“Continuando a análise da pesquisa feita com a comunidade sobre downgrade de terrenos para o Pauper”
E aí galera, tudo bem? Aqui quem vos escreve é o Heli e hoje venho continuar a análise sobre a pesquisa feita sobre downgrade de terrenos para o Pauper. Na parte 1 (que pode ser lida aqui) expliquei como a análise iria funcionar e já apresentei seis opções de terrenos e suas avaliações. Neste artigo irei falar sobre os outros três terrenos e as duas questões discursivas, onde obtive muitas ideias.
Stalking Stones: é um terreno não utilizado em nenhum formato, mesmo sendo uma manland, principalmente por não possuir nenhuma característica relevante, além de um custo alto para transformá-lo em criatura. Claramente, não ajudaria nenhum deck aggro do formato, porém seria ótimo para decks como Tron e versões de UB Teachings sem criaturas, onde você cria possibilidades de finalizar partidas com mais facilidade, sendo reforçado pela maioria das duas comunidades que acreditam que a carta não acrescentaria muito no formato.
Tainted Field: é um terreno basicamente utilizado em Commander, que possui quatro versões nas outras combinações com o preto. Aqui pedi para que considerassem o terreno como parte de um ciclo, senão seria tendencioso, afetando a ideia do terreno. Mesmo não tendo um subtipo (tendo poucas formas de tutorá-lo) e considerando as outras combinações de cores, teríamos um das melhores opções de terreno para o formato, pois continuaríamos utilizando os terrenos básicos, não atrapalharia o uso das lifegain e seria possível ter dois terrenos desvirados e duas cores de mana no turno dois. A maioria das duas comunidades concorda que esse ciclo seria relevante para o formato, adicionando a possibilidade de termos melhores curvas e opções em turnos inicias, o que mudaria a forma com o formato desenvolve suas partidas. Teríamos decks com duas ou mais cores com mais facilidade, sem acrescentar vantagem de cartas e sem necessariamente otimizar decks midrange ou control.
Thalakos Lowlands: novamente, temos um terreno que não é usado em nenhum formato. Pedi para que ao votar, considerassem o terreno como parte de um ciclo e, surpreendente os votos foram controversos, pois a comunidade brasileira considerou, em partes quase iguais, que o terreno seria e não seria relevante para o formato; ao contrário da comunidade italiana que considerou o terreno não relevante para o formato. Mas como exercício, podemos ver que ele funcionaria em decks aggro, pois poderíamos usar a mana incolor sem “perder” um terreno no próximo, como aconteceria se usasse a mana colorida. Mesmo assim, a carta poderia ver espaço exatamente por essa possibilidade, pois decks midrange e control poderiam usar uma mana colorida quando o terreno entra o campo, fazendo com que as respostas possam ser usadas antecipadamente.
Na sequência da pesquisa questionei sobre qual terreno, já existente, poderia receber o downgrade e 85 respostas vieram contando as duas comunidades. A imensa maioria gostaria de ver as trilands (terrenos que entram virados e geram uma de três cores. Ex: Santuário de Arcum) válidas no formato e segunda opção seriam as painlands (terrenos que geram incolor ou uma de duas cores, ao custo de um ponto de vida. Ex: Recifes de Shiv). Bom, vamos conversar sobre os dois ciclos e algumas menções honrosas:
Trilands: o primeiro ciclo foi lançado em Fragmentos de Alara, sendo complementado em Khans de Tarkir. Tendo como usar terrenos com uma opção maior de cores, vejo que o formato tenderia a ter mais decks com três ou mais cores, porém a esmagadora maioria seria de midrange e/ou control. Não vejo como decks aggro seriam beneficiados com estes terrenos, devido a entrarem virados e o fato de adicionar mais uma opção de cor, não os fazem mais relevantes. Esse é um ponto importante, pois ao adicionar um ciclo de terrenos, devemos pensar numa quantidade maior de decks sendo beneficiados, em prol de um formato mais diverso, porém se isso acontecer, o resultado seria exatamente o oposto. Decks como Boros Monarca e versões de UB teriam como splashar mais cartas e o Tron teria menos problemas ao escolher as opções de seu main deck.
Painlands: o primeiro ciclo saiu na longínqua Era Glacial, sendo das cores amigas. Da mesma forma que as trilands, não temos formas efetivas ou rápidas para buscá-las, porém o fato delas entrarem desviradas fazem com que sejam extremamente relevantes. Elas podem resolver o que eu acho ser um dos maiores problemas dos decks agressivos do formato, que é não ter como fazer duas manas coloridas diferentes no turno dois, sem terrenos que entram virados. E esse é o motivo pela qual as painlands fariam esse tipo de deck terem duas cores e manter a agressividade, a um custo relativamente pequeno para esse arquétipo. Em contrapartida, todos os decks midrange e control também seriam beneficiados, pois teriam como corrigir suas bases de mana e ainda ter a mana disponível no mesmo turno. Esse é realmente um tipo de terreno que mudaria a forma como o formato é construído, adicionando certa velocidade a base de mana que não temos como imaginar atualmente. Enquanto tivemos o Astrolabio de Arcum no formato, vários decks se modificaram para inserir o artefato, porém os decks agressivos continuavam a ser prejudicados, pois não tinham como gerar vantagem de cartas e ainda ter velocidade. Acho que a comparação seja relevante já que o Astrolabe causou uma revolução na base de mana, diminuindo os terrenos que entram virados em prol de ter terrenos nevados. Eu entendo que as painlands são raras e mesmo atualmente, possuem um certo power level que a fazem serem utilizadas no Pioneer e algumas listas de Modern, o que mostra o quanto podem corrigir a base de mana de um formato, por isso vejo como complexo um downgrade destes terrenos sem um devido estudo, tanto das outras opções de terrenos, como das respostas que o formato precisaria abrigar essa mudança drástica.
Menções honrosas: várias opções foram dadas, porém quase todas seriam mais do mesmo e, para minha surpresa, algumas sugestões foram para terrenos que destruam outros terrenos como Terras Invasoras. Hoje só contamos com mágicas que tenham esse efeito como Chuva de Pedras ou Areias Asfixiantes e não é uma estratégia muito utilizada, mesmo que tenhamos versões de monoblack LD, por exemplo. Acredito que seja um cenário que possa mudar caso uma significativa alteração na base de mana aconteça, fazendo com que as estratégias de land destruction sejam interessantes como forma de controlar ou travar as opções do seu oponente.
E na última pergunta da pesquisa, dei oportunidade a criatividade, fazendo com que cada um dissesse como seria um terreno para o Pauper, caso ele pudesse criar um. E tenho que admitir que não esperava ver tantas opções! Obviamente é bem difícil conceber uma carta para um formato tão peculiar como um Pauper, pois facilmente podemos sair da curva e termos algo muito forte ou sem respostas. Algumas opções acabaram sendo muito parecidas com terrenos que já possuímos hoje ou com alguns que citei em ambos os artigos, porém tivemos algumas ideias interessantes. Antes de falar sobre as ideias que apareceram, quero comentar o quanto uma boa parte da comunidade, tanto a italiana quanto a brasileira, está preocupada com a evolução do formato, aliás, a falta de evolução gerada pela falta de opções relevantes que temos disponíveis, chegando a descrever isso como resposta. Uma delas dizia: “terrenos tricolores, para que o formato fique variado, pois a pouca variedade do formato está fazendo com que ele perca jogadores”; e a outra: “O atual metagame gira em torno de estratégias Midrange que, por mais diferentes que sejam, oprimem a diversidade do formato.
Permitir o surgimento de novas estratégias agressivas pressionaria os decks Control tornando-se viáveis e reduzindo o metagame "centrado no atrito" criado nos últimos anos.” Nestes dois trechos podemos perceber que na Itália também estão questionando o andamento no metagame, pois temos pouca variação ao longo dos anos e, mesmo que algumas cores se alterem, boa parte das estratégias são parecidas, fazendo que isso afaste um número maior de jogadores principalmente de outros formatos, onde as variações são uma parte importante da retenção.
Sobre criações, boa parte delas procura algum terreno que já temos no Magic como as fetch ou shocklands, o que eu acho uma boa forma de trazer algo que funciona e adequar a realidade do formato. Alguns acreditam que seja possível termos fetchland que causam mais dano ao buscar somente terrenos básicos (algo como um Vista Prismatica que cause dois ou três de dano e busca apenas duas opções de terrenos básicos) ou simplesmente uma boltland, que não tivesse nenhum subtipo, gerasse dois tipos de manas diferentes, entrasse desvirado causando três de dano. Vejo possibilidades para eles, mas não acho que o formato em si está preparado para uma mudança tão substancial como essa, portanto vamos discutir cinco ideias:
Terreno 1 – Vira e sacrifica, procure em seu grimório por um terreno básico e coloque em jogo virado, a menos que você controle dois outros terrenos ou menos.
Buscar um terreno básico e colocá-lo em campo virado é comum no Pauper, mas ter opção dele entrar desvirado é algo muito desejado. Condicionar isso a ele ser no máximo o terceiro terreno pode favorecer muito as estratégias agressivas e as tempo. Claro que outros arquétipos poderiam usá-lo, mas buscar apenas terreno básico faz que com que ele não seja tão útil a ponto de ser relevante para essas estratégias. Talvez condicionar a ter apenas mais um terreno também pode ser uma forma de restringir seu uso.
Terreno 2 – Entra desvirado caso seja o único terreno que você controla. Vira, adiciona U ou B à sua reserva de mana.
Da mesma forma que o Terreno 1, um condicionamento em relação a quantidade de terrenos aparece, fazendo com que seja muito útil no primeiro turno, se tornando menos eficiente que a maioria das taplands (como Penhasco Marcado pelo Vento). O fato de não ter subtipo dificulta buscá-lo em seu deck, fazendo com que ele não seja muito útil em estratégias lentas, deixando os decks agressivos com uma bela opção para o começar o jogo. Podemos ver decks como o Stompy usando mágicas de dano para finalizar seus oponentes ou decks do tipo do UR Blitz podendo curvar muito melhor suas mágicas, tirando mais proveito do Demonio Fornalha.
Terreno 3 – Vira, adiciona G ou W à sua reserva de mana. Terreno 3 causa dois pontos de dano a você.
Aqui temos uma versão de painland em que o dano seria maior. Vários jogadores e produtores consideram as painlands uma adição interessante para o formato, portanto causar mais dano ao gerar uma de duas cores de mana acredito ser uma forma de mitigar seu power level.
Terreno 4 – Entra desvirado se você controla uma Montanha ou uma Floresta. Vira, adiciona R ou G à sua reserva de mana. Terreno 4 causa um ponto de dano a você.
Para essa sugestão, foi feita uma junção de pain e checkland, onde ao entrar é verificada a condição de ter um de dois terrenos básicos e ainda é causado dano ao gerar mana. Aqui temos uma opção onde foi procurada a segurança, condicionando duas características que já vemos em outros formatos, para que o houvess um impacto muito grande. Eu vejo possibilidades em opções como essa, mas me preocupa ter muitas condições e ele acabar não sendo tão útil quanto imaginamos.
Terreno 5 – Vira, escolha uma criatura que você controla: Terreno 5 adiciona uma mana dentre as cores da criatura escolhida à sua reserva de mana.
E pra encerrar, temos um terreno totalmente voltado para criaturas, onde ele nem gera mana incolor, apenas mana colorida referente a uma criatura que você já possua. Claro que ele poderia ser utilizado em vários arquétipos, mas decks agressivos possuem o princípio de fazer suas criaturas na curva, o que possibilita que ele seja útil a partir do segundo turno, onde você já teria conjurado alguma criatura. Uma vantagem é que ele não restringe o uso dessa mana para conjurar criaturas, facilitando splash em decks agressivos, como no caso do Terreno 2.
Muita gente não concordou com as opções que mostrei aqui nestes artigos e achei isso muito válido, pois me trouxe a visão que outros jogadores possuem do Pauper. Inclusive, uma das respostas dizia que uma das características do formato era ter uma base de mana simplificada. Vocês concordam com essa afirmação? Meu problema com os terrenos é que eles não favorecem uma parte significativa das opções que já temos e que acabam sendo deixadas de lado em prol de decks que possam combater os tier do formato. Eu acredito que o formato mereça mais desenvolvimento e ter uma base de mana mais adequada é fundamental para que seu crescimento continue e mostre mais ainda seu potencial.
Considero importante esse tipo de discussão, pois a complexidade de questionarmos a base de um formato mostra o quanto a comunidade é engajada e unida! Foi muito satisfatório trabalhar com as informações dessa pesquisa. Não imaginei que ela teria esse alcance, muito menos que tivesse tanto empenho e colaboração de tantos membros de nossa comunidade. Gostaria muito de contar com seus comentários, pois são neles que vemos o quanto artigos que discutem ideias influenciam a comunidade. Fiquem à vontade para me procurem nas redes socias também e darem o seu feedback.
Bom galera, vou ficando por aqui e espero que tenham gostado da análise. Um abraço a todos e até mais!
formato Pauper. Hoje é entusiasta do formato e produtor de conteúdo, principalmente como
podcaster sendo cohost do RakdosCast.
comentário é sempre válido. Sim, eu sei q melhorar algumas lands poderá melhorar a base de mana de decks control tbm, mas melhorando mais para os deck aggros, acho q seja válido. São boas opções..acho que no geral terrenos q paguem vida são as melhores opções para os deck aggros atualmente.
eu tenho certeza q mudando a base mana vários deck subiriam sim...temos mtos decks ou cartas sleepers, que precisam de um empurrão pra fazerem resultado.
eu sou totalmente contrário a banimentos, pq as melhores cartas do formato são podadas com a desculpa de melhorar...aí voltamos ao q estamos, até uma nova carta saía do controle e seja banida novamente...assim sendo, não temos renovação nem campo para melhoria dos decks q já temos..
sim! esse é meu ponto...Gruul é um deck q joga em vários formatos, sendo um exemplo de decks rápidos com criaturas leves e mágicas de buff ou dano direto...e não vemos decks assim no pauper
mto obrigado. Minha preocupação com as trilands é o aumento dos deck midranges e control, vide o q aconteceu na época do jeskai
na verdade tem alguns encantamentos q vc escolhe vc escolhe uma habilidade por vez, sem poder repetir..não é tão confuso assim, mas acho q pra um terreno poderia ser mais problemático, mas não impossível. valeu pelo comentário