Aloha, cremosos! Sejam bem-vindos ao Laboratório de Commander. Quando eu sentei para começar a escrever este artigo, já tinha um deck pronto sobre o qual falar, uma ideia na cabeça e, como de praxe, um roteiro a ser seguido. Contudo, mês passado, no dia 18 de junho, a Wizards lançou um artigo intitulado " When Core and Commander Combine ", que você pode ler, em inglês, acessando o link no título, e que abordou um tema bastante interessante para qualquer jogador de Magic, principalmente de Commander: eles estão levando cada vez mais em consideração o Commander na hora de construir um set.
Enquanto eu lia o artigo do Gavin Verhey, não vou mentir que fiquei bastante emocionado e com os olhos marejados, pois me lembrei de tudo que o
Commander significa para mim, e a importância dele para minha saúde mental. O Gavin apresentou o spoiler da nova Kaalia, Buscadora do Zênite e
eu, tendo tido ela como uma das minhas primeiras generais, e a minha favorita até hoje, me lembrei do porquê esse formato é tão querido e, não por acaso, tem crescido tanto, se tornado um dos carros-chefes da Wizards.
Hoje, antes de começar a escrever este artigo, fui atrás do texto do Gavin novamente para referenciá-lo na introdução e, ao relê-lo, aquele turbilhão de
emoções me abalou mais uma vez, por isso decidi escrever sobre um assunto diferente de deckbuilding. Eu quero falar com vocês hoje sobre companheirismo, ou sobre o nosso famoso "Gatherer". Vai ser um artigo bem pessoal, então senta que lá vem história.
Como o próprio Gavin diz no artigo, quando o Magic foi criado, em 1993, ele era um formato essencialmente dual, com dois jogadores se enfrentando para ver quem sairia vencedor. O Commander inverteu essa lógica, e eu quero deixar claro aqui que eu falo exclusivamente de "Mesão do Amor", ou seja, da parte não-competitiva do Commander, antes que algum jogador de cEDH apareça para reclamar. Trazendo mesas multiplayer, com o tamanho ideal de quatro jogadores, o Commander, nascido Elder Dragon Highlander, popularizou-se rapidamente quando a grandiosa StarCity Games lançou olhar sobre o formato e logo em seguida a nave mãe abraçou-o com a proposta de ser um jeito casual de se jogar Magic.
Agora, por que uma pessoa pega um jogo competitivo e transforma-o num casual, e de repente essa forma de jogar torna-se tão popular e querida e passa a ser levada em consideração até mesmo na hora de fazer cartas para as coleções Standard (como é dito pelo Gavin no artigo)? Bom, apesar de imaginar, eu não sei o motivo exato pelo qual cada um de vocês joga Commander. Mas eu sei o porquê eu jogo Commander.
O ano de 2014 foi bem atípico na minha vida. Eu estava me formando na faculdade, com muitas incertezas sobre o que viria pela frente, como todo
universitário prestes a se formar, e vendo algumas coisas que eu tinha certeza que não mudariam, mudarem, e para pior. Um dia encontrei minhas cartas de Magic, pegando poeira desde 2007, na casa da minha mãe, e levei para Ribeirão Preto pois me lembrava de ver algumas pessoas que jogavam na faculdade. Voltei a pesquisar sobre o assunto, voltei para a LigaMagic, comecei a procurar lugares onde podia jogar na cidade, montei um protótipo de Reanimate Legacy (sem old dual, sem FoW), peguei meu carro, e fui com a cara e a coragem no Burger King onde o pessoal se reunia de quinta-feira para jogar. Sem conhecer ninguém, cheguei perdido, e perdido fiquei. Perguntei- me se deveria voltar na semana seguinte, porque não me sentia acolhido, afinal eu era o esquisito, novato pela segunda vez, com um deck Legacy, sem entender nada, no meio de um torneio Modern (não joguei, claro).
Voltei na semana seguinte, com um amigo, jogamos um pouco e ele foi embora. Achei que iria embora também, mas vi um pessoal afastado, em uma mesa redonda, jogando em várias pessoas. Um cara grande, hoje meu amigo Julay, me chamou e perguntou se eu conhecia Commander. Disse que tinha ouvido falar, mas não conhecia, nem tinha jogado. Ele me explicou o básico, me emprestou um de seus decks e me mandou sentar e jogar. Ainda meio perdido e com desconfiança, sentei. Joguei de Kaalia of the Vast pela primeira vez e lembro até hoje de como me senti incrível com um deck que soltava uma bomba por turno, burlando o custo de mana, e ainda eram cartas extremamente legais, afinal quem não gosta de Anjos, Demônios e Dragões? Tomei uma surra, fui o primeiro a ser eliminado da mesa, e disse que precisava ir embora, mas o Julay fez o convite: “volta semana que vem, a gente tá sempre aqui.”
Eu estava perdido, e o Commander me encontrou. Não só o formato, mas as pessoas. Entrei de cabeça no jogo. Comecei a estudar mecânicas e interações. Descobri uma infinidade de generais e me apaixonei perdidamente. Vendi meu deck Legacy e investi no meu primeiro deck Commander, depois no segundo, no terceiro... hoje são oito e logo vem mais um, fora os que desmontei pelo caminho. Alguns decks foram embora, mudamos o lugar onde jogamos várias vezes, mas os amigos ficaram.
Cada um de nós, que joga Commander como formato principal, sabe seu motivo para se manter no jogo. Em 2015, poucos meses depois de voltar para
o Magic, comecei a sofrer de síndrome do pânico, e foi o Magic que me segurou. Cheguei a jogar até cinco vezes na semana. Assistia os vídeos do Commander Vs Series, da StarCity Games, enquanto esperava uma crise passar. O Magic me libertava. Me acompanhou durante o tratamento da doença e, quando eu mudei de cidade, e fiquei sem jogar por longos meses, pensei em vender tudo e desistir, mas como abrir mão do Gatherer? Encontrei um novo playgroup em Rio Claro, depois voltei para Ribeirão e refizemos nosso playgroup aqui, apesar das baixas e distanciamentos.
Uma coisa, porém, é clara: o sentimento de que o Commander é muito mais do que uma forma de jogar Magic é mútuo. Já ouvi relatos de diversos amigos que vão de encontro ao meu. Mais uma vez, eu não sei o motivo de você jogar Magic, mas se for como nós, isso não importa, porque você não encontrou só amigos jogando Commander, você encontrou o seu lugar. E lá você pode comandar hordas de Zumbis, pode conjurar mágicas absurdas, pode burlar custos de mana altos, pode montar os decks mais esdrúxulos; mas no final do jogo, você vai olhar para os lados e saber que aquelas pessoas estão com você, seja você o Anjo 8/8 ou a Planta 0/1. Porque é isso que os amigos fazem.
Ver a nova Kaalia me trouxe lembranças, me trouxe memórias e reacendeu parte da chama que queima incessante aqui dentro, e mantém acesa a paixão pelo Commander. Nos vídeos do Commander Vs Series é comum ver relatos de pessoas que assistem e acompanham o canal enquanto passam por momentos difíceis, como uma doença psicológica, uma perda, bullying, etc. Os próprios apresentadores do canal já falaram sobre isso em alguns dos vídeos, e é muito bonito ver o apoio e suporte da comunidade.
O Commander é feito pelos desajustados. Quando reunimos um monte de carta que parece não ter valor nenhum para os formatos competitivos e
hypados, e fazemos um deck interessante, ainda que meio torto, estamos também juntando partes nossas que talvez não fossem apreciadas pelos outros e dando valor a elas.
Não à toa nossos decks refletem nossa personalidade. Mesmo quando temos muitos, temos sempre aquele preferido, e quando olho para o meu playgroup e vejo o deck favorito de cada um: Mayael, Omnath, Zur, Jeleva, Maelstrom, Rakdos, Xenagos, Trostani, Oona, Yennet, Nekusar, Avacyn, Ur-Dragão, Atarka, Gisela, Roon, Nikya, Atraxa, Pluma, Gisa e Geralf, também tenho um vislumbre do amigo que está jogando comigo. E sempre que eu me deparar com aquela criatura lendária, vou me lembrar das experiências que tive com ele, dos momentos que passamos juntos, e de como o Gatherer proporcionado pelo Commander nos uniu.
Mais uma vez, seja bem-vindo ao Commander, cremoso. Aqui é o seu lugar.
Obrigado por ficarem comigo até aqui.
See ya!
x3
Commander é 10/10. volte para nós! :D
Commander é um formato sem comparações. O que ele faz por nós é sensacional :)
e eu quase amo o Omnath, mas amo você hahaha
not a doubt :)
valeu, cremoso!
que bom, mano. que bom mesmo! fico feliz com isso. apareça mais pra comentar x3
MUITO obrigado. que bom que curtiu!
acho que muita gente tem se identificado e é muito bom poder falar sobre o quanto o Commander é mais do que um jogo, é parte importante da nossa saúde mental!
never gonna do it! a antiga é mil vezes melhor hahahaha
que bom que chegou em você e nos seus quarentões hahahaha espero ser chamado pra um mesão um dia! abraço
muito além mesmo
x3
faço minhas as suas palavras* hahahah
que bom que você comenta mesmo, mano. fico no aguardo pra lê-los. e, bom, a gente precisa falar sobre as coisas que doem pra elas pararem de doer, né. espero jogarmos mesão juntos ainda.
tem coisa melhor do que tomar porrada com deck caro e em ganhar mesão com deck lixo? tem nada! hahahha que bom que o Commander te encontrou, cara.
x3
graças a Urza!
que bom, mano, fico muito feliz.
tem coisa mais linda que jogar commander? tem não haha
espero que você tenha se saído bem. o Commander tem funcionado pra você?
e xingar os amigos! x3
pô, me emociona isso :) valeu mesmo!
cara, sem palavras. Commander é seu lugar. sempre! espero jogarmos juntos ainda ;)
A parte do for fun e a chance de montar decks diferentes com cartas beeem extravagantes com certeza é um fator pra Wizards pensarem em criar cartas para o formato ^^
Nunca joguei commander. Depois que voltei a jogar, foquei no Modern mas como a grana está curta, vou investir um pouco no Commander...Como o psicológico para Magic não é o competitivo, devo me sair bem ^^