Olá!
Uma discussão que é sempre recorrente nas linhas de tempo no Twitter e artigos na gringa é sobre a tal da "equidade", especificamente voltada para uma determinada categoria de jogadores: Os que são "figura pública" da comunidade, geralmente por causa da produção de conteúdo, seja através de artigos, streams na Twitch ou gameplays no Youtube. Lembrando que o objetivo desse artigo não é ser uma reclamação nem nada do gênero, é somente pontuar um tema que pode ser interessante a ser discutido, inclusive porque é uma situação que eu considero que não se aplique a mim em uma quantia de jogos suficientemente relevante (ou ao menos não percebo/enxergo dessa maneira).
O dicionário define Equidade da seguinte maneira: "Característica de algo ou alguém que revela senso de justiça, imparcialidade, isenção e neutralidade; Correção no modo de agir ou de opinar; Em que há lisura, honestidade; Igualdade.".
Aplicado ao Magic, podemos dizer que é quando ambos os jogadores sentam para a partida em condições justas e iguais para todos os envolvidos.
O que várias dessas figuras públicas reclamam é da "equidade perdida" ao se sentarem para jogar em uma determinada partida, considerando fatores no quesito informação. Traduzindo em miúdos o que significa: Pelo fato de serem conhecidos, esses grupo de jogadores em particular vão sair em desvantagem na hora das partidas.
Em um de seus artigos recentes, o PV mencionou um caso que lhe ocorreu no Mythic Championship em Cleveland - logo no começo do torneio, ele foi tirar dúvidas com o juiz-mor a respeito de Nexus of Fate foil em seu deck e, seis rodadas depois, seu oponente sabia que ele estava jogando de Nexus por ter prestado atenção nele naquele momento. E isso era algo que aconteceria somente a ele, e outros jogadores conhecidos, pelo simples fato de que eles são reconhecidos e lembrados.
O mesmo vale para partidas na câmera/feature match, ou mesmo entrevistas/deck techs e similares. A equipe de coverage tem o costume de sempre postar os arquétipos e jogadores que fazem 8-0 no primeiro dia, e embora sempre seja possível transitar pelas mesas buscando informação (o dito "scouting"), com a publicação oficial pela internet essa informação fica acessível a todo mundo.
É interessante lembrarmos que o último Mythic Championship em Londres resolveu uma parte desse problema permitindo aos competidores acesso à decklist do oponente antes da partida começar - o que recuperou parte da equidade para os "medalhões" que sempre são visados na hora do "scouting" e mais facilmente lembrados pelos demais jogadores.
Outro caso é o famoso "ghosting"/"telar", ou seja, ao enfrentar um jogador que é conhecido por streamar seus jogos na Twitch - O oponente entra no canal que está ao vivo para saber a mão e as jogadas que irá vai fazer. Essa é o exemplo máximo da "Equidade perdida", já que qualquer um com acesso a um "olho do milênio" para saber se o oponente tem um counter para sua bomba ou a remoção global vai naturalmente conseguir ter um percentual de vitórias muito mais alto.
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Claro que também existem contrapontos. Para cada "Equidade perdida", existe também uma "Equidade ganha", uma espécie de lei de troca equivalente. Embora algumas dessas vantagens sejam mais intangíveis, existem várias situações em que produtores de conteúdo e figuras públicas - graças à sua exposição - conseguem benefícios.
Patrocínios, network para conseguir cartas/decks emprestados e monetização das ferramentas de stream/vídeo são exemplos de "Equidade ganha" em relação aos outros jogadores "não-conhecidos". E quase nunca esses benefícios vão estar ao alcance do "jogador comum", que está ali apenas disputando um torneio com uma premiação bacana ou então fazendo sua escalada na ladder ranqueada do MTG Arena.
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Na minha opinião, todos os fatores de "Equidade perdida" são muito supervalorizados por vários produtores de conteúdo e figuras públicas. Claro, a informação do deck que eu estou utilizando é uma vantagem pro oponente, mas só até um certo limite - ele ainda precisa vir com as cartas certas para a partida ou correr o risco de mulligar atrás disso, e nem todos os oponentes estão antenados com a informação todo o tempo. Fora a possibilidade da informação vir "incorreta", com o oponente apostando todas as suas fichas que você está com um determinado deck ou que tal carta não faz parte do seu sideboard, para aí sim ser surpreendido.
Nesse "efeito surpresa", já ganhei um PPTQ de Affinity onde todos os meus oponentes esperavam Valakut ou Ad Nauseam, influenciando em suas decisões de keep/mulligan e certamente nas escolhas de deck/sideboard por ser um metagame de loja local.
O outro fator, o "ghosting" em streaming, é sempre uma possibilidade e uma desvantagem real e pesada para quem está streamando. Porém, muito disso já esbarra na questão ética (se ele está streamando, é público, qualquer um pode ver vs. é errado/roubo/trapaça jogar vendo a mão do seu oponente) e diz respeito somente a cada um. E em caso de torneios com um grande peso (como um qualificatório para o Mythic Championship no MTGO ou MTGA) é uma questão se a "figura pública" prefere abrir mão de sua "equidade ganha" (visualizações e acessos em sua stream) para não ter uma "equidade perdida" (informação da mão/deck para o oponente).
Recentemente, eu participei de um torneio online streamando, e embora meu resultado não tenha sido nada demais (um 4-2 terminando no Top 16 pelos desempates ruins), também não posso dizer que foi ruim. Se os oponentes me deram "ghost" ou não, nunca saberei - mas é fato que eu tirei proveito de todas as visualizações na stream, doações, subscribes, etc., fator que talvez meus oponentes provavelmente não tinham como "vantagens" da mesma partida.
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E quanto a vocês, leitores, qual a sua opinião a respeito da equidade nas partidas de Magic envolvendo figuras públicas e produtores de conteúdo? Considerariam algum outro fator adicional para "equidade ganha"? E para "equidade perdida"? Compartilhem suas opiniões nos comentários!
Abraços e até a próxima!