Quem é que gosta de um filme sem personagens secundários? Acredito que ninguém. Por mais que o Naruto seja legal, o anime não seria o que é hoje se só houvesse o protagonista e sem mais ninguém ao redor para ajudar a contar sua história.
No Magic é assim também, do que seria o Magic se só houvessem Tier 1? Os Tier 2 são importantíssimos para o jogo, não só pela diversidade de decks em cada formato, mas pois agregam muito à estratégia de um formato, dão outras opções para quem não quiser jogar apenas com os Tier 1 e geralmente têm um valor mais baixo para montá-los.
Para quem não sabe o que é um Tier deck, os baralhos são classificados por Tier de acordo com sua presença/eficiência entre os melhores decks do formato, quanto mais baixo o número, mais forte ele é. Então um Tier 3 é pior que um Tier 1 e, em algumas situações, os formatos podem conter o Tier 0 ou Tier 1 Absoluto, geralmente o deck de power level “quebrado” e claramente superior aos outros, mas não é sempre que existe um deck infinitamente superior aos outros.
O conceito de Tier 2 chega até ser pejorativo de tão aberto que é. Quando pensamos em uma escala decrescente, vamos querer sempre o menor, correto? Porque se contentar com segundo se podemos ter o primeiro? Quando falamos de Tiers, o deck ser Tier 2 não quer dizer necessariamente que ele é pior que os tier 1, essa classificação se dá de acordo com a popularidade e porcentagem de vitória dos decks, no Modern, por exemplo, tivemos uma quantidade igual ou superior de decks tier 2 fazendo final ou ganhando um GP, isso prova que os decks não são piores que outros, apenas diferentes, os T1(Tier 1) são mais jogados que os T2, mas nas mãos certas, o T2 pode ser tier 0. Às vezes um deck é “jogado” para Tier 2 apenas por ter matchups não muito favoráveis entre os T1, mas com partidas bem boas contra o resto do field.
Posso te dar milhares de motivos para jogar com Tiers 2, mas como tempo é dinheiro vou dar apenas alguns.
Quem joga Magic competitivo sabe que muitas jogadas importantes são “ensaiadas”. Após algumas repetições contra determinado deck é possível entender quais as melhores jogadas na partida, e alguns Tier 2 têm a vantagem de ser “obscuros” o suficiente para muitos jogadores nunca terem enfrentado aquele deck antes e não saberem qual é o melhor ângulo de ataque. Também por serem menos comuns, geralmente são menos afetados por sideboard dedicado, uma vez que você não vai usar Perecer se não há decks verdes em seu radar. A somatória destas qualidades facilita muito em gerar free wins contra oponentes desavisados sem sideboard eficiente ou sem saber como se joga contra.
Apesar de não serem os “melhores decks” os T2 são ótimos alvos para se masterizar, ou seja, escolher aquele deck e aprender tudo que é possível sobre ele já que a chance de serem banidos é bem menor do que tentar se especializar com um deck tipo o Hogaak, como aconteceu no Modern.
O Bant Spirits é um bom deck desde a concepção do Pioneer, nunca foi opressivo como Inverter mas sempre foi consistente, um ótimo deck para quem quer fazer a transição entre formatos.
O Ninjas nunca foi AQUEEELE deckão no Legacy, mas apesar de simplista, vive fazendo resultados. Um bom exemplo de Tier 2 que não é tão caro(pelo menos pros padrões do formato).
Orelha, o que o Amulet Titan com Once Upon a Time está fazendo num artigo sobre Tier 2? O deck era Tier 1 opressivo na época!
É simples, jovem padawan, o Amulet pode ter sido Tier 1 no Modern nesses últimos 18 meses, mas durante muito tempo o baralho foi tier 2 ou pior, e não porque era ruim, simplesmente pela sua baixa quantidade de jogadores o suportando.
Isso mostra que nada é eterno, tanto a presença de um T1 que pode se tornar Tier 2 quanto um T2 que pode subir de cargo.
Aquilo que falei sobre masterizar o deck é acentuado aqui, imagina quem jogava de Amuleto quando o deck era “fora do field”, quando o deck se tornou Tier 1 absoluto, essa pessoa se destacou nos grandes torneios e provavelmente dominou o circuito de sua cidade, só vantagens para quem se dedicou ao deck tempo o suficiente para masteriza-lo.
Uma das maneiras de fazer o upgrade de Tier 2 para 1 geralmente é ganhando cartas novas das edições mais recentes. É bem comum essa mudança de Tier, principalmente no Modern. A Dona Wiz lança uma carta X que aparentemente vai impactar os decks Y e Z e aparece o deck W fazendo miséria nos campeonatos. Quer um exemplo prático e bem recente? Ad Nauseam!
Assim como o Amulet Titan, o Ad Nauseam ficou de escanteio por vários anos, mas sempre com ávidos pilotos no circuito SCG e até como campeão de um GP.
Nosso querido Sandoiche aqui da liga jogou exclusivamente de Nauseam por 5 ou 6 anos antes de conhecer as maravilhas do Valakut, e mesmo em fields desfavoráveis ele fazia bons resultados com o deck.
Foi de maneira inesperada que o deck recebeu Oraculo de Tassa que adicionou outra maneira de combar, onde antes era Ate Enjoar + Graca do Anjo/Morte-Vida Phyrexiana com Despojos da Camara apenas para facilitar o combo, o Oráculo faz o combo de Spoils + Angel’s Grace ou Unlife exilar seu deck inteiro se você nomear uma carta que não tiver no deck para depois conjurar o Oráculo e ganhar.
O impacto que isso teve foi imediato, o deck teve um spike em várias cartas-chave e melhorou bastante seu posicionamento no metagame, e também sua quantidade de cópias por torneio.
De fato ter um deck Tier 1 pode te facilitar alguns jogos e dar vitórias fáceis, mas ter um Tier 2 também, apenas de outras maneiras.
O Magic é grandioso demais para nos prendermos apenas ao “top 3” de cada formato. Não é um comentário negativo para quem gosta do best deck, apenas que eu gosto de mais versatilidade na escolha, e geralmente minhas escolhas estão no espectro “semi-bom” do jogo. Como já disse diversas vezes, ganhar é bom, mas se divertir é melhor ainda! Não deixe uma classificação por Tier ditar do que você vai jogar, jogue com o que seu coração mandar!(e use um pouquinho do cérebro também, por que não?) Poucas coisas são tão legais quanto chegar naquele sonhado Top 8 enquanto pilota um deck que você gosta, já estive lá e recomendo!
Antes de partir, deixo aqui meu canal no Youtube, que agora sou Youtuber Moderninho(ou legacyzinho) onde faço videos semanais de gameplays, análises e deck techs, confere lá! https://www.youtube.com/brunoears
Aquele abraço do seu amigo Orelha e até a próxima!
É justamente esse que eu estou pilotando pelas plataformas da vida e estou curtindo muito. Acertou em cheio a escolha, ele e o manaless Dredge são os que escolhi para começar a me aventurar.
Valeu mano! Ninjinhas são sempre legais, tenho um deck forfun de ninjas desde 2007.
Com certeza, não há primeiro sem segundo. O Legacy tem bastante opção sim, principalmente pra quem gosta de combo, mono red storm é bem legal e não é caro.
Brigadão!
Valeu pelo apoio, mano!
Sempre vou amar fazer Nacatl turno 1
Apesar de eu ter um Infect modern, eu não consigo fazer o porte dele para o legacy por causa de Force of Will (tá caro demais para o meu bolso). O preço do set de FoW eu monto os dois baralhos que escolhi pra começar e me divertir. Para o futuro, quem sabe penso em pegar um tiver 1 do formato.