O Modern Agora, e o que Ravnica traz
Olá! O Modern segue na reta final de sua temporada com os últimos PPTQs acontecendo nesse final de semana pelo mundo, e mesmo o lançamento de Guilds of Ravnica (e, por consequência, o início da temporada Standard) não vai fazer com que o formato deixe de ser jogado por aqui no Brasil. Afinal, ainda teremos as classificatórias do CLM 12 e o RPTQ em dezembro.
Com isso, é bom darmos uma olhada no que vem acontecendo ao nosso querido formato e especular sobre o impacto que os novos cards terão nos decks existentes, ou até mesmo se possibilitam criar novas estratégias.
Nada de novo sob o Sol – Humanos ainda é o deck to beat
Mesmo com um alvo enorme na testa, Humanos ainda é o deck que mais faz resultados de acordo com o MTG Goldfish. Uma parte dos percentuais recentes foi ocasionada pelo GP Detroit, disputado em Trios Unificado, que favorece o deck tribal com praticamente nenhum overlap entre outros tiers, mas isso não conta a história completa. Afinal, toda semana temos decklists publicadas entre os decks 5-0 do Magic Online, fora as vitórias nos torneios locais e PPTQs.
O grande ponto em favor do Humanos é que, além de ter uma excelente partida contra Combos, o deck tem a velocidade e explosão com suas sinergias de tribo para punir qualquer oponente que keepe uma mão lenta, bem como a resiliência para sobrepor-se à primeira onda de remoções graças aos Militia Bugler e capacidade de “roubar” na mana com AEther Vial. Mesmo mãos relativamente interativas com Lightning Bolt não podem pular um turno de interação sequer, ou correm risco de ser atropelados por uma abertura forte do Humans.
Algo relativamente novo sob o Sol – U/W Control consolida-se no Tier 1
Aqui temos um deck que existe desde sempre no Modern, mas que raramente chegava perto do Tier 1. Parecia que sempre faltava algo para o U/W Control, fosse capacidade de interagir com os big manas além de Spreading Seas, remoções decentes ou formas de fechar o jogo depois de estabilizar o rush inicial, mas as últimas coleções trouxeram os brinquedos necessários para chegar numa fórmula consistentemente boa.
Field of Ruin; Search for Azcanta; e Teferi, Hero of Dominaria são os cards que faltavam. Com esses três cards, o UW consegue responder às Tron Lands e Valakuts sem ficar atrás no mana e sem ocupar espaço de deckbuilding (como Ghost Quarter e Spreading Seas faziam), bem como fechar de forma definitiva as partidas que estabilizava no começo (um ou dois turnos de Teferi/Azcanta ativo e o oponente não vai nunca mais chegar nem perto de ganhar).
Terminus é a outra peça de tecnologia que soluciona vários problemas pro UW. Criaturas recursivas como Bloodghast /Phoenix e com efeitos de retornar para o jogo como Kitchen Finks ou mesmo Voice of Resurgence já não são mais problemas. O poderoso milagre de Avacyn Restored finalmente entrou no formato com o print de Opt e o desbanimento de Jace, the Mind Sculptor, que possibilitaram usar o modo milagre sem depender apenas da sorte.
Com a ajuda desses elementos e a versatilidade de Cryptic Command, Path to Exile e demais kit de remoções/counters, o deck consegue responder de forma satisfatória à imensidão de estratégias que existem no Modern, e com isso consolidou-se como um dos principais decks atualmente. A cereja no bolo são as opções brancas de sideboard, notadamente Stony Silence, Rest in Peace e Timely Reinforcements, que permitem dar shutdown em uma diversidade de baralhos diferentes, auxiliados com counters para protegê-los em jogo e manipulação de draw para encontrá-los o mais rapidamente possível.
Com todos esses pontos pró, estamos em uma caminhada rumo ao UW Control tomar o Modern de assalto e termos um Control como deck to beat pela primeira vez em muitos anos, desde o ban de Splinter Twin. Aguardemos os próximos capítulos.
Algo totalmente novo sob o Sol – Hardened Scales e Spirits
O que era algum tempo atrás um “meme deck”, hoje chegou de vez ao Tier, desbancando o Affinity “convencional” em termos de fatia de metagame e presença nas listas publicadas. O seu principal apelo reside nas sinergias de marcadores entre Arcbound Ravager/Steel Overseer junto de Walking Ballista/Hangarback Walker.
Ao sacrificar um simples Worker para o Ravager, os marcadores vão se multiplicando, ao ponto de conseguir Ballistas letais no turno 3 mesmo com o oponente interagindo, já que com 3 Welding Jar o deck conta com mais proteções ao “combo”. Os 4 Ancient Stirrings ajudam também na consistência em achar as peças certas e ter redundância caso o oponente lide com a primeira, além de ter uma base de mana mais "limpa" e uma capacidade enorme de explodir "do nada".
Outro deck que surgiu nas últimas semanas e vem consistentemente emplacando resultados é a tribo dos Espíritos — inclusive foi esse deck o ganhador do GP Stockholm nas mãos do pro player Ondrej Strasky.
Com a entrada de Supreme Phantom em M19, finalmente o baralho conseguiu acesso a uma massa crítica de lordes (junto de Drogskol Captain) e a outros efeitos utility acoplados em corpos relevantes (Selfless Spirit, Spell Queller, Rattlechains e Geist of Saint Traft, além da Phantasmal Image).
Com "apenas" três cores, o deck não precisa usar Ancient Ziggurat e tem, por consequência, acesso a mais fontes coloridas, e aí pode aproveitar-se de Collected Company e Path to Exile no main deck e de um sideboard "de verdade", levando vantagem sobre o Humans na hora de montar as 75. O fato de jogar praticamente em instant speed torna díficil a tarefa do oponente em contornar todos os blowouts possíveis.
Guilds of Ravnica - Assassin's Trophy vai revolucionar o Modern
O Rudá escreveu um excelente artigo falando sobre o potencial do card assim que ele saiu nos spoilers. Para não chover muito no molhado: a sua presença deve fazer com que Jund, Abzan, BG, e até Sultai (res)surjam no ambiente. Esse é o card que concede a esses decks a tão sonhada versatilidade para responder a todas as coisas bizarras que o Modern arremessa neles (Daybreak Coronet, Cranial Plating, Phyrexian Unlife, KCI, Planeswalkers, Tron Lands, Valakut, Primeval Titan, Amulet of Vigor, Leyline no main deck, Death's Shadow, Gurmag Angler) e que cards como Abrupt Decay, Maelstrom Pulse e Terminate não cobriam completamente com suas limitações. Por exemplo, o card já é uma boa resposta ao UW Control e seus Detention Sphere, Azcanta, Teferi e Jace caso o deck venha a dominar de fato.
Claro que essa versatilidade toda também tem um custo — o terreno básico é um recurso real para o oponente, e se utilizado muito no early game, vai acelerar bastante o jogo dele. Decks de massa crítica de recursos, como o Burn, vão rir da cara dessa remoção e continuar batendo com outros cards que fazem exatamente a mesma coisa, mas agora com manas para jogar dois burns no mesmo turno e talvez ganhar um jogo que antes não conseguiriam.
Uma forma interessante de mitigar o drawback de buscar o básico seria no BG puro com Field of Ruin ou Abzan com Ghost Quarter. Afinal, se toda hora você mandar o oponente buscar por um básico, a maioria dos decks no Modern dificilmente passarão do segundo.
De qualquer maneira, podemos esperar um aumento dos BGx nesse início de Modern pós-Guilds of Ravnica.
Outros cards com potencial menos óbvio
Runaway Steam-Kin é uma possibilidade interessante para os decks UR cheio de spells e cantrips, no estilo dos antigos decks de Nivmagus Elementall, com um efeito que ajuda esses decks a continuarem cavando e castando coisas com os manas vermelhos excedentes. Manamorphose e Temur Battle Rage são coisas interessantes a se fazer com manas vermelhos dando sopa.
Beast Whisperer tem um custo alto, mas um tipo bom que talvez consiga fazê-lo encaixar em um Elves ou Mono Green Devotion para simular Glimpse of Nature no Modern.
Chance for Glory é um efeito que tem um custo acessível para encaixar algumas cópias em decks agressivos como Burn ou Naya Blitz, permitindo-os racear estratégias em que faltava aquele turno a mais, ou mesmo pegar um oponente de surpresa que achava que conseguiria ter mais uma janela de resposta.
Knight of Autumn traz algo que os decks de Company sempre sonharam, e é a resposta final pras dicussões entre Qasali Pridemage e Reclamation Sage. Sua versatilidade permite ser um efeito de MD, com aplicações contra praticamente tudo no Modern. Na pior das hipóteses, caso nenhum efeito seja relevante, um 4/3 por 3 manas não é o pior investimento do universo, já que feito no 2 com uma Noble Hierarch é um clock respeitável. Cair um Knight of Autumn junto de uma Courser na Company vai ser viver o sonho contra Burn, assim como uma destruindo Azcanta/Sphere e caindo uma Voice contra Control também. Até mesmo destruir um Chapeamento enquanto flipa um Relicário para acelerar seu jogo? E tudo isso ainda no G1!
Por fim, Unmoored Ego é o nível seguinte da família Lost Legacy, Slaughter Games, etc., estando a um custo acessível de três manas e podendo acertar qualquer coisa sem restrições. A sua desvantagem, entretanto, está na combinação de cores, já que poucos decks tier no Modern adotam a combinação Dimir — o mais popular deles sendo o Death Shadow, em que custar 3 manas talvez seja pesado demais para o super eficiente aggro-tempo. De qualquer forma, é um alerta amarelo para decks dependentes de uma só carta, como KCI, Ad Nauseam, Living End e amigos.
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E quanto a vocês, leitores, qual a sua opinião sobre os decks que vêm subindo nos tiers Modern recentemente? Acham que vieram para ficar, ou logo o formato irá reagir e eles perderão força? Qual a melhor forma de combatê-los? E sobre os cards novos, o quão impactante enxergam Assassin's Trophy? E que outros cards chamaram a atenção de vocês? Deixem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!
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Sem dúvidas. Pode apostar nessa belezinha custando o mesmo que kitchen Finks um dia, se não houver reprints.
Aguardemos.
Concordo, mais o maior contra é o custo de mana. Parece uma carta boa para side porem. Vc puxa contra matches que necessitam de grind e guarda contra os agros.