Vislumbrando o Futuro
Duel Commander x MTGO
Por
12/06/2017 18:05 - 3.493 visualizações - 10 comentários

 

Olá, meus queridos!

 

Vamos falar do formato que ainda não decidiu o que quer ser quando crescer. Nosso querido Commander não para de mudar, e com o início da publicação dos resultados do MTGO podemos fazer a primeira análise do meta dos novos tempos, assim como analisar o impacto do Online no metagame de longe dos teclados. 

 

O formato 1v1 MTGO da Wizards foi adotado, por exemplo, pela Academia de Jogos e a Spellbox. As lojas de São Paulo são duas das maiores lojas do Brasil com eventos regularmente reportados no MTGTop8.com. Apesar disso, eu ainda acredito que o Duel Commander seja mais adequado para eventos competitivos, como é o caso da Final do Circuito Ligamagic, a ser realizado em 22/07, no Centro de convenções Frei Caneca.

 

Primeiramente, o formato é mais ágil. Os decks são mais proativos, as partidas terminam em menor tempo. Já passamos do ponto onde é óbvio que as melhores cores do formato são azul e verde. No Duel Commander, decks reativos precisam estar muito bem construídos para lidar com as diferentes formas de ameaça de decks proativos, enquanto que decks proativos não podem perder o foco em seu plano de jogo, dado que isso aumenta o tempo que decks reativos tem para responder as suas ameaças e virar o jogo. O deckbuilding acaba sendo menos tolerante com relação a deslizes, e isso também é uma característica valorizada no público mais competitivo.

Um dos fatores que assusta um pouco na hora de montar decks mais competitivos é o valor, onde decks de múltiplas cores acabam custando mais por causa da necessidade de usar Dual Lands. Isso, entretanto pode ser mitigado utilizando-se decks com menos cores ou decks agressivos.

 

O 1v1 do MTGO, por sua vez é muito mais complacente. 

 

A “almofada” de 10 de vida adicionais absorve muito o dano que decks agressivos podem causar no início do jogo. Sendo assim, existe mais liberdade para se escolher um comandante e encontrar peças-chave para vencer a partida no seu deck. É incomum que comandantes custem mais do que 3 manas sob as regras do Duel Commander. 

 

Existe também o “mito do jogador hard control”, que acredita que decks que utilizam Contramágicas em grande quantidade são naturalmente melhores ou as pessoas que usam esse tipo de deck sejam mais hábeis no jogo. Isso provavelmente não corresponde à realidade. Não vou negar: é muito confortável ficar sentado em cima de contramágicas universais e mágicas que compram X cartas esperando a carta que usamos para ganhar o jogo chegar na mão. Com 30 de vida essa é uma opção segura de vencer. Isso se reflete, por exemplo, na quantidade enorme de Baral, Chefe da Conformidade e Partner Control (Kraum, Ludevic's Opus/Vial Smasher the Fierce) que vemos atualmente no MTGO. Se você tem acompanhado meus artigos, sabe quão ruim foi o meta dominado pelo Grixis Control. As regras garantem que haja sempre um Control no topo, e não há nada de errado com isso até certo ponto. O problema começa quando os decks Control e Combo-Control se tornam tão bons que não existe outra opção. 

 

 

Na minha opinião, a ampla adoção do 1v1 MTGO por parte das lojas pode ser atribuída pelo menos em parte ao desespero resultante da diminuição do número de jogadores em eventos regulares. A culpa, nesse caso, é sempre do Comitê Francês que “não sabe o que faz com o formato” em vez de ser nossa que, desestimulados, deixamos de comparecer aos eventos.  

 

Por mais que a maior parte do público afirme que há uma preocupação genuína com o formato, é inegável que o número de jogadores varia em função do metagame. Hoje o formato não está dominado por apenas alguns decks. Porém, temos de nos lembrar que essa é a primeira remessa de resultados e nada está escrito em pedras. 

 

Tendo isso em mente, o meta do MTGO parece preocupante. Entre Grixis Partner, Baral Polymorph, Tasigur, the Golden Fang e Breya, Etherium Shaper, temos uma fatia entre 51 a 63% do metagame, dependendo da sua fonte. Isso é bastante preocupante em termos de formatos sem rotação. Ainda mais quando todos os decks são, como eu disse antes, Control ou Combo-Control. As porcentagens podem variar, mas foi com esses números que me encontrei no final de Maio.

 

Parece que, com o tempo, cards superpoderosos ganham de variedade, não?

 

O MTGO Commander Challenge, torneio grande que acontece no Magic Online aos fim de semana, que ocorreu em 28/05, contou com os seguintes decks no Top8:

 

Baral Polymorph
Selvala Combo 
Baral Polymorph
Tasigur, the Golden Fang 
Breya, Etherium Shaper 
Marath, Will of the Wild 
Partner Control 
Partner Control 

 

Olhando as listas, não pude deixar de notar quão dominante Baral Polymorph é. Claramente estamos falando do deck a ser batido e as listas do Top8 refletem isso. Selvala, Heart of the Wilds conta com combos onde tenta gerar mana o suficiente para conseguir fazer uma das Emrakul e lhe dar Ímpeto, além de contar com Choke e Carpet of Flowers, como medidas Anti Baral.

 

Vão se acostumando: as cartas também são vistas no Tasigur, the Golden Fang e no Marath, Will of the Wild. Os decks que não contam com verde na sua identidade, como é o caso do Grixis Partner, por exemplo, usam Treachery pra tentar se livrar da Condição de Vitória do Baral. Os próprios Baral usam Treachery, adotando uma espécie de corrida armada para vencer o Mirror,  ainda que o card não contribua muito pro plano principal do deck.

 

Muito diferente é a paisagem brasileira. Nosso meta, comparado com o do MTGO, é uma grande salada. Usando os resultados do 

 

Mensal da Academia de Jogos de 27/05 e da Liga da Spellbox de 29/05, chegamos ao seguinte cenário:

 

Academia de Jogos - Mensal 27/05

 

Breya, Etherium Shaper

Zurgo Bellstriker

Thalia, Guardian of Thraben

Vial Smasher the Fierce / Bruse Tarl, Boorish Herder

Tasigur, the Golden Fang

Tasigur, the Golden Fang

Vial Smasher the Fierce / Bruse Tarl, Boorish Herder

Prossh, Skyraider of Kher

Liga Spellbox - 29/05

 

The Gitrog Monster

Tasigur, The Golden Fang

Geist Of Saint Traft

Wydwen, The Biting Gale

Daretti, Scrap Savant

Reyhan, Last of the Abzan / Tymna the Weaver

Queen Marchesa

Thalia, Guardian of Thraben

 

Links para decklists: Academia - Spellbox

 

Apesar de, segundo o MTGO, existirem decks melhores, parece que ganhamos na criatividade. 

 

E haja criatividade.

 

A pluralidade de estratégias é tanta que muitos decks não possuem arquétipos claros, ou mesmo plano de jogo, sendo uma confusão de cartas que seus jogadores consideram boas, imagino eu. Existem algumas listas que acabam não fugindo do convencional, e executando seus planos bem o suficiente para figurar entre os melhores, caso do Zurgo Bellstriker e Tasigur, the Golden Fang, da Academia de Jogos, e do Geist of Saint Traft e Tasigur, da Spellbox. 

 

O caso do Zurgo Bellstriker é o que mais chama a atenção. Com 10 a mais de vida é difícil converter agressão em vitórias, e o jogador que escolheu esse comandante está de parabéns por fazê-lo. 

 

 

Entretanto, não poderia deixar de fazer a ressalva de que muito da dificuldade em vencer um deck como o Zurgo Bellstriker no Commander está em deixá-lo executar seu plano de jogo enquanto você não coloca o seu nos trilhos, e a tarefa fica mais difícil quanto mais planos de jogo ou cartas que não pertençam a um plano óbvio você inclui no deck. Isso aconteceu bastante nas duas lojas, mas só para citar dois exemplos:

 

Os Vial/Bruse da Academia, apesar de não ter dúvida de que o deck tem mérito, dada a sua colocação, é um deck que não consegui “decifrar” inteiramente. Um midrange com algumas cartas aggro como Burst Lightning e Chain Lightning, que usa Bruse sem um modo de fazer criaturas maiores prar aproveitar o double strike. É um deck que, com certeza, faz muitas coisas, mas será que poderia fazer tudo o que quer em um campeonato maior, como o Demonic Tournament Commander? 

 

Outro exemplo é o da Thalia da Academia, que contém diversos nombos, ou cartas que simplesmente não funcionam no tipo de deck que se tem em mente. Esse é um White Weenie clássico, com mais de quarenta criaturas. O que chama mais a atenção, entretanto, são as mágicas escolhidas para dar suporte às criaturas. Meekstone e Crusade/Honor of the Pure, por exemplo. Aliado a isso, a falta de Always Watching, que poderia garantir que apenas nossas criaturas fortalecidas permanecessem em pé. Null Rod com Equipamentos e Steelshaper's Gift, a falta de Stoneforge Mystic. Hokori, Dust Drinker em um deck que tenta ser aggro e não traz o pacote de Smokestack, Winter Orb, Tangle Wire e seus aliados à mesa... São detalhes como esse que, em um ambiente mais competitivo, podem fazer a diferença entre uma boa colocação e voltar triste pra casa.

 

Fico feliz em saber que o público brasileiro encontrou um formato de Commander que o agrade, e onde possa jogar com os decks que quiserem. Tenho certeza que os lojistas também adoraram por causa do maior retorno financeiro. 

 

Porém, não posso deixar de lamentar pelo formato. Como jogador que gosta do lado competitivo do formato, fico triste cada vez que vejo um deck midrange com mana rocks, ou um deck com cartas de todos os planos de jogo existentes, mas sem nenhum caminho claro para seguir. 

 

No meu artigo anterior, falei que o limite maior de vida pode ocasionar uma variedade de decks artificial. Os resultados do MTGO deixam claro que existe um leque de decks que é mais poderoso do que o desejável no Commander e, embora a WotC já esteja tomando providências para mudar o cenário, banindo as compras óbvias em Treasure Cruise e Dig Through Time, ainda existe um caminho longo a trilhar, como mostraram os franceses.  

 

Concorda? Discorda? Quer minha cabeça em uma bandeja de prata? Como sempre, a gente se vê na seção de comentários!

 

Até mais!

 

Props pro Brunno Portela, que está aniversariando em 09/06 e sem o qual eu teria mais dificuldade em levantar dados. Valeu, NN!

 

 

Comentários
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- 13/06/2017 09:30:03

Acho que sua análise é perfeita. Essa transição natural do EDH para um formato um pouco mais profissional traz um pouco da atenção da empresa para o formato, possibilitando, por exemplo, que todo ano haja um lançamento de suplementos e decks selados. Hoje temos produtos de Commander saindo em português, lojas abrindo espaço semanalmente para receber jogadores e uma discussão bem bacana em torno do lançamento de cada bloco em cima das cartas lendárias.
Eu concordo que ainda existe uma esquizofrenia entre listas de EDH, Duel Commander e do MOL. Concordo também que os decks que tiverem melhores resultados irão impactar no preço das staples. Mas a partir do momento que houver uma definição clara do que será o formato, houver uma leitura mais segura do que é opressor/quebrado e ter um espectro nítido com base em resultados, creio que será bem melhor. Tanto pra quem quiser pegar seu deck e jogar na loja, se arriscar numa liga do MOL ou até mesmo se divertir em casa.
Pra mim, onde meus decks ficam aqui em casa pra tomar uma cerveja e pedir uma pizza com os amigos, pouca coisa mudou.

(Quote)
- 13/06/2017 09:25:49
Sempre q tem post sobre commander x1 tem esse choro dizendo " commander perdeu a graça" ou "deveria ser 4fun". QUALQUER formato pode ser 4fun e competitivo ao mesmo tempo. É só vocês quererem. O amigo q disse q a culpa do aumento das cartas são os próprios jogadores está certo. Se não aceitarmos pagar preços absurdos as cartas diminuem. O q vejo nos leilões da liga são pessoas cada vez mais pagando caro por cartas em abundância e cada dia tem mais dealers nessa.
(Quote)
- 13/06/2017 08:56:07

Cara, opinião cada um tem a sua. Você não precisa nem concordar nem discordar de mim, você tem a sua opinião e eu tenho a minha. Qualquer formato você pode fazer um campeonato, claro, você pode até fazer campeonato de par ou ímpar, o que estou falando é que o commander nasceu JUSTAMENTE para NÃO ser um formato competitivo.

Quando EDH nasceu, a idéia era jogar com amigos e ter uma experiência positiva sempre... Se você tinha um deck over, a galera te rejeitava, pois não era a idéia do formato. Quando você montava um EDH a idéia era ter uma experiência divertida, e não ganhar. Ganhar era secundário.

Se você pega um formato desse e coloca em um cenário competitivo onde a única coisa que importa é ganhar, então já é outro formato.

Isso aqui é justamente um espaço pra comentar e colocar nossa opinião, vou dar pitaco o quanto eu quiser. Claro que cada um joga o quiser, eu não estou tentando convencer ninguém, só estou colocando minha opinião.

Commander 1x1 competitivo pra mim vai ser sempre um formato de zé mané. Essa é a minha opinião e ninguém tem que concordar.

(Quote)
- 13/06/2017 08:44:39

discordo de voce amigo, acho que qualquer formato e valido pra se jogar competitivamente. Basta querer acho o commander competitivo um formato interessante, 01 copia de cada carta da infinitas possibilidades de formas de ganhar, muitas vezes voce ganha com a carta que menos espera que va fazer alguma diferença em determinada situação. nao vejo essas pessoas como reduto ou como pessoas incapazes de jogar um modern ou legacy, elas simplesmente gostam de outro formato.
eu jogo modern e jogo commander 1v1, falta é respeito as pessoas, gosta do mesao, joga mesão, gosta de competir, joga competitivo tem lugar pra todo mundo. pessoal tem que parar de dar pitaco e ir jogar o que gosta e não ficar discutindo qual formato é melhor...

(Quote)
- 12/06/2017 21:49:21
O pessoal comenta que Commander é um formato for fun, mesa de cozinha, que perdeu a graça se tornando competitivo como se o EDH tivesse morrido. Não vejo problema em EDH e Duel Commander conviverem juntos. Aqueles que gostam de mesão com os amigos, decks com cartas de CMC absurdo, horas de jogatina continuam tendo esse formato, porém jogadores que querem participar de campeonatos com decks de 100 cartas também podem ter seu espaço, sem atrapalhar ninguém.
E não venham me falar que o Duel Commander é que eleva o preço das cartas. As cartas sofrem hype de preço em qualquer formato, e a culpa disso somos nós, os jogadores.
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