Olá! Nessa última segunda-feira, tivemos o anúncio de que Agente da Traicao e Fogos da Invencao foram banidos do Standard, efetivamente encerrando o reinado do Jeskai Lukka Fires, além de que a mecânica de Companheiro foi alterada, de modo a afetar os baralhos que utilizavam-se dessas criaturas como elemento chave de suas estratégias, de modo que provavelmente só os mais poderosos (Yorion, Nomade Celeste e Lurrus da Toca Onirica) consigam ser competitivamente viáveis - embora longe da performance que ostentavam anteriormente.
Os Companheiros mais "fracos" provavelmente não vão se sustentar por si só. Se já não eram as escolhas principais em um Standard "acompanheirado", Obosh, Keruga, Gyruda, Umori e amigos provavelmente serão relegados ao ostracismo, já que ao invés de atender às restrições de um Companheiro que agora é bem mais pesado, é possivelmente mais interessante se livrar dessas amarras em prol de mais coesão e nível de poder. Mono Red volta a usar Brasolamina e Torbran, Tano de Lapa Vermelha, um Simic Mutate da vida pode encaixar alguns Negar e Disputa Mistica no sideboard, e a vida continua.
É bem possível que os companheiros que sejam "gratuitos" para um deck continuem sendo utilizados, mesmo que enfraquecidos. O Boros Cycling não ganha muitas opções a mais em permanentes de custo maior que 2 para o Lurrus da Toca Onirica, assim como um Temur Elementais da vida pode atender às exigências da Kaheera, a Guardia dos Orfaos sem nenhum esforço de deckbuilding.
Outros decks sem criaturas podem utilizar a Kaheera, a Guardia dos Orfaos , assim como Jegantha, a Fonte não exige muito do baralho que vai ser incluído - embora até antes da mudança de regras eles não fossem muito utilizados, ainda julgo que o acesso ao recurso adicional em todos os jogos ainda vale mais do que um espaço na reserva, mesmo que de forma lenta.
De qualquer maneira, o destino provável dos Companheiros no Standard é o de cumprirem um espaço de nicho como opções de arquétipos a serem utilizados, e não mais uma peça mandatória para os que estiverem interessados em ganhar suas partidas competitivas. Pela forma que a regra funcionava antes, a restrição de montagem de deck junto com o espaço no sideboard eram totalmente triviais frente ao quanto determinados companheiros impactavam na partida, e agora a questão "custo x benefício" é realmente colocada na balança.
Para ilustrar essa discussão, trago aqui um baralho que era uma das principais forças do metagame antes de Ikoria, e que tem sido meu ponto de partida no novo formato:
Alguns números ainda estão sendo devidamente lapidados, mas a base que venho utilizando nas ranqueadas é essa. O Bant Midramp é um baralho que foca nas acelerações de Espiral de Crescimento e Uro, Tita da Ira da Natureza para acelerar bombas como Teferi, Nissa e Elspeth Derrota a Morte, capazes de ganhar partidas no poder individual tão e somente.
Mais de uma semana atrás, seria uma loucura total jogar com "somente" 60 cartas, por vários motivos embasados inclusive em um de meus últimos artigos aqui na LigaMagic (80 é o novo 60). Entretanto, pelo fato da mecânica de Companheiro em si ter sofrido um baque, os custos envolvidos em acessar o Yorion todo o jogo ficaram bem mais pesados.
Fazer a poderosa Ave Serpente por cinco manas sempre que fosse interessante valia utilizar-se de 20 cartas a mais no deck principal, comprometendo a consistência do baralho. Como alguém que utilizou-se desse Companheiro no Standard, Pioneer, Modern e até no Legacy (!!), posso afirmar que o benefício do Yorion superava, em muito, as desvantagens, de modo que a questão de 60x80 não parecia sequer próxima para mim.
Contra os Aggros, bastavam algumas trocas 1x1 no começo, e o simples "resetar" de um efeito de compra como Augurio do Mar/Astrolabio de Arcum junto de um Planeswalker ganhando marcadores ou um Augurio do Sol ganhando vida e colocando bloqueadores já era suficiente pra partida escapar do alcance do oponente depois de exaurir a primeira onda de ameaças. E era possível jogar de forma totalmente "pro chão", abrindo mão de jogadas pesadas, já que o Yorion, Nomade Celeste turno 5 estaria sempre lá para colocar seu controlador em vantagem de recursos.
A questão agora é: tendo de pagar 3 manas antes de utilizá-lo pela primeira vez, as desvantagens de utilizar-se do Yorion ainda compensam? Ele ainda parece fenomenal nas partidas de atrito, com muitas trocas acontecendo e repletas de permanentes valorosas, já que mais 20 cartas representam recursos reais a mais e o fato de ter de pagar as manas antes de utilizá-lo pela primeira vez é mitigado por ser uma partida lenta.
Só que contra os Aggros significa que serão menos vezes Estilhacar o Ceu na curva, ou mesmo problemas como a discrepância entre as melhores e mais eficientes cartas (Fonte Santificada) contra as piores e menos eficientes (Templo da Iluminacao), o que muitas vezes pode ser a diferença entre a vitória e a derrota - e a carta extra provida pelo Companheiro talvez seja lenta demais para ser relevante em vários casos.
De certa forma, é interessante que o debate esteja sendo trazido à tona, ao invés de ser simplesmente óbvio que 80 é melhor que 60. A lista acima é o meu primeiro esboço para um Bant Yorion, utilizando-se de proporções similares e pensado na expectativa de metagame para essa primeira semana, pensando em ser abrangente e capaz de reagir contra estratégias mais rápidas, embora retendo a vantagem no aspecto "grind" para levar vantagem nos jogos de trocas de recursos e nas "mirrors".
Outras questões na forma com que montamos nossos decks de Yorion também têm de ser respondidas: seria Augurio do Mar e outras jogadas de nível de poder mais baixo eficientes o bastante para continuar vendo jogo com um Yorion, Nomade Celeste que custa 3 a mais? A própria Elspeth Derrota a Morte pode perder um pouco de seu apelo sem toda a pressão que exercia nos drops altos do oponente "curvando" com o Companheiro logo em sequência. O quanto deve-se manter jogando na sinergia dos efeitos de entrar em jogo, optando por cartas "inferiores" mas que "encaixam" melhor? Ou talvez seja melhor encarar o Yorion como um "bônus" que vai vir em alguns jogos para dar o ar de sua graça, mas que em boa parte dos outros somente estaremos jogando como um deck convencional, mas com 80 cartas?
Para os que não querem perder tempo buscando as respostas para essas perguntas no começo do formato e objetivam somente o resultado, dois baralhos que já vinham se destacando no metagame de Lukka Fires ganham ainda mais apelo no novo mundo: são eles o Temur Reclamation e o Jund Sacrifice.
Quem acompanhou Standard por mais tempo do que somente o último lançamento, sabe que estamos aqui falando de dois dos bichos-papões dos formatos Pré-Ikoria e Pré-Theros, respectivamente. Embora diferentes no que objetivam fazer, ambos são decks que possuem um plano proativo forte, capazes de se adaptar à oposição no metagame com opções de reserva abrangentes, além de serem bastante resilientes ao excesso de "ódio" por parte dos outros decks para combatê-los. Além disso, ambos possuem um "botão de emergência" capaz de virar jogos perdidos de campos de batalha aparentemente inócuos: Expansao // Explosao e Cidadela de Nicol Bolas.
Para quem ficou afastado da "ladroagem" de Agente da Traicao nessas últimas semanas, mas possui uma certa afinidade ou aptidão com esses baralhos, são ótimos pontos de partida que já foram aprovados no teste do tempo, restando lapidar a lista conforme o metagame for evoluindo.
E quanto a vocês, leitores, o que acharam dos banimentos na última segunda-feira? E quanto a mudança na mecânica dos Companheiros? Quais deles acreditam que ainda continuarão sendo viáveis competitivamente? Como enxergam a discussão de Yorion, Nomade Celeste x sem Yorion no Bant Midramp, e em outros baralhos similares? E quanto ao Temur Reclamation e o Jund Sacrifice, também o vêem na dianteira do formato? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
É que sem banir a Fires, o nerf nos Companions seria semi inútil, porque com ela na mesa, você pagaria as 3 manas tranquilamente e conjuraria o Companion. Basicamente ia derrrubar apenas o Lurrus e o Obosh.
O Lukka Fires talvez fosse mesmo pro vinagre com o ban no Agent, porém, muito provavelmente teriam outras builds opressivas com Fires e algum Companion, seja ele o próprio Yorion, Keruga, Jegantha (talvez naquela shell 5c Niv) ou até Gyruda.