No inicio era o RUG Delver. Um dos pilares do Legacy ganhava abusando de mágicas de custos baixíssimos e criaturas eficientes, geralmente de CMC1. A trupe do mal era formada por Delver of Secrets, Nimble Mongoose e Tarmogoyf, amparados por soft counters, Stifle e Wasteland.
Aí veio a Wizards e criou o Deathrite Shaman.
A melhor definição para o bicho era a de PW de 1 mana. Sua habilidade de conter o cemitério do oponente, ao mesmo tempo em que ganhava vida e consertava mana, aos poucos, tirou o RUG Delver do altar, que deu espaço ao excelente Grixis Delver. Com o deck dominando o formato e com cópias de Shaman em todos os decks com preto do Legacy (acredite, tinha gente sideando o PW no ANT), veio a Wizards e desceu o martelo no bicho. Atirou com mais força que Thanos no QG dos Avengers, mas diferentemente do vilão, acertou o alvo em cheio e, de quebra, atingiu a Gitaxian Probe também.
O deck perdeu uma força incrível, desde o ban de Deathrite Shaman e Gitaxian Probe. A bem da verdade, até ontem não tinha se recuperado muito bem do baque e estava aparecendo pouco entre os principais eventos de Legacy no mundo. Os jogadores tentaram salvar o arquétipo e substituíram as Cabal Therapy, por Thoughtseize, alguns colocaram Spell Pierce outros Stifle, mas nada deu a liga da build de antes.
Por mais que o Grixis Delver tenha sido um dos decks com a maior porcentagem de vitórias do GP Niagara Falls, no início desse ano, de forma geral as builds que levam o inseto estão bem sumidinhas no field do Legacy, desde o ano passado.
Ao lado dessa tentativa, algumas builds de UR Delver começaram a aparecer, com mais eficiência, principalmente depois do lançamento de Pteramander e, de fato, passaram a produzir mais resultados que o Grixis, principalmente em eventos do MTGO. O deck combinava mais burns e mais cantrips, para transformar o mais rápido possível o Pteramander em um 5/5. A turminha do mal era completada por Delver, claro, Young Pyromancer e True-Name Nemesis.
Até que veio a dona Wizards e lançou A Guerra da Centelha e com ela Dreadhord Arcanist, em bom português, Filho do Capeta, digo Arcanista da Horda Medonha.
Em um resumo rápido, toda vez que ele ataca, você pode recapitular uma mágica instantânea ou feitiço de custo 0 ou 1 do seu cemitério, sem pagar pelo custo de mana.
Sim, você pode jogar seu Ponder do cemitério durante a fase de combate e é isso que deixa o bichinho insano.
O bicho ressuscitou o arquétipo por completo. Primeiro o UR Delver e, recentemente, o Grixis Delver. O resultado da inclusão do zumbi de 2 manas no deck foi tão expressivo, que no Challenge do MTGO, do dia 02/06/2019, apareceram 4 UR Delver no top 8 e mais 1 no top 16, totalizando 20 cópias do Arcanist.
Forte? Imagina! Vamos à lista do vencedor:
Com exceção de Abrade, todas mágicas instantâneas e feitiços do deck tem CMC 1. Alguns jogadores, inclusive, passaram a incluir Shattering Spree no deck, como uma alternativa a Abrade, para destruir artefatos e ser recapitulado pelo o Arcanist.
Ainda, no Challenge do MTGO desse final de semana (09/06/2019), no que pese não ter havido nenhum UR Delver no top 8, foram 2 no top 16 e 1 Grixis Delver no top 8:
A lista do Grixis Delver, você pode conferir aqui:
As exceções às spells de CMC1, aqui, são apenas Abrade e Comando de Kolaghan, seguindo a mesma linha de montagem do UR, acima.
Mas porque toda essa hype em torno de uma carta com CMC 2, 1/3, que nem é clock?
Basicamente o que o Arcanist faz é te dar vantagem de carta, às vezes real, às vezes virtual, ao mesmo tempo em que acelera sua mana (já que você não gasta nada para usar as mágicas do cemitério).
Acha que isso é pouco?
Então pense que se você recapitular uma Brainstorm do cemitério, com fetch em campo, logo depois do ataque dele. Aqui, o Arcanist foi, ao mesmo tempo, uma Lotus Petal e um Ancestral Recall, que, de bônus, ainda causou 1 de dano no oponente. Melhor agora?
Além de tudo, o bicho é 1/3, isso quer dizer que é um blocker eficiente e, mais importante, pode atacar em cima de Thalia, Guardia de Thraben, Young Pyromancer e uma miríade de outras criaturas, sem morrer. Isso é tão relevante, que da pra contar nos dedos o número de vezes que Thalia é apenas um chump block e essa é uma delas.
Se você parar para pensar direito, você vai descobrir, inclusive, que leva três ativações de Jitte de Umezawa para matá-lo, o que é extremamente relevante.
O resultado prático de todo esse poder é um deck de Delver que no sexto turno ou mais, ainda tem 5 ou + cartas na mão, quando antes dele, nessa altura, teria normalmente 2 ou 3, e isso é extremamente relevante. Mas para entender isso, temos que entender como os decks de Delver funcionam.
Os decks de Delver, basicamente, trocam recurso 1x1 com o oponente, na procura de ganhar vantagem de tempo, no jogo. O que isso quer dizer? Quer dizer gastar a própria mana da maneira mais eficiente possível, criando situações para atrasar seu oponente, fazendo com que ele não consiga aproveitar a própria mana de maneira eficiente.
Geralmente isso significa fazer uma mágica no seu turno e outra mágica no turno do oponente, dificultando o desenvolvimento do jogo dele. Por exemplo, Delver no seu turno e Daze no turno do oponente.
Esse troca-troca (sem imaginar coisas, por favor), como tudo que é bom na vida, tem um limite. Afinal, MTG é um jogo de recursos limitados. Nos decks de Delver, esse limite tem que ser a exata conta para ganhar o jogo, às vezes finalizando o oponente com um Raio. Isso quer dizer que lá para o turno 6 ou +, o deck de Delver já não vai ter tantas cartas assim na mão, pois elas foram gastas tentando fazer funcionar esse plano de jogo. Logo, se o oponente conseguiu sobreviver aos turnos iniciais, a tendência é que consiga resolver mágicas no late game que revertem a vantagem em seu benefícios, subjugando os decks de Delver. E aí que entra o zumbi do capeta.
Tal qual Daenerys Stormborn, ele veio pra quebrar a roda. Como os decks estão sendo construídos com menos soft counters e mais cantrips e burns, para aproveitar o máximo a habilidade do zumbizão, esses decks até o turno 6, vão ter castado várias cantrips e boa parte delas recapituladas gratuitamente. Cantrip recapitulada de graça significa card advantage, pois você coloca uma carta na sua mão, sem perder nenhuma da mão para isso.
No UR Delver, além das cantrips, burns serão recapitulados de graça, diminuindo o clock do deck. No Grixis Delver, além de cantrips e burns, descartes serão recapitulados de graça, aumentando a eficiência contra control e combos. Experimenta só jogar de Sneak and Show e no turno 3 seu oponente castar Thoughtseize com Arcanist em campo. É de despencar das nádegas, o orifício anal. Entendeu a força do bicho?
Enfim, agora que já sabemos o que é Tempo Advantage, fica fácil concluir que o bichinho é uma máquina de tempo advantage, além de todas as outras funções que ele já tem.
Logo, em razão dele, prevejo uma chuva de Delvers nos próximos meses de Legacy, a começar por builds URs e, com o tempo, builds Grixis.
Quanto ao RUG? Ah, esse ta morto mesmo, mas os motivos são assunto para outro artigo.
Moral da história? Da próxima vez que você se deparar com um Delver flipado e um Arcanist do outro lado da mesa, mire sua remoção no Arcanist!
Mas para continuar falando de coisa boa, o NL 2019 está se aproximando e em razão dessa proximidade, tudo está praticamente pronto e a premiação esta à beira de ser anunciada. Mas até que a gente chegue ao ponto de anunciar a premiação, abaixo você pode conferir a token exclusiva, escolhida pelo campeão do ano passado, Gabriel Casas, que vai ser distribuída para todos os participantes do NL 2019.
Monge Prowness foi a escolha do nosso campeão, que entrou para o seleto hall de Tokens do NL 2019, eternizado na arte do nosso queridíssimo Bruno Lanza, cuja arte você pode conferir aqui, e aqui.
Gostou? Então vem jogar com a gente esse ano! Aguardo você no NL 2019!
Exatamente isso. O draw 2 bicho definitivo do red. Tem power level maior que Goyf e BOB e chega bem proximo do japacaster (em alguns casos se tornando bem superior)
Young Pyromancer tava no lugar mais por falta de concorrência.