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Manual do Legacy para Leigos: acabaram-se as desculpas pra vc não jog
Tudo bem, pessoal? Tendo em vista o crescimento dos formatos Eternal na cena competitiva do Magic mundial, as novas levas de adeptos que surgem a cada dia, e as relações de amor e ódio que as discussões sobre os formatos despertam com freqüência (em algumas situações, bastante motivadas p..
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10/09/2005 21:13 - 11.271 visualizações - 48 comentários
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Tudo bem, pessoal?

Tendo em vista o crescimento dos formatos Eternal na cena competitiva do Magic mundial, as novas levas de adeptos que surgem a cada dia, e as relações de amor e ódio que as discussões sobre os formatos despertam com freqüência (em algumas situações, bastante motivadas pelo desconhecimento de ambas as partes), resolvi dividir com vocês um pouco do meu limitado (mas sincero) conhecimento sobre o formato mais recente, e por isso mesmo mais promissor do Magic: o Legacy.

Este é o primeiro de uma série de artigos onde pretendo apresentar aos leigos e futuros amantes do formato alguns dos seus arquétipos mais conhecidos, outros nem tanto, os que fizeram história e os que têm potencial para fazer.

O objetivo dessa série de artigos não é o de fazer nenhuma análise detalhada de nenhuma lista, até porque o ideal é que cada deck seja analisado em um artigo separado. Tampouco é o de definir um metagame, pois até o presente momento o Legacy não tem um metagame, e esse é um de seus principais atrativos. O que eu pretendo fazer com essa série é apresentar às pessoas que já têm um conhecimento razoável de Magic, mas que nunca jogaram Legacy (e têm a intenção de fazê-lo), uma diversidade de conceitos sobre decks eficientes, divertidos e que não partam do princípio de que "quem tem mais grana, vence".

O Legacy, ao contrário do que muita gente pensa, não é mais um "irmão bastardo" do Vintage, como foi um dia. Ele hoje é um formato muito mais próximo do Extended (notadamente, do Old Extended, anterior à rotação de 2002), e provavelmente muito mais divertido, pois a maior parte dos decks que fizeram fama ao longo da história do Magic está apta a jogar nesse formato. Decks nostálgicos e poderosos em suas épocas, como ErhnamGeddon, Prison, Monoblack com Hypnotic Specter e Dark Ritual, Stasis, Sligh, Stompy, CounterPost.... Todos eles continuam vivos no Legacy, com novas techs disponíveis e velhas estratégias renovadas.

Cartas como Force of Will e Lions Eye Diamond, embora sejam sim importantes, não definem um ambiente, coisa comum de acontecer com certas cartas no Vintage. As famosas Dual Lands (Badlands, Bayou, Plateau, Savannah, Scrubland, Taiga, Tropical Island, Tundra, Underground Sea e Volcanic Island), embora formem a base de muitos decks, dividem o espaço com uma quantidade igualmente grande de decks monocolor, que não as utilizam, e ainda tiram proveito de quem as utiliza!

O investimento inicial para se jogar Legacy é infinitamente inferior ao investimento no Vintage, por exemplo. Em uma única tarde, em um bom ponto de trocas em sua cidade, é possível fechar um deck Legacy inteiro com relativa facilidade, tendo apenas algumas boas cartas para troca. A demanda pelas cartas também é bastante inferior à demanda por cartas T2, pra não falar na inexorável queda de preços que as cartas Standart sofrem assim que uma nova série é lançada. O único fator limitante à durabilidade das suas cartas é o cuidado que você tem com elas.

Feitas as apresentações, para saciar a curiosidade de muitos e acabar com as desculpas de outros tantos, aqui vão as primeiras listas, com alguns decks bons e fáceis de montar: Stompy, Three Deuce, CounterSliver e Forbidian.

Stompy, sobre deck de Nicolai Herzog

2 Pouncing Jaguar
4 Wild Dogs
4 Skyshroud Elite
4 Ghazban Ogre
3 Rogue Elephant
4 River Boa
4 Elvish Spirit Guide
4 Rancor
4 Vine Dryad
4 Giant Growth
2 Wild Might
4 Land Grant
13 Forest
4 Wasteland

SB: 4 Rushwood Legate
SB: 2 Cursed Totem
SB: 2 Lumbering Satyr
SB: 4 Emerald Charm
SB: 2 Winter Orb
SB: 1 Uktabi Orangutan

Também conhecidos como speed green, os stompies são decks capazes de um início explosivo, e nada no MD tem custo maior que 2 manas. Fazer um Elefante Desgarrado com Rancor no 1o turno é algo muito próximo de uma vitória certa, a menos que seu oponente tenha uma resposta igualmente rápida.

A espinha dorsal do deck são os ESGs (Elvish Spirit Guides), que proporcionam a aceleração para o boom inicial, e eventualmente podem compor o beatdown.

Os Stompies em geral são decks extremamente fortes contra a maioria dos counter-based controls, já que são capazes de baixar ameaças mais rápido e em maior número do que o oponente é capaz de responder. Também costumam ter jogos bem decentes contra os Slighs e variantes, pois podem facilmente vencê-los na corrida, e podem utilizar seus pumps defensivamente contra as remoções vermelhas.

O deck é particularmente fraco contra remoção em massa, já que não utiliza nenhum tipo de instrumento para card advantage . Decks com Wrath of God, Nevinyrrals Disk, Powder Keg, ou até mesmo Massacre, costumam trazer bastante dor de cabeça ao Stompy player. Quando o deck era popular, Perish era uma carta extremamente comum nos sideboards dos torneios. Outro problema são os decks de combo, como o Solidarity e o Trix, que costumam ser mais rápidos e podem combar despreocupadamente, pois o Stompy não costuma rodar nenhum tipo de disrupt eficiente. Emerald Charm e Cursed Totem podem ajudar em alguns matchs.

A partir de Outubro, com a liberação das séries Portal no Eternal, o deck vai passar a contar com Jungle Lion, aguardada por muitos como a carta que tornará o Stompy uma potência no ambiente.

Possíveis adições ao deck:

Aether Vial – acelerando a curva de mana e ajudando a contornar remoção em massa;
Wild Dogs – Ghazban Ogre #5-8, bastante eficiente se o ambiente for pobre em decks vermelhos;
Mtenda Lion – Outro one drop de poder 2, que pode vir a ser muito eficiente, já que o azul não é uma cor dominante no Legacy;
Naturalize – Opção para o sideboard no lugar dos Charms. Perde para estes em velocidade, e o ambiente costuma ser pobre em artefatos se comparado ao Vintage, mas podem ser úteis caso se espere Affinities, artefatos problemáticos ou muitos encantamentos locais.
Viridian Zealot – Vide Naturalize, mas com um corpo 2/1 e caindo em sorcery speed.


Three Deuce, sobre deck de Dave Meddish

4 River Boa
3 Skyshroud Elite
4 Mogg Fanatic
2 Elvish Lyrist
2 Granger Guildmage
1 Mirri, Cat Warrior
2 Dwarven Miner
4 Cursed Scroll
3 Seal of Cleansing
1 Naturalize
4 Rancor
4 Land Grant
4 Swords to Plowshares
3 Incinerate
2 Wooded Foothills
3 Plateau
4 Taiga
3 Savannah
4 Wasteland
3 Treetop Village

SB: 3 Honorable Passage
SB: 3 Aura of Silence
SB: 3 Sanctimony
SB: 4 Pyroblast
SB: 1 Dwarven Miner
SB: 1 Phyrexian Furnace


O Three Deuce é um aggro-control GWR com inícios rápidos, menos explosivo que um Sligh ou Stompy, porém mais flexível que estes. A principal estratégia é baixar criaturas de custo baixo mas com habilidades relevantes, e limpar o caminho para o ataque com as cartas de controle. A curva de mana baixa do deck permite que ele rode uma quantidade baixa de terrenos, ao mesmo tempo em que boa parte dos terrenos tem usos adicionais à geração de mana.

A maior força do deck está principalmente no fato de que ele não é particularmente fraco contra nenhum tipo de estratégia, tendo um jogo decente contra a maioria dos decks do ambiente. Ele joga no beatdown contra controles, roda remoções reutilizáveis contra aggros, e tem disrupts contra combos. Mirri foi incluída contra Stasis, mas pode ser facilmente substituída se necessário.

O deck compartilha a mesma fraqueza do Stompy, a vulnerabilidade às remoções em massa, notadamente Powder Keg e Engineered Explosives. O custo 1-2 de suas permanentes associado à menor capacidade de explosão faz com que o deck tenha uma recuperação muito lenta contra essas cartas. Cartas que joguem contra terrenos não básicos, como Back to Basics ou Wastelands, também prejudicam muito. Por isso o Forbidian é considerado o pior match para o Three Deuce player.

O sideboard é bastante voltado contra decks vermelhos, outra dor de cabeça constante. É muito provável que um Three Deuce perca o primeiro jogo para um mago vermelho, e que vença os dois outros jogos com o sideboard anti-red.

Uma possível substituição no deck seria a troca dos Guildmages por Elfos Liristas, excelentes contra Trix e Anger Survival.

Possíveis adições:

- Senseis Divining Top, melhorando a recuperação do deck contra remoções globais, porém diminuindo a agressividade;
- Fireslinger, substituindo os Guildmages, ou aumentando seu número;
- Grim Lavamancer, mais potente, porém inutilizável em muitas situações;
- Bind, reduzindo a vulnerabilidade do deck contra Keg, Explosivos, Deed, etc.



Counter-Sliver, sobre deck de Trey Van Cleave

4 Crystalline Sliver
4 Hibernation Sliver
4 Muscle Sliver
3 Winged Sliver
2 Acidic Sliver
3 Aura of Silence
4 Daze
4 Force of Will
2 Stifle
4 Swords to Plowshares
3 Brainstorm
4 City of Brass
1 Island
1 Plains
4 Tundra
3 Underground Sea
1 Scrubland
2 Gemstone Mine
1 Undiscovered Paradise
4 Flooded Strand
1 Tropical Island
1 Volcanic Island


SB: 3 Moments Peace
SB: 3 Envelop
SB: 2 Pyroblast
SB: 4 Hydroblast
SB: 3 Worship

Outro exemplo de aggro-control: descer criaturas e agredir seu oponente, enquanto protege suas criaturas com counters e remoções.

Não há muito o que se dizer sobre o modo de jogo ou a base de criaturas, formada pelos bons, velhos e chatíssimos Fractius. Uma goldfish do deck seria algo como turno 2: Cristalino, turno 3: Musculoso, turno 4: Alado + Musculoso, com suas criaturas voadoras, intangíveis, bombadas e com backup partindo para uma kill consistente no 5º turno. Algo formidável no formato, e que pode acontecer com relativa facilidade.

A base de counters pode ser bem variada: da versão enxuta com 8 counters (4 Force of Will + Counterspell, Daze ou outra) a versões com até 12 counters.

A combinação de beatdown rápido com defesa forte faz do CounterSliver um deck razoavelmente resistente à maioria dos outros decks. Os counters e as Aura of Silence tornam o jogo bem mais fácil contra combos em geral, e os Fractius voadores juntamente com as spot removals fazem um jogo decente contra outros aggros pouco explosivos.

A grande fragilidade do deck está na base de mana, facilmente prejudicada por uma infinidade de efeitos no formato. É difícil preparar um SB específico. O CounterSliver também pode ter problemas contra decks aggros muito explosivos.

No SB, as Worships são um caminho praticamente garantido para a vitória contra decks incapazes de removê-las junto com seus Cristalinos. Duress é uma adição na medida contra combos e controls.

O CounterSliver é um deck rápido, consistente e flexível. Tem tudo o que é necessário para se tornar uma das powerhouses do formato.

Possíveis adições:

- Os novos fractius de Legions não trouxeram nada de muito interessante ou objetivo, mas talvez até seja interessante incluir R na base de mana e testar Hunter Sliver como remoção. O SB poderia comportar Essence Sliver (contra Slighs), Quick Sliver (contra controls) ou ainda Root Sliver. Não custa tentar;
- Misdirection, se o ambiente for propício a counter wars ou se houver algum combo aleatório tentando matar com Stroke of Genius ou Kaerveks Torch. =D



Forbidian, sobre deck de Jon Finkel

4 Counterspell
4 Force of Will
3 Forbid
3 Annul
4 Ophidian
3 Morphling
4 Powder Keg
2 Nevinyrrals Disk
4 Brainstorm
4 Impulse
4 Thawing Glaciers
4 Wasteland
2 Dust Bowl
15 Island


SB: 1 Annul
SB: 2 Treachery
SB: 4 Stifle
SB: 4 Hydroblast
SB: 4 Back to Basics

O Forbidian é um deck de controle pesado, sustentado em três pilares: desenvolvimento da base de mana, true card advantage e muitas, muitas contramágicas. É um deck criado pelo lendário Jon Finkel, sendo portanto um deck digno, no mínimo, de uma olhada mais cuidadosa.

Uma curiosidade: durante o pré-release de Exodus nos EUA, Mark Roosewater (atual designer-chefe da Wizards), perguntando a Finkel sobre sua opinião a respeito da carta Forbid, surpreendeu-se com sua resposta: que era uma carta extremamente ruim, pela desvantagem de cartas que ela causava. Roosewater disse a Finkel que ele perceberia que estava errado, e foi o que aconteceu: um mês depois, Finkel venceu um importante torneio com sua nova invenção, um deck baseado em Thawning Glaciers, Ophidian e... Forbid.

A base de criaturas do deck é pouco variada, composta em especial pelas Ophidians (principais responsáveis pela reposição das cartas perdidas com Forbid), e Morphlings ou Rainbow Efreets como finishers.

O "corpo" do deck é composto por uma alta quantidade de anulações, no mínimo 14, e até 20 em algumas versões, e por outras cartas que buscam mais contramágicas. Há também cartas que livram a mesa daquilo que eventualmente tenha passado pela barreira de counters.

A base de mana do Forbidian é muito robusta, usando de 24 a 28 terrenos. Isso é necessário não somente para assegurar a estabilidade do deck no início do jogo, mas também como combustível para as insanas Geleiras Minguantes. Além disso, esse número alto de terrenos também possibilita que se utilize main deck uma quantidade razoável de cartas que joguem contra terrenos não-básicos, como as Wastelands.

O Forbidian sufoca por completo todo e qualquer deck de combo no formato, e pode sobrepujar a maioria dos decks control. Sua grande fraqueza é contra os aggros explosivos, sendo o Stompy um match de pesadelo.

Possíveis adições:

- Masticore, como reforço adicional contra Stompies;
- Mana Leak é uma adição quase óbvia;
- Outros counters com potencial são Condescend e Power Sink.


Bem, espero que essas listas sejam de utilidade para os futuros jogadores de Legacy. No próximo artigo a apresentação continuará com Madness, Sligh, Solidarity, CounterPost, MBC e ProsperityBloom.

Have fun!




* Meus agradecimentos pela ajuda e paciência do indiesbc e do Juzam, pela revisão do texto e pelas sugestões! Vlw!!!
Comentários
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(Quote)
- 10/09/2005 21:13:04

Como vc disse, existe uma infinidade de players que só copiam decklists, mas isso não é causa dos artigos com decklists, é dos jogadores copiadores, pois as listas tem por objetivo discutir as idéias pertinentes ao deck.




Editada em: 10/09/05 20:29:58 por Doidera.

(Quote)
- 07/08/2005 16:41:14
Muito bom.Parabéns pela iniciativa.
O legal do legacy é que com pouca grana dá prá construir decks bem competitivos.
Já vou ajeitar meu stompy,me deu uma vontade de voltar a jogar Magic hehe.

Parabéns pelo artigo,além de demonstrar que entende de legacy ,foi modesto e competente,parabéns inseto!
(Quote)
- 31/07/2005 03:12:32

Eu acho interessante adotar um tema para o próximo artigo (beatdown, control, combo, agro-control, etc). Particularmente, gostaria de ver um artigo sobre combo-decks em Legacy. Acho que o Sensei.dec, o único deck combo decente do formato, merece lugar preferencial em qualquer artigo.

Editada em: 31/07/05 02:13:31 por Icy_Manipulator.

(Quote)
- 30/07/2005 17:12:59
Realmente fui mto infeliz citando o Pendalheven, eh q eu tava pensando num Stompy antigo q eu tinha.

Forbiddian era Extended, sempre confundo Miragem, mas o deck eh mto sux mesmo.

Wasteland é questão de gosto(e de meta) e quando eu digo uma versão Lite do Tide eu falo com Force of Will, nao aquelas listas de 60, 70 contos q nao ganham nd, se bem q concordo com vc, Tide eh mto sucks. A versão q eu considero "power" é a UGB (algumas versões Legacy não usam preto), a única que tem chance de ganhar alguma coisa.

Hmn, e se permite sugestões para os seus próximos artigos, eu recomendaria Full English Breakfast, Legacy Fishes, Grows, Scepter Chant e, se vc quiser algo + lite, Rift.dec.
(Quote)
- 30/07/2005 04:45:51
BTW, Pablo, que decks você pretende abordar no próximo artigo?

Já sabe, se precisar de ajuda, estamos por ae...
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