No último artigo falamos sobre a formação de um dos principais decks do Legacy, nos últimos anos, o RUG Delver. No último parágrafo, deixei uma lista pronta, de 2011, que inclusive, pasme, não mudou quase nada até os dias atuais e é a partir dela que vamos começar a falar sobre o reinado do deck.
A combinação perfeita de mana denial, cheap countermagic e criaturas eficientes, turbinada por cantrips e burn. Essa foi a definição do deck por um longo período, enquanto reinava sozinho no Legacy de 2011 a 2013.
Em 2011 o metagame do Legacy já era bastante diversificado. Entre os aggros destacavam-se com predominância absoluta Merfolks, Maverick, Zoo e Bant Stoneblade (alguns deles com Natural Order), seguidos por Goblins, Burn e Death and Taxes.
Era a época de ouro do Legacy, com o circuito da SCG transmitindo semanalmente campeonatos gigantes do formato e Old Duals sendo procuradas freneticamente aqui na LigaMagic.
Acredite se quiser, mas Zoo era um big player no formato e colocava resultados bons de forma recorrente nos inúmeros campeonatos mundo afora, com listas parecidas com a seguinte, abaixo, finalista do SCG Open Charlotte de 2011. Afinal quem precisa de Force of Will, quando o plano é matar seu oponente até o quarto turno, não é?
Entre os controls, destacavam-se UW Stoneblade, Esper Stoneblade, BUG Midrange (conhecidos com Team America ou Team Portugal), The Rock (basicamente um BGW Good Stuff), RUG Counter Top (nada de Miracles por enquanto), Landstill e alguns decks com Loam. Mas o carro chefe que puxava os controls era formado pelos Stoneblades.
O UW era o mais presente no formato na época. Tinha uma lista até bem parecida com as da atualidade, antes do pessoal descobrir que é excelente usar 4 Ponder num deck control (mas essa descoberta demorou um pouco para acontecer).
Essa lista venceu o mesmo SCG Open já citado ali em cima. Foram três Blades no top 8, num campeonato de 325 jogadores. A estratégia, diferentemente dos Blades de hoje em dia, era mais responsiva, centrada no “mana vai” (24 lands no deck) e cartas como Spellstuter Sprite, Counterspell, Swords to Plowshares e Spell Snare. Até porque TNN não existia ainda.
A quantidade gigante de Magos no deck (Clique, Spellstuter, Snapcaster Mage), propiciava a gracinha de se usar Riptide Laboratory, que é um terreno que permitia retornar um mago sob seu controle para mão de seu dono, gerando mais valor ao deck. Afinal, quem não quer usar uma Clique ou um Japa todo turno?
Entre os combos, os predominantes eram ANT, Dredge, Show and Tell, High Tide e UB Reanimator. Com o ANT na liderança isolada de representação. É bom lembrar que em 2011 Mystical Tutor já havia sido banida (o que destronou o Reanimator), sem contar que Griselbanned, digo Griselbrand, ainda não existia. Logo, nossos queridos jogadores de Reanimator tinham que se contentar com Jyn-Gitaxias, e os jogadores de Show and Tell (ainda mais queridos), tinham que se contentar com Progenitus.
Dá só uma olhada na lista de UB Reanimator que foi finalista do SCG Saint Louis, que contou com 227 jogadores:
Enfim, foi mais ou menos nesse Field que o RUG Delver foi ganhando espaço. Acredito, em grande parte, pela presença de 4 Ponder no deck.
Mas Thiago, Ponder? Tanta carta mais relevante no deck e você vêm falar de uma cantrip?
Jovem, deixa o tio te explicar uma coisa: essa cantrip é tão forte, que é restrita no Vintage. Já parou para pensar nisso?
Nessa época o Ponder ainda estava restrito aos decks de combo, ANT principalmente, que além de Ponder também usava Preordain. Fora desses decks, somente o RUG Delver abusava dessa cantrip, como herança de sua própria formação, explicada no artigo anterior, que você pode acessar aqui.
De fato, o jogador de Legacy não tinha descoberto o poder do Ponder, e a consistência que essa cantrip dava para os decks com azul. Repare que nem o Reanimator, ali em cima, usava o playset de Ponder dentre as suas 75 cartas.
Os controls, ainda, eram decks de 24 terrenos, com apenas Brainstorm como cantrip, em sua grande maioria. Em resumo, pouco card selection. Não precisa ser um gênio para perceber que esses decks perdiam mais vezes que hoje em dia, simplesmente por terem comprado a parte errada das 75 cartas. Por exemplo, Swords to Plowshares contra ANT, ou Force of Will contra RUG Delver.
Repito, o único deck não combo, que usava 4 Brainstorm e 4 Ponder, era o RUG Delver e isso garantia ao deck e ainda garante, uma consistência que era difícil de encontrar nos demais decks justos do formato. Em resumo, o deck punia todo mundo no metagame. Punia os combos com um clock rápido conjugado com soft counters; punia os controls atacando a base de mana, impedindo que cartas como Jace e Elspeth resolvessem facilmente, em conjunto com criaturas resilientes como o Nimble Mongoose; e punia os aggros, com remoções baratas e eficientes (Raio e Raio Birfucado), conjugadas com criaturas com evasão (Delver) e maiores que um Nacati (Goyf).
É certo que Maverick é um predador natural de decks de Delver, e já existia nessa época, contudo o jogo não chegava a ser extremamente favorável e beirava o justo. Submerge no side garantia uma forma razoável de se lidar com um Relicário resolvido, ganhando turnos essenciais para garantir a vitória do RUG. Uma jogada bastante comum na época era Submerge em resposta a ativação de uma fetch do oponente. Em outras palavras, era basicamente uma remoção, sem custo de mana, perfeita para o RUG.
Se 2011 foi o ano da ascensão do RUG Delver, 2012 foi o ano de seu reinado absoluto. De acordo com o site MTG Top 8, o RUG Delver passou de 4% do Field em 2011 para 15% em 2012, tornando-se o deck mais presente no metagame do Legacy da época, com bastante diferença para o segundo colocado, Esper Stoneblade, que tinha apenas 11% do metagame, que era um dos poucos decks que conseguiam fazer frente ao RUG Delver. Na verdade, o jogo contra RUG Delver era ligeiramente favorável para o Esper Blade, em parte pelo lançamento de Innistrad, afinal Lingering Souls, utilizada, boa parte das vezes, em conjunto com Intuition, funcionava como um gerador de um batalhão de fichas com voar.
Como nenhuma das criaturas do RUG Delver tinha atropelar, as fichas de Lingering Souls ganhavam alguns turnos para o Blade, essenciais para uma virada de jogo, em razão da inevitabilidade que o deck tinha, dada as mágicas mais poderosas, em comparação com o RUG. Sim, estou falando de Batterskull, Jace, the Mind Sculptor e Elspeth Kninght Errant. Sem contar que a remoção mais eficiente do formato estava no Blade, que é, não a toa, o Chuck Norris aposentado, arando seu campo tranquilamente: Swords to Plowshares.
Aqui, adianto que em 2012 um deck que fez frente ao RUG Delver pouco mais tarde, e tomou seu trono em 2014, ainda estava em formação. O Miracles foi possível graças ao Terminus, que foi lançado somente em maio de 2012, com Avacyn Restored e nessa época ainda era o embrião de uma das causas da queda do RUG. Mas calma que vamos chegar lá, ainda. Apesar da existência do combo de Counterbalance e Sensei’s Divining Top no formato e sua popularidade, o Miracles levou um tempo até atingir sua forma perfeita. Muita gente começou a testar os milagres aos poucos e Terminus foi aparecendo como uma única cópia nos decks, e levou um tempo até se firmar ocupando 4 slots definitivos no main. O que, de fato, somente foi acontecer em meados de 2013 em diante.
Voltando ao RUG e para comprovar seu reinado absoluto no Field de 2012, vamos aos resultados. Foram 2 GPs Legacy no ano, um em Indianapolis e outro em Atlanta. Naquele primeiro o RUG Delver foi finalista (perdeu para um Esper Blade, do Tom Martell) e colocou outra cópia no top 8, pilotados por Kenny Castor e Caleb Durward. No GP Atlanta sagrou-se campeão (em cima de um Esper Blade, do Michael Majors) pilotado por Gaudenis Vidugiris e colocou outra cópia no top 4 nas mãos de Daryl Ayers. Como visto, a vingança é um prato que se come frio e foi isso que o RUG Delver fez. O primeiro evento foi bem grande e contou com 1200 jogadores, já o segundo, um pouco menor, com 900.
Ainda em 2012, o deck apareceu no top 8 de 35 dos maiores eventos de Legacy desse ano, todos com no mínimo 200 jogadores. Menção especial para o SCG Open Worcester, com 213 jogadores e CINCO cópias do deck no top 8. Isso mesmo! CINCO! Além disso, o RUG ganhou o Trial do Bazar of Moxen, com 486 jogadores e colocou uma cópia no top 8 do evento principal do Bazar, com 723 jogadores. Só veja a imagem:
Eh! Meu amigo! Como diria minha avó, rapadura é doce, mas não é mole, não! E fazer bons resultados com o deck nunca foi fácil. O RUG, por essência, possui inúmeras decisões a serem tomadas durante uma partida e quanto mais decisões a serem tomadas, mais complicado de se jogar com o deck.
Quando guardar o Stfile? Quando jogá-lo na fetch do oponente? É melhor abrir com Delver ou guardar o Stfile para a fetch do oponente? Jogo minha Wasteland na Dual do oponente, turno 1 ou abro de mana Ponder atrás de bicho? Gasto a Daze na Stoneforge ou mato ela no Raio? Faço Goyf turno 2 ou faço Delver e seguro Spell Pierce? Vale a pena anular essa cantrip com Pierce ou deixo o Pierce para uma mágica mais relevante no turno seguinte?
Vale a pena jogar uma Daze no Delver de turno 1 do oponente? Uso essa Brainstorm para flipar o Delver ou não? Quem é o beatdown da partida?
Já adianto, não existem respostas definitivas para todas essas perguntas. A grande maioria depende do estado de jogo no momento em que elas são feitas, mas acredite, muitas perguntas desse tipo são feitas num jogo com RUG Delver e os bons jogadores de RUG têm que saber responder a todas elas, da melhor maneira possível, em cada situação em que elas se apresentarem. Ou você estava achando que era só fazer Delver turno 1 e sair batendo e gastando Daze nas mágicas do oponente?
Se em 2012 não faltaram campeonatos para ter RUG Delver no top 8, em 2013 a coisa mudou um pouco. Na verdade, “”mudou””, com várias aspas aí. O RUG Delver continuou sendo um dos decks com mais presença no metagame do Legacy, cedendo o primeiro lugar para o Esper Stoneblade, por uma margem curtíssima e continuou fazendo top 8’s mundo a fora, mas nesse ano, apareceu no top 8 de apenas um GP Legacy,
Foi no GP Strasbourg, como finalista, nas mãos de Jacob Wilson, que perdeu a final para ninguém menos que Thomas Enevoldsen, que estava jogando de Death and Taxes, obviamente. O outro GP Legacy, GP Washington DC, que aconteceu já no finalzinho do ano, quem levou foi o excelente Owen Turtenwald, de Patriot (que era um Delver, mas UWR). Nada de RUG nesse GP.
Apesar da ausência no top 8 de um dos GPs, 2013 ainda foi um ano excelente para o RUG Delver. Ao mesmo tempo, porém, serviu para revelar que o deck, antes imbatível, tinha um arranhão nas suas estruturas. É fato que o deck apareceu no top8 de 34 eventos grandes, como SCG Opens, Bazar of Moxen e, mais importante, sagrou-se campeão do Nacional Legacy 2013, nas mãos de David Oliveira. Entretanto, já não se fez presente em um dos GP’s e em nenhum desse eventos tivemos um repeteco de 5 cópias no top 8, como em 2012. No que pese terem aparecidos 3 cópias no top 8 do SCG Open Las Vegas, que contou com 337 jogadores.
Esse arranhão, exposto se deu, em parte, pelo lançamento de Return to Ravinica, no final de 2012, que trouxe para o formato duas cartas extremamente relevantes contra nosso querido RUG Delver: Deathrite Shaman e Abrupt Decay.
Lembra que eu falei que o RUG perdeu presença no Metagame? Então, nesse ano de 2013, segundo o MTG Top 8, ele fez 9% do meta, seguido de perto por um deck que surgiu forte com o lançamento dessas cartas: JUND, mais conhecido como Jundão do Amor. Dá só uma olhada nessa lista (top 8 do Bazar of Moxen) e tenta ganhar disso jogando de Delver, depois:
Deathrite Shaman era o capeta contra RUG Delver. Ele sozinho controlava o cemitério do RUG, impedindo o threshold do Mangusto e diminuindo o Goyf. Além disso, Decay matava 8 criaturas das 12 do Delver, sem dar a mínima importância para qualquer anulação que fosse. Sem contar que Liliana of the Veil - sim, eram 4 cópias no main deck - lidava muito bem com um eventual Magusto que sobrasse.
Tudo isso com Goyf no deck, criatura difícil de lidar para o RUG Delver, Bloodbraid Elf que gerava uma vantagem de carta absurda, principalmente se o jogador achasse uma Liliana no cascade, e, no side Choke, Chains of Mephistopheles e Pyroblast. O Jundão era uma verdadeira máquina de moer Delver e moía junto os decks justos do formato, incluindo ai os Stoneblades. Os pontos fracos do deck eram os combos, ANT e Show and Tell, um pouco em baixa no Field, pois colocados em xeque pelo excesso de Delver dos anos anteriores.
A má notícia para o RUG Delver é que essas duas cartinhas inofensivas, Decay e Shaman, além do Jund, passaram a jogar em variações control de BUG, no The Rock, no Maverick que começou a fazer um splash pra preto e deixar de ser inteiramente GW e no BUG Delver, que surgiu como uma variação com um late game melhor (em razão de cartas como Shaman, Tombstalker e, em alguns casos, Jace, the Mind Sculptor e Liliana of the Veil) e que, inevitavelmente, ganhava do RUG Delver. Dá uma olhada na lista do BUG Control na época, top 8 no GP Washington DC:
Eh!!....A vida estava ficando difícil para o jogador de RUG Delver e pra completar, o Death and Taxes, conhecido bad matchup para o RUG, começou a ocupar uma posição importante no metagame. Ademais, o Miracles, que estava em formação em 2012, no final de 2013 pra 2014 virou uma potência no Legacy. Um Terminus seguido de um Counterbalance com Tampo na mesa geralmente era GG, mesmo que o jogador de Miracles estivesse a 1 de vida, contra o RUG.
Pensa bem, a única mágica custo 2 do RUG era Goyf. Todo resto era custo 1 e custo 1 o próprio Tampo era. Para quem não lembra, uma das habilidades do artefato era comprar uma carta e ir para o topo do deck do oponente, o que podia ser feito em resposta ao trigger do Counterbalance, simplesmente para anular uma mágica de custo 1, caso uma mágica com esse custo não fosse encontrada entre as três do topo.
O Miracles dificultou a vida do RUG Delver demasiadamente e simplesmente extinguiu do meta a variação UWR Delver, que pela falta de um clock mais poderoso igual do RUG, era muito mais fácil de ser sobrepujado que o RUG, que, querendo ou não, ainda tinha Stifle para anular o miracle cost do Terminus. Dá uma olhada na lista do mitológico Philipp Schönegger, que fez top 8 no GP Paris de 2014, ao lado de Paulo Vitor Damo da Rosa e Maxime Gilles, todos jogando de Miracles:
Esse camaradinha de nome difícil aqui, Philipp Schönegger, não só fez top 8 no GP Paris 2014, como fez top 8 no GP New Jersey do mesmo ano e ainda fez top 8 no SCG Richmond uma semana depois do GP New Jersey, jogando de Miracles. Foi ele o responsável por colocar 4 Ponder no main deck e cortar os terrenos que antes eram 24 para 21. Era inconcebível um deck de controle, no Legacy, jogando com 21 terrenos, na época. Mas lembra o que falei do Ponder lá no início do artigo?
Se 2013 foi o ano em que um arranhão nas estruturas do RUG foi exposto, 2014 marcou definitivamente o declínio do deck e foi um desastre para o RUG Delver, que teve uma única aparição tímida no top 16 do GP Paris.
O novo Rei em ascensão do Legacy era o Miracles, com 11% do meta, seguido pelo BUG Delver, com 10% e pelo Esper Blade com 8%. O RUG, coitado, figurava com apenas 5% do meta, presença pareada com um de seus piores rivais, o Death and Taxes, e menor do que a de decks como ANT, Show and Tell e Elves (que estavam meio de lado em 2013). Mas porque isso aconteceu?
A explicação é simples. Além das cartas Decay e Shaman que citei acima, o Miracles veio atropelando o metagame com Terminus e uma forma super eficiente de lockar o RUG Delver com Counterbalance e Tampo. Como se não fosse suficiente, em setembro de 2014, lançaram Khans of Tarkir e com Khans a dupla dinâmica, que representa o retardado mental em forma de carta e um erro claramente cometido por um estagiário da Uizardes: Treasure Cruise e Dig Through Time.
Treasure Cruise era basicamente um Ancestral Recall, mas sorcery. 1U, compra três cartas. Não é a toa que Ancestral Recall é restrita no Vintage e uma das mais poderosas Power 9. Mas no Legacy, era possíve usar 4 no main deck. Com isso, o UR Delver tomou conta do cenário e explodiu no Legacy no final de 2014. Afinal, por que jogar de RUG Delver se o UR Delver era muito melhor? Dá só uma olhada na lista que o Dan Jordan levou pro top 8 do GP New Jersey:
O deck era absurdo. Era tão absurdo que Volcanic Island ficou mais cara que Underground Sea pela primeira vez na história. Eu estava no GP New Jersey, 1 ano e pouco jogando Legacy só, e maravilhado com o simples fato de estar num GP Legacy, ainda mais quando, mais tarde, esse GP entrou para história do Legacy como o maior GP Legacy de todos os tempos.
A organização impecável foi da SCG, com coverage feito pelos excelentes Patrick Sulivan e Cedric Philips, e foi SENSACIONAL. Imagina só 4171 jogadores jogando Legacy?!! Pois é, eu fui, tenho o playmat até hoje, assinado pelos artistas do evento, a deckbox do Brainstorm e um videozinho fazendo coração com a mão no meio do Coverage (BR é hue em todos os lugares) e, acredite se quiser, acabaram as Volcanic Island de Revised a venda nas lojas do torneio.
Mas, para alegria dos jogadores de RUG de plantão, Treasure Cruise e Dig Through Time foram finalmente banidas, o que deu uma esperança tímida para esses jogadores, em 2015, afinal, como diria o sábio Marajá, pra quem está se afogando, jacaré é tábua meu amigo!
Acontece que quando você acha que já está no fundo do poço e nada pode piorar, calma jovem, não é bem assim. Tudo, sempre, pode piorar!
Em 2015 o RUG Delver, no que pese ter chegado ao top 8 do GP Kyoto, com uma lista adaptada usando Spell Snare no main deck (Miracles estou olhando para você), foi o pior ano do RUG em resultados. Quando em 2012 apareceu no top 8 em 35 grandes eventos de Legacy, em 2013 em 34 e em 2014 em 31, em 2015 apareceu em apenas 10, marcando um desempenho pífio, em clara queda livre, e sem pára-quedas. Infelizmente o metagame já não comportava o RUG mais.
Eram muitas cartas relevantes contra o deck, jogando em muitos decks. Deathrite Shaman, que parecia um PW de 1 mana, começou a jogar em todos os decks com preto, inclusive os Blades, dando lugar a variação chamada de Deathblade, cuja lista você pode ver abaixo:
Mais tarde essas listas foram evoluindo para listas 4 color, com Leovold Emissary of Trest, que deram origem ao famoso 4C Leovold, que por si só apresentava-se como um bom deck contra Delver. Aconteceu que a queda não parou por ai e as coisas foram piorando ainda mais, até que em 2016 o caixão do RUG Delver foi selado.
O último prego no caixão do RUG foi colocado em 2016. Se você achou 10 eventos grandes um número baixo, em 2016 foram apenas 4 eventos grandes com RUG no top 8, dentre eles o GP Praga.
Ocorre que em 2016 surgiu um novo candidato a Rei do formato, trono que estava sendo ocupado desde o final de 2014 pelo Miracles. O deck tinha as vantagens do RUG Delver, sem suas desvantagens. Tinha um late game melhor e era polivalente.
O Grixis Delver surgiu forte no formato, combinando mágicas extremamente eficientes e turnos iniciais fortes como nunca. Deathrite Shaman, Young Pyromancer, Gitaxian Probe e Cabal Therapy eram a base do pacote do mal contido nesse deck do capiroto. O deck colocou duas cópias no top 8 do GP Columbus em 2016 e duas copias no top 8 do GP Praga. Confere só a lista do Noah Walker, no GP Columbus:
Agora imagina um turno 1 na play, de fetch para Underground Sea, Shaman, vai. Seguido de um turno 2 Young Pyromancer, Gitaxian Probe e Cabal Therapy!! Imaginou? Pois é...era isso que esse deck fazia com uma consistência absurda e, de quebra, ainda possuía o novíssimo Gurmag Angler (vindo em Fate Reforged em 2015), que mantinha os Goyfs em xeque e propiciava um clock super eficiente. Delver of Secrets era quase uma carta secundária no deck.
Daí, com a aparição do Grixis Delver, era muito melhor jogar de Grixis, por usar Shaman e ser mais eficiente, principalmente contra combos (Oi? Reanimator?), do que jogar com uma versão ultrapassada e mais frágil de Delver, que era o que virou o RUG. Concomitantemente ao surgimento do Grixis Delver, veio Oath of the Gatewatch e junto com ele o famoso Eldrazi Winter, que tomou o Modern de assalto. Uai, Modern? Sim! Amassou o formato, com o então recente banimento de Splinter Twin e os tremores balançaram o Legacy, quando os jogadores descobriram que dava pra usar Ancient Tomb, City of Traitors e Eldrazi Temple num mesmo deck. Tanto terreno que gera duas manas assim só podia ser uma coisa boa quando sua estratégia é stompy e você quer fazer Chalice of the Void no turno 1, seguido de uma Thought-knot Seer, que é basicamente uma Vendilion Clique bombada, sem drawback.
Resumindo, Chalice of the Void e criaturas gigantes eram o pesadelo do RUG Delver. Em contrapartida, o Grixis Delver lidava melhor com os aliens, já que tinha menos mágicas de CMC1 no deck e criaturas como Young Pyromancer que gerava uns blocks bem adequados a partidas e Gurmag Angler, maior que quase todos os bichos do Eldrazi. Eh! Meu caro! Tá achando que matar um Rei é fácil? Cinco longos anos se passaram e o conjunto desses fatos selou o caixão e trancou a tumba em que o RUG Delver foi enterrado e mantido no esquecimento até os dias atuais.
Opa, calma lá Thiago! Até os dias atuais? Mas e esses RUG Delver aparecendo em todos os lugares aí nos últimos meses?!!
Ahhh!!! Isso é assunto para o próximo capitulo.
To be continued....
Vlw man, obrigado pelo toque. A dica do Dialog pode ajudar bastante também.
Abs
Vlw galera!! Tem muito deck ainda, eventualmente pode aparecer a história de mais um sim!!
O que pode ajudar é você mudar o idioma do deck.
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