Olá! Muitos planeswalkers de Guerra da Centelha receberam hype, amor, fama, fortuna e glória: Nicol Bolas, Ugin, Teferi, Liliana, Chandra, Sarkhan, Narset, Karn... alguns estão mostrando trabalho até fora do Standard, outros ainda estão tentando achar seu lugarzinho ao sol no principal formato do Magic Arena... mas existe uma queridona que não recebeu toda essa atenção, e vem silenciosamente se tornando um dos pilares relevantes do atual Standard: Nissa, Abaladora do Mundo.
Não somente ela, mas um certo "pacote Nissa", composto de Llanowar Elves, Paradise Druid e Incubation Druid vêm sendo o núcleo de várias estratégias ramp no atual Standard, buscando potencializar os mais diversos "payoffs" famintos por mana e pesados. Mas porque esse plano funciona tão bem, afinal?
Historicamente, baralhos "ramp" sempre jogaram muito bem contra "midrange e control", porque enquanto esses decks estão preocupados em interagir rapidamente com a mesa e tentar ganhar valor com ameaças "médias", o plano dos ramps é ignorar totalmente a ação de early game, focando
somente em aumentar seu acesso à mana para, nos mesmos turnos onde as ameaças médias dos mids e controls estão começando a ficar online, as ameaças ultra-pesadas dos ramps estejam chegando. E de maneira geral, interação rápida e eficiente não lida bem com "bois gigantes", fazendo os ramps aproveitarem-se desse ponto fraco dos decks interativos. E estamos em um momento do formato onde midranges como Esper e Gruul estão a todo vapor em termos de popularidade.
Os decks que rodam com Nissa são projetados para descê-la no turno 3, com uma mão de Llanowar Elves + qualquer outro bicho de mana + 3 terrenos. Nesse estágio do jogo, poucos adversários no Standard têm como montar uma mesa capaz de atacar um planeswalker que entra com 6 marcadores de lealdade + um bicho 3/3 vigilância, que pressiona os seus próprios planeswalkers e pontos de vida.
Mesmo as respostas "rápidas" e na curva, como The Elderspell, Bedevil e Angrath's Rampage, exigem um turno "completo" de resposta nesse estágio do jogo e não lidam nem com o 3/3, nem com os elfos, fazendo com que mesmo mantendo certa paridade de respostas, o oponente ainda acabe atrás tanto em recursos, como em "tempo". Se responder a Nissa, uma mesa capaz de produzir uma jogada de seis manas no turno seguinte ainda precisa ser respondida. E se não responder a Nissa, a onda de 3/3s vigilantes segue punindo, enquanto que jogadas "gordas" com o excedente de mana já começam a ficar online.
Isso coloca uma pressão enorme em responder os bichos de mana, forçando decks interativos a manter cards medíocres como Moment of Craving e similares, justamente para não tomar essa jogada devastadora da Nissa na curva. Só que esses cards alinham muito mal contra as ameaças "de verdade" dos ramps conforme o jogo progride. Ou seja, de qualquer forma, decks montados basicamente com manas+ameaças criam bastante tensão nas decisões do adversário.
O que acaba diferenciando os "Nissa decks", entretanto, é o quanto e como eles se aproveitam das habilidades da Nissa, e o que vamos ver no artigo de hoje!
Bom, talvez nem todos vão por uma rota tão ramp, e somente 3/3s vigilantes todo turno sejam suficientes. É o que aposta o Paradise Gruul, deck utilizado pelo Lee Shi Tian essa semana em sua stream, utilizando-se da base Gruul Midrange, mas com 4 Nissas ao invés de Sarkhan the Masterless, Skarrgan Hellkite ou O Sol Imortal.
A premissa é interessante, mas vejo muito potencial desperdiçado ao tomar essa rota - sem nem ao menos um Dragãozinho para abusar de múltiplas ativações de sua habilidade, ela acaba subutilizada aqui, servindo mais como um complemento às agressões de Legion Warboss e Gruul Spellbreaker, no clássico "aumente a mesa sem se estender para a remoção global".
Um deck que estava tido como praticamente morto devido à onipresença de Teferi, Time Raveler e Narset, Parter of Veils no metagame, o Simic Nexus soube ressurgir de forma magistral com nova roupagem, alcançando Top 8 no Magic Fest Kansas City com a build acima.
Aqui, ao invés de emplacar um loop infinito de Nexus of Fate e matar com o marasmo de Demissao Impiedosa, o plano é muito mais incisivo. Coloque a Nissa cedo em jogo, desvire com ela, e basta um ou dois turnos extras de Nexos que uma vantagem imensurável é construída, fechando o jogo com 3/3s vigilantes ou Hydroid Krasis enormes.
Dessa forma, o deck abdica do plano de Wilderness Reclamation + Search for Azcanta, e com isso fica bem menos vulnerável aos planeswalkers que o jogaram para fora do formato. E de brinde, para contornar hate cards chatos como Ego a Deriva, o Creature Nexus tem um plano transformativo com Mass Manipulation, Pelakka Wurm e Thorn Lieutenant para jogar de forma midrange junto às demais criaturas do main deck.
O que nasceu como um "meme deck", mas que talvez seja muito mais do que isso, é o Mono Green Tron do Standard. "Tron", porque a Nissa acelera as manas, e o deck fecha com Planeswalkers incolores bolados - Karn, the Great Creator e Ugin, o Inefavel , com direito até a um pseudo-lock à-la Trelica Micossintetizadora com God-Pharaoh's Statue, que pode ser feito a partir do turno 4 com uma Nissa que resolveu no terceiro. A cereja do bolo é se fizer com 2 dorks + 4 florestas e o desvirar da Nissa, que possibilita um total de 12 manas, resultando em Ugin->Karn->Statue, tão cedo desde o turno 4!
A lista acima foi baseada em uma que alcançou 5-0 no Magic Online, e me chamou bastante a atenção por trocar escolhas "fracas" como Arboreal Grazer, Nissa's Triumph e Wayward Swordtooth pelo sólido "pacote exploradores" de Wildgrowth Walker, além de diminuir um pouco a toolbox do Karn, permitindo acesso a algumas escolhas de sideboard como Ripjaw Raptor, Thrashing Brontodon e Forced Landing.
No mais, cards como Thaumatic Compass, Crucible of Worlds, Sentinel Totem e Meteor Golem têm os seus momentos nas partidas e circunstâncias corretas, permitindo ao deck escapar de situações ruins mesmo no G1.
Um dos decks que ainda tenta chegar na melhor build possível, variando bastante de lista pra lista e de jogador pra jogador, o Simic Mass Manipulation é um baralho que vem dominando os rankings altos do MTG Arena. Ele basicamente ignora "fazer gracinha", ou mesmo usar interações, e vai totalmente no modo "ramps, draws, ameaças". Aqui é todos os recursos voltados para a Nissa no 3, desvire, e corra pro abraço!
Alguns cards que variam de lista pra lista são a presença de Chemister's Insight, Frilled Mystic, Tamiyo, Colecionadora de Historias, ou mesmo o kit explorador. Entretanto, em todas elas o plano é mais ou menos similar, e nada melhor do que em um universo onde todos estão tentando "grindar" e "jogar mais pesado" que o amiguinho, roubar todas essas jogadas enormes com Mass Manipulation.
Em um "nível seguinte" ao Simic está o Bant Ramp, que fez Top 8 no último Magic Fest. Aqui, ao invés de focar 100% no plano ramp, o baralho tenta uma margem de jogo maior com Teferi, Time Ravelerr e bombas brancas especificamente para os aggros: Shalai, Voice of Plenty, Lyra Dawnbringer e Tolsimir, Amigo dos Lobos.
O Teferi é particularmente interessante ao punir Negate e Veto de Dovin em suas jogadas enormes, criando muito daquele cenário onde o oponente não consegue fazer um bom aproveitamento de manas, em que mesmo respondendo às suas ameaças, ele acaba ficando para trás na mesa turno após turno conforme as suas jogadas acima da curva vão gerando Valor.
Além disso, com um sideboard repleto de bichos, o deck também consegue transicionar bem em um midrange e até mesmo dar uma "encorpada" trocando alguns dos dorks mais frágeis por bichões, evitando cair vítima de Goblin Chainwhirler ou mesmo de um "swarm" de criaturas antes das jogadas pesadas entrarem em ação.
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E quanto a vocês, leitores, o que acham da Nissa, Abaladora do Mundo? Acreditam que o card foi "underrated" no começo da edição, e ainda tem muita lenha pra queimar? Ou então que esses baralhos ramps são somente fogo de palha? Deixem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
estou montando esse simic manipulation, testei a lista no cockatrice e curti demais !!
Fiz um 4x0 no 1o (e até agora único) torneio de loja que participei.
No Arena ainda estou evoluindo em Gold, mas o deck tem muita consistência.
O legal dele é a quantidade de opções que você tem. Quando pego um Esper Control a briga vai longe, mas normalmente levo vantagem com o Mass Manipulation fazendo a limpa nos PW do oponente. Nada é tão prazeroso quanto roubar uma Liliana já com 9 e na virada descer ela toda e limpar a mesa do oponente.
O grande vilão no meta é o W.W. Até agora só consegui vencer uma contando com a sorte. Na maioria tomei surra. O Merfolk e Monored costumam serem bem problemáticos também.
Os decks de Dreadhorde que eu usava choram pra qualquer um desses nissa.deck.