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Report Campeão do CLM Standard
Grande e burro, grande e campeão!
Por
07/08/2018 18:00 - 5.332 visualizações - 12 comentários
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Olá, meu nome é Renato Scapin, conhecido por todos como o Tatu, trinta e duas primaveras, pai de duas crianças maravilhosas (Cauã e Jade) e professor de educação física adaptada, focado na reabilitação motora de pessoas com deficiência intelectual ou múltiplas deficiências. Conheci o magic quando jogava yugioh na primeira loja de card game de Valinhos, a Templo dos Duelistas , em meados de 2001, mas só comecei a jogar de fato no ano de 2015. 
 
AS ESCOLHAS DE FORMATO E DE DECK

A magnitude do Magic em relação a outros card games sempre foi a importância das nossas escolhas em cada jogada. E muitas vezes essas escolhas não são fáceis.
 
Minha primeira dúvida surgiu assim que conquistei a vaga jogando draft com amigos da loja Taverneiros, de Valinhos. Quando voltei para o magic em 2015, passei a jogar Standard, e nessa época, eu não fazia ideia do que era metagame, deck net e nem mesmo a Liga Magic. Infelizmente (ou não), me apaixonei pelo formato, então “pimba”, escolhi jogar mais uma final do CLM no formato Standard (segunda final nesses três anos). Até aqui estava tudo bem.
 
A segunda dúvida era escolher um deck pra essa final. Quais decks têm aparecido no metagame? Qual deles está melhor posicionado no GP, nas ligas do MOL ou da StarCity? Adoro decks controle, mas o tempo e a experiência já me provaram que meu estilo de jogo não me permite jogar assim. MidRange então? Hum, me parece ok. Vamos olhar algumas listas e.... UAU! Mono Black Zombies voltou para o field! Pronto. Vou de Mono Black Zombies.
 
Quem me conhece sabe que adoro zumbis. Até tenho um deck de Commander que jogo com amigos em casa.
 
Depois de escolher o Zombies, passei uma semana discutindo listas com Antônio Zanutto, Marcio Preto e Michel Turim – pessoas que tive o prazer de conhecer graças à Magia – e então chegamos a uma conclusão após alguns play testes: para esse deck jogar, seria necessário banir Cavaleira da Graca. Iniciativa, resistência à magia preta e um corpo 2/2 fazia uma cavaleira segurar o board com três ou mais zumbis por alguns turnos e é claro que as remoções pontuais nos Barao da Morte e nas Senhora dos Amaldicoados pioravam ainda mais a situação.

Voltamos à estaca zero.
 
Fui dar uma olhada em outros decks do meta e me deparei com versões do mono green – deck com que eu já havia jogado antes – com splash para preto (Parasita de Sucata no main, e Hora da Gloria e Vraska, Cacadora de Reliquias no side). Mostrei a que mais me interessou para os amigos e a fala de todos foi unanime: tire o preto do deck e jogue de mono.  Zanutto me passou uma lista, e junto a Turim e Preto, chegamos na lista que joguei o torneio; e na madrugada de sábado para domingo, alterei o Black pelo Green.
 
O DECK
 
 
21/07/2018
R$ 315,83
R$ 1.076,96
R$ 9.537,13
 
21/07/2018
Visualização:
Padrão
Cor
Custo
Raridade
Visual
Grid
CMC
Comprar Deck
Gerar Imagem
Criaturas (28)
3   Balista Ambulante   53,99
4   Elfos de Llanowar  0,46
2   Furioso do Cinturão Verde  0,20
4   Andarilha das Copas Tritã   0,06
3   Tenente dos Espinhos   0,20
3   Brontodonte Destruidor    0,07
4   Campeão da Lâmina de Aço    4,00
2   Rhonas, o Indômito   21,99
1   Mecanotitã Verdejante    0,43
2   Ghalta, Fome Primordial    7,99
Mágicas (4)
4   Defesa Florescente  0,35
Artefatos (5)
3   Coração de Kiran  0,38
1   Segadeira da Eteresfera  0,34
1   Soberana Celeste, Capitânia do Cônsul  10,90
Terrenos (23)
19   Floresta (#189) 0,00
4   Oasis de Hashep 0,15
60 cards total

Sideboard (15)
2   Método Natural   0,13
2   Bestiário do Vivideiro  1,49
2   Carniceiro Gorja da Morte   0,24
1   Segadeira da Eteresfera  0,34
3   Égua das Lianas    0,10
2   Nissa, Força Vital    9,37
1   Soberana Celeste, Capitânia do Cônsul  10,90
1   Vivien Reid    8,81
1   Tirano da Carnificina    16,99
 
Já no torneio, o deck se mostrou forte, e meus draws estavam abençoados no domingo. Quando mantinha mãos iniciais no draw e sem Elfos de Llanowar , a carta simplesmente se materializava para o topo instantaneamente; e abrir de mana elfo em decks como esse é o que todo jogador quer fazer. Depois de curvado, fica muito difícil contornar o board.

Ainda nos play testes, Tenente dos Espinhos me agradou muito na curva dois. Deixar um elfo 1/1 em campo toda vez que se torna alvo de mágica ou habilidade que seus oponentes controlam faz eles pensarem duas vezes em matá-lo com uma Balista Ambulante ou mesmo uma remoção pontual. Por falar em Balista Ambulante, esta não brilhou tanto. Talvez tenha sido pelos matchs que enfrentei ou por ela não ter dado as caras quando mais eu precisava.
 
Coração de Kiran e as outras naves são muito opressoras, ainda mais quando Rhonas, O indômito está em jogo e você fica com uma Defesa Florescente de backup na mão. Isso significa que não importa pra qual linha você deseja seguir, evasiva ou terrestre, a agressão é muito forte e pressiona seus oponentes.
 
Agora chega de naves, vamos pelo solo.
 
Campeao da Lamina de Aco faz jus ao nome. É imensamente punitivo aos decks que têm criaturas pequenas, e por isso te coloca muito na frente nas partidas, principalmente as que estive na Play. E quem vem logo em seguida do campeão? Ela. Minha preferida. Monstruosa. Caminhão desenfreado no morro em dias de transito intenso: Ghalta, Fome Primordial. 12/12 e atropelar conjurada no quarto turno é pra poucos decks. Óbvio que, em todos os jogos em que entrou e permaneceu em campo no próximo turno, garantia a vitória instantaneamente, afinal Campeão, Rhonas e Kiran já haviam feito o “meio de campo”, e quando não ganhava, levava o board todo do oponente para o cemitério, deixando-o na rua da amargura.
 
Brontodonte Destruidor mostrou sua eficácia nas mirror matchs, quebrando as naves inimigas que impediam o letal por cima, ou que consumiam minha vida enquanto não trazia para o campo minhas defesas aéreas; e Andarilha das Copas Tritã gerava valor, limpando o topo do deck e, por várias vezes, crescendo ao ponto certo para tripular o Coração de Kiran e escapar dos Goblins Lança-Correntes.

A Interação de Furioso do Cinturão Verde com Coração de Kiran e Segadeira da Eteresfera é magnânima. Tripular as naves ainda com a habilidade desencadeada da energia na pilha fazia a diferença, deixando o board todo apto a atacar. E tudo isso por apenas dois manas. Por três, era possível garantir um ótimo bloqueio terrestre ou um novo piloto para Coração de Kiran que se manteve em pé graças a sua vigilância.
 
Mecanotitã Verdejante foi outra máquina de aniquilação, dando marcadores às evasões e acrescentando oito de poder na mesa, fora seu belíssimo atropelar. Oasis de Hashep foi igualmente avassaladora, e por várias vezes garantiu jogos nos momentos de possíveis viradas dos oponentes.
 
O TORNEIO
 
Primeira Rodada: UW Controle (1-0-0)
 
Logo de cara pensei ser um Game perdido, mas no game um, meu oponente não curvou a segunda mana azul, e meus draws ajudaram muito, permitindo-me fazer um board grande muito rápido. Quando ele encontrou as respostas, também encontrou a morte.
No Game dois eu não fiz nada a não ser assistir uma Lyra, Portadora da Alvorada me bater até não querer mais.
O Game três foi carregado pelo side. Bestiário do Vivideiro me concedeu, no mínimo, seis turnos de Vidência e nove draws adicionais, e isso só foi capaz de acontecer pela interação que tinha com Furioso do Cinturão Verde, e mesmo depois de exilado com Degredar, retornei de Brododonte Destruidor quebrando o encantamento e voltando a mil para o jogo.
 
Segunda Rodada: Mono Red (1-1-0)
 
Meu oponente não jogava com Ghalta, e mesmo assim posso dizer que fui atropelado. Nos games um e dois mantive mãos de quatro cartas por não encontrar terrenos nas anteriores, e isso não foi suficiente para segurar a pressão das criaturas pequenas e dos Goblin Lança-Correntes. Quando tentava fazer criaturas, elas eram mortas pelas remoções ou tive que as entregar nos combates.
A derrota estava iminente.
 
Terceira Rodada: Mono Green (2-1-0)
 
Aqui acontece aquela velha história: quem curvar primeiro e fizer mais board leva o jogo. Enquanto eu entrava de mana, Elfos de Llanowar, Campeão da Lamina de Aço, Rhonas, o Indômito e Soberana Celeste, Capitania do Cônsul  em sequência, meu oponente abria de mana vai, mana vai, mana Campeão da Lamina de Aço, e assim levei o primeiro Game. O segundo Game foram Coração de Kiran e Segadeira da Eteresfera que brilharam salvos por duas Defesa Florescente que encontrei nos draws.
 
Quarta Rodada: BG Cobra (3-1-0)
 
Quando falo que as naves são ótimas é porque senti na própria pele a dor de não ter uma resposta imediata a elas em mãos. Comecei o Game um com uma mão de cinco cartas relativamente boas, mas o lado de lá da mesa veio estourado na evasão. Abriu de Elfos de Llanowar seguido de Segadeira da Eteresfera. Nesse momento, eu fiz um Coração de Kiran e pensei na possibilidade de levar a Segadeira da Eteresfera com a ajuda de Defesa Florescente, mas o plano foi por água abaixo quando ele encaixou uma Constritora Sinuosa que tripulou a nave para a entrada de um Rishikar, Renegado de Peema, rendendo dois marcadores +1/+1 e a vitória para meu oponente.
 
Quinta Rodada: UR Magos (4-1-0)
 
Um deck fora da curva. E eu normalmente não gosto disso, porque me sinto estranho definindo qual plano de jogo seguir. Entreguei o Game um nas mãos dos Deuses da Magia depois de ficar apanhando para dois Magos Escarificador de Almas e um milhão de remoções e burns. Mas adivinhem só como abri os Games seguintes? Sim. Isso mesmo. Elfos de Llanowar, Campeão da Folha de Aço, Rhonas, o Indômito e Ghalta, Fome Primordial.... Parece zueira, mas o deck se mostrou muito fácil de repetir essa sequência, graças a sua consistência, é claro. No Game três, uma Adeliz, o Vento Cinzento, causou muitos estragos aos meus pontos de vida até o oponente precisar entregar suas criaturas para não morrer, e depois disso, Ghalta, fome Primordial fez o trabalho sujo.
 
Sexta Rodada: BG Cobra (5-1-0)
 
Sinceramente, vou resumir esse jogo ao Game três. Eu tinha no board uma Égua das Lianas, Um Rhonas , o Indômito, um Coração de Kiran e um Tirano da Carnificina. Até eu achei injusto com meu oponente que está comprando e perdendo vida com uma Sifonadora Braço-Luz.
 
Sétima Rodada: UG Tritão (6-1-0)
 
Uma surpresa para mim e para outros jogadores que estavam ao redor da nossa mesa. Eu não desmereço o deck em hipótese alguma. Pelo contrário, afinal, no Game um, eu não consegui me recuperar dos danos causados pelos tritões imbloqueáveis que já tinham marcadores +1/+1 por causa de um Mimico Metálico. E como mantive uma mão de cinco cartas, não consegui pressão suficiente para fazer meu oponente pensar se atacar seria muito perigoso.
 
No Game dois finalmente as Balistas Ambulantes apareceram para “fritar” alguns peixes, me garantir vivo e montar um board maior que meu oponente. Nessa ocasião, eu também tinha meus Campeão da Folha de Prata “imbloqueáveis” por criaturas pequenas. Kumena, Tirano de Orasca, encaixou no turno três e deu muito trabalho para ser contornado, mas mais uma vez Segadeira da Eteresfera fez sua parte no jogo: me deu vida suficiente para estar vivo e conjurar um Ghalta, fome Primordial, que jantou a peixada toda.
 
O TOP8
 
Quartas de Final: Mono Green (2-1)
 
Meus dezoitos pontos me deixaram na quarta posição do Top8, e isso fez a diferença nesse jogo. Eu decidi começar e mantive uma mão de sete agressiva e na curva perfeita. Como a outro lado da mesa não veio de Elfos de Llanowar, a sagrada escritura de “quem curvar primeiro ganha” se manteve firme. Game dois foi exatamente o contrário: fiz minha primeira mágica no turno três quando já estava capenga das pernas. Game três foi um dos mais interessantes que joguei no torneio, ambos viemos curvados e fizemos criaturas grandes como Mecanotitã Verdejante, mas do meu lado tinha uma cópia de Rhonas, o Indômito e um Tirano da Carnificina que não representavam a mesa do o oponente. Vitoria pra mim e bora jogar a semifinal.
 
Semifinal: Mono Red (2-0)
 
Chegou a hora da vingança contra o único deck de que havia perdido no dia. Sentei à mesa, achando que meu quarto lugar garantiria iniciar esse jogo assim como o anterior, mas não rolou. Eu estava diante do primeiro colocado no suíço, e que ainda não tinha sido derrotado no torneio. Graças aos Deuses da magia, ele foi obrigado a manter uma mão de quatro cartas no Game um, o que de fato não é tão ruim para o mono red se ele encaixar uma Razoret, a Fervorosa. Eu não vim tão rápido como gostaria e o oponente também não.
 
Para o Game dois, minhas escolhas de side-in/side-out foram horríveis. Abri mão das Balistas Ambulantes, acreditando que teria de lidar com ameaças grandes, mas o oponente continuou com os Mensageiro de Bomat e com o plano de me matar por baixo. Esqueci ainda que Fênix Reavivante é um bloqueador eterno se não destruir as fichas que ela deixa assim que morre. Só ganhei esse Game porque o nervosismo do meu oponente por estar jogando na Feature Match era tão grande que ele acabou cometendo alguns erros seguidos. Essa partida, de fato, ganhei na sorte.
 
Final: Mono Green (2-0)
 
Dois dos quatro mono green que passaram para o Top 8 chegaram na final. Havia uma diferença: eu não jogava com splah para preto igual ao meu oponente. Essa diferença foi igual à fome de Ghalta, Primordial.
 
No Game um eu comecei por estar na frente na classificação do suíço e ambos abrimos de mana Elfos de Llanowar. Em seguida, encaixei Campeão da Folha de Prata no turno dois e Coração de Kiran junto com Andarilha das Copas Tritã no turno três, enquanto o outro lado seguiu de terreno virado (graças ao splash) e Parasita da sucata. Ganhei um belo turno para causar dano com as criaturas que já estavam em campo. Na volta, um Rhonas, o Indômito representou o campo adversário, mas sem muita presença, uma vez que no campo dele não se viam criaturas com poder igual ou maior que quatro. Isso me deu uma bela brecha pra atacar com tudo. Esse ataque foi facilitado por eu ter comprado do topo um Furioso do Cinturão verde. Conjurei, tripulei, ataquei, causei onze de dano, conjurei o elefante de novo, passei o turno, ele comprou e me concedeu o game.
Ufa. Só falta mais um game. Vamos lá. Mas esse é difícil, porque ele começaria.
 
Minha primeira mão veio com apenas um terreno e nada de criaturas de turno um, então a decisão de não manter estava fácil. Comprando seis encontrei três Floresta, uma Defesa Florescente, um Furioso do Cinturão Verde e uma Ghalta, Fome primordial. Normalmente, eu pensaria que o Deck estava tirando onda com a minha cara, mas não nesse dia. Não dessa vez. O pensamento era positivo. “Ele quer me dar uma mão melhor” – foi isso que mentalizei —  e não mantive essa mão. Fui pra Cinco.
 
Sábia decisão que tomei. Minha mão de cinco não era tão rápida, mas um Elfo de Llanowar direto do topo pra campo de batalha me deu uma vantagem muito boa. O oponente veio bem, mas não o suficiente para segurar Ghalta, Fome Primordial com back up de Defesa Florescente no momento em que a perderia para uma Hora da Gloria.
 
GG e troféu na mão.
 
AGRADECIMENTOS
 
 - Nada disso aconteceria se não fosse o apoio da minha esposa, Sabrina Casacio, que entende o vício que temos pelas cartinhas e apoia as noitadas de jogatina.
 - Às discussões e ideias dadas pelos amigos Antônio Zanutto, Michel Turim e Marcio Preto serão lembradas eternamente. Sem elas, eu faria o famoso 0-2 drop.
 - À loja Taverneiros, de Valinhos, por acreditar nos seus jogadores em primeiro lugar antes de qualquer coisa.
 - À organização do evento por realizar o maior torneio independente de Magic da América Latina e, assim, me dar a oportunidade de ser o campeão.
Obrigado a todos que acreditaram e me apoiaram.

Renato (Tatu) Scapin
Comentários
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- 12/08/2018 13:05:47
Orgulho demais desse rapaz! Muito bem Tatu! Foi Merecido, Meus parabéns e sucesso pra vc!
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- 10/08/2018 11:51:42

Você não tem que se preocupar com um Ghalta no 3/4 se o oponente não puder fazer isso no 3/4. Qualquer interação no começo do jogo já arrebenta com o gás dele, é implausível pedir um ban numa criatura desse naipe.

O dia que o T2 precisar de banir um 12/12 Atropelar, é porque a situação do formato passou de ruim para catastrófica.

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- 09/08/2018 20:54:45
o que vocês pensam sobre o possível futuro ban da Ghalta ?, se o deck continuar mantando resultados ótimos, seria algo viável para equilibrar o formato ?, por que claramente uma criatura 12/12 que pode descer turno 3 ou 4 me parece algo muito opressor contra alguns decks, Ghalta atualmente é uma carta ou se tem resposta ou não se tem, e se não tiver, você perde
(Quote)
- 08/08/2018 18:10:47

Nunca voltará... Kkkk

(Quote)
- 08/08/2018 18:09:58

Não pensei sobre isso, mas sempre vale o playteste