No Magic, assim como em praticamente qualquer coisa que fazemos na vida, existe o grande incentivo da melhora constante. Ser melhor que hoje e “pior” que amanhã. E é uma luta bem válida, não só em jogos e esportes mas também na vida. Só que quando estamos mirando na melhoria, às vezes esquecemos em não piorar.

Alguns jogos de side scrolling como Sonic te impedem de voltar para pegar aquilo que você deixou para trás, enquanto outros te deixam voltar para aquele upgrade ou item que estava faltando, deixando sua campanha mais completa, ao custo de dar “um passo para trás” para dar um para frente.

Eu já falei sobre como melhorar no Magic, e vou falar novamente num futuro próximo. Não me leve a mal, melhorar não é só importante, é necessário em 99% dos casos, mas muitos detalhes nos fazem voltar no tempo e regredir, mesmo quando estamos melhorando em alguns pontos, e é exatamente sobre isso que vamos falar hoje.

● Vícios e Virtudes

Aprender novos conceitos é algo sempre bem-vindo, mas é importante se policiar para não voltar com velhos vícios problemáticos.

Cada pessoa tem seu vício, alguns mais acentuados que outros.

Você já deve ter visto em filmes e série algumas pessoas que jogam poker e fazem expressões todas as vezes que têm tudo ou que resolvem blefar, né? Isso acontece no Magic e é mais comum do que você imagina. Algumas pessoas fazem caras feias ou indicam de alguma forma quando comprar algo ruim. Esse é o tipo de vício que você pode superar e eventualmente voltar a ter, e em jogos de alto nível isso é muito ruim, pois é uma arma a mais para seu adversário.

É importante se policiar, às vezes não conseguimos reparar quando esses gestos acontecem. O ideal é jogar com amigos e pedir para eles te ajudarem nesse aspecto, avisarem quando você fez o gesto para você entender se está passando sentimento de certeza, dúvida, medo, para entender qual a emoção mais forte naquele momento para controlá-la.

● Qualidade e não quantidade

Falando em jogar com amigos, muita gente pensa que um bom jogador de Magic é aquele que consegue jogar 14 horas por dia, como vimos alguns prós fazerem. E mesmo num nível “mero mortal”, se o fulano consegue ir bem em torneios treinando apenas uma vez por semana, ou menos, porque você, que joga 3 vezes por semana não está progredindo mais?

É simples, é provável que alguém de seu grupo de treino não esteja levando á sério o suficiente(muitas vezes todos os integrantes ao mesmo tempo) pois pensam que jogar 15 partidas na noite é melhor que 3 pelo volume de jogo, mas não é bem assim.

Jogar se conscientizando dos erros e acertos é o ideal. É um treino, não um torneio, deixe seu parceiro voltar nas jogadas para tentar novas linhas de jogo, assim tanto ele quanto você terão duas visões sobre o mesmo jogo, o que acaba sendo similar à jogar diversas partidas.

Com o passar do tempo a gente tende a ser mais relaxado em treinos, jogando mais tranquilo, sem pensar muito e dando menos peso à informação obtida com a partida do que acabamos dando com a diversão que temos durante um jogo desleixado.

Eventualmente algum amigo te vê jogando, e depois da partida vem discutir sua tomada de decisões durante o jogo. Isso é bem comum. E o que é mais comum ainda é essa pessoa ser ignorada pois as tuas linhas de jogo eram “perfeitas” ou “muito superiores”, e de fato, poderiam ser. Quem está de fora do jogo não consegue ter a imersão 100% na partida e pensar como quem está realmente jogando, mas quando você está de fora também é mais fácil tomar algumas decisões.

Toda opinião é bem-vinda para quem quer melhorar, e principalmente para quem quer desenferrujar. Sempre dê ouvidos para as linhas de jogo que seus amigos acharam que seriam melhores naquela partida que acabou, mesmo que a sua linha tenha te ganhado a partida, ouvir outros pontos de vista ajudam a pensar em mais possibilidades, e da próxima vez que algo similar ocorrer, você já tem mais de um ponto pré pensado, um 2 pra 1 teórico, valor!

● Síndrome do Bebê feio

Tem gente que acha todo e qualquer bebê a coisa mais linda do mundo, mas nós sabemos que existem aqueles bebês com cara de joelho ralado que crescem e viram o Batoré, ou pior, o Bruno Orelha.

No Magic, essas síndrome é bem comum, eu passo muito por ela e você provavelmente já passou também. Ela consiste em olhar para aquele seu deck torto, inconsistente e/ou sub óptimo e falar: ISSO É UMA MÁQUINA DE GANHAR GPS.

Todos sofremos disso algum dia, e é importante saber lidar com as críticas às suas decklists, e também fazer autocríticas à elas.

Como eu já disse aqui diversas vezes, o primeiro passo para ganhar um torneio é uma boa lista, e se você vai com um Fiat 147 para uma corrida de Fórmula 1, mesmo que você seja o Dominic Toretto, alguns milagres não são possíveis.

Nesse ponto, ter uma equipe ou uma galera que você confia para opinar nas suas decklists é bem relevante. Se até o PV erra na escolha de decks para torneios, o que dirá de nós, meros mortais?

● Como voltar aos Anos Dourados

Ok Orelha, você disse que iria me ajudar a recuperar o meu mojo há muito perdido, mas qual é a parte técnica que posso utilizar?

Entendendo a teoria você consegue aplicar para a prática, mas não é automático, é preciso entender como funciona a transformação de teoria em prática. Eu gosto de pensar assim:

Conhecimento -> Decisão -> Execução

O conhecimento é toda a teoria adquirida de alguma forma. Estudo, observando outros ou até mesmo discussão com outros players.

A decisão é a ponte, é aqui que você faz a famosa decision tree e mapeia sua rota de jogo, usando o conceito de Tempo ou Board advantage na partida, por exemplo.

E a execução é como EXATAMENTE você faz a jogada. É bem comum a ideia ser boa mas a execução não, e isso é devido à N fatores, desde você pensar numa coisa e fazer outra, seu oponente ter algo que você não esperava até algo inesperado ocorrer por desconhecimento de regras ou configuração de deck do oponente(por exemplo um oponente fazer um Assentar nos Destrocos no G1 estando de Spirits no Pioneer).

E execução às vezes fica borrada em nossa mente. Você sabe que precisa fazer seu oponente ter menos cartas que você no mirror de control, mas devido ao grande número de interações todos os turnos é possível que você se esqueça do que estava planejando com o Conhecimento e com a Decisão, e na hora de executar algo sai errado.

- TL//DR:

● Reparar nos próprio vícios, geralmente gestuais, para não demonstrar emoções indesejadas no meio da partida e dar informação de mão beijada.

● Jogar com qualidade invés de quantidade. Independente se for treino ou torneio. Sempre jogar em torno dos seus outs reais. Quanto menos desleixado, mais atento você estará para fazer as decisões mais rapidamente e “no automático”.

● Esteja confiante o suficiente com seu deck, mas nunca exacerba-a, conferir as 75 que pretende usar com seus amigos pode te impedir de jogar com cartas ou decks ruins.

● Restabeleça seus atalhos mentais através de atenção durante os jogos e bom planejamento entre as jogadas. Esse tipo de ação diminui seu tempo de resposta no futuro e deixa o jogo cada vez mais claro por entender board states mais complexos com menos esforço.

Não existe exatamente uma receita de bolo, cada pessoa age de uma maneira e recupera os velhos vícios do seu próprio jeito. O importante é entender como seus “defeitos” funcionam para poder melhorá-los ou voltar ao que eram, seu nível de Magic com certeza estará melhor. Como não são mudanças bruscas, nós mesmos não percebemos quando as coisas pioram, e quando vai ver, já está pior novamente. Cabeça no lugar, concentração sempre que puder que o Magiquinho te leva longe!

Aquele abraço do Orelha e não se esqueçam de acessar o meu canal de Magic que chegou aos 300 inscritos, uhul! www.youtube.com/brunoears