The King is back! All hail the King!
A epopéia do RUG Delver Parte 3
Por
08/08/2019 18:05 - 10.706 visualizações - 30 comentários

No primeiro artigo dessa série pudemos ver toda a história de formação do RUG Delver. No artigo anterior, acompanhamos a história de ascensão e queda do deck, relembrando os melhores resultados e conhecendo os motivos que levaram a sua retirada do metagame.


Nesse último artigo, fechando a epopéia, vamos ver como o RUG Delver saiu de sua tumba, e foi retirado de sua Jaula do Escavador de Túmulos, para tornar-se a nova sensação do formato. Nada acontece por acaso e o deck não voltou a jogar do nada. A culpa foi da dona Uizardes, minha vizinha e vou te contar como foi.

 

Um belo dia a dona Uizardes da Costa, religiosa, cheia de regras e sempre comedida, vizinha aqui do 201, surtou. Eu acho que a vida dela estava ficando monótona e por isso ela resolveu revolucionar. Conheceu um cara charmoso, numa festa estranha e com gente esquisita, que tinha uma Harley-Davidson e uma tatuagem no braço, onde se podia ler em letras garrafais as palavras Power Creep, e resolveu, imediatamente, ceder ao flerte e cair em seus encantos.


Só pra esclarecer a referência, Power Creep é o nome dado ao processo que alguns jogos sofrem de aumento de Power Level exagerado, conforme o lançamento de cada nova expansão. Por exemplo, em World of Warcraft, ICC, com meu Paladino buffed, numa Raid de 10-man, eu tinha pouco mais de 40k de HP, com uma gear bem boa. Com a expansão Cataclysm lançada logo depois, pegando uns loots de uns bichinhos mequetrefes no caminho, eu facilmente atingi os 40k de HP unbuffed. Viu a diferença de Power Level? Isso é Power Creep.


No que pese o MTG ter feito um excelente trabalho controlando o Power Creep, criando formatos específicos, listas de banimento, etc, alguns jogos perdem a mão ao flertar com o Power Creep e isso faz com que o interesse no próprio jogo desapareça. Por isso, o flerte com o Power Creep é sempre bem perigoso.


Dona Uizardes, que não estava legal e não agüentava mais birita decidiu que queria entender um pouco mais desse carinha que tentava impressionar e, curiosa, queria descobrir o que era Power Creep, por isso se jogou na relação. Então foi dona Uizardes! Ela aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer e decidiu trabalhar. Desse trabalho e dessa relação perigosa, no inverno desse ano surgiram duas edições que abalaram as estruturas de vários formatos: War of the Spark e Modern Horizons, que reverberaram causando tremores em todos os recônditos do Magic. No Modern, por exemplo, os tremores foram tão fortes que quebrou o formato. Sim...de novo...

 

O Legacy, por enquanto passa bem, mas está em polvorosa. É tanta carta nova e interação interessante que cada hora surge um deck diferente abusando das novas mecânicas. E o Vintage, coitado, esse ta sofrendo com Karn, the Great Creator e Dredge, por causa do London Mull.


No entanto, há males que vem para o bem e nesse caso estamos falando da história de amor entre Wrenn and Six e RUG Delver. Nessa altura eu espero que todos já estejam conhecendo bem o RUG Delver. Já o Wrenn and Six precisa de uma apresentaçãozinha. Wrenn é uma PW dríade, mulher de cabelos grisalhos, que cria relações de simbiose com criaturas do tipo Treefolk. Atualmente ela se hospeda em seu sexto treefolk, como ela não dá nome aos seus hospedeiros, esse Treefolk acabou ficando conhecido como Seis. Daí o nome Wreen and Six ou Wreen e Seis em português. Outros dados como local originário e idade são desconhecidas, mas se sabe que ela consegue quebrar a regra da impossibilidade de se viajar entre os planos com matéria orgânica viva. Não, Seis não é um PW separado de Wreen e não consegue viajar entre os planos sem ela. Dá uma olhada na carta:

 


Então, apresentações feitas, resumindo em poucas palavras, a bichinha é quebrada. Custa apenas RG, cai no primeiro turno, com ajuda de uma Mox Diamond, por exemplo; vai a 4 marcadores de lealdade tão logo entra e jogo, escapando de Lightning Bolt estrategicamente; conserta a base de mana e a desenvolve; gera card advantage ao trazer de volta um terreno do cemitério para a mão; cria loops de Wasteland e de Canopy Lands; mata criaturas importantes com a segunda habilidade (Thalia, Guardia de Thraben, Snapcaster Mage, Mother of Runes, Vendilion Clique, Noble Hierarch, Baleful Strix e quase todos os Elfos, boa parte dos Goblins, etc); de quebra, ganha o jogo com o ultimate.


Quer mais? Tem mais. Melhora o Brainstorm consideravelmente, já que você pode mandar embora o excesso de lands na mão e ficar com as mágicas; filtra o deck inteiro com fetchlands; e gera tempo advantage, já que com a base de mana super desenvolvida, você facilmente poderá realizar mais de uma mágica por turno.

 

Ah!! Antes que eu me esqueça. Eu já falei, mas é melhor frisar. CAI TURNO 2!! MAS PODE CAIR NO 1!! Experimenta só jogar sem lands básicos e seu oponente abrir na play Savannah, Mox Diamond descartando Wasteland, Wrenn and Six. É, eu experimentei, olha o resultado:



Dito tudo isso, tenha certeza que essa carta impactou o formato mais que o meteoro que atingiu a Terra há milhões de anos, esse enorme “platô” cheio de água, ar e estupidez. Alguns iluminados, porém, aproveitaram a oportunidade dada pela Dona Uizardes e pelo garanhão com a tatuagem de Power Creep e foram buildar, por aqui é Deck Builder porra!!

 

Um doidinho que joga no MOL, username Gsy, que costumava jogar de Grixis Delver, em junho desse ano, resolveu colocar Wrenn and Six no RUG Delver e criou a seguinte lista:

 

 
08/08/2019
R$ 17.698,18
R$ 33.397,25
R$ 157.286,34
 
08/08/2019
Visualização:
Padrão
Cor
Custo
Raridade
Visual
Grid
CMC
Comprar Deck
Gerar Imagem
Criaturas (12)
 
2,99
 
0,08
2  
  
46,67
   
24,91
Planeswalkers (2)
  
128,25
Mágicas (28)
4  
 
83,68
 
18,61
 
0,15
4  
 
11,75
4  
 
5,90
 
0,60
 
5,78
4  
  
7,60
   
315,40
Terrenos (18)
67,30
118,99
54,99
139,99
1.899,99
2.699,91
60 cards total

Sideboard (15)
 
14,95
 
24,99
 
8,91
 
10,03
 
2,00
  
0,65
 
42,75
  
0,16
2  
   
6,89
   
326,80
   
1,96
  //  
0,17

 

Aconteceu que ele fez 24x1 nas cinco primeiras ligas que jogou com o deck. Pra quem não sabe, as ligas de legacy do MOL são compostas de 5 jogos. Todas vez que você finaliza 5 jogos, termina uma liga. A cada vez que fecha 5x0, ganha um troféu. Logo, foram 4 Troféus seguidos e um quase troféu. Ele espalhou a noticia no Twitter e foi como faísca em pólvora. Em questão de dias o MOL estava cheio de RUG Delver e mais uma vez não se podia estourar uma fetch tranquilamente durante um jogo contra um oponente desconhecido.


Mas o que a carta faz pelo deck?


Basicamente tudo. Pensa o seguinte, para um deck que usava Life from the Loam no side, para fazer loop de Wasteland, Wrenn and Six é praticamente trocar um Celta 1.0, por uma Hilux novinha em folha. Afinal você não perde sua compra do turno e nem tem que gastar 1G pra voltar a Waste e mandar a base de mana do oponente para as cucunhas. Num deck tempo, essa vantagem é muito bem vinda.


Além disso, a habilidade de -1 do W&6 permite que seu Goyf ataque em cima de um Goyf do oponente, afinal esse -1 é suficiente para matar o Goyf do oponente, caso ele ouse bloquear. Sem contar que esse mesmo -1 mata Baleful Strix, que antes fazia um trabalho excelente segurando Goyf e Nimble Mongoose. Matar criaturas importantes sem gastar mana gera uma importante vantagem de tempo que é tudo que o deck quer. Ah! E adivinha só: “o que não cresce morre e o que morre, cresce o Tarmogoyf”. Se W&6 morre, o Goyf vai facilmente para 5/6.

 

O RUG é o ápice dos decks tempo, isso significa dizer poucos terrenos geradores de mana e muitas mágicas, para que o plano dê certo. Em razão disso, não era incomum derrotas em função de uma Wasteland bem encaixada ou de um Stifle em fetch. Com W&6 isso fica mais difícil, já que o RUG vai conseguir desenvolver melhor sua base de mana. Antes, raramente o RUG atingia três manas coloridas em campo. Agora é bem possível você ver um jogador de RUG com as 6 duals utilizadas no deck, em campo. Isso, por si só, propicia jogar mais facilmente o True-Name Nemesis além de uma evidente vantagem de tempo, já que mais mágicas poderão ser realizadas por turno.

 

O -1 ainda aumenta o alcance do deck, pois pode conectar 1 de dano diretamente no oponente, todo turno, em um deck que não raro costuma finalizar a partida com burns, entre os mais comuns Raio, Chain Lightning e Forked Bolt.


Lembra que eu falei que a Wrenn melhora o Braisntorm consideravelmente? Então, isso no RUG Delver é o ápice. Tudo que o deck quer fazer é trocar lands em excesso por spells e agora isso ficou bem mais fácil. Se antes era melhor segurar os lands na mão para usá-los numa futura Brainstorm, hoje você vai ser capaz de desenvolver sua base de mana e ainda trocar o land que você voltou para mão por uma spell, com um Brainstorm no momento correto. Tudo graças a W&6.


Por último, mas não menos importante, o ultimate da W&6 vai ganhar o jogo. Imagina o cemitério cheio de cantrips, burns, Stfile, Daze, etc! Imaginou, pois é...agora imagina o RUG Delver cheio de mana castando o cemitério inteiro todo turno, já que a maioria das mágicas são custo 1 mesmo. Detalhe importantíssimo para o Retrace é que você pode pagar custo alternativo da mágica para castar essa mágica. É diferente do Flashback, logo você vai poder castar Force of Will e Daze pelo custo alternativo.

 

Sabe o que é mais bizarro? Retrace é um custo adicional e não um custo alternativo, por isso você pode pagar o custo alternativo da carta e seu custo adicional em qualquer ordem. Então, no caso da Daze, em um caso hipotético, é possível devolver um land no campo para a mão, como parte do custo, e depois descartá-lo para o Retrace, caso você não tenha lands na mão na hora.

 

Enfim, parece que W&6 foi feita para o deck, pois preenche as lacunas que o impediam de retornar com força para o formato, garantindo um melhor late game, maior recursividade e mitigando a inevitabilidade de decks com mágicas de maior impacto, como Miracles, Blades, Grixis Control, etc.


A carta é quebrada? Sim! Tem gente já pedindo pelo ban, inclusive. Um PW com custo baixo e três habilidades relevantes, sem sombra de dúvida causaria um impacto no formato. É fato que o ultimo PW de baixo custo que foi lançado, foi banido, mas Deathrite Shaman, se não respondido, levava o jogo sozinho para a casa e era bom contra aggros, controls e combos. Contudo, acho cedo para falar em banimento de W&6. O hype está a todo vapor e todo mundo está testando muita coisa, ainda. Afinal, Wrenn and Six não é tão boa contra combos, no geral, diferentemente de Deathrite.

 

Caso, futuramente, W&6 nos conduza a um formato homogêneo, cheio de decks de quatro cores e cinco cores, que compartilhem as mesmas 20 ou 24 cartas, aí sim vai dar pra falar com mais propriedade. Até lá, a dica é aproveitar o metagame e essa fase de novas possibilidades. Tirar o RUG Delver da gaveta e brincar de dar Stifle nos terrenos dos coleguinhas!


De bônus, Modern Horizons ainda trouxe uma importante spot removal, que calha de ser muito bem vinda no RUG Delver, também. Magmatic Sinkhole, em português Sumidouro Magmático. Dá uma olhada:



O RUG Delver tem uma fraquezas conhecidas, por exemplo resolver criaturas que não morrem para Raio, entre elas um Goyf, Gurmag Angler, Knight of the Reliquary, Thought-Knot Seer, Reality Smasher, entre outras. A opção comumente usada pelo deck para lidar com esse problema era Dismember. Entretanto Magmatic mata os mesmos bichos com o plus de atingir PWs e não perder vida. Com isso, algumas listas estão usando uma cópia da carta no side ou no main deck.


É cedo pra falar que o RUG Delver vai recuperar seu trono novamente? Sim, é cedo. Mas é uma certeza que ele volta para o time dos Tier 1 do Legacy. Atualmente é um dos decks mais jogados no MOL e aqui no Brasil já fez uns resultados interessantes. Ganhou o Legacy UAI, no sul de Minas, pilotado por Diego Ganev e chegou ao top 8 do Bagual Anthologies nas mãos de Diego Bitelo.

 

Quem sabe no fim do ano o RUG marca presença no top 8 do NL 2019 e do GP Bologna na Italia? The King is back. All hail the King! Ou para os íntimos: The goose is loose again!

 

Em falar em fim do ano, para esse ano o NL já fechou a participação de dois estandes de lojas. Isso mesmo! Estarão conosco no evento duas lojas importantes da capital mineira. A primeira delas, mais uma vez como patrocinadora master, TCGeek, vai promover alguns paralelos no NL 2019, entre eles os drafts da edição mais recente e paralelos contruídos no fim de semana valendo premiação ainda a ser definida, cujo site você pode encontrar aqui.


A outra loja com estande é bem nova, mas já bem conhecida pelo público dos formatos eternos e por causa das propagandas heterodoxas de seu dono, Danilo. A Vault of Cards já está confirmada e vai promover drafts de edições especiais, já não vendidas nas prateleiras da grande maioria das lojas no país. Dá uma conferida no site deles aqui.

 

Para mais novidades sobre o NL 2019, acompanhe o nosso site.

Comentários
Ops! Você precisa estar logado para postar comentários.
(Quote)
- 15/08/2019 08:43:12

Obrigado novamente... ja estava entregando aluren... eladamri ... fastbond e mais algo q devo ta esqueçendo rsss D= vou rever essa negociação

(Quote)
- 14/08/2019 00:14:10

Sempre dá pra aproveitar alguma coisa, né? haha

(Quote)
- 14/08/2019 00:13:50

Valeu meus caros!!

(Quote)
- 13/08/2019 01:46:51
Artigo muito mal escrito, mas que me mostrou o quanto a carta Wrenn and Six é boa, obrigado.
(Quote)
- 12/08/2019 18:32:05
Ótimo artigo, parabéns.
Últimos artigos de
Os dois melhores decks do Legacy que custam menos do que você imagina
Todos me perguntam: Como começar no Legacy sem gastar muito dinheiro?
17.309 views
Os dois melhores decks do Legacy que custam menos do que você imagina
Todos me perguntam: Como começar no Legacy sem gastar muito dinheiro?
17.309 views
02/12/2020 10:05 — Por Thiago Mata Duarte
Report: Legacy Eternal Weekend 18
Eduardo Santoro, um brasileiro, ganhou um dos EW que aconteceu no MTGO esse mês.
10.068 views
Report: Legacy Eternal Weekend 18
Eduardo Santoro, um brasileiro, ganhou um dos EW que aconteceu no MTGO esse mês.
10.068 views
04/11/2020 10:05 — Por Thiago Mata Duarte
5 cartas que não podem faltar no sideboard de um deck Legacy
Cartas relevantes, úteis e tendências para os sideboards de uma forma geral, considerando o meta atual do Legacy.
8.495 views
5 cartas que não podem faltar no sideboard de um deck Legacy
Cartas relevantes, úteis e tendências para os sideboards de uma forma geral, considerando o meta atual do Legacy.
8.495 views
30/09/2020 10:05 — Por Thiago Mata Duarte
Magic: Investimento ou gasto?
Uma análise sobre o que Magic significa sob um ponto de vista financeiro.
11.644 views
Magic: Investimento ou gasto?
Uma análise sobre o que Magic significa sob um ponto de vista financeiro.
11.644 views
28/08/2020 10:05 — Por Thiago Mata Duarte
Team Oko
O “Barcelona” do Legacy e o jogo que ninguém quer ver mais!
9.112 views
Team Oko
O “Barcelona” do Legacy e o jogo que ninguém quer ver mais!
9.112 views
23/07/2020 10:05 — Por Thiago Mata Duarte