demônio é que você volta o Familiar do Caldeirao, assim você terá 1 de dano a mais.
- Mesma coisa para Trilha de Migalhas, tem como fazer o loop com o gato? Espere chegar no seu turno, quando tiver mana aberta, para aproveitar o efeito do encantamento.
- Está sem Comida e seu Ganso Dourado não fará nada? Lembre-se que você pode sacrificar o gato, gerar a ficha e usá-la no Ganso.
- Ganso no Turno 1, seguido de Trilha de Migalhas é uma ótima jogada contra decks midranges, você pode adicionar mana com o ganso, ativando a Trilha e usar essa mana adicionada para pagar a Trilha.
- Ganso Dourado, Familiar do Caldeirao e Woe Strider são um loop de sacrifício, vida e scrys.
- Quando o forno sacrifica uma criatura com resistência 4 ou mais, ele gera duas Fichas de Comida, ou seja, você pode voltar dois gatos.
- Você pode segurar a prioridade e sacrificar mais de uma ficha de Comida por vez, isso é interessante com o Mayhem Devil na mesa ou mesmo com a Trilha de Migalhas.
Essas são duas cartas importantes para a temática de sacrifício. Woe Strider é de suma importância porque é nossa maneira de sacrificar sem pagar custos, graças a ele podemos ganhar uma partida simplesmente atacando até certos pontos de vida e depois apenas sacrificar a mesa toda para o Mayhem Devil. Com o deck todo sinérgico em torno da temática de sacrifício, o nosso 3/2 é uma das cartas importantes para que nosso jogo aconteça, além de que ele é sozinho uma opção 2 para 1, podendo assim fazer a Priest of Forgotten Gods turno 2 e ele na 3, já ativando a habilidade que levará uma criatura do oponente. Falando sobre a Priest, ela é uma das responsáveis pela match versus aggros ser boa, isso porque nós conseguimos ficar trocando recursos com o oponente todo turno, sendo que nossas criaturas tem a capacidade de voltar e as do oponente não.
Tricks:
- Priest, Ganso e Gato fazem o oponente sacrificar uma criatura, mas mais do que isso, a ficha de Comida que o Ganso deixa na mesa nos permite voltar o gato e já termos uma criatura para sacrificar no próximo turno.
- Priest e Devil significa que causaremos dano antes do oponente sacrificar a criatura dele, isso é ótimo para matar criaturas pequenas e isolar a criatura grande do oponente, levando ela no efeito de sacrifício.
- Em casos muitos específicos você pode dar alvo da Priest em você mesmo, você perderá vida, mas poderá sacrificar uma criatura a mais.
- Woe Strider e Claim the Firstborn é bem legal, mas Priest of Forgotten Gods e Claim the Firstborn é indecente.
Entramos na arte vermelha do baralho, que é de grande importância. Sacrifício de Familiar do Caldeirao, ficha de Comida, Passagem Fabulosa, não importa, tudo isso ajuda o Mayhem Devil a matar algo e ele é o responsável por ene vitórias “do nada”, principalmente quando temos o loop do gato e do forno. Claim the Firstborn é nossa remoção, sempre que temos uma maneira de sacrificar e ele na mão, algo menor do oponente vai morrer, por sinal, graças à essa carta a match versus UGx pode ser ganha, ele pune uma Nissa, Abaladora do Mundo feita sem proteção, um Uro, Tita da Ira da Natureza com pressa e é a melhor resposta para um Scavenging Ooze desavisado. Korvold, Fae-Cursed King é o nosso monstro, é a carta que quando desviramos ele tende a ganhar as partidas, fazê-lo com o máximo de recursos de sacrifícios possíveis o torna bem melhor, você não precisa fazê-lo turno 3, ao menos que o seu oponente não tenha como resolvê-lo. Basta fazer o dragão quando tiver um loop gato-forno e pronto, sua mão se enche e talvez consiga ganhar já na volta.
Esse é o nosso Exodia, a carta que tem potencial de entrar e ganhar o jogo. Versus controles e midranges pode tudo estar perdido, mas se você tem muitos pontos de vida e fizer isso, a partida pode acabar agora. No entanto, existem situações onde é melhor usar nosso artefato. Basicamente o que queremos é uma sequência de cartas que não sejam terrenos e nos permitam fazer Mayhem Devil, sacrificar 10 permanentes e causar 10 de dano com os 10 de perda de vida da Cidadela de Nicol Bolas, caso tenha mais de um Devil, serão mais 10 de dano para cada cópia do demônio.
Tricks:
- Não ter feito o terreno do turno é uma ajuda para a Cidadela funcionar melhor, porque ganhamos um “continue”
- Ter Woe Strider significa que faremos scrys e podemos tirar o terreno do topo.
- Gato,Forno, Comida e Trilha de Migalhas significa que podemos controlar o topo, sacrificando o gato e voltando ele.
- Se tiver muita mana, não tenha medo de sacrificar Comida para ganhar mais vida e jogar mais mágicas.
- Você precisa chegar em 10 permanentes não terrenos, Ganso Dourado ajuda em 2 nessa conta (ele e a Comida), Trilha de Migalhas idem e se você sacrificar uma criatura grande para o Forno da Bruxa, consegue fazer duas Comidas e aumentar em um a quantidade de permanentes.
- Oponente com 10 de vida ou menos? Não precisa do Mayhem Devil.
- Pode jogar a Cidadela com calma, pressa é inimiga da perfeição.
Jegantha ou não Jegantha?
Em listas de Rakdos e de Jund é comum encontrar esse Alce (Oko, é você?) como Companion. No Rakdos, um deck que troca recursos pior, eu gosto da opção, em diversas partidas que se alongam é uma boa ter esse acesso à uma carta 5/5 que possa fazer alguma pressão na mesa, pensando que posso gastar parte de um turno para trazê-lo e depois conjurar, sendo no late game um “draw” melhor do que os que eu realmente faria no meu deck. No entanto, no Jund eu não sou um grande fâ da carta por achar que esse deck tem topdraws melhores do que um 5/5, Korvold, Fae-Cursed King e Cidadela de Nicol Bolas são ótimos exemplos.
Sideboard
Somos um midrange e precisamos dar disrupt em outros midranges, Reclamation decks ou controles, logo, descartes. No entanto, eu sou uma fã muito mais do Remorso Agonizante, por considerar que por conta de Uro, Tita da Ira da Natureza, Elspeth Derrota a Morte e Tamiyo, Colecionadora de Historias, exilar é muito bom nesse formato.
Eu procuro colocar essas cartas no lugar de algumas cópias de Claim the Firstborn porque gosto sempre de manter a quantidade de permanentes alta, deixando minha Trilha de Migalhas sempre boa.
Nesse slot de mais cópias de Claim ou das remoções eu costumo dar side out nas Trilha de Migalhas, elas são lentas versus aggros e como estou aumentando minhas mágicas, o encantamento piora.
Sempre tenho alguns desses no meu side porque em algumas partidas eu troco as cartas. Versus aggros e na mirror a Cidadela é bem pior, já que não terei tempo nem pontos de vida para fazê-la, no entanto, versus jogos mais longos, Korvold nem sempre desvira, deixando o artefato melhor.
-
No geral, estratégias baseadas no loop do gato-forno são as minhas favoritas e estou bem feliz em usar esse deck, ele tem várias linhas de jogo e vale a pena masterizar a estratégia, até porque, pensando na rotação, que chega em alguns meses, boa parte do deck fica, claro que com o Mayhen Devil indo embora, mas ainda sim, o core central fica válido e está mais do que provado o quão bom ele é.
Até mais!
Ruda
Alteração no título do artigo: O título antigo foi alterado para evitar a interpretação incorreta.
Tomik é MVP versus decks com Nissa, o que acompanha alguns decks de Ugin. Contra reclamation, fight as one te ajuda a sair das remoções deles.
Mto obrigado!
Do side, oq fazer contra temur rec e/ou bant ramp? Entendo que eu perco pra ugin 90% das vezes e to ok com isso, mas tem algo pra melhorar as MU?
Contra os aggros os jogos tao bons.
Comparado com outros midranges esse deck é mais sobre sinergias do que sobre power level de cartas, tem pequenos set ups que você monta e começa a ligar vantagens, as exceções são Korvold, que normalmente vence games quado desvira e Cidadela, que versus midranges/controles é auto win.
Deck
4 Giant Killer (ELD) 14
18 Plains (ELD) 253
4 Faerie Guidemother (ELD) 11
1 Basri Ket (M21) 7
4 Loyal Pegasus (M20) 28
4 Venerable Knight (ELD) 35
4 Glorious Anthem (M21) 21
4 Seasoned Hallowblade (M21) 34
3 Venerated Loxodon (GRN) 30
4 Raise the Alarm (M20) 34
4 Selfless Savior (M21) 36
3 Heraldic Banner (ELD) 222
3 Castle Ardenvale (ELD) 238
Sideboard
3 Gideon Blackblade (WAR) 13
4 Devout Decree (M20) 13
1 Venerated Loxodon (GRN) 30
2 Tomik, Distinguished Advokist (WAR) 34
2 Glass Casket (ELD) 15
3 Fight as One (IKO) 12
Qualquer dúvida do side, só falar.