Hogaak Winter
Sandoiche disseca o deck to beat do modern e especula sobre o futuro do baralho
01/07/2019 10:05 - 18.058 visualizações - 58 comentários

Olá! Todos que vêm jogando Modern recentemente viram o formado ser tomado de assalto pelo fenômeno Hogaak Bridgevine, fruto da entrada de Hogaak, Necropole Erguida, Altar da Demencia e Comedor de Podridao no formato com Modern Horizons, cards que ascenderam o modesto Bridgevine ao posto de Tier 1 e "deck to beat absoluto", com muitos alegando que o deck está mais próximo de um "Tier 0", ou seja, simplesmente um erro listar qualquer outro deck que não esse para um torneio Modern. Esse fenômeno foi da última vez visto no "Eldrazi Winter", que colocou 6 de 8 no Top 8 do Pro Tour Oath of Gatewatch utilizando-se da combinação dos então novos Eldrazis com Eye of Ugin.

 


Para os que estiveram por fora do formato nos últimos dias, segue a lista do baralho que infestou as ligas no Magic Online ultimamente, essa fruto de um 5-0 nas mãos do piloto ar_:

 

Hogaak Bridgevine, por ar_
 
26/06/2019
R$ 1.489,57
R$ 5.031,94
R$ 47.359,83
 
26/06/2019
Visualização:
Padrão
Cor
Custo
Raridade
Visual
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CMC
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Criaturas (28)
 
6,17
 
4,95
 
0,20
 
13,52
  
22,49
   
34,19
   
3,95
Mágicas (5)
 
0,08
 
1,34
Artefatos (4)
 
31,11
Encantamentos (4)
   
4,74
Terrenos (19)
89,10
49,50
65,91
44,80
1  
0,00
13,00
76,44
24,95
60 cards total

Sideboard (15)
 
42,50
 
4,49
 
0,23
 
0,08
  
3,95
  
0,10
   //  
2,63

 

Seu plano de jogo é relativamente simples. Você precisa de algum número de drops 1 pretos, como Carrion Feeder, Stitcher's Supplier e Gravecrawler para o Convoke. Outros cards como Insolent Neonate e Faithless Looting vão forrando o cemitério e cavando pelas peças certas na mão. Com duas criaturas pretas e ao menos 5 cards no cemitério, já é possível começar a colocar os Hogaaks em jogo. Um 8/8 atropelar recursivo no turno 2 já seria bastante coisa mesmo para os padrões do Modern, mas a coisa fica ainda melhor com Altar of Dementia em jogo e Bridge from Below no cemitério. Ao sacrificar o Hogaak dando alvo em si mesmo, o deck vai jogando mais cards no cemitério, e com a Bridge colocando zumbis 2/2.


Ao achar uma segunda Bridge, o Hogaak vira "autossuficiente", podendo ser sacrificado e jogado quantas vezes forem preciso para tombar o deck inteiro do Bridgevine. Nesse momento, cada sacrifício do Hogaak está colocando 3 ou 4 zumbis 2/2, permitindo agora que cada combinação de dois zumbis e 5 cartas vire um Hogaak millando 8 cartas do oponente com o Altar, e por fim, os próprios Zumbis e demais criaturas como Vengevines, Gravecrawlers, etc. também implicam no fim do baralho adversário.


Entretanto, esse não é o único ângulo de ataque possível, e consegue executar ao menos um dos planos "alternativos" de maneira extremamente consistente. Ele consegue mulligar de forma agressiva e ainda assim empregar um plano de jogo aceitável nos primeiros turnos praticamente sempre, e mesmo seus draws mais "cansados" ainda estão muito a frente do que vários outros decks no Modern conseguem fazer, como voltar várias Vengevine rápido, fazer um Carrion Feeder 6/6 com vários Zumbis, um Hogaak de turno 2, etc.


Outro ponto em favor do deck é a sua resiliência. "Bom, se é um deck degenerado de cemitério, podemos resolver com umas cartinhas de side", você pensou com toda a inocência do mundo. A combinação de Gravecrawler, Carrion Feeder e Bloodghast provê um clock razoável para criaturas que são somente "enablers" da estratégia, contornando os hates de cemitério tal qual Stinkweed Imp e Narcomoeba ficariam tristes. Quase sempre ter uma forma de sacrificar em velocidade instântanea "contorna" a fraqueza de ser exilado do Hogaak/Vengevine/etc., permitindo que mesmo Path to Exile ou
Terminus não interajam da forma ideal.


Mesmo alguns hates simples, como Reliquia de Progenitus , Grafdigger's Cage, Surgical Extraction ou Nihil Spellbomb acabam criando janelas para encaixar um Hogaak da mão, e um 8/8 atropelar consegue finalizar partidas quando parte do plano funcional do outro baralho precisa se comprometer em hatear o cemitério.


Para os mais chegados nos números e estatísticas, no Modern Challenge do primeiro fim de semana em que foi legal ele alcançou 3/8 no Top 8 com mais sete cópias entre 9-32. Na semana seguinte, o número subiu para 4/8 no Top 8, e então para um total de 8 em 16 no Top 16 do Format Playoff Modern desse dia 22/06. São números que chamam a atenção para um baralho tão novo, que ainda certamente está longe de ter sido "tunado" até a perfeição pelo teste do tempo.


Apesar de um ou outro deck ainda estar aparecendo nos torneios (Humans e Azorius Control como os principais com maiores fatias de metagame), o Hogaak Bridgevine que mal surgiu já destronou em poucas semanas competidores que brigavam por meses por aquele slot de "deck to beat".


Hogaak simplesmente destronou toda a variedade de estratégias de cemitério diferentes. Não somente por ser uma opção mais rápida e resiliente ao hate, com um já citado melhor plano B, mas porque a sua mera existência força outros baralhos a usarem quantidades ainda maiores de slots no sideboard (ao menos 6 e dos mais pesados, em momentos que o Dredge dificilmente forçava mais do que 3 ou 4, e de alguns mais genéricos/menos poderosos).


Como hate específico e artilharia pesada, somente dois cards realmente "seguram a bronca" do Bridgevine: Leyline of the Void e Rest in Peace, o segundo com a ressalva de algumas vezes ser muito lento na draw. Hates de "um tiro" (Relic of Progenitus, Nihil Spellbomb, Ravenous Trap, Surgical Extraction), que não atacam totalmente o cemitério como Grafdigger's Cage, ou que são "embutidos" em outras jogadas de valor (Scavenging Ooze, Kalitas, Traidor de Ghet) precisam ser complementados por um plano que feche a partida rápido ou jogados em múltiplas camadas para serem efetivos.
-


Uma conversa de bastidores que tive com os excelentes Juliano Gennari, Lucas Caparroz e Rudá Reis durante a co-transmissão do Mythic Championship III pela LigaMagic foi sobre um eventual banimento no próximo dia 08 de Julho. Se considerarmos somente o fator jogabilidade do formato, deixando de lado as questões mercadológicas, a carta que quebrou o balanço do Modern foi certamente o Hogaak, Arisen Necropolis.


Antes da entrada de Modern Horizons, o Bridgevine era um arquétipo no máximo "fringe", um Tier 2 no meio de tantos outros Tiers 2 (ou talvez nem isso). Tinha seus potenciais de fazer coisas degeneradas, como voltar 2 Vengevines ou criar meia dúzia de zumbis 2/2 nos turnos 1/2? Sim, mas dificilmente conseguindo contornar hates simples como Surgical Extraction, e com uma consistência muito inferior à provida pela combinação de Hogaak, Carrion Feeder e Altar of Dementia.


Nesse sentido, o ban "fácil" e, ao meu ver, correto, é o do Hogaak em si. Mesmo que Altar of Dementia permaneça como um enabler poderoso, o deck não teria como "loopar" Hogaaks com a ajuda de Bridge from Below sem ele. Somente passar o turno 2 com uma meia dúzia de zumbis ou Vengevines não seria nada muito diferente do que as builds pré-Horizons de Bridgevine faziam, ao passo que o deck ainda permaneceria vulnerável aos decks de turno 3/4 e outras interações como sweepers, Snapcaster+Path to Exile, etc.


Entretanto, sabemos que no mundo dos negócios outros fatores pesam. Pega muito mal um card recém-lançado, que ainda está circulando dentro dos pacotinhos nas lojas, ser banido. Ainda mais em um booster premium, de maior valor agregado como é Modern Horizons.


Apontando para outros "culpados", temos primeiramente Faithless Looting, a sempre requerida, mas que mesmo permitindo diferentes baralhos dominantes através dos tempos (Dredge, Phoenix, Hollow One, Mardu Pyromancer, Bridgevine) meio que sempre acabou sendo regulada pelo próprio metagame. E uma que acertaria muita gente ao mesmo tempo, mantendo-se um tema delicado tanto quanto outros cards sempre mencionados, como Ancient Stirrings, Mox Opal e Simian Spirit Guide.


Em seguida, o que a maioria das pessoas vê como provável, até porque é a carta que permite muito da explosividade do Bridgevine: Bridge from Below. Sem ela, o deck não consegue brotar um monte de Zumbis que permitem uma kill de turno 2 com Altar of Dementia, forrar a mesa "do nada" com Carrion Feeder e garantir resiliência contra remoções globais para Gravecrawler & Cia. Ela parece também ser um alvo bem nos conformes de outros bans que a Wizards já realizou: não é financeiramente cara e seu banimento não acabaria totalmente com a existência do deck, já que ele continuaria a existir, porém seria certamente enfraquecido.


Resumindo, o que eu gostaria de ver no dia 08: Hogaak, Necrópole Erguida está banido do Modern. O que eu acredito que provavelmente vai acontecer: Ponte das Profundezas está banido do Modern. Se fosse para apostar em um terceiro palpite mais "provável", seria o "sem mudanças no Modern", esperamos por M20 e o London Mulligan entrar, e vemos o circo pegar fogo no Mythic Championship em Barcelona ao final do mês.


Se formos por esse caminho, ainda há uma bem pequena luz ao final do túnel, um mínimo feixo de luz alcançando o final dos escombros. Decks de combo ultra-rápidos e focados, como Neoform, Baral Storm, Infect e Devoted Druid "all-in" estão crescendo, mesmo que timidamente, em popularidade. Outros decks que conseguem emplacar um plano de disruption pesado no cemitério com algum clock, como Jund, Eldrazi Tron e Frenzy Affinity, também estão ressurgindo.


Ainda assim, o fato do Hogaak continuar postando resultados mesmo com um alvo gigante na testa é algo que tem de ser considerado antes de seguirmos com qualquer conversa de banimento, já que, dadas as devidas proporções, esse sempre é um fator importante ao falarmos de bans: o quanto um deck "aguenta" e continua fazendo resultado mesmo com todo o hate do mundo nos sideboards e até main decks do restante do formato.

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E quanto a vocês, leitores, qual a sua opinião sobre o Hogaak Bridgevine no Modern? Acreditam que algum card será banido? Se sim, qual o card que vocês gostariam que fosse banido? Ou acham que o próprio Modern consegue encontrar a solução para o mesmo, como já aconteceu com tantos outros baralhos que surgiram anteriormente? Deixem suas opiniões nos comentários!


Abraços e até a próxima!

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Matheus Akio Yanagiura ( sandoiche_13)
Matheus Akio Yanagiura, mais conhecido como Sandoiche, é jogador profissional, escritor e streamer de Magic: the Gathering, produzindo conteúdo com foco para o competitivo do jogo desde 2012. Membro da equipe de e-Sports LigaMagic Bolts desde sua formação inicial, dentre seus resultados destacam-se a classificação para o Neon Dynasty Championship, o título do ManaTraders Series Legacy, o vice-campeonato da Twitch Rivals e o Top 8 do Magic LATAM Challenge, além do bi-campeonato do Circuito LigaMagic Modern e Top 16 Grand Prix São Paulo 2018 no Magic Tabletop.
Redes Sociais: Twitch, Facebook, Instagram, Twitter
Comentários
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(Quote)
- 03/07/2019 18:57:23
Particularmente acho que hogaak não tomará ban, já a ponte é 90% de certeza, a questão é será que o deck será jogável sem ponte.
(Quote)
- 03/07/2019 05:36:27
Só quero comentar que um deck que se baseia em um altar de sacrificio, um encantamento no cemiterio que faz uma horda zumbi e fecha com um monstrao composto por corpos em decomposição é uma aula de flavor né...
Pena o deck ser apelão demais.
Meu voto é pelo #BANnaPONTE ... pelo país, pelo modern , pelas minhas finanças, pela chance do novo deck goblins vir a brilhar!!! Rs
(Quote)
- 02/07/2019 20:30:52

Exatamente
O formato está excessivamente acelerado e voltado para cemitério. A quantidade de hate no main deck (cartas mortas em outras matches) só para não perder no terceiro turno é altíssima.

Se sacrificar a estratégia da maioria dos decks para compensar um Metagame injusto e polarizado é ok (e antigamente não era), então a banlist precisa ser toda revista.

Se dismember no main para não perder para Twin configurava um Metagame ruim, então Surgical no main também é.

Se decks de faithless looting podem matar no terceiro turno com consistência, então pode desbanir meu ponder para que eu jogue umas cantrips, embaralhe meu deck e pelo menos morra no terceiro turno feliz e realizado auahauhaua.

(Quote)
- 02/07/2019 18:59:18

Entendo o seu ponto sobre a Faitless, e concordo também sobre o que comentou do Karn (outro card que ao meu ver, pode ser comparado ao POD, que restringe o design de cards artefato com potencial, e o pior, independente do custo). Toda via, mesmo que o hogaak não seja atingido "mortalmente" pelo ban de outra coisa e não da Faitless, ainda acho que ela tem deixado o formato muito voltado para o grave devido a velocidade de jogo. Mas concordo que a criação de mais cards com grave hate seria interessante.

(Quote)
- 02/07/2019 18:40:59

E onde que você tem pesquisado? E não seria um erro estratégico, existe varias cartas que fazer o serviço dela mas não por 1 mana e muito menos podem ser jogadas novamente só por estarem lá no grave... Isso seria "lentear o formato"...
https://www.mtgtop8.com/format?f=MO&meta=54

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