O Metagame Modern
Entendendo o ambiente brasileiro.
Por
12/12/2016 14:00 - 9.614 visualizações - 21 comentários

 

Olá galera, meu nome é André Sambiase e estou aqui para falar um pouco sobre Modern.

 

Hoje o assunto é metagame. Sabemos de uma coisa quando se fala em metagame do formato Modern: a variância é alta.

 

Mas, o que eu quero dizer com isso?

 

Apesar dos tiers consagrados, a chance é alta de enfrentar um arquétipo não esperado, dependendo do ambiente. Ainda assim, é não só possível, mas devido, traçar uma estratégia para se preparar contra um meta variado, caso do meta brasiliero. Quem nunca ouviu o amigo falar: "Lá vai tá cheio de jund" e chegando lá, os decks não eram da forma que você esperava.

 

Então vamos para alguns tópicos introdutórios e depois iremos para os dados do metagame brasileiro disponíveis no momento.

 

1 - O problema da falta de informação.

 

No Brasil, hoje as ferramentas são escassas para analisar o metagame com propriedade.  Digo isso porque não temos um database diário dos decks jogando em seus respectivos ambientes. Logo não há estatíscas ou evidências que contribuem para uma leitura abastada. Além disso, temos poucos campeonatos com 150+ players, se comparado a outros países. Outro ponto é a perda do Pro Tour, que ditava tendências mundiais e nos audava a entender o formato de maneira macro.

 

2. As tendências do nosso metagame.

 

Como não temos tantas informações assim, o ambiente se rege por alguns dogmas brasileiros. O primeiro dogma é acompanhar campeonatos realizados pela Starcity, logo, quando um deck se destaca, principalmente de forma inesperada, surge uma tendência no Brasil (e não só aqui, acredito).

 

Um bom exemplo disso, por experiência própria, foi quando Tom Ross levou um Starcity Open com um deck chamado Rabble Red, no Standard de Theros, cerca de dois anos atrás.

 

Nessa época, o formato, que era moldado por Mono Black Control e Jund Walkers, foi feito de refém pelo recém lançado Goblin Rabblemaster, que afogueteou seu preço e remoldou o formato com apenas um único campeonato. Assim, quando fui ao WMCQ da e´poca, a leitura que fiz do metagame foi de que deveria ir com o Mono Blue Devotion, pois o match era bom contra Rabble Red. Entretanto, por achar que o Mono Black ainda era um deck melhor, fui com ele naquela ocasião. 

 

 

Conclusão: o campeonato foi tomado por RW Burns, Rabble Red e Mono Blue Devotions, até o UW Control da época voltou a aparecer, usando Detention Sphere. E lógicamente Mono Black foi a pior escolha.

 

Outro exemplo: Na primeira Final do 1º CLM (Standard), após jogar a temporada inteira de UW Control, uma semana antes, este arquétipo venceu um SCG Open. No dia da final, fui atropelado por mirrors e BWs Control.


3. Players que não seguem tendências, mas são tendenciosos.

 

Abri esse tópico pra retratar um pouco algo que acontece bastante no Modern.

 

Como o formato está mais caro do que nunca, a maioria dos players consegue apenas administrar um arquétipo. (Inclusive eu). Isso pode ser antes de tudo ruim, e em algumas partes bom. Ruim pois, sem as alavancas de poder se adaptar ao ambiente, é difícil atacar o meta de forma adequada. Além disso, jogando com outros arquétipos você passa a conhecê-los melhor. Mas também pode ser bom, pois o player tem uma pool farta, podendo tomar as medidas necessárias para adequar aquele arquétipo ao metagame. Em outro ponto, os colegas podem emprestar outros arquétipos quando necessário.

 

Mas, em linhas gerais, seria desaconselhável um player apenas jogar de Burn, ou apenas de Control, Midrange ou Combo, por comodismo.

 

4. O caminho da roça.

 

No Magic é sempre difícil traçar estratégias rígidas, pois é um jogo instável por natureza. Contudo, acredito que Sideboard e Deckbuilding estão diretamente ligados ao Metagame.

 

Metagame ⇒ Deckbuilding ⇒ Sideboard ⇒ Erro ou Acerto.

 

Antes de tudo, aprendemos a jogar o jogo. Decoramos os procedimentos, as cartas e suas habilidades. Até atingir um nível aceitável de jogabilidade. Essa é a fase "for fun". Copia-se estratégias, pensa-se em decks agradáveis para si e desagradáveis para oponentes.

Após isso, caso a pessoa tenha chegado aqui, preocupa-se mais em ser competitivo, pegar atalhos de aprendizado, e assim aprender cada vez mais e de forma simultanea, como sidear, montar decks e ler metagames. Aqui eu diria que a preocupação está em atingir os resultados pretendidos, através da estratégia que for necessária.

 

Mas segundo a exposição acima, para fins didáticos, acredito que a leitura do metagame deva vir antes, para após isso se concretizar o deckbuilding e sideboard. 

 

Quem nunca usou Circulo de Protecao: Vermelho? Mesmo sem sequer saber ainda como o jogo era competitivo.

 

5. Dados de metagame dos Top 8's CLM pelo Brasil.

 

Quando se fala em metagame e sideboard sempre gosto de utilizar a frase de Sun Tzu, em A Arte da Guerra:

 

"Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas."

 

Claro que no Magic nem tudo é vitória, mas é plenamente possível aumentar sua porcentagem de jogos ganhos.

 

Finalmente, vamos para o que interessa:

 

Dos 246 decks disponíveis que disputaram top8 das etapas do Circuito Ligamagic nos últimos meses até hoje, temos os seguintes dados em dez posições:

 

Burn 7.72%
Jund 6.5%
RG/GW Tron 5.69%
Merfolk 4.8%
Bant Eldrazi e Infect 4.47%
Abzan Company/Chord 4%
Dredge, Jeskai Nahiri ,Naya Zoo e Junk 3.25%
Affinity, Scapeshift e Jeskai Control 2.84%
Titanshift e Ad Nauseam 2.43%
10º Bw Tokens e Grixis Control 2%

 

Obs: Se juntarmos:
 

a) Jund com Junk equivale a 9.75% do field.
b) Titanshift com Scapeshift equivale a 4.8% do field.
c) Naya Burn com Naya Zoo equivale a 10.9% do field.
d) RG/GW Tron com Eldrazi Tron equivale a 6.09% do field.
e) Jeskai Nahiri com Jeskai Control equivale a 6.09% do field.

 

Vamos agora comparar com os dados do Magic Online:

 

Infect 8.31%
Jund 7.38%
Dredge 6.31%
GW Tron 6%
Affinity 5.69%
Bant Eldrazi 4.77%
Naya Burn 4%
Suicide Bloo 3.69%
Lantern Control 3.23%
10º Zooicide 2.62%

 

Temos porcentagens muito parecidas Jund, Tron e especialmente Bant Eldrazi. Entretanto, temos decks como Suicide Bloo, Suicide Zoo e Lantern que dentro dos 246 decks, tivemos apenas 1 cópia de cada.

 

Vamos agora para o metagame dentro da database do mtgtop8 nos últimos 2 meses:

 

Dredge 9%
Infect 7%
Jund 6%
Affinity 6%
Bant Eldrazi 6%
Burn 5%
Suicide Bloo 5%
Tron 5%
Junk 5%

 

Nesse ranking aqui, temos a conjunção entre o magic online e campeonatos irl ao redor do mundo, portanto fica difícil de ter uma database aproximada de comparação.

 

Conclusões.

 

a) Através do nosso metagame, nessa amostragem dentro dos top 8 do CLM, dá pra notar que Burn e decks aggros em si ainda são bastante populares aqui no Brasil. A questão verdadeira no metagame fica pairando sobre o Affinity, será que são tãos poucos mesmo?

 

b) Lantern Control funcionaria no nosso metagame? Com tantos Burns  e derivados + Tron?

 

c) Os combos são poucos (se dredge não for considerado combo aqui, pois existem sites que o consideram), seria o UW Control um bom arquétipo pro formato?

 

Obrigado a todos! Postem suas opiniões nos comentários

 

Até a próxima.

Comentários
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(Quote)
- 14/12/2016 10:30:45
Aonde jogo modern (Lojas pelo Rio de Janeiro, centro e zona sul) o metagame é bem diversificado. Jogadores usam baralhos diferentes de acordo com o field. É bem competitivo e não vejo padrão de cópia da SCG. Assim que um deck faz um bom resultado ele aparece no meta rapidamente mas os jogadores que o constroem não o usam em todas as competições, eles revezam bastante os decks (se sempre de acordo com o metagame).

Também acho que o CLM ainda está longe de nos dar uma metagame brasileiro confiável. Ali sim vejo muitos jogadores tendenciosos.
(Quote)
- 13/12/2016 14:04:16


realmente.. vou mover os boseiju pro side e colocar os ghost quarter, trocar a avacyn pro um progenitus, negate por remand e colocar uns esper charm de side

(Quote)
- 13/12/2016 13:39:54

Hahaha, acho que os dois argumentos são válidos. Existem alguns players que só ficarão no forfun mesmo por não se dedicarem e nem terem essa aspiração. E existem players que farão o caminho em que eu dediquei algumas palavras no texto.

(Quote)
- 13/12/2016 13:37:44

Tinha merfolk sim amigo, nos dados do field brasileiro

(Quote)
- 13/12/2016 10:48:15

Eu acho que dá pra jogar com esse deck, mas com algumas modificações. Boseiju é bem ruim no main deck. Apesar de counterspells serem uma chatice e poderem atrapalhar seu jogo, o drawback desse terreno é bem ruim num formato onde Burn e ultra Aggros são tão fortes. Entra virado e tira vida pra gerar mana. Contra Burn é, por exemplo, é suicídio. Eu colocaria no sideboard.

3 Negates + 3 Dispels eu acho que fica muito counter restritivo pra main deck. Em muitos match-ups eles são ruins. Dispel não faz nada contra Tron, Dredge, Merfolks, Death & Taxes, Eldrazis, Valakut, Lantern Control, Affinity... Negate também faz pouco contra esses decks. Se quiser algum deles de main deck, eu recomendaria um Negate ou um Dispel. No máximo um de cada. Pra main deck, Spell Snare, Remand ou Mana Leak devem ser melhores.

Essas duas primeiras dicas também dependem um pouco do field. Se MUITA gente jogar de azul e com vários counters onde você joga, pode ser uma boa usar tanto os Boseijus, quanto os Negates e Dispels. Mas de maneira geral, o formato favorece bem mais os Aggros, e seu main deck normalmente tem que ser mais adaptado a enfrentá-los do que a enfrentar Controls. Por isso eu recomendaria deixar essas cartas no side.

Seu deck tem bastante carta de CMC 4 e você não tem muito draw. Eu usaria mais terrenos. Uns 23 acho que devem ser suficientes (dentre estes, eu usaria um ou dois Ghost Quarters/Tectonic Edges... tem muito terreno roubado no Modern).

Já que você vai de Esper, eu arriscaria usar alguns Esper Charms. Acho forte demais.

Lingering Souls é a carta mais forte nesse deck. Use 4 sempre. Só tire se tiver uma excelente razão pra isso.

Avacyn é bem ruim no Modern. Path é um dos removals mais comuns do formato e o cara pode removê-la sem que ela tenha feito nada. Além disso, ela pode ficar tomando block de Lingering Souls, etc. e dar muito tempo ao adversário. Emrakul é simplesmente melhor alvo para o Polymorph. Bem mais difícil de remover, e ganha o jogo numa patada só normalmente.

Elesh Norn e Iona são alvos até que decentes. A primeira, apesar de morrer fácil, se você puxar contra o deck certo, no mínimo ela limpa a mesa do cara antes de ir. A Iona pode lockar alguns adversários lindamente, mas não sei se ela é boa o bastante pra roubar o slot da Emrakul. Eu recomendo que você use sempre um único bicho no deck pra Polymorph te dar exatamente o que você quer. Elesh talvez valha a pena. Avacyn, pra mim, não vale a pena. Iona, quem sabe... 90% das vezes é Emrakul e pronto.

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