Standstill Report do Legacy.
Uma partida de Magic pode durar dois turnos ou algumas horas, caso você esteja jogando mesão. A diversão gerada por um jogo de Magic: The Gathering não pode ser medida pelo tempo ou quantidade de turnos gastos — finalizar seu oponente no primeiro turno gerando 7 manas, fazendo e ativando um
Goblin Charbelcherr; ou acabar a partida no turno 21 com o ultimato de um
Jace, the Mind Sculptor — o jogo pode divertir qualquer tipo de pessoa!
Sou do tipo de pessoa que adora jogos longos e interativos, não me leve a mal, também gosto de ter free wins (<3 Valakut), mas os jogos que mais alegram meu coração são aqueles em que saio da mesa quase tonto, e que sabendo que independe de ter levado a vitória ou uma derrota, eu me esforcei no que dava e que apliquei o máximo de conhecimento e interações possíveis contra meu oponente, inclusive mind tricks. Devido a isso, procuro jogar com decks grindy no Legacy: DnT, Miracles, Elfos (quase todos os games post board viram grindfest), Lands e, claro, Landstill.
A terceira etapa da LPL (Liga Paulista de Legacy) se aproximava, e eu estava cogitando ir jogar para encontrar os amigos. O Tic, de Paulínia, e o Purga, da Power 9, me chamaram para ir com eles, e eu aceitei na hora (mentira, fiquei dizendo que estava desanimado para jogar, como sempre, mas eles me convenceram). Antes de decidir do que ir, eu precisava me convencer de que ia me divertir acima de tudo, independente do que acontecesse, e após uma conversa com o Ganev, minha mentalidade mudou. Aqui um print para provar:
Com meu lugar no carro confirmado, bastava escolher o deck. Algo simples, não?
Ehh… não. Já que eu estava desanimado do DnT, precisava de algo que me desse a alegria de jogar. Queria algo interativo, mas não estava a fim de jogar de Miracles. Grixis parecia uma boa, porém estava tentando me manter no branco porque sabia que
Swords to Plowshares e
Supreme Verdict seriam boas pedidas para o torneio. Não demorei muito para mandar uma mensagem pro Jody Keith para definirmos qual seria a melhor lista para o field que eu esperava. Após algumas horas de discussão mais uma mãozinha do Ganev, a lista final foi essa:
Visualização:
Padrão
Cor
Custo
Raridade
Visual
Grid
CMC
Comprar Deck
Gerar Imagem
Main Deck (60)
Sideboard (15) Main Deck (60)
Sideboard (15) Main Deck (60)
Sideboard (15) Main Deck - (36 cards - 15 diferentes)
Terrenos - (24 cards - 9 diferentes)
Sideboard - (15 cards - 10 diferentes)
Criaturas (4)
x3
x1
Planeswalkers (3)
x3
Mágicas (23)
Artefatos (2)
x1
x1
Encantamentos (4)
x4
Terrenos (24)
Sideboard (15)
Main Deck - (36 cards - 15 diferentes)
Terrenos - (24 cards - 9 diferentes)
Sideboard - (15 cards - 10 diferentes)
Eu tive um total de 0 jogos com o deck antes do torneio, fiquei conversando até a noite no sábado com o Barizon, que me emprestou as cartas, no entanto não tivemos nenhuma amostra prática, apenas teórica. Quem precisa de treino quando se tem sorte? CHUPA, SANDOICHE!
Já em São Paulo, chegamos as 10 e pouco, mas o torneio só começaria às 12. Utilizei bem meu tempo extra: ficar conversando com o Gui Figueira sobre Astral Cornucopia no Modern e sobre como todo mundo tinha
Porto de Rishada foil, menos eu e o Mignon.
A primeira rodada foi solta, e depois de muito tempo, tive um frio na barriga de ansiedade por um torneio.
Round 1 - Mono Blue Painter
G1: Meu oponente era o Tardoqui, somos amigos de longa data, e eu sei que ele sempre joga de Painter não importa o que aconteça. Ele começa de
Grindstone no turno 1, faz uma cantrip no 2, e eu forço uma
Pausa mesmo com uma GS na mesa. As coisas começaram a dar errado quando a
Grindstone millou a maioria das minhas fontes azuis e eu não encontrava
Mishra's Factory. Quebro a minha própria pausa no passe dele com uma Vendilion tendo
Counterspell de backup; ele responde com um
Brainstorm e revela uma mão de
Grindstone,
Hydroblast, 2
Ensnaring Bridge, 1
Relic of Progenitus, 1 Jace TMS e 1
Polluted Delta. Coloco o Jace no fundo com a fada e prossigo meu turno; faço outra
Pausa, que ele estoura em seguida. A gente vai trocando recursos, mas os topdecks dele são superiores aos meus. Subo os maravilhosos
Disenchant, a segunda VClique, o
Null Rod e me preparo para mais atrito.
G2: Esse jogo foi uma montanha-russa de emoções, tive que lidar com Jace,
Back to Basics, Servo com Grindstone e
Thopter Spy Network. O alto número de removals “catch-all” do meu deck me ajudam, fazendo-me não ter que anular tudo o que ele fazia. Consigo racear de Factory, porém quando ganho o G2, vemos os 2 minutos faltantes no tempo e decidimos assinar como empate e ter um tempinho para respirar.
0-0-1
Round 2 - Eldrazi Post
G1: Sento à mesa e vejo que estou contra outro amigo de longa data, o Marwin Bravin. Ele só joga de MUD, então já sento preparado para combater a ameaça incolor. Eu estava certo, mas não completamente… O turno dois do Marwin não era um
Metalworker, mas sim um
Thought-Knot Seer! Eu respondo com uma STP, compro, e ele tira meu Jace, me deixando com Snapcaster, Factory,
Counterspell e umas groselhas. O jogo vai se alastrando e eu começo a cutucar com uma Factory; ele faz a terceira
Tumba Antiga, cresço os olhos e penso: achei minha kill condition! É só ele fazer mais umas mágicas que ele morre. Dito e feito: respondendo a alguns bichos com umas Plowshares não-suficientes para recuperar a vida gasta (
Matter Reshaper,
Endbringer), a Factory fez o trabalho sujo. Meu side era quase idêntico ao da primeira rodada, a diferença é que subo um Veredito a mais para lidar com os macarrões gigantes.
G2: No turno 2 ele faz um
Grim Monolith, e eu respondo com o melhor counter do mundo que só funciona em momentos específicos:
Spell Snare.
Duas
Wasteland depois e meu oponente estava travado sem fazer nenhuma mágica, um Snapcaster e uma Fábrica foram o suficientes para acabar com a partida poucos (ok, muitos) turnos depois.
1-0-1
Round 3 - Colorless Eldrazi
G1: eu esperava um baixo número de Eldrazi. A match up não era muito boa, e eu bem sei como é tomar TKS turno 2 todo jogo: vivo tomando no modern, em que isso só é possível com 2 Templos; no legacy é muito mais fácil, mas fazer o quê? Tem que jogar. No g1 eu dou 3 Wastes seguidas, mas ele compra 5 terrenos na sequência e eu acabo perdendo para um mar de 3/2 e 5/5.
G3: Os draws dele foram meio anêmicos e consegui resolver todos os bichos com um
Disenchant no Chalice seguido de chuva de STP. Vendilion, Snap e Fábrica forçaram a vida dele sem muito problema até finalizar.
2-0-1
Round 4 - UR Magos
G1: Eu sabia do que meu oponente estava e também sabia que seria uma match up apertada, já que minha mão de 7 tinha 6 lands e uma Fow; a mão de 6 teria que dar pro gasto. Fico com 1 Fetch, 1 Explosivos, 1
Force of Will e 3 Jace. É… uma mão não muito boa. Minha FoW é gasta em um
Stormchaser Mage e meu oponente dá seu próprio counter. Vou eliminando as criaturas que ele faz e consigo encaixar uma
Pausa, faço um Jace, dou o
Brainstorm dele, acho uma Fow, mas não tenho Pitch. Meu oponente tem um turno para achar o burn letal, claro que acha e vamos para o g2.
G2: Meu oponente começa devagar e assume uma postura errada, achando que pode me controlar. Ele resolve a primeira ameaça no turno um milhão, me dando tempo o suficiente para lidar sem muito esforço com suas criaturas e 2
Sulfuric Vortex. Meu trio de Fábricas finaliza a partida e partimos para o jogo decisivo.
G3: Ele começa mais rápido, mas eu tenho respostas. Em um momento crucial, eu tenho a escolha de dar Veredito ou
Council's Judgment. Os dois lidariam igualmente com o Stormchaser dele, mas cada um tinha seus downsides. Gastar o Veredito significava ficar soft para mais de uma ameaça, e gastar o Council’s significava perder para
Sulfuric Vortex. Como o deck tem muito spot removal, eu resolvi guardar o Council’s. Meu adversário deu um
Brainstormno passe e encontrou 3 criaturas, que logo assinaram meu atestado de óbito.
2-1-1
Round 5 - Colorless Eldrazi
G1: sento à mesa e pergunto para qual deck meu oponente havia perdido. Ele diz: para Lands, a match up é impossível. O cara do lado, que estava de Eldrazi diz: é, Lands é impossível mesmo. Logo já imagino que estaria contra o terceiro Eldrazi do dia.
O g1 é similar ao g1 do outro Eldrazi: ele faz muito mais ameaça do que consigo aguentar.
G2: Esse foi um dos jogos mais bizarros da minha vida. Ele deu
Wasteland em todas as minhas fontes coloridas e eu dei Waste em todas as sol lands dele, o que resultou em um jogo em que nem ele nem eu fazíamos mágicas, mas eu tinha uma Fábrica e uma land extra. Não precisa ser muito criativo pra imaginar o que aconteceu depois disso.
3-1-1
Round 6 - RIP Helm
G1: Essa valia top 8, mas eu não podia me sentir intimidado, precisava de nervos de aço. Ele ganha no dado e faz
Enlightened Tutor para
Luminarch Ascension turno 3, respondo com um maravilhoso
Spell Pierce no encantamento que destrói qualquer Control. Ele resolve um RIP, mas quando tenta
Energy Field, eu gasto meu counter. Alguns turnos depois ele faz outro Tutor, dessa vez para
Helm of Obedience, com exatos 5 manas. Faz o Elmo e dá o alvo em mim, achando que o jogo acabou; eu respondo com
Unexpectedly Absent no
Rest in Peace, pifando a kill do Elmo. Volto, faço Snapcaster para Absent no Elmo, subo o Jace e o jogo acaba ali.
G2: Eu mulligo para uma mão que continha Jace,
Spell Pierce,
Brainstorm,
Standstill, Planície e
Mishra's Factory. Arriscado, porém decido manter. Coloco uma groselha no fundo e procedo o jogo sem nunca achar outra land até o momento em que ele resolve um Jace e concedo.
G3: Percebi que faltava menos de 20 minutos para acabar a rodada, e que talvez não fosse o suficiente para finalizar de Jace. Decido então subir todos os bichos do side, mesmo que eles não fizessem nada. Fico com uma mão que continha
Canonista Etherolatras. Ou meu plano funcionaria maravilhosamente, ou eu estaria ali selando meu próprio caixão. Faço a Canonista no turno 2 e começo a bater, depois de 3 turnos ele faz uma
Detention Sphere na Eterólatra, e eu faço um Snapcaster pra nada apenas para bater, resolvo um
Standstill com
Mishra's Factory e Snap. 4 turnos depois, o aperto de mão me é oferecido e minha vaga no top 8 garantida.
O Top8 é anunciado, eu passo em oitavo e me vejo num corte cheio de grandes nomes.Diego Ganev já tinha a vaga para a grande final da LPL, então seu drop mudou a ordem das brackets e fez com que o 9º subisse para os playoffs.
O Top 8 (sem contar o drop) ficou assim:
1 Bruno Moreno - Esper Blade
2 Eduardo Shimizu - Sultai Control
3 Cauê Alvarez - Sneak & Show
4 Julia de Sá - Burn
5 Diego Ganev - Elves
6 Davi Pereira - Grixis Control
7 Alex Morais - Ooze Reanimator
8 Bruno Ramalho - UW Landstill
8 arquétipos diferentes, eu e a Julia de Sá fizemos Top 8 em nossa primeira LPL. Meu coração explodia de felicidade!
( Sem o Ganev tínhamos um segundo Sneak and Shwo, do Raul Posenti)
O Top 8 começava, e eu era chamado para jogar na câmera.
Quarterfinals - BUG Control
G1: Eeu oponente era o grande Eduardo Shimizu, A.K.A. Shimi. Considero o Shimi um dos melhores jogadores do Legacy brasileiro desde que comecei a jogar. Enfrentá-lo nesse top 8 não seria apenas um desafio, mas também uma honra. Não tínhamos decklists, mas eu sabia que a lista dele era melhor posicionada no mirror de control que a minha, e ele tinha muito mais experiência que eu. Eu estava jogando o Top 8 só por jogar, meu plano era dropar depois das quartas para voltarmos mais cedo, mas queria o gostinho de jogar na câmera. O G1 foi horrendo, joguei totalmente desconcentrado, desatento.
A coisa estava tão feia que ele quebra minha
Pausa no passe, eu compro 3, olho os 3 draws, vejo um
Brainstorm na minha mão e acho que estou resolvendo um e volto duas da minha mão para o topo. O pessoal que estava assistindo me informa do erro, eu percebo que estou jogando de maneira displicente e concedo logo para começar o g2 mais concentrado.
G2: Ele zica fortemente, e eu ainda encaixo uma
Wasteland. Vamos para o G3 torcendo para que haja um jogo de verdade.
5-1-1
Semifinals - UB Necrotic Ooze
G1: Me falaram que o Alex estava de Reanimator, então eu precisava keepar uma mão que ganhasse de um começo explosivo. O lance é: ele não estava de BR Reanimator. Ele começa de
Thoughtseize turno 1 e
Collective Brutality turno 2. Felizmente meu
Brainstorm esconde algumas coisas e consigo anular 3 reanimates seguidos, começo a bater quando ele tem 16 de vida e penso: “tá suave, clock 7 porque sei que você vai estourar 2 fetchs antes de morrer”. Eu e meu oponente compramos 7 blanks seguidos, e minha promessa se concretizou: 2 fetchs do lado dele e 7 porradas do meu lado.
G2: Meu primeiro
Brainstorm encontra uma Canonista,
Containment Priest e outro
Brainstorm. Forcei o segundo e terceiro BS para encontrar o segundo mana branco para poder fazer Canonist com mana aberta para o Priest. Minha hatebear e uma Fábrica começaram a fase de la muerte bem logo, não queria dar tempo para ele encontrar muitas respostas. Quando comprei um
Flusterstorm, eu soube que o jogo estava lockado do meu lado; após dar uma
Echoing Truth na Canonista, ele até tentou fazer umas cantrips, mas com Fluster e Priest de backup, ele não conseguia fazer nada relevante antes de morrer na volta.
6-1-1
Após uma longa Bad de péssimos resultados no Modern, eu me redimi fazendo resultado com um dos decks mais divertidos e complexos de navegar com que joguei em muuuuito tempo. Como os finalistas ganham vaga, acabou que não tivemos uma final".
Props:
-Ao torneio, o qual foi muito bem organizado, sendo realizado na Epic Game em São Paulo. Começou na hora e teve uma premiação bem legal;
- À iniciativa da LPL, que é tudo de que o legacy da região precisava. Vi pessoalmente 50 pessoas jogarem legacy em um domingo de PPTQ e RPTQ, coisa linda de se ver!
- Ao Bari, que me emprestou as cartas do deck e que, mesmo não podendo muito agora, sempre foi meu parceiro de treino no legacy;
- Ao Ganev e ao Jody, que me ajudaram a tunar a lista e me deixaram mais seguro e confiante para o evento;
- Ao Purguinha e ao Ale, que foram ótimos companheiros de viagem e que me obrigaram a jogar um Top 8 que eu queria conceder por achar não ter chances;
- Ao Wendell, que me ensinou esse tal de mind trick jogando de control;
- Ao Sandoiche e ao Rudá, que mesmo em dia de RPTQ importante, tentaram me encontrar pra dar um abraço;
Slops:
- Ao Tibério, que resolveu viajar bem na data que eu ia surrar ele na câmera;
- Ao Príncipe, que não perdeu pro Burn nas quartas de final, já até tínhamos contratados mariachis para cantar Don’t Cry For Me Argentina quando ele perdesse;
- Aos Eldrazi, que me perseguem em todos os formatos que tento jogar.
É isso aí, galerinha, o meu fim de semana foi extremamente divertido, e o de vocês?
O que acharam desse Top 8 com 8 decks diferentes? Se quiserem, posso analisá-los com calma na semana seguinte. Deixe sua opinião nos comentários abaixo e até semana que vem!