LigaMagic Entrevista: Lucas Berthoud
Um bate-papo sobre as mudanças no circuito profissional e o Magic como eSports
03/01/2019 10:05 - 4.372 visualizações - 10 comentários
Lucas Esper Berthoud, ou simplesmente Bertu, é, atualmente, um dos grandes nomes da cena profissional de Magic. Campeão do Pro Tour Dublin, do Grand Prix Santiago, e com diversos outros bons resultados, ele é um dos grandes nomes brasileiros. Saindo do circuito de PPTQs/RPTQs, entrou de cabeça no circuito profissional, em 2017, e desde então está sempre entre os melhores do mundo.
Lucas é um dos 32 jogadores que participarão em 2019 da nova Magic Pro League, que marca a entrada do Magic no mundo do e-sports. Em entrevista à LigaMagic, ele fala sobre essa nova experiência, o futuro do Magic e os e-sports, dos quais Lucas tem conhecimento graças ao jogo Starcraft.
LigaMagic: As recentes mudanças da Wizards no circuito criaram a MPL, e você, junto com o Carlos "Jabaiano" Romão e o Paulo Vitor Damo da Rosa, é um dos jogadores que estarão nela. Como você recebeu esse convite?
Lucas Berthoud: Foi uma grande surpresa. É tudo muito recente, nem deu tempo de sentir direito o que tá acontecendo. No começo de Dezembro, recebi uma ligação do pessoal do Wizards falando dos planos sobre a MPL e sobre o contrato. Após conversar com bastante gente, resolvi aceitar esse desafio. O critério da Wizards foi escolher os 32 jogadores melhor rankeados (em Pro Points), e ter 3 brasileiros dentro foi algo incrível, ainda mais em um jogo que tem 35 milhões de fãs. Todos sabemos das dificuldades dos brasileiros em jogar GPs e se manter no circuito. Tanto eu quanto o Jabaiano não tínhamos participado de muitos GPs, e mesmo assim ficamos entre os top 32 por causa de bons resultados nos Pro Tours. Tudo isso é fruto do trabalho da nossa equipe, Hareruya Latin, que teve 4 representantes na MPL (e os outros dois muito, muito próximos de terem alcançado o corte).
LM: Uma das novidades desse novo circuito é a questão de stream. Já vimos que você está se aplicando na preparação das competições, já sendo Mythic, mas como esta sua preparação para a stream? Algo especial?
Bertu: É um aprendizado se concentrar para jogar e interagir com o chat ao mesmo tempo; com o tempo, vai ficando mais fácil. Meu plano é fazer a maioria dos streams em inglês, mas com algumas em português de vez em quando. Quero que seja algo descontraído, que as pessoas se divirtam assistindo e aprendam um pouco também.
LM: A MPL prevê um contrato de 75k anuais. Como essa estabilidade afeta sua maneira de ver o Magic profissional? Mais do que isso, como isso afeta a eterna questão trabalho x jogador profissional?
Bertu: É um plano ousado da Wizards e um investimento grande. Acho que, para quem realmente quer se dedicar e continuar como profissional por mais tempo, a MPL permite isso. Tanto pelo contrato quanto pela visibilidade, que pode atrair patrocínios.
De minha parte, Magic vai continuar sendo um hobby, que toma bastante do meu tempo livre, mas, ainda, apenas um hobby.
De minha parte, Magic vai continuar sendo um hobby, que toma bastante do meu tempo livre, mas, ainda, apenas um hobby.
LM: O Pro Players Club chega ao fim, acabando com um programa de aproximadamente 20 anos, que dava suporte aos jogadores profissionais, mas também àqueles que ascendiam no circuito. Como você vê essa nova cena, seja para o Pro, seja para aquele que quer chegar à cena profissional?
Bertu: Ainda não sabemos bem como vai ser em 2019 — há muita coisa a ser anunciada. Acho que aqueles jogadores que participavam de 30 GPs por ano para se manter como Silver ou como Gold vão sair prejudicados. Mas, para mim, eles são uma minoria, e quase todos eram norte-americanos e europeus que tinham como viajar para todos esses campeonatos.
Bertu ao se sagrar campeão do Pro Tour Dublin em 2017.
Por outro lado, abre uma oportunidade grande para jogadores online se classificarem via Arena. Isso para mim é uma grande vantagem para jogadores da América do Sul que não tinham acesso a esses GPs. No Magic Online, brasileiro sempre deu show, e com Arena, tô achando que vai ser a mesma coisa.
Para quem é um jogador não profissional, mas com talento, parece excelente. Ainda tem todo o sistema de antigos "PTQs", e também a porta do Arena e do Magic Online.
LM: Além do Magic, você teve destaque na cena de StarCraft. Você vê algum paralelo entre ambas as cenas? O que espera para esse novo Magic e-sport?
Bertu: Starcraft é o jogo competitivo perfeito e o precursor dos e-sports, um fenômeno de quase 20 anos. É um jogo que exige muita habilidade, treino e preparação, mas que também é simples de se assistir e barato de se participar. Depois de assistir aos profissionais competindo, eu morria de vontade de entrar no jogo e sair copiando as estratégias e as jogadas.
Com o Arena, tudo no Magic se torna mais acessível. É muito mais fácil de se acompanhar as partidas, e mais barato para se ter decks competitivos e jogar drafts, além de ter um tutorial excelente para iniciantes e, além disso, ser um programa em português.
Então, acho que as pessoas podem se sentir da mesma forma quando eu via Starcraft — após assitir ao Magic Pro League ou um stream, entrar no Arena e colocar em prática o que aprendeu.
LM: Seu contato com o StarCraft e a cena de e-sports seria uma vantagem para esse novo cenário do Magic?
Bertu: No Starcraft, era muito difícil para um jogador com menos habilidade mecânica (destreza) competir com alguém muito melhor. No entanto, às vezes eu conseguia tirar essa diferença dos jogadores profissionais com muito estudo sobre o estilo de jogo do meu oponente, tentando explorar as tendências deles. Em um campeonato contra os outros 31 melhores jogadores do mundo, acho que vou precisar desse mesmo planejamento para ter vantagem. O nível de competição é muito alto para tentar levar apenas no braço. Vai ser dureza.
LM: O que podemos esperar do Licas Berthoud nessa nova fase do Magic? Principalmente, o que podemos esperar do Bertu na MPL?
Bertu: A MPL vai ser a liga mais difícil do mundo. Para superar uma competição desse nível, podem esperar de minha parte muita criatividade e disposição para assumir riscos.
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O Magic Arena já está em ação e a MPL começa no dia 28 de março, no Mythic Invitational, em Boston, até lá fica a nossa torcida pelos brasileiros nesse torneio.
Boa sorte e Vai Brasil!
Boa sorte e Vai Brasil!
Rudá Andrade dos Reis ( Ruda)
Rudá joga Magic desde 2003, sendo que em 2012 começou a produzir conteúdo sobre o jogo, fazendo artigos, streaming e narração. Como jogador tem diversos resultados, destacando top8 no Magic Fest São Paulo em 2019 e participações no Regional Player Tour Europe e Kaladesh Championship.
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