Olá! Em meu último artigo aqui na LigaMagic, comentei sobre vários itens que teriam de ser repensados em relação à rotação do Standard com os cards que foram embora, e alguns dos impactos que essas mudanças causariam. Hoje é a vez de pensarmos em quem chega, nos "ovos de ouro" de Throne of Eldraine!

Embora a edição esteja válida no Standard somente desde quinta-feira, na terça-feira os streamers e produtores de conteúdo foram convidados a participar do Early Access, o evento de Acesso Antecipado da nova coleção. No meu caso, isso significou 19 horas de stream ininterruptas com quase 70 decks diferentes, dentre sugestões de espectadores, builds próprias e outras listas encontradas na internet que me chamaram a atenção. O VOD reprise pode ser conferido aqui para quem quiser conferir essa experiência! 

Claro que dentre esses 70 decks a imensa maioria não são exatamente obras-primas do deckbuilding, enquanto outros são claramente "groselhas" ao melhor estilo tribal de Ratos. Porém, dentro da premissa de teste, alguns desses baralhos funcionaram satisfatoriamente para comprovar algumas impressões em relação ao formato, além de vermos outras estratégias interessantes rodando bem também na mão dos oponentes.

 

Comida, a Verdade da Vida

 

Para os que achavam que Comida e Oko ficariam apenas nos memes, a mecânica pareceu bastante sólida para o Standard. Ganhar 3 de vida pagando duas manas soa lento em um primeiro momento, porém, vários dos geradores de comida tem um baixo custo de oportunidade, além de ser possível acumular esses recursos na mesa para uso posterior. Isso nos remete vagamente à mecânica de Energia (que no início foi subestimada; depois, acabou sendo banida).

Muitos compararam negativamente o Gilded Goose em relação aos Llanowar Elves/Birds of Paradise, embora essa não deva ser a abordagem quando pensamos no Goose... seu plano principal não é ser um Ramp, e embora ele acelere o jogo em alguns cenários, gosto mais de pensar nele como uma ferramenta de valor para alimentar outros cards importantes da mecânica, como Wicked Wolf e o próprio Oko, Ladrao de Coroas. Mesmo nos baralhos com menos sinergia de comida, por si só o nosso carinhosamente apelidado de "DEATHRITE GOOSE" (EMPOLGOU) faz a função de gerar preciosos recursos que se convertem em vida para ganhar tempo contra os aggros ou em mana para turnos de jogadas mais pesadas, como Hydroid Krasis.

O Oko, por sua vez, me surpreendeu com sua versatilidade e capacidade de dominar partidas sozinho. Pelo baixíssimo investimento de três manas, ele incomoda bastante, tanto criando seu próprio exército de 3/3s "do nada", como travando criaturas-chave do adversário com sua habilidade. Subir com +2 gerando comidas também não é para ser subestimado, assim como possíveis sinergias com Dreadhorde Invasion.

Wicked Wolf é uma ótima criatura estilo "good stuff", eficiente no custo de mana e ajuda tanto a estabilizar uma board matando um bicho quando entra, como contorna remoções com sua habilidade de sacrificar comidas, sendo um ótimo payoff para as mesmas até nos baralhos menos "comida-cêntricos". Um exemplo é a lista de Bant Wolves postada pelo campeão do Mythic Invitational Andrea Mengucci:

 

 

Agora, para os que realmente se empolgaram na mecânica de comida, as estratégias baseadas em Feasting Troll King (carinhosamente chamado de HOGAAK) e Giant Opportunity são outros caminhos, gerando criaturas peso-pesadas caindo cedo que dominam a board, e confesso que esses decks me surpreenderam positivamente na mão dos meus oponentes no Early Access! Um exemplo é a lista a seguir, do Fandom Legends, nas mãos de Truedawn:

 

 

Aventuras Além do Hype

 

Murderous Rider // Swift End chegou com um peso enorme sob as costas, o status dado por muitos de melhor carta da coleção. E posso dizer que, assim como grandes craques da bola ao estilo de Ronaldo e Romário não temiam o peso de uma camiseta ao jogarem em um novo clube, o Rider não decepcionou às expectativas e jogou muito, em vários estilos de baralhos. A versatilidade e card advantage geradas quando ambos os modos são usados é incomparável, especialmente quando combinado com outras sinergias de bounce para reutilizar o efeito (Teferi, Time Raveler).

Todavia, as outras aventuras não ficaram para trás. Bonecrusher Giant // Stomp é tudo isso também para os decks vermelhos, e a combinação de ambos em baralhos estilo Rakdos Aggro permitiu que mantessem uma densidade de ameaças absurda contra Controles/Midranges, sem abrir mão da interação para mirrors de decks Aggro, a exemplo da ótima lista postada pelo Andrea Mengucci que mandou muito bem durante o Early:

 

 

Brazen Borrower // Petty Theft também contribui para o aspecto "interação que mantém a densidade de ameaças alta", e seu lampejo cai como uma luva tanto nas estratégias Flash, como sendo o bounce anti-hate em decks como Temur Reclamation (bônus por atacar Teferinhos e Narsets da vida nessas matches).

Lovestruck Beast // Heart's Desire é um monstro em termos de eficiência, e espero ver bastante dessa criatura em aggros e midranges com verde, e vários outros cards aparentemente mais simples como Beanstalk Giant // Fertile Footsteps, Smitten Swordmaster // Curry Favor e Merchant of the Vale // Haggle cumprem suas funções adequadamente em seus respectivos baralhos.

 

Aggro é o Caminho na Semana 0

 

Edição nova, hype a milhão, a galera testando groselhas, listas de baralhos reativos buscando a fórmula correta de remoções, bases de mana pouco tunadas... tudo isso cria um cenário perfeito para os decks agressivos mandarem bem na dita "Semana 0", afinal, não existem ameaças erradas, somente respostas erradas!

Começando pelos monocoloridos, tanto Mono Red "convencional" com Experimental Frenzy ou Calamity são ótimas opções para quem quer jogar o novo formato desde o começo, mas não quer investir pesado nas novas cartas ou gastar curingas sem termos um metagame definido, já que basta comprar 4 Bonecrusher Giant e reaproveitar a fortíssima base pré-existente (que estava no Tier 1 até os últimos suspiros do Standard de Ixalan, conseguindo um slot no Top 8 do nosso Nacional desse ano). A lista da Autumn Lilly do Fandom Legens é o ponto de partida:

 

 

Um grande atrativo para a estratégia "aggro mono color" é a base de mana sólida, que ganhou ainda o reforço do ciclo de Castelos em Eldraine. Mono Green Stompy com Questing Beast, Vivien e vários bichos peso-pesados tem seu apelo, enquanto que White Weenie e Mono Black, apesar de parecerem simples, fazem o trabalho bem feito. Seguem as primeiras listas branca e preta que usei durante o Early Access, ainda passíveis de refinamento com um sideboard adequado, mas que pareceram extremamente promissoras para os amantes da boa e velha agressão:

 

 

 

Para quem gosta de algo mais no estilo tribal, como os viúvos de Vampires, os Knights ganharam um reforço especial por parte da Wizards, com três cores extremamente recheadas em termos de cartas jogáveis e incentivos para montar o baralho. Basicamente, qualquer combinação de duas dentro do
Mardu é viável, e até mesmo montar totalmente três cores para os mais gananciosos é possível graças ao Tournament Grounds. Porém, não recomendo esse caminho, já que a base de mana fique extremamente dolorosa por causa das shocklands e a combinação com Murderous Rider escalona rápido no dano autoinfligido - durante o Early, um dos meus oponentes de Mardu Knights causou nada mais nada menos do que 13 de dano a si próprio entre shocklands, Stormfist Crusader e Murderous Rider, e eu fiquei realmente abismado após atacar pela primeira vez com minha Questing Beast quando estava jogando de trás, tentando estabilizar, e ele foi a 3 de vida no primeiro ataque!

A grande questão, portanto, é: qual combinação escolher dentre as três possíveis? Orzhov e Boros têm a vantagem de uma base de mana "melhor" com a ajuda dos templos (embora terrenos virados e curvar agressivamente não sejam exatamente a melhor receita). Orzhov tem mais profundidade na escolha dos cavaleiros, e exclusividade em Corpse Knight e Wintermoor Commander, focando em um aspecto mais "grindy" com a combinação de Worthy Knight, Acclaimed Contender, Foulmire Knight e Midnight Reaper. Rakdos, por sua vez, é mais voltado ao lado equipamentos de Embercleave e Steelclaw Lance, além do gás e agressividade provida por Stormfist Crusader. Já o Boros tem o poder do lord que as outras combinações matariam para ter na forma de Inspiring Veteran, sendo bem mais "pra frente" do que as outras duas. Segue a lista do Boros que utilizei durante o Early Access e que está tendo sucesso nas mãos de um dos meus inscritos no canal em sua empreitada nas ranqueadas:

 

 

É possível que essa lista possa ser "tunada", principalmente diminuindo mágicas de custo duplo como Gideon e aumentando a quantidade de fontes desviradas com Tournament Grounds ao invés de Temple of Triumph. Da mesma forma, Tajic e Glass Casket talvez não sejam os melhores cards possíveis pensando em material de Main Deck, e outros Knights poderiam preencher esses slots para mais sinergia e explosão nos Games 1.

 

Sem Checklands, Menos Cores

 

A dura verdade é que mesmo com a presença de Fabled Passage ou oito templos nas combinações com duas cores inimigas, a base de mana de três cores pareceu particularmente desafiadora no Early Access, de modo que acredito que duas cores vai ser o padrão para os Midranges e Controles daqui para frente (ou então uma base de três cores contando com o auxílio de outro terrenos, como Interplanar Beacon em um Jeskai Superfriends). Cortar a terceira cor não significa, todavia, que esses baralhos estão condenados ou vão ficar sem jogar, longe disso. Mas sim que terão de ser menos gananciosos em relação à sua capacidade de "resolver tudo", já que contarão com somente duas cores para fazerem o trabalho sujo.

 

Aquele Esper perfeito que tinha resposta pra tudo com uma base de mana funcional, pouco dolorosa e desvirada já era, e isso significa que os decks Mid/Control talvez tenham de tomar uma postura um pouco mais proativa em alguns cenários para contornar problemas que somente com duas cores e 60+15 na decklist não consigam somente interagindo e se defendendo.

O ponto positivo é que tanto as Aventuras ajudam nesse quesito, possibilitando jogar com mais criaturas mantendo a quantidade de interação, quanto algumas das novas ameaças de Throne of Eldraine são bombas legítimas para fechar partidas rápido. Questing Beast, Rankle, Master of Pranks, Oko, Thief of Crowns, Garruk, Cursed Huntsman e Irencrag Pyromancer são todos exemplos de cards que cumprem função para estabilizar a mesa e jogar de trás, mas que têm a capacidade de ganhar jogos num piscar de olhos se ignorados.

Nessa premissa de jogar para o late game, porém com potencial mais agressivo, a ideia de um Golgari Midrange me agradou bastante. A lista utilizada pelo Huey no Fandom Legends está bem mais refinada em relação às utilizadas no Early Access por mim e por outros streamers, sendo um ótimo ponto de partida:

 

 

Para os amantes do bom e velho Controle com azul, deixo também uma sugestão de Dimir Control, com aquele Thought Erasure na 2 tiltador de oponentes. Essa lista foi utilizada durante o Early Access por mim, e claro, alguns dos números podem não estar os mais adequados possíveis para o desenrolar do metagame, mas serve para ilustrar minha visão no arquétipo - parecida com os Dimir Control com Kefnet e recheados de instants/sorceries que surgiram durante a temporada passada.

 

 

Witch's Vengeance em particular me surpreendeu bastante, e é um ótimo material para o dito "sideboard no main deck", mas que retém função de removal simples quando não enfrentando um tribal. Narset talvez não seja a melhor pedida para card advantage considerando que não acerta as Aventuras, mas algum número delas ainda parece válido já que sua estática segue forte como nunca.
-

E quanto a vocês, leitores, quais são os ovos de ouro de Eldraine? Qual sua opinião em relação à mecânica de comida? Gostaram da versatilidade e vantagem gerada pelas aventuras? Apostam em quais aggros para a Semana 0, e em quais Midranges e Controles para combatê-los? Deixem suas opiniões nos comentários!

Abraços e até a próxima!