Olá galera do desespero!


Após mais de 2 meses estou de volta. Foram muitas semanas viajando e com o meu notebook resolvendo não colaborar, só estou podendo escrever agora mas antes tarde do que nunca, irei falar sobre o desempenho brasileiro no Pro Tour Khans of Tarkir.


** A Preparação ainda no Brasil


Para este Pro Tour, contamos com estes brasileiros treinando junto :

- Eduardo Vieira
- José Francisco Dantas M. Da Silva
- Leonardo de Castro
- Marcos Rogério
- Pedro Carvalho
- Thiago Saporito
- Willy Edel


Como a maioria dos Brasileiros mora longe fisicamente, nossa maior forma de interação foi através da criação de um grupo no facebook para discutir ideias conforme o Spoiler de Khans of Tarkir era revelado.


Adicionalmente, iriamos nos hospedar no Hawaii com os Portugueses Márcio Carvalho e Vasco Bonifácio Costa! Além deles, para a parte de discussão no Constructed estávamos com o espanhol Javier Domingues e o mexicano Marcelino Freeman.


Como não existia como treinar no Magic Online, ferramentas como o Cockatrice e o Magic Workstation foram utilizadas, conseguimos testar diversas ideias iniciais nesse periodo.


A parte do Limited ficou por conta do Pre-Release mesmo e na expectativa de fazermos diversos Drafts ao vivo.


** Véspera da Viagem


Eu sempre aconselho a todos jogadores que se classificam para o Pro Tour, de tentar conseguir ao menos 2 semanas de folga. Assim, a galera pode marcar de se reunir ao menos 10 dias antes do Pro Tour e com a possibilidade de jogar um GP nesse meio tempo, que com sorte, vai ser no mesmo formato Limited do Pro Tour, o que foi o caso do GP Orlando agora.


Sei que muitos jogadores não têm essa liberdade e flexibilidade em seus trabalhos/estudos/etc para poder tirar duas semanas para a viagem, as vezes os PTQs eram tão em cima da data do PT, que mal dava tempo de se organizar para tirar/renovar passaporte ou visto, ainda mais negociar com o chefe uma folga ou mudança de férias. Mas para quem tem essa chance, vá e aproveite o tempo de treino.


Dessa vez os brasileiros, e muitos dos gringos, inclusive os americanos, sofreram um bocado na hora de retirarmos nossa passagem da Wizards. O sistema deles de busca de passagens não é tão bom com a lentidão, os preços catapultaram ao ponto que eles estavam dispostos apenas a dar passagens chegando na véspera e indo embora na segunda-feira!!! Após muito desenrolo e com a disposição de treinar, conseguimos um acordo, exceto para o parceiro Marcos Rogério que acabou tendo que aceitar a passagem.


** Começo da Viagem


Outra dica para este começo de viagem, é primordial evitar ao máximo as tentações do exterior!


Os Brasileiros foram chegando em Orlando na semana anterior ao GP e temos as mais diversas distrações por lá : Parques, Outlets, Shoppings, Disney, etc etc etc. Sei que muitos vão pensar "é minha oportunidade de passear", até os amigos colocam alguma "pilha" para que você "aproveite a viagem". Sempre costumo deixar um dia no máximo antes do Pro Tour para passear.


Magic é um jogo mesmo difícil e o Pro Tour é o torneio com o mais alto nível (fora do Player's Championship claro), então cada momento de treino é importante para uma maior chance de sucesso! As vezes aquele um draft a mais ou aquela nova série de 10 partidas de um determinado mathcup, pode mudar todo aproveitamento da equipe. Claro, não adianta ficar 24 horas seguidas jogando, não adianta ficar cansado e stressado, então uma folga é sempre bem vinda!





/Perdedores deveriam pagar a conta mas o time da esquerda ali fugiu da responsa!!!


Em Orlando, apesar de estarmos apenas em 6 classificados, conseguimos jogar diversos drafts e ter as primeiras ideias do formato. Contamos ainda com ajuda de outros Brasileiros que estavam lá para o GP, como o grande builder Enzo Faleiro e o Franco-Manaura Thiago "Snapcaster" Rodrigues!


Também jogamos muitos jogos nos mais determinados matchups e acabamos excluindo diversas ideias. A gente sabia que o Abzan Midrange do Edel era muito forte e acreditávamos que o Jeskai Ascendancy Combo seria um fator relevante, assim acabamos deixando nosso Green Devotion de lado, já que este tem um matchup terrível contra combo. As tentativas de montar algum deck muito agressivo também falharam fortemente, para a frustração do maior deckbuilder agressivo (agressor?) do Mundo, Pedro Carvalho. Dentre os decks que foram muito discutidos até este ponto : o Green Devotion splash Black, as mais diversas formas de RG Monsters com splash Preto ou Azul ou puro e diversas tentativas de Mono Red e até diversas tentativas, com ajuda do Enzo, de montar algum Control. A gente tinha alguma ideia que talvez um UB ou Esper Control, estilo o do Bloco de Theros, poderia ser razoável mas não conseguimos avançar em nenhuma lista.


Para vocês terem ideia, esta era a lista inicial do Abzan, no dia 24/09 :


[DECK 82238 NOT FOUND]


Neste ponto da viagem, os Elfos já haviam sido abandonados do deck.



** GP Orlando


Conseguimos colocar 5 de 6 Brasileiros no Day 2 e com 4 dentro da zona de premiação com estas posições : 24, 28, 32 e 63.


Passamos boa parte do torneio brigando próximo ao topo e perto de um de nós fazer companhia ao parceiro Artur 'Tutuzim' Villela, que conseguiu um ótimo Top4 no GP.


Foi muito bom poder draftar no day2 do GP, serve como um ótimo treino draftar ali no torneio e tenho certeza que todos sairam com mais bagagem no formato.



** Ida para o Hawaii, se não rolar um desespero... não é Zé Dantas


Tudo estava aparentemente bem e sem contratempos, porém a American Airlines resolveu cortar 24 horas de nosso treino =(


Nosso vôo para Honolulu contava com uma conexão em Dallas porém nossa saida de Orlando foi bem problemática. Nosso avião teve algum problema em algum dos tanques de combustível e foram necessárias as mais diversas técnicas de manutenção para enfim voarmos. Porém perdemos nossa conexão e não existia mais nenhuma opção para chegarmos ao Hawaii naquele dia, ainda mais que estávamos ali em 5 Brasileiros. E mais, o voo do dia seguinte contava com 4 vagas e nem preciso dizer quem foi o sorteado que iria em outro voo =(


Ao menos nos deram Hotel e vouchers de alimentação mas ali a gente já sabia que estávamos perdendo um dia inteiro de treino. Esse dia que a gente poderia ter usado para testar melhor alguma das ideias que o parceiro Enzo tinha, uma delas inclusive de Sidisi-Whip...





/Ao menos consegui pela primeira vez provar um Peru feito no esquema de ação de graças americano! Sei, era no bom Dennys mas para mim está valendo!


Para completar, meu voo chegava no Hawaii duas horas antes da galera porém minha mala? Bom, a American achou razoável que eu iria ficar esperando a galera chegar, então resolveu mandar minha mala com o resto do povo. Ao menos, caso desse algum problema maior, eu já estava prevenido e com todas as cartas que levei na bagagem de mão!


** Finalizando nosso Treino Limited e nosso Resultado no Pro Tour


Após perder a segunda-feira, começamos já de cara a discutir Limited e Draftar. Agora ao lado dos portugueses! O Edel iria ficar de segunda até quinta com a Channel Fireball.


O parceiro Snapcaster já havia nos dado valiosas dicas em Orlando e agora era a vez de ouvir a sabedoria do Márcio Carvalho.


Meus resultados não estavam indo bem nos treinos então chegou a hora em que é melhor sentar e conversar sobre o formato, com quem entende mais, do que ficar batendo a cabeça na parede em mais um draft. Além de poder observar ele draftando de perto, ainda tive a oportunidade de ver o Edel draftando. Aprendi muito com os dois.


A prova de que nosso treino Limited rolou bem?







Utilizei as "escalações" de cada time DAQUI no coverage da Wizards!


Sim! O Team Brazil teve desempenho melhor no Draft do que todos times grandes presentes no Pro Tour.


Nossa média foi superior à 12 pontos por jogador, o que seria um 4-2 no Draft, que é um resultado muito bom. Essa é a prova de que os brasileiros tem todas condições de chegarem ao Pro Tour, se unirem, treinarem e conquistarem um bom resultado mesmo contra os outros times fortes do mundo. Em Seattle nosso treino foi bom, porém apesar de toda discussão sobre Limited, faltou gente para jogarmos Drafts ao vivo, e mesmo assim começamos no Day 1 muito bem com 66,66% de aproveitamento mas caimos para 55,55% no Day 2, o que para caso de comparação, ainda nos colocaria na frente do Channel Fireball Prime, Face 2 Face e o Team TCG neste Pro Tour.


A gente procurou sempre draftar no sistema de times 4x4, mas sorteando os times apenas após o Draft, assim o draft iria ocorrer de forma normal e a interação entre jogadores na hora de discutir as últimas cartas de cada draft, manabase e afins era maior e incentivava a todo mundo de observar a maior quantidade de jogos possíveis. Aqui a gente aprendeu lições simples, como procurar draftar duas cores inimigas de início, para depois poder ter a dois clãs diferentes como opções no draft, assim ganhando de recompensa diversas cartas tricolores que costumam passar lá pelo segundo/terceiro Pack ou como era importante draftar seus terrenos para não acabar com um deck repleto de boas cartas mas sem mana-fixers que suportem o deck.


Apesar de não ser tão comum no Brasil, quanto no exterior, de se draftar semanalmente, nós temos o talento de nos prepararmos e juntos mandar bem mesmo no Pro Tour.


** E no Constructed


A maioria de nós já chegou ao Hawaii fechado com o Abzan. Infelizmente faltou mais tempo para tentar tunar outras listas e mesmo assim 4 de nós resolveu jogar com outros decks.


Essa foi nossa lista final :


[DECK 73532 NOT FOUND]


Reparem que da lista inicial, que apresentei lá em cima, mudamos poucas cartas e a ideia do deck seguiu a mesma. A maior sacada dos dias finais de treino foi complementar os Sorins com o Whip of Erebos, ideia do Márcio, que se tornou uma das cartas mais valiosas do deck.


Estávamos antecipando uma grande quantidade de Jeskai e Abzan Midrange, assim como ocorreu no Pro Tour mas esperávamos também maior quantidade de Combo e de Green Devotion.


Nosso plano de sideboard com as "Cóleras" era o que virava o match contra os outros Midranges verdes e por muito tempo a gente estava com Duneblast no lugar do quarto End Hostilities mas resolvemos fechar dessa forma.


Ao analisar uma lista de um Midrange neste estilo, é importante olhar o deck como 75 cartas e não ver o Main ou o Sideboard separado. Claramente Drown in Sorrow e Anafenza, the Foremost tem cara de cartas de sideboard mas por outro lado o Drown é uma remoção diferenciada que pode ser muito melhor quando é realmente boa e a Anafenza ainda é um beater eficiente para os matchups em que queremos ir para a race ou então "triggar" o Raid do Wingmate Roc.


Percebemos que estávamos gostando muito mais dos Wingmate Rocs do que os outros times assim como gostando muito menos da Elspeth, Sun's Champion. Ao lado da Nissa, Worldwaker e do Xenagos, the Reveler, os nossos treinos demonstraram que a Elspeth estava muito pior posicionada agora do que antes da rotação e nos preparamos para tal, até por que nossos Rocs eram super eficientes para eliminar a Elspeth alheia, fora a quantidade de Dragões e Mantis Rider que deixavam esses planinautas bem mais vulneráveis.


Infelizmente dessa vez a equipe de Coverage não fez um tópico sobre o aproveitamento de cada deck para podermos comparar nosso resultado contra o Field, porém de 5 jogadores, 4 ficaram dentre os com 6-4 ou melhor, que antigamente era o "corte" para o deck ser postado na página, só que dessa vez resolveram colocar apenas os 7-3 para cima.


Descontando um ID, conseguimos um resultado de 30-19 (61,22%) com nosso deck, que não é espetacular mas ainda assim é muito respeitado. A pena foi que em certo momento estávamos 13-2 mas tanto nas últimas rodadas do Day1 quanto nas do Day2, caimos de rendimento :(


Porém ainda podemos analisar o resultado de nossa equipe em relação aos grandes times :







Nosso desempenho no Constructed foi apenas o 5º dentre esses 8 times, porém se formos considerar o rendimento do nosso deck contra o das outras equipes, a gente ficaria em 1º! Claro, para ser mais justo eu deveria comparar contra o deck principal de cada equipe mas esta análise fica mais difícil sem mais dados.


O Formato já mudou um pouco desde o Pro Tour, deixo para falar somente de Standard em uma próxima oportunidade, já mais perto da Season de PTQs Standard.


** Resultado Final do Team Brazil


O recorde combinado médio do deck da equipe com o nosso resultado no draft, nos deixaria com algo um pouco superior à um 10-6, o que nos coloca dentro do $ a não ser que você tenha algum azar com os tiebreakers!


Dos 9 jogadores, 4 entraram na zona de premiação e pela primeira vez desde o Pro Tour Seattle, a gente conseguiu um Brasileiro dentro do Top8!


Veja a comparação de nosso resultado com o das outras equipes :







Escolhi 5 critérios "razoáveis" : Win Ratio no Draft, Win Ratio no Standard, Pro Points por Jogador, % de Jogadores no Day 2 e % de Jogadores dentro do $. Destes 5 critérios, o Team Brazil ficou em primeiro em três deles! Lembrando que tivemos dois jogadores batendo na trave de entrar na zona de premiação e que nosso deck Constructed teve um desempenho muito bom.


O resultado foi muito bom e deve ser comemorado por todos. Os treinos podem sempre ficar melhores, PT a PT e podemos ter a melhor temporada Brasileira de todos os tempos se seguirmos com a crescente dos grinders Brasileiros indo bem nos torneios do Exterior.



** E o Meu Pro Tour

Para não passar batido, eis os meus dois drafts do Pro Tour :





Conquistei um 2-1 com este deck no seguinte Pod :

Brian Weller-Gordon
Matt Severa
Thiago Saporito
Jeremy Macardican
Samuel Black
José Francisco Silva
Wilson Mok
Michele Ancona

e :





Com este conquistei um 2-0-1 no seguinte Pod :


Jack Wang
Adrian Sullivan
José Francisco Silva
Roberto Berni
Byron King
IGor Gorbunov
Craig Wescoe
Joel Calafell

Meus decks podiam não ser perfeitos mas eram bem sólidos, podem não ter aquela cara de "3-0" mas eram bem razoáveis e acredito que fiz um bom trabalho com os packs que chegaram em minhas mãos. Este 4-1-1 foi meu melhor desempenho de Limited de todos Pro Tours que joguei.


Fechei meu primeiro dia com um 5-3, o que é um resultado razoável mas eu cheguei a estar 4-1 após meu oponente me entregar um match de graça mas não foi muito afortunado nas duas rodadas seguintes e tive que vencer na última rodada para fechar o dia positivo.


No primeiro round do segundo dia, eu cometi o meu maior erro de todos os tempos em uma partida de Pro Tour. Fiz uma jogada tão horrível que imediatamente me lembrei desse gol Contra do meu glorioso Bugrão :





Ou para os amantes da NFL, um dos "piores punts ever"...





Sim, foi péssimo.


Entreguei um jogo ganho que acabou se tornando um empate por tempo. Consegui ganhar as duas partidas seguintes no draft e estava em boa posição ao estar 8-3-1 após a primeira rodada de volta ao Constructed. Com duas vitórias em quatro rodadas eu já estaria na zona de premiação e com 3 eu estaria classificado para o próximo Pro Tour.


Porém acabei perdendo as duas últimas rodadas e fiquei com a 79º posição, que é minha segunda melhor colocação em um Pro Tour. Eu sei bem o quão difícil é jogar um Pro Tour mas meus stats são mesmo ruins. Eu tenho apenas uma premiação em oito Pro Tours jogados e se eu pretendia eliminar o gosto ruim que ficou em minha boca após o Pro Tour Dublin, eu acabei me enterrando mais ainda.


Não me coloco no direito de reclamar da sorte, apesar de ter feito 1-7 no Dado no Day2 ou ter mulligado, floodado e zicado ao longo da porção Constructed, já que eu sei que não consegui jogar bem ao longo das rodadas. Intercalei jogadas geniais com jogadas horríveis e ainda assim escapei de vitórias em matchups ruins para ser trucidado em outros jogos. Não posso culpar o cansaço, pois estávamos dormindo e acordando cedo todos os dias, estávamos nos alimentando bem, estava bem focado e sem problema externo algum que podesse me deixar distraido. Em Dublin eu sabia que o treino não havia sido muito bom e eu tinha alguma pressão por ter pago a passagem do bolso, fora outros problemas alheios da vida, dessa vez? Bom, ao menos posso me sentir orgulhoso por estar presente e fazer parte da equipe que colocou mais uma vez um Brasileiro no Top8 de um Pro Tour! :)


Para não falar que a viagem foi apenas treino e treino, aproveitamos uns dias extras no Hawaii e depois em Los Angeles para passearmos!





No Topo do Diamond Head





Excelente Vista!





Bela vista da praia, que estava a pouco mais de uma quadra de nosso Hotel


Depois do Pro Tour, todos fomos para Los Angeles para jogar o GP, aonde eu fui eliminado na Oitava Rodada do primeiro dia mas pude aproveitar para realizar um dos meus sonhos de assistir um jogo da NFL em San Diego, além de visitar o Walk of Fame e o Santa Monica Pier.





#LETSGOCHARGERS





Maldito Cairo Santos, kicker brasileiro atrapalhando o rolê do Chargers =(





!


Uma pena que não tivemos mais dias para passear mas não me arrependo em momento algum do que decidi. O foco da viagem era jogar o Pro Tour, no futuro eu ainda posso viajar para qualquer lugar somente pelo passeio, agora vaga para o Pro Tour? Essa sempre foi e sempre será difícil de arrumar!



** Conclusão


Bom galera, é isso ae! O Team Brazil mostrou novamente seu potencial e espero que essa season siga forte para of Brasileiros, bora conquistar cada vez mais espaço!


Até a próxima :)



José Francisco Dantas M. Da Silva
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