Analisando novas cartas
Passo a passo para entender melhor cartas novas em um contexto.
Por
10/12/2016 14:00 - 9.225 visualizações - 1 comentário

 

Olá leitores. Meu nome é Walter Paraizo, tenho 24 anos de idade e iniciei minha caminhada no Magic em 2012, como jogador casual, e em 2014, como “jogador competitivo”. Hoje, ando um pouco parado dos torneios, mas continuo com a minha paixão por deckbuilding intacta, sempre criando e modificando listas. No artigo de hoje, aproveitando que Aether Revolt já tem alguns spoilers, falarei um pouco da minha experiência com adaptações de listas e como uma edição nova pode impactar em um baralho existente, com uma visão voltada para o Standard e o Modern.


Para iniciarmos a nossa experiência, tenho que contar como eu comecei a pensar neste assunto: lá em meados de agosto de 2015, eu me aventurei a “buildar” um deck baseado no encantamento Tutela da Esfinge e Ascendencia Jeskai e usei como base uma lista preexistente. O baralho possuía algumas cartas do bloco de Theros na lista e assim que sairam os spoilers de Batalha por Zendikar, eu comecei a pensar em cartas para fazer a substituição das que cairiam com a rotação, além de ver o que poderia ser melhorado. Em abril de 2016, um pouco depois do lançamento de Sombras em Innistrad, tive essa oportunidade novamente, após conhecer a nova mecânica Delirium. Pouco tempo depois, ocorreu o SCG Standard IQ Bernardsville e em sétimo colocado, tivemos essa lista de BG delirium, ainda bem crua: 


[DECK 468924 NOT FOUND]

 

E após alguns meses, com os lançamentos de Lua Arcana e Kaladesh, pude observar algumas mudanças significativas na lista, após algumas pesquisas, cheguei a esse resultado para testes:
 

[DECK 468939 NOT FOUND]

 

O método consiste em avaliar alguns pontos da edição nova e comparar com o que temos atualmente, levando em consideração os seguintes critérios:
 

1 - Similaridade de Efeitos.
 

Este caso não foi tão complicado assim, Trilha Ruinosa foi substituída por Homicidio. Ambas as cartas têm efeitos bem parecidos, relembrando que Homicidio afeta apenas criaturas, porém, pode ser jogada em instant speed, então resolvi trocá-los na lista de forma simples, tomando um cuidado com o número de remoções. Outro ponto foi, Para o Abate, que me garantia ainda efeitos de destruição de planeswalkers. Então eu tinha remoção instant speed, sem grande perda de poder.

 

2 - Power Level.


Rastreador Incansavel, Esfolador Macabro, Ishkanah, Viuva-do-cemiterio, Kalitas, Traidor de Ghet , Mecanotita Verdejante, Emrakul, o Fim Prometido e Liliana, a Ultima Esperanca  são cartas com power level muito alto e não faziam parte da lista anterior. Seja por não existirem quando a primeira lista foi lançada (os cards de Lua Arcana e Kaladesh) ou por opção do jogador que “buildou” a lista inicial, não poderiam ser deixadas de lado quando uma versão atualizada do baralho alcançou o topo do formato.

 


3 - Usar o que tiver a disposição.


Algumas cartas, como as lands, não se encaixariam nos critérios anteriores e foram substituídas por outras dentre as disponíveis. Regioes Agrestes de Llanowar deram lugar a Charco Florescente. Isso é bem característico do formato Standard, jogar com o que temos disponível não importando muito o power level, em alguns casos.


Mas Walter, o artigo dizia que seria uma abordagem também para o Modern, onde e como isso se aplica em baralhos Modern?
 

Para o formato Modern, é uma análise mais complicada de ser realizada, pois o formato tem muitas peculiaridades que o Standard não tem, como por exemplo:

  • Diversidade de baralhos estabelecidos no formato;
  • Ausência de rotação;
  • Pool de cartas muito grande;
  • Metagame mais variável;
     

Ciente dessas diferenças entre formatos, precisamos mudar um pouco os parâmetros de avaliação de uma carta quando uma edição começa a ter “spoilers” divulgados na internet. Para o formato Modern, temos que avaliar outros pontos, devido às diferenças do formato acima e os critérios que eu utilizo são:


1 - Power Level do card.


Quase todas as cartas que entram no formato Modern é devido ao power level. Claro, existem de cartas com um power level não tão alto que entram no formato, como por exemplo a Narcoameba, que está ali no Dredge apenas para trazer o Amalgama Cobicado para o campo de batalha, mas algumas vezes são tão fortes que criam um novo deck em sua volta ou ressuscitam outros. Exemplo: Amalgama Cobicado e Neofito Insolente ressuscitando o Dredge, e os eldrazis que criaram seu poderoso Eldrazi Winter.

 


2 - Verificar se a carta encaixa-se em algum baralho já existente.


É uma das formas mais tranquilas de se avaliar uma carta, ver se ela se encaixa em algum deck já existente. Nas últimas edições lançadas tivemos um impacto grande de cartas que transcenderam o formato Standard e apareceram em vários decks do Modern, casos de Amalgama Cobicado, Neofito Insolente, Trazer a Luz, Comando de Kolaghan, Nahiri, a Anunciadora , Companhia Agrupada, Cruzeiro do Tesouro e Revirar o Tempo (os dois últimos tinham tanto power level que foram banidos), entre outras.

 

3 – Criar um deck em torno do card.


As vezes, as edições lançam cartas tão poderosas que um baralho novo surge em torno delas.  Usando como núcleo  Ascendencia Jeskai, Cruzeiro do Tesouro e Revirar o Tempo, o baralho Jeskai Ascendancy foi criado com o lançamento de Khans of Tarkir. Até o banimento das duas últimas, o baralho era muito consistente e fazendo bons resultados. Está é a opção mais complicada de ser feita.


Aplicando o Método
 

Em passos, vou mostrar esse método aplicado a um baralho que ressuscitou por causa de três cartas nos últimos meses. Estou falando do Dredge, o novo tier 1 que teve uma ascensão muito grande com o lançamento de Sombras em Innistrad e Lua Arcana.

 

O Dredge existe há muito tempo, inclusive jogando no Legacy, no Modern ele é mais recente, tendo como último representante, antes da onda atual o ”Dredgenvine”. Eu já jogava com esse baralho antes do lançamento das edições citadas, porém, quando Sombras em Innistrad foi lançada, duas cartas me chamaram a atenção de imediato: 
 

     
Logo de cara, eu comecei a analisar formas de incluí-los em meu deck, e usava essa lista:

Dredgenvine
 
18/10/2016
R$ 1.043,12
R$ 3.803,27
R$ 38.074,71
 
18/10/2016
Visualização:
Padrão
Cor
Custo
Raridade
Visual
Grid
CMC
Comprar Deck
Gerar Imagem
Criaturas (23)
 
8,98
  
0,10
  
9,00
  
0,24
   
31,98
  
2,45
  
0,08
  
0,38
Mágicas (17)
 
0,14
 
3,60
  
4,75
  
0,19
   
2,00
  
0,10
Terrenos (20)
0,31
52,00
52,90
1  
0,00
60,00
2  
0,00
12,50
32,90
30,72
60 cards total

Sideboard (15)
 
44,18
 
0,14
  
3,00
  
1,25
  
0,13
  
0,20
  
2,69
   
0,35


E depois de aplicar o método de análise que citei, a lista ficou assim:

[DECK 441899 NOT FOUND]

Segue abaixo as mudanças entre as duas listas (desconsiderando o sideboard).


Saíram da lista: 1 Aldeia nas Copas, 4 Contraforte Arborizado, 3 Lamacal Ensanguentado, 2 Pantano, 3 Penhascos de Fenda Negra , 3 Tumba Abandonada, 1 Mandris Estridentes, 4 Rastejador de Tumulo, 2 Satiro Trilheiro, 2 Tasigur, a Presa de Ouro, 4 Trepadeira Vingativa,  4 Lotleth Troll, 1 Comando de Kolaghan, 3 Denegeracao Abrupta , 4 Salvamento Macabro, 3 Talho Assassino, 1 Maldicao Sombria.
 

Entraram na lista: 4 Confluencia de Mana, 1 Cripta de Sangue, 3 Desfiladeiro da Linha de Cobre , 2 Montanha, 1 Penhasco do Raizame, 3 Ruinas de Dakmor, 4 Amalgama Cobicado, 1 Morta Perseguida, 4 Narcoameba, 4 Neofito Insolente, 1 Trol de Tumulo Golgari, 2 Brutalidade Coletiva, 2 Conflagrar, 2 Machado Relampejante, 3 Reuniao Catartica, 2 Reunir os Camponeses , 4 Diabrete de Erva Fetida e 2 Vida da Marga.
 

Ao todo, 45 cartas foram modificadas da lista original, criando um novo baralho, muito pouca coisa foi aproveitada da primeira lista, simplesmente porque o núcleo do baralho passou a ser outro. O Núcleo antigo era composto por Rastejador de Tumulo e Trepadeira Vingativa e o novo núcleo do baralho é composto por Amalgama Cobicado, Narcoameba e Terror Sanguinario. Isso cria uma diferença muito grande entre as duas listas: antes, era necessário ter duas criaturas conjuradas para retornarmos a carta mais forte do baralho para o campo de batalha, agora, apenas precisamos que uma Narcoameba ou que um Terror Sanguinario retorne para trazerem junto a Amalgama Cobicado para o campo de batalha. Para essa nova estrutura ter consistência, algumas medidas foram tomadas.
 

1- Incluir cartas com dredge ou que tenham uma condição fácil de retorno do cemitério para o campo de batalha ou nos gere alguma vantagem.


Narcoameba, Diabrete de Erva Fetida, mais uma cópia de Trol de Tumulo Golgari e Morta Perseguida foram incluídas para dar uma consistência maior ao baralho.


2- Neofito Insolente proporciona uma explosão maior ao baralho.


Sem sombra de dúvidas, foi uma das cartas que permitiram o baralho renascer. Essa carta possibilita um início mais explosivo principalmente pelo detalhe de descartes ANTES de comprar, então no primeiro turno eu já posso colocar uma Vida da Marga, por exemplo, no cemitério e começar o dredge. 
 

3- Brutalidade Coletiva, Conflagrar, Machado Relampejante e Maldicao Sombria são necessários para remover possíveis problemas que apareçam em campo.


Autoexplicativo, mas abro um pequeno parêntese para a carta Brutalidade Coletiva, todas as remoções tem em comum alguma sinergia com o deck. No caso de Brutalidade temos a grande vantagem de ela ser uma mega engine, abrir com ela na mão significa colocar cartas no cemitério e ainda gerar efeitos relevantes. 

 


4- Reunir os Camponeses e o fator combo.


Foi uma inclusão feita com base no pensamento “tenho inúmeros bichinhos no campo de batalha para atacar, mas eles não finalizam o jogo”. Ciente disso, foi preciso achar novas formas de aumentar o poder de ataque. Behemoth Crateropode com Ritos de Desenterro foram uma ideia, mas convenhamos que é muita mana e um "combo" de duas cartas, então Reunir os Camponeses era bem mais simples e ainda aproveitava a evasão das Narcoameba.

 

5- Curva de mana reduzida e alternativa as listas mais utilizadas.
 

Aqui entra algo mais pessoal da minha lista, em relação as outras. As listas tradicionais usam 20 terrenos, no geral entre 8 e 10 fetch lands, o que proporciona uma curva mais equilibrada. Entretanto, isso atrapalha um pouco na hora dos “dredges” iniciais. Como uso uma building com 18 terrenos e inicio o jogo com mãos iniciais que tenham ou dois ou três terrenos, a probabilidade de você acertar um terreno em um dredge no turno 1 ou 2 fica menor, apenas 15 ou 16 terrenos estão em meu baralho, enquanto que com 20 terrenos, neste mesmo cenário, haveria 17 ou 16 terrenos (no caso de estourar uma fetch e buscar um terreno). Em termos práticos, isso significa uma quantidade maior de criaturas ou outras cartas mais úteis indo para o cemitério. 

 

Com embasamento do método, podemos salientar que este envolve uma noção de deckbuilding em sua aplicação. Mexer na curva de mana, identificar o núcleo da estratégia, as cartas que dão suporte a ela e as que entram para lidar com problemas, são todas etapas de um método de deckbuilding. Quanto mais você aprende sobre, quanto mais tenta aplicar, mais vai pegando prática e, com o tempo, descobrindo novas estratégias.

 

 

Comentários
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(Quote)
- 13/12/2016 00:38:19
Cara muito bom o artigo! Com relação ao fator
standard também faço o mesmo, vejo o que
poderá substituir o que vai cair!!
Parabéns, continue com bons artigos!!
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