Há cerca de um mês, no Tumblr oficial do Magic Online, a Wizards anunciava mudanças em sua plataforma, incluindo suporte para Commander 1v1. Em sua maioria desgostosa com o comitê francês, a comunidade aguardava que a salvação viesse através do anúncio dos Magos da Costa. A espera foi longa, mas finalmente chegou o dia. A partir de 10 de Maio poderemos jogar Ligas Commander no MTGO, com uma lista própria de banidas.
Nesse meio tempo o comitê francês anunciava atualizações em sua lista de banidas: Breya, Etherium Shaper e Vial Smasher the Fierce nos deixavam, junto com suas Moxen. Yisan, the Wanderer Bard saía de suas florestas de volta ao formato, não sem me surpreender. Por sinal, meu último artigo tratou da filosofia adotada pelo comitê francês ao elaborar a lisa de banidas e incluiu alguns pensamentos sobre as mudanças propostas no último anúncio.
Dessa vez vamos falar da lista de banidas da Wizards, de sua filosofia e de como fica o formato. Inclusive, do que esperar para o Circuito Ligamagic e sua Grande Final no formato Duel Commander.
Com a palavra, os Magos da Costa
Todas as listas de banimentos, de todos os formatos, refletem escolhas “filosóficas”, por assim dizer. Existe o compromisso com o que esperamos encontrar em cada um dos formatos e como eles se comportam. No Standard, os sets recentes e suas interações. No Modern, metade da história do Magic, mas sem combinações no turno 2! No Vintage, guerras de anulas se iniciam com as mágicas mais quebradas da história e só terminam com um Flusterstorm.
Assim como todas as outras listas de banidas, esta também tem o compromisso de refletir algumas escolhas filosóficas. E eu devo informar que essa lista é… curiosa, pra dizer o mínimo. Com o que a Wizards estaria preocupada?
Segundo o anúncio da Wizards, o maior compromisso do formato para com os jogadores é garantir a diversão. De forma geral, a lista de banidas tem como objetivo criar um formato divertido para todos aqueles que quiserem jogá-lo.
A lista serviria como uma base de nivelamento tanto para o nível de poder individual dos cards como para quão divertido é utilizá-los e jogar contra eles. Cartas que podem frustrar seus adversários têm, portanto, uma chance maior de serem banidas futuramente.
Em termos práticos, o que isso significa? Nada.
A Wizards não compartilha qual a métrica utilizada para definir “diversão” além de número de pessoas jogando os eventos. Sabemos, entretanto, que algumas coisas são consideradas não-divertidas: contramágicas poderosas, destruição ou negação de acesso a terrenos, criaturas e mágicas, dano direto, descartes, gameplay repetitivo, entre outros. Talvez devêssemos ligar o radar nesse tipo de efeito para futuras atualizações da lista de banidas.
O total inicial de vida adotado é o mesmo do Leviathan Commander. Contando com 30 pontos de vida, garantimos jogos mais longos. Talvez para a Wizards exista correlação entre jogos mais longos e mais tempo de diversão. Não sei se isso corresponde necessariamente à realidade, entretanto. 30 pontos de vida é uma margem de segurança grande demais. Permissiva, até.
Contando com 30 de vida, você sabe que o jogo não vai acabar e pode escolher jogar com comandantes piores ou que não tenham plano de jogo algum para os estágios iniciais de jogo. Essa permissividade pode acabar desembocando em um formato artificialmente variado - com muitos decks viáveis, mas com arquétipos inteiros ausentes.
O limite mais alto também limita a qualidade dos jogos para jogadores que querem uma experiência mais próxima a de um formato não-casual. Grande parte dos jogadores de Duel Commander hoje esperam algo similar a um Legacy Lite quando jogam. A lista da Wizards está muitíssimo longe de atender a esse público, sendo mais próxima de um mesão entre dois jogadores.
De quebra, pode-se dizer com relativa margem de segurança que não haverá decks agressivos nesse formato e que a cor vermelha será menos representada por larga margem, assim como acontece no Leviathan e como aconteceu no Duel Commander antes do comitê francês optar por mudar para 20 de vida. “Tudo é permitido” não é sinônimo de diversão pra muita gente.
Baseando-se nisso, acredito que lista tenha como um dos objetivos principais diminuir a quantidade de jogos assimétricos. Ou seja, jogos onde você, ou seu oponente, obtenham larga vantagem em pouquíssimo tempo, sem que você possa alcançá-lo. Não consigo dizer, entretanto, que ela poderá fazê-lo só de olhar para as listas, é necessário aguardar os resultados saírem antes de mais nada.
O que dá pra dizer é que a filosofia por trás da lista da Wizards tem muitas similaridades com a filosofia que embasa as listas francesa e italiana. Existem notórias exceções no que diz respeito aos cards individuais, entretanto.
Mana Rápida
Essa é a categoria que pode mais facilmente criar jogos assimétricos. Banimentos óbvios como Black Lotus, Sol Ring e Mana Crypt se fazem necessários aqui, embora alguns cards banidos pelos outros comitês precisassem estar nessa lista também, como Ancient Tomb e Grim Monolith. A diferença entre esses cards e as contrapartes mais poderosas não devem ser ignoradas em jogos entre pares, entretanto.
Em um formato duplo - ou seja, que conta com apenas dois jogadores - a alavancagem que uma Sol Land no turno um representa é imensa. Ainda mais em se tratando do uso de generais como Baral, Chief of Compliance, Geist of Saint Traft e Azusa, Lost but Seeking, que podem se proteger ou alavancar a vantagem ainda nos turnos iniciais.
Capacitadores de Combos
Novamente, foram banidos os ofensores mais graves e óbvios, como Tinker e Hermit Druid. Por outro lado, algumas cartas como Doomsday, nunca figuraram nos outros formatos, por não possuírem o pedigree necessário para sequer competir, também foi banido. Poderíamos interpretar isso como indício de que o formato da Wizards é realmente permissivo, e que os testes indicam que se faz necessário banir cards extremamente marginais. Espero estar errado nessa.
Ou será que não? Estar enganado sugere que o formato foi realmente testado antes da implementação, mas estar correto sugere que cartas muito mais poderosas são válidas, fazendo cair por terra o motivo do banimento de Doomsday. Este, senhoras e senhores, é o Banimento de Schrödinger.
Uma nota interessante sobre os capacitadores é que cards como Mystical Tutor e Vampiric Tutor não figuram entre as banidas da Wizards. Nada garante que a lista da Wizards possua algum tipo de proteção especial a esse tipo de ameaça, bastante real.
Outro problema é que cards que normalmente não são capacitores de combos tornam-se, devido ao resto da lista. Strip Mine e Crucible of Worlds, por exemplo, podem trancar o jogo do seu oponente num átimo.
Por último, mais como curiosidade, podemos ver uma diferença clara de filosofia entre os diferentes gestores do formato em se tratando do combo de Grindstone/ Painter's Servant:
No 1v1 (Wizards), Painter's Servant é banido, restringindo opções de cartas, como Iona, Escudo de Emeria, que é bem melhor com ele. No Leviathan, Grindstone é banida e Painter's Servant é liberado, possibilitando interações como a citada anteriormente, e também com Animar, Soul of Elements - que se torna um tipo de True-Name Nemesis quando o deck de seu oponente torna-se de apenas uma cor. Por fim, no Duel (francês) ambas são liberadas. O formato é mais veloz, não conta com mana rápida na forma de Ancient Tomb / Grim Monolith, conta com mais remoções pontuais e admite que qualquer deck possa conter um combo incolor, abrindo possibilidades de construção de decks.
Comandantes Opressivos
Aqui, Arcum Dagsson me fez sorrir um pouco. Novamente, em formatos menos casuais esse não seria um problema. Porém, acredito que um “quase Tinker” todo turno possa se tornar um problema quando não existe pressão alguma para avançar seu plano de jogo.
A maior novidade é que não existe na lista 1v1 uma categoria “banido apenas como general”, como existe nas outras duas listas. Historicamente, a categoria foi extinta há algum tempo pelo comitê de regras do Commander multiplayer para simplificar as coisas para quem está entrando no formato. Banido significa completamente banido.
Embora haja vantagens na simplicidade disso, eu gosto bastante da implementação dessa categoria nas listas que a fazem. Existem comandantes de nível de poder justo, cujo maior problema é o acesso ilimitado. Derevi, Empyrial Tactician, Edric, Spymaster of Trest e Rofellos, Llanowar Emissary, por exemplo, não podem comandar mas ficam felizes em servir.
Oloro, Ageless Ascetic, entretanto, é um erro que eu considero rudíssimo. Ele é banido como comandante em ambas as listas (francesa e italiana) e, desde seu banimento, não é utilizado nos decks. Sua maior força é ser um general e… bom, só. Você não precisa nem conjurá-lo. Na maior parte do tempo, você nem deve. Os pontos de vida ganhos meramente de tê-lo em sua zona de comando garantem tempo o suficiente pra se recuperar contra decks agressivos, mesmo que você use pouquíssima remoção pontual, além de alguns turnos extra para buscar e combinar cartas, caso seja isso que você queira fazer. Sem a opção de ganhar via dano normal ou atrito, resta torcer para que o seu oponente esqueça que você pode ganhar usando dano de comandante. Provavelmente ele não vai, já que é a única coisa que ele tem de impedir.
Orientado ao Multiplayer?
Essa lista vai servir tanto para as partidas 1v1 como as multiplayer no ambiente do Magic Online. Isso quer dizer que o comitê de EDH (Commander Multiplayer ou “mesão”) tem uma lista de banidas diferente e, caso seu grupo de jogo siga a lista deles, é melhor conferir as mudanças sugeridas por aquele comitê.
Porém, visando mais simplicidade, o MTGO conta com uma lista única de banimentos para os dois formatos. Assim, você pode pegar seu deck 1v1 e jogar multiplayer, ou vice-versa.
Traduzindo em miúdos, Sol Ring não poderá mais ser usado no “mesão” do Magic Online, nem Biorhythm poderá ser usado no 1v1, embora ambos os cards sejam válidos em seus respectivos formatos longe do teclado.
Confuso? Pois é.
Outros
Falei rápido de algumas cartas que poderiam figurar nessa categoria, como Strip Mine e os tutores. Existem muitos outros que me deixaram surpreso. Dig Through Time, Treasure Cruise e Vial Smasher the Fierce, para citar alguns. São todas cartas que causaram ou que causam problemas para os formatos onde são válidos. No caso das mágicas azuis, assumidamente erros de design da Wizards.
Vale lembrar também que existem outras complicações na adoção direta da lista 1v1 para eventos de papel.
Cartas como, Shahrazad e Chaos Orb nunca existiram no Magic Online, assim como as Ante Cards. É o mesmo problema que vemos no Pauper, onde existe uma lista de cards válidos online, outra lista de cards válidos longe do teclado e ainda as listas locais. Muita confusão por pouco retorno.
Como fica meu formato?
Acho que essa é a pergunta que todos estamos nos fazendo. Não existe uma resposta certa.
Cada grupo de jogo vai adotar uma coisa. Muitas lojas estão preparando torneios baseados na lista da Wizards do Magic Online, mesmo com a ressalva oficial de que a lista Wizards era apenas para o ambiente virtual, que a Wizards respeita as raízes do formato e a comunidade, que dando amplo apoio aos comitês que regulam as regras no Magic de papel e que a criação e suporte do formato não visa, nem nunca visou, impactar o mundo de longe do teclado.
Assim sendo, vai de conversar e negociar com seu grupo de jogo. Nós da Ligamagic acreditamos na capacidade da comunidade em regular o formato e, assim como a Wizards, daremos apoio às decisões do comitê francês.
Assim sendo, as etapas e a Grande Final do CLM serão feitas no formato francês de Duel Commander (http://www.duelcommander.com).
Até a próxima, com mais notícias do mundo dos duelistas!
que droga, são tantas listas e tantos comitês, que no final vira bagunça, cada um faz suas regras....complicado.
queria que a wizards se manifestasse a respeito disso, com listas que atendessem tanto as necessidades do MTGO quanto no IRL.
Difícil comentar um artigo de uma pessoa que insiste em ser tendenciosa. Uma vez, em um post de Facebook, vc disse que se baseia nos campeonatos no Fox. Cara, vou te dizer que quando mudou pra 20 de vida, o número de players caiu pra menos da metade. Ou seja, seu post é absolutamente anacrônico e não considera os números que interessam, no caso o público. Por isso te recomendo que reveja seus conceitos, vai jogar comander e não me venha com argumentos de que escreve artigos. Enquanto vc fica aqui digitando, eu organizo campeonatos, enquanto vc teoriza, eu vou pra prática, enquanto vc deduz, eu monto baralhos. Por isso, repense o que vc fala puxando o saco da lista francesa. Vou te dar uma dica, aprende a falar francês, fala com Jean Pierre, ele está no meu Facebook. Se vc for sagaz, vai levantar de quem eu estou falando. Depois que vc fizer metade do que eu ou o Fox fazemos pelo formato, vc volta aqui e cria suas teorias. O que interessa é público nas lojas e boosters vendidos. Do jeito que vc fala, parece que a vida é um MOL ou uma "sociedade amorfa de Emile Durkheim".
Eu tava pensando mais nos sets de Commander mesmo. Acho que a partir de agora eles devem vir com mecânicas mais equilibradas entre o x1 e o mesão, sem bizarrices como partner e tal.
O ban de breya se deu pois ela tinha uma habilidade muito completa, tirando a necessidade de se montar um deck em cima dela ou mesmo de artefatos.
Existem vários fatores sobre o ban dela mas vamos ao resumo da ópera.
Habilidade dela exige custo de sacrifício que ela mesma providencia. Ou seja, prato cheio pra reaninate, além de não exigir que você monte o deck em cima dela.
Habilidade dela pode ser ativada no mesmo turno que ela cai em campo, assim tendo poucas respostas.
Habilidade dela mata a maioria dos comandantes, o faz com que seja muito difícil jogar contra ela com um deck onde se cmd faça parte dá sua estratégia principal ( maioria dos Aggros).
Por que ela não estava dominado? Simples a habilidade dela não é tão forte contra partner nem contra Control, ou seja, ela não é mais forte do que os decks que dominam o ambiente. Mas ela é muito difícil de lidar com vários comandantes tirando praticamente uma categoria inteira de cmds do formato. Por isso o ban dela.